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Colégio Estadual do Paraná

Jéssica Camille Franco Corrêa

Sequência de Montagem

Curitiba
2019
Os dentes assumem uma função muito importante no que se refere à estética,
fonética e mecânica (oclusão). Quando o indivíduo perde os dentes, altera-se
não só a dimensão vertical de oclusão, como todo o seu padrão de vida: seu
relacionamento interpessoal, seu padrão de estética, de fala, de mastigação e
deglutição. Para realizar uma montagem adequada, é necessário seguir alguns
princípios básicos. O estabelecimento de uma oclusão equilibrada na qual as
estruturas do aparelho mastigatório agem harmonicamente é um dos principais
objetivos da prótese total. A forma, a tonalidade e a posição dos dentes devem
estar em harmonia com o sexo e a idade do paciente. Primeiramente é
realizada a moldagem anatômica, depois o plano de cera, a tomada de
dimensão e por fim a montagem dos dentes.
Denomina-se Dimensão Vertical (DV), a altura do terço inferior da face ou a
relação espacial da mandíbula em relação à maxila no plano vertical. A
variação da distância vertical de oclusão é de 3,8 a 4cm; alguns fatores podem
influenciar na determinação do DVO, como o fato do indivíduo possuir
próteses, o tempo em que ele as utiliza, ou apresentar dentes em um dos
arcos, o nível de comprometimento das próteses existentes no sentido de saber
se há desgastes dos dentes artificiais ou desajustes de sua base com os
tecidos suporte, e ainda se há sinais e/ou sintomas de disfunção
temporomandibular (DTM) associada.
A linha mediana é demarcada no plano de cera no momento da seleção dos
dentes artificiais, ela divide a face em duas partes iguais, desde que sejam
proporcionais.
Para que o suporte dos lábios seja satisfatório, os dentes artificiais devem ser
montados exatamente nos locais que eram ocupados pelos dentes naturais.
Um ponto importante que deve ser considerado é que o suporte para os lábios
é dado pela parte média da face vestibular do dente. A papila incisiva é uma
referência bastante significativa para a montagem do incisivo central superior.
Quando os dentes naturais anteriores superiores estão presentes, a papila
incisiva é localizada ligeiramente atrás dos mesmos. Após as extrações dos
dentes anteriores, em consequência do processo de reabsorção óssea, a
papila incisiva passa a ocupar uma posição sobre o rebordo, evidenciando
dessa maneira, maior reabsorção da parte vestibular do alvéolo dental. Desde
que a reabsorção não tenha sido muito grande ela passa a ser referência para
o posicionamento dos incisivos centrais.
Posição, Alinhamento e Disposição dos dentes artificiais:
É possível distinguir sob a denominação genérica de alinhamento, três
elementos que definem a situação dos dentes ao formarem o arco; elementos
que podem variar independentemente uns dos outros e são chamados de:
Posição: é a situação do conjunto de órgãos dentais no espaço, em relação
com os lábios, nariz, comissuras e dentes antagonistas. É a relação do arco
dental relacionado com a fisionomia, assim cada dente tem seu lugar
reservado.
(posição do incisivo central)

Alinhamento: refere-se à forma do arco dental que se obtém após a montagem


dos dentes. Ao dispor os dentes, observar o alinhamento, que deve
acompanhar a forma do rebordo alveolar. Assim, em um rebordo triangular por
exemplo, os dentes deverão dispor-se de tal forma que resulte um arco dental
triangular quando observar o arco dental superior pela face oclusal.

(alinhamento observado pela face oclusal)


Disposição: refere-se à situação individual de cada dente na arcada. Devemos
analisar inicialmente a questão da sequência de colocação dos dentes, para
depois estudarmos os problemas de disposição propriamente dita.

