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Leia o texto abaixo de uma crônica de Martha Medeiros, observando com atenção o valor e a
função das orações em destaque para a construção do texto:
Observem que orações como “que trabalharam insanamente” poderia até ser substituída por
um adjetivo, no caso, as mães trabalhadoras. Percebam, portanto, a proximidade desses tipos de
orações com os adjetivos, o que justificaria, inclusive, a classificação como subordinadas adjetivas.
Em resumo, as orações subordinadas adjetivas exercem a função de um adjetivo, podendo
determinar, limitar, restringir ou explicar o significado do termo a que se referem, no caso da
crônica de Medeiros, do termo supermães e mães normais.
Professora Gislene Teixeira Coelho – Terceiro Ano Integrado
Primeiro Bimestre – Aula 13
Aula do dia: 15/06/2021
Observe que o pronome relativo “que” recupera o elemento anterior “amor” e pode, inclusive, ser
substituído por “o qual”.
Observe também que essa frase, diferentemente dos outros destaques no texto, não delimita, não
restringe o sentido do termo a que se refere (o amor), mas somente explica o termo “amor”, trazendo
uma informação generalizante dizendo que o “amor materno é sempre inesgotável”, seja por parte
das “supermães” ou das “mães normais”.
Na próxima seção desta apostila, explicaremos melhor a distinção entre esses dois grupos de
orações subordinadas adjetivas: as que restringem e as que explicam.
A devolver o que não é seu, a dizer a verdade, a ser gentil, a não depender demais dos outros, a
aceitar que as pessoas não são todas iguais e que isso é bom.
No primeiro uso, temos: “A devolver o (o = aquilo) que”, onde o uso do pronome relativo “que”
faz referência ao pronome “o” da oração anterior.
Por outro lado, as outras duas ocorrências de “que” não recuperam nada da oração anterior,
somente ligam as orações completando do sentido do verbo “aceitar”, ou seja, não funcionam como
pronomes relativos, são somente conjunções.
1ª 2ª
Exemplo 2: Minha terra tem palmeiras, / onde canta o sabiá.
Observem que, pela divisão das orações, é muito comum que a oração principal venha dividida,
com em Exemplo 1, com a subordinada adjetiva intercalada. Assim, teríamos:
1ª Oração: “A casa ... fica a duas quadras.”
2ª Oração: “onde morei”
Observem a questão abaixo, que exemplifica um tipo de pergunta comum nas provas de concursos
seletivos:
Ao optar ou não pelo uso das vírgulas na oração adjetiva “que só querem o diploma”, o autor
desse tipo de frase imprime uma significativa mudança semântica. Em a, constrói-se a ideia de que
todos os candidatos só querem o diploma, de modo que a oração “que só querem o diploma” introduz
somente uma informação adicional do grupo a que se refere. Em b, a oração “que só querem o
diploma” restringe, delimita o sentido de “os candidatos ao vestibular”, informando que somente
aqueles que aspiram unicamente ao diploma (uma parte do grupo) não pensariam na sociedade. Ou
seja, a utiliza uma oração subordinada adjetiva explicativa, e b utiliza uma oração subordinada
adjetiva restritiva.
Nas frases indicadas, temos três situações diferentes de análise, pontuando adequadamente,
teríamos:
a) O homem, que é mortal, julga-se eterno. (COM VÍRGULAS OBRIGATORIAMENTE)
b) As árvores que dão frutos são raras no sítio. (SEM VÍRGULAS OBRIGATORIAMENTE)
c) Os homens, que têm seu preço, são facilmente corrompidos.
Os homens que têm seu preço são facilmente corrompidos.
(COM E SEM VÍRGULAS, IMPRIMINDO MUDANÇA DE SENTIDO)
Em a, as vírgulas são obrigatórias, pois a oração “que é mortal” não serve para delimitar e restringir
quais homens seriam mortais, haja vista o claro entendimento de que todos os homens sejam
mortais, ou seja, a oração é subordinada adjetiva explicativa.
Em b, não se emprega vírgulas, pois temos em uso uma oração subordinada adjetiva restritiva
em “que dão frutos”, uma vez que precisamos de limitar o tipo de árvore, e sabemos que somente
algumas árvores dão frutos.
Em c, temos um terceiro caso, em que a oração “que têm preço” pode ser colocada ou não entre
vírgulas, dependendo, portanto, do sentido que desejamos atribuir à frase em questão. Se empregamos
as vírgulas, estamos considerando que todos os homens têm seu preço, logo estaremos empregando
uma oração subordinada adjetiva explicativa. Se subtraímos as vírgulas, oferecemos uma visão
mais otimista em torno da condição humana, dizendo que somente alguns homens têm seu preço,
logo nem todos são corrompidos facilmente.
Professora Gislene Teixeira Coelho – Terceiro Ano Integrado
Primeiro Bimestre – Aula 13
Aula do dia: 15/06/2021
Exemplo 1:
Homenagem
O desafio de ler um livro por dia
Sensibilizada pela morte da irmã, que era uma ávida leitora, a norte-americana Nina Sankovitch
decidiu embarcar numa inusitada viagem literária que durou um ano.
VIOTTO, Jordana. O desafio de ler um livro por dia. Fantástico: o show da vida em revista. São Paulo: Globo, dez.-
jan. 2010, p. 47.
