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Material Teórico
Questões de Antropologia Clássica
Revisão Técnica:
Prof. Ms. Edson Alencar Silva
Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
Questões de Antropologia Clássica
• Introdução
• Retomando Conceitos
• Os primórdios da Antropologia Clássica
• Raça e Cultura ao Longo da História
• Os Precursores da Antropologia Moderna
• A Estruturação de uma Antropologia Moderna
OBJETIVO DE APRENDIZADO
··Tratar do tema “Questões de Antropologia Clássica”. Do desenvolvi-
mento de uma área de estudos debruçada sobre as dimensões física
e cultural da existência humana; seus primeiros preceitos teóricos
matizados sob as perspectivas evolucionistas de Charles Darwin, até
o rompimento com essas explicações de cunho rácico e etapista por
meio do relativismo, da pesquisa participante e do estruturalismo,
estudaremos as mais significativas transformações nos paradigmas
dessa nascente área de conhecimento científico.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Questões de Antropologia Clássica
Introdução
É comum, ainda hoje, nos mais variados âmbitos de nossa vida social, nos
depararmos com situações em que um indivíduo se julgue portador de uma cultura
superior à de outro. Pode ser o caso de europeus em relação a latino-americanos,
de brasileiros em relação a outros povos da América Latina, de paulistas, cariocas
ou sulistas, em relação a migrantes de outros estados.
Até mesmo a História está suscetível a essa lógica, quando ouvimos, por
exemplo, que “O passado dos povos europeus é que é glorioso! Já o nosso, está
repleto de índios atrasados!”.
Sendo assim, sistemas culturais são distintos uns dos outros, mas não deve-
mos hierarquizá-los.
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Retomando Conceitos
Como vimos na primeira unidade, a Antropologia possui um objeto extrema-
mente complexo e denso, e que pode ser estudado desde os mais distintos pontos
de vista: o Ser Humano e suas obras; sendo assim, como ciência, pode-se dizer que
seus limites sejam pouco definidos.
Ocorre que dizer que a Antropologia é a “ciência do homem” não basta. Se assim
fosse, confundiríamos facilmente a Antropologia com a Medicina, a Psicologia, a
Biologia, a Sociologia, a Economia e tantas outras áreas de conhecimento que
focam o Homem a partir de um determinado âmbito de sua existência, individual
ou coletiva. Portanto, dizer que se trata da ciência cujo objeto é o indivíduo não
ajuda a definir esse campo de estudos.
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UNIDADE Questões de Antropologia Clássica
Figura 2
Fonte: iStock/Getty Images
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É importante salientar que, se não houve acordo quanto ao emprego do termo
antropólogo, tampouco houve em relação ao termo Antropologia. Apesar de nossa
conceituação ser bem clara, as distinções entre Antropologia Física e Antropologia
Social e Cultural, filiados a uma interpretação vigente nos Estados Unidos e na
Inglaterra, não ocorrem na escola francesa, que utiliza o termo Antropologia para
se referir ao que conhecemos como Antropologia Física, enquanto não utiliza o
termo Antropologia Social e Cultural, substituindo-o por etnologia – ao contrário
do que fazem os autores anglo-saxões.
Figura 3
Fonte: iStock/Getty Images
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UNIDADE Questões de Antropologia Clássica
Não estamos tratando, contudo, de condutas racistas; uma vez que a civilização
romana se constituiu de um mosaico de povos distintos, aprofundando-se as
dinâmicas de miscigenação já assistidas por séculos. Trata-se, em essência, de
uma distinção cultural, que permitia, por exemplo, submeter e dominar o outro,
entendido como bárbaro, em nome de uma cultura superior, signo de civilização.
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Figura 5 – A Primeira Missa no Brasil, por Victor Meireles (1861)
Fonte: Wikimedia/Commons
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UNIDADE Questões de Antropologia Clássica
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Os Precursores da Antropologia Moderna
Com o movimento chamado “Humanismo”,
no contexto do Renascimento, esse caráter
civilizador europeu passou a ser alvo de críticas
na própria Europa. Autores como Thomas
More, La Boètie, Montaigne e Erasmo de
Rotterdam, entre outros, fizeram pesados
ataques à moral europeia e suas convicções de
superioridade em relação aos povos dominados
pelo Homem branco.
Sua crítica expressa nas duas gerações do
humanismo do Renascimento, dos séculos
XVI e XVII, serviu de fundamento para o
desenvolvimento posterior do movimento Figura 8 – Michel de Montaigne
iluminista, que caracterizou o chamado Século Fonte: Wikimedia/Commons
das Luzes: o séc. XVIII.
Pensadores europeus, primordialmente franceses, subverteram a interpretação
valorativa dada aos “selvagens” como povos não-portadores de cultura, exaltando
o exótico, que seguia incompreendido, uma vez que foi criado para eles o mito do
“bom selvagem”.