(disposição do canino)
Assim, observamos na figura que a disposição do canino apresenta seu eixo
cervico-oclusal mais inclinado que os demais dentes.
Existem várias maneiras de iniciarmos a montagem dos dentes artificiais de
uma dentadura. Quando iniciamos a montagem dos dentes, devemos começar
pelos dentes anteriores, que são os que proporcionam estética e função.
Também devemos observar que cada dente possui uma posição mesio-distal e
vestíbulo-lingual no arco, além da relação desses dentes com o arco inferior.
Montagem de Dentes:
Posição mesiodistal
Posição vestibulolingual
Relação com risco de oclusão inferior

ANTERIORES SUPERIORES:
1) Incisivo Central Superior
Retira-se do plano superior uma porção de cera correspondente ao tamanho do
incisivo central superior, tendo como referência a linha mediana inscrita no
mesmo. Plastifica-se a cera no espaço deixado e fixa-se o dente, de tal modo
que a face mesial do mesmo tangencie a linha mediana.
O incisivo central será colocado de modo a ficar:
Ligeiramente inclinado para vestibular (vista lateral).
Bordo incisal descansando exatamente sobre a superfície do plano de
orientação inferior.
Com seu longo eixo paralelo a linha mediana.
Tocando suavemente no plano inferior.

2) Incisivo Lateral Superior


Retira-se do plano superior uma porção de cera correspondente ao tamanho do
dente, tendo-se como referência a face distal do incisivo central superior.
Plastifica-se a cera no espaço deixado e plastifica-se o dente.
O incisivo lateral será colocado de modo a ficar:
Colo ligeiramente mais deprimido que o central.
Bordo incisal ligeiramente mais elevado que o central (não toca o plano).
Longo eixo ligeiramente inclinado para mesial.
3) Canino:
Retira-se do plano superior uma porção de cera correspondente ao tamanho do
dente. Plastifica-se a cera no espaço deixado e fixa-se o dente.
O canino será colocado de modo a ficar:
Vértice da cúspide deverá situar-se ao nível do plano de orientação inferior
(tocando-o ou ligeiramente para baixo).
Visto pela face vestibular, seu longo eixo deverá estar ligeiramente inclinado
para mesial.
Visto pela face mesial, o seu longo eixo deverá estar ligeiramente inclinado
para a região palatina de tal forma que a porção cervical apareça mais
volumosa. Isto caracteriza a bossa canina.
Olhando-se a prótese pela frente, somente será visível a metade mesial de sua
face vestibular.

Após a montagem dos seis dentes anteriores teremos a seguinte configuração:


POSTERIORES SUPERIORES
Para a montagem dos dentes posteriores superiores é necessário referências
para que os dentes possam ser montados no plano de cera e para executarem
seu trabalho funcionalmente. Dois fatores devem ser considerados, a linha
principal de esforço mastigatório e a curva de compensação.
Linha principal de esforço mastigatório: a montagem dos dentes deve ser feita
de modo que os mesmos fiquem sobre a crista do rebordo alveolar, para que
isso ocorra devemos traçar uma linha, no modelo inferior, sobre a crista do
rebordo ósseo alveolar, esta linha deve iniciar-se do centro da papila retromolar
em direção anterior, abrangendo a maior extensão em linha reta.

Essa linha será transportada para o plano de cera inferior, com o auxílio de
uma régua. Os dentes serão montados de maneira que as cúspides palatinas
fiquem exatamente sobre esta linha. Com isso, as forças transmitidas pelos
dentes superiores posteriores incidirão exatamente sobre a crista do rebordo
ósseo alveolar inferior, fazendo com que elas sejam absorvidas sem prejuízo
ao osso, dando maior estabilidade às próteses.
Curva de compensação: Como o plano de orientação superior foi construído
paralelo ao plano Protético, quando o paciente executa o movimento de
protrusão os planos perdem contato na região posterior, formando um espaço
entre os planos que é chamado de “Fenômeno de Christensen”. Isto ocorre
devido a inclinação da cavidade articular no sentido de trás para frente e de
cima para baixo. Na construção das dentaduras artificiais devemos sempre
evitar que haja formação deste espaço, pois se o mesmo ocorrer, as próteses
podem perder a estabilidade e o paciente não conseguir usá-la.
Para compensar este espaço formado, os dentes deverão ser dispostos em
uma curva no sentido ântero-posterior, chamada de “Curva de compensação ”.
Existem dois métodos para o estabelecimento da Curva de Compensação: o
Fisiológico e o Mecânico.
No método Fisiológico, o próprio paciente individualiza esta curva. No método
Mecânico, o estabelecimento da Curva de Compensação é dado pela
inclinação dos dentes no sentido vestíbulo-palatino e mésio-distal, que se inicia
no 1º molar superior.
1) Pré-molares superiores
São colocados de modo a ficarem:
Longo eixo na vertical.
Cúspides vestibulares e palatinas tocam o plano inferior.
Faces vestibulares ao nível do canino ou ligeiramente para dentro.
Cúspides palatinas sobre a linha principal de esforço mastigatório.