No exemplo acima, destacamos a seguinte oração: “que era uma ávida leitora”. A oração em
questão apresenta-se separada por vírgulas, introduzindo uma explicação adicional em relação ao
termo “irmã”. Portanto, classifica-se como uma oração subordinada adjetiva explicativa.
Exemplo 2:
1ª 2ª 1ª 3ª
O Brasil / que come / ajudando o Brasil / que tem fome.
1ª oração
A campanha publicitária acima vale-se de duas orações “que come” e “que tem fome” para
especificar, restringir dois sentidos para o mesmo termo “Brasil”, de modo a utilizar orações
subordinadas adjetivas restritivas. Assim, demarca-se um chamado para que os brasileiros que
comem ajudarem os brasileiros que não têm o que comer.
EXERCÍCIOS
2) (Fuvest-SP) “Os meninos de rua que procuram trabalho são repelidos pela população.”
a) Reescreva a frase, alterando-lhe o sentido apenas com o emprego da vírgula.
4) (AOCP – adaptada) O elemento destacado introduz uma oração subordinada adjetiva, exceto:
a) “Das 97.549 armas de fogo que foram registradas em nome de empresas de segurança...”
b) “As empresas que atuam com segurança externa costumam ser as mais visadas.”
c) “Podemos dizer ainda que, para cada funcionário de empresa regularizada...”
d) “...existem problemas no setor que devem ser investigados pela PF.’’
e) “Os vigilantes acompanhavam um caminhão que transportava um insumo industrial...”
a) Em I, II e IV, o texto acima faz uma opção por um tipo de oração subordinada adjetiva. Que tipo
seria esse e justifique o uso de acordo com os dados do próprio texto?
c) No texto, foram grifadas duas ocorrências de “que”. Analise-as e veja se, nos referidos usos, elas
funcionam como pronome relativo. Explique.
GABARITO
1)
a) Sem alteração.
b) Sem alteração.
c) Todas as sessões deste teatro, que só acontecem aos sábados e domingos, serão gratuitas.
d) Sem alteração.
e) No Rio de Janeiro, onde há inúmeras peças sendo encenadas, tivemos um público menor.
f) Sem alteração.
g) A carreira de Bibi Ferreira, cuja trajetória eu conheço, é cheia de lances curiosos.
h) A TV regional, de cuja publicidade podemos vir a precisar, solicitou uma entrevista.
i) Sem alteração.
2)
a) “Os meninos de rua, que procuram trabalho, são repelidos pela população.”
b) Sem as vírgulas, a oração adjetiva restritiva “que procuram trabalho” limita, restringe o termo
“meninos”. Entende-se, pois, que uma parte dos meninos de rua procura emprego e que essa parte,
essa e apenas essa, é repelida pela população. Com as vírgulas, muda-se o sentido da oração adjetiva,
que passa a ser explicativa. Entende-se, assim, que todos os meninos de rua procuram trabalho e são
repelidos pela população.
Professora Gislene Teixeira Coelho – Terceiro Ano Integrado
Primeiro Bimestre – Aula 13
Aula do dia: 15/06/2021
3)
a) As orações são: “considerado o Oscar dos quadrinhos” e “considerado melhor roteirista/desenhista,
com Acme Novelty Library, e melhor letrista com Acme Novelty Library nº 19”, ambas classificadas
como orações subordinadas adjetivas restritivas reduzidas de particípio. As orações apresentadas
acrescentam informações adicionais que auxiliam na identificação dos termos a que se referem, que
seriam, respectivamente, Eisner Awards e Chris Ware.
b) Desenvolvendo as orações, teríamos: “que é considerado o Oscar dos quadrinhos” e “que foi
considerado melhor roteirista/desenhista [...]”.
4) C
5)
a) Nos três casos apontados, temos o uso de orações subordinadas adjetivas restritivas, uma vez que
as orações em destaque inserem informações essenciais que restringem, delimitam o sentido do termo
da oração anterior a que se referem, que seria o conto de 1920, a mentalidade escravocrata brasileira
e os trechos.
b) Desenvolvendo a oração, ficaria assim: “que desta vez se dirigiu contra Caçadas de Pedrinho e
Negrinha”. A classificação completa seria uma oração subordinada adjetiva explicativa reduzida de
particípio.
c) Nos casos apresentados, os usos de “que” mostram que o termo, nessas situações, não funciona
como pronome relativo. Para exercer a função de pronome relativo, o “que” teria que fazer referência
a algum nome contido na oração anterior, no entanto, o que se percebe é a função de integrar, de unir
duas orações, de modo a introduzir uma oração que completa o sentido do verbo “pedir” (como objeto
direto), funcionando como conjunção integrante.
Referências:
ABAURRE, Maria Luíza M.; ABAURRE, Maria Bernadete; PONTARA, Marcela. Português:
contexto, interlocução e sentido. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2016.
BARRETO, Ricardo Gonçalves (org.). Ser protagonista. 1. ed. São Paulo: Edições SM, 2010.
CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português: linguagens. 9. ed. São
Paulo: Saraiva, 2013.
DE NICOLA, José. Língua, literatura e produção de textos. São Paulo: Scipione, 2009.