A questão é que, do séc. XVI ao XVIII, a crítica à cultura europeia se deu por
meio de sua relativização com as culturas dominadas –ainda que as exaltando –,
marcou-se um relevante esforço primeiro para o reconhecimento de que se tratava
de povos portadores de cultura, seguindo para o fato de que não se tratava de
culturas inferiores.
Ainda assim, tratava-se de uma visão “de fora” e que acabava, na prática,
reafirmando a cultura europeia, uma vez que sua pretensão não era compreender
o outro, senão reformar a civilização ocidental.
O darwinismo
Vimos na unidade anterior que, na segunda metade do
século XIX, as teses de Charles Darwin sobre a evolução das
espécies influenciaram enormemente as ciências biológicas.
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Era possível, então, ordenar logicamente as etapas que constituíam a linearidade evo-
lutiva humana, bem como criar tipologias para os artefatos arqueológicos escavados.
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Esse tipo de convicção, profundamente ideológica e preconceituosa, só mudaria
com o advento do trabalho antropológico de campo, instituído como prática no
final do século XIX.
Esse novo antropólogo não deveria restringir-se ao gabinete, isso porque não
deveria trabalhar com materiais e dados coletados ou descritos por amadores,
sob pena de comprometer gravemente a própria pesquisa. O antropólogo seria
convertido no pesquisador que se deslocaria fisicamente até a sociedade a ser
investigada. Trata-se das pesquisas de campo, nas quais o próprio antropólogo
observa e coleta os dados que deverá analisar.
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Não que estudos comparativos não pudessem ser feitos entre distintas culturas,
ou mesmo que não se pudesse identificar uma origem comum para ambas; na
verdade, o que Boas propunha era um processo indutivo que identificasse as
relações que possibilitariam a comparação, para o então estabelecimento das
conexões históricas pertinentes.
Para Boas, o mesmo fenômeno tem sentidos variados em cada cultura – sendo
assim, o fato de ocorrências semelhantes serem identificadas em distintas culturas
não constitui prova de uma origem comum.
Consequentemente, não havendo uma única origem cultural, não se pode falar
em cultura, senão em culturas. Ou seja, cada cultura tem sua própria história, não
uma cultura humana universal e originária (como pressupunham os evolucionistas).
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Os Fundamentos Teóricos de Bronisław Malinowski
O antropólogo polaco Bronisław Kasper Malinowski,
criador da chamada escola funcionalista, é considerado
um dos fundadores da própria Antropologia Social.
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Os pressupostos da nova corrente teórica foram publicados em duas de suas
principais obras: As Estruturas Elementares do Parentesco, de 1949, e Tristes
Trópicos, de 1955, que o notabilizam mundialmente.
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UNIDADE Questões de Antropologia Clássica
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Site da Associação Brasileira de Antropologia
http://www.abant.org.br/
Site da Revista de Antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
da Universidade de São Paulo
https://goo.gl/IbqThi
Site da Revista Campos – Revista de Antropologia Social da Universidade Federal
do Paraná
https://goo.gl/nmBo6A
Filmes
10.000 a.C.
10.000 a.C.; dir.: Roland Emmerich, EUA, drama, colorido, 2008.
A Guerra do Fogo
A Guerra do Fogo; dir.: Jean-Jacques Annaud, EUA / França / Canadá, drama,
colorido, 1981.
2001: Odisseia no Espaço
2001: Odisseia no Espaço; dir.: Stanley Kubrick, EUA, ficção científica, colorido,
1968.
Leitura
Por uma semântica profunda: arte, cultura e história no pensamento de Franz Boas
ALMEIDA, K.M. P. Por uma semântica profunda: arte, cultura e história no pensamento
de Franz Boas. Mana, vol. 4, n. 2, Rio de Janeiro, out. 1998
https://goo.gl/qHexdk
Imigração, raça e cultura: o ensinamento de Franz Boas
PALTRINIERI, A. C. Imigração, raça e cultura: o ensinamento de Franz Boas. Revista
Outros Tempos, UFMA, São Luís, v. 6, n. 7, jul. 2009.
https://goo.gl/sRsMqK
Para além do “trabalho de campo”: reflexões supostamente malinowskianas
GIUMBELLI, E. Para além do “trabalho de campo”: reflexões supostamente
malinowskianas. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 17, n. 48,
fev. 2002.
https://goo.gl/eqPhPr
Claude Levi-Strauss e a experiência sensível da Antropologia
WERNECK, M. M. F. Claude Levi-Strauss e a experiência sensível da Antropologia.
Cronos, UFRN, Natal, v. 9, n. 2, dez. 2008
https://goo.gl/PXU0o0
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Referências
BENEDICT, Ruth. 1934. Padrões de cultura. Lisboa: Livros do Brasil, s.d.
ELIOT, T.S. Notas para a definição de Cultura. Lisboa: Século XXI, 1996.
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