2) Molares Superiores
Os molares são colocados de modo a ficarem:
Suas cúspides palatinas deverão incidir sobre a linha principal do esforço
mastigatório.
O 1º molar irá se situar em contato com o plano oclusal inferior, somente por
sua cúspide mésio-palatina. Inicia-se aqui a curva de compensação. A cúspide
mésio-vestibular distará 0,5 mm aproximadamente do plano oclusal e a disto-
vestibular a quase 1 mm.
O 2º molar acompanha a inclinação do 1º molar, porém suas cúspides
vestibulares são mais altas em relação ao plano oclusal inferior. Levantam-se
para trás, em direção às cabeças da mandíbula completando a Curva de
Compensação.

POSTERIORES INFERIORES:
A ordem de montagem dos dentes inferiores inicia pelos incisivos e segue, pela
ordem, para posterior, depois de concluída a montagem dos dentes superiores,
iniciam pelo primeiro molar inferior, já que esse dente, na dentição natural, é
considerado a chave de oclusão.
Marca-se na cera, no plano de orientação inferior, com o articulador fechado,
dois traços: um ao nível da cúspide vestibular do segundo pré-molar superior, e
outro ao nível da cúspide disto-vestibular do primeiro molar superior, que
corresponde ao posicionamento do primeiro molar inferior.
Observa-se que foi removido a metade do plano de cera, para que o menor
volume facilite a montagem. Plastifica-se a cera na região compreendida entre
os dois traços, prende-se o primeiro molar inferior com cera plastificada, e
fecha-se o articulador cuidadosamente, para que a pressão de fechamento
faça chegar o molar em oclusão central; observando se a cúspide mésio-
vestibular incide no centro das cristas marginais proximais do segundo pré-
molar e primeiro molar superior e se a cúspide disto-vestibular do molar inferior
incide sob a fossa principal do molar superior.
Montado o molar de um lado, monta-se o do lado oposto seguindo o mesmo
procedimento. Segue-se, agora, o ajuste da mesa incisal. Inicialmente ela é
inclinada 47 no sentido sagital, de 0º a 20º dependendo da reabsorção do
rebordo. Esta inclinação é determinada pelo profissional e corresponde à
inclinação da trajetória incisiva. Para rebordos muito reabsorvidos a inclinação
ântero-posterior deverá ser diminuída podendo chegar até 0º.
As laterais da mesa incisal são levantadas, para compensar a altura da
cúspide, movimentando-se lateralmente o ramo superior do articulador. Leva-
se o ramo superior do articulador para a direita, mantendo o contato do dente
superior com o dente inferior e inclina-se a aleta esquerda até que o pino guia
incisal toque a mesa novamente. Procede-se igualmente para o outro lado.
Acertada a mesa nos dois planos voltamos a movimentar o ramo superior do
articulador em lateralidade direita, esquerda e, agora, também no sentido de
protrusão para verificarmos se os dentes mantêm contato por suas cúspides a
fim de se conseguir uma oclusão bilateral balanceada .
Na posição de trabalho, as cúspides vestibulares superiores e inferiores tocam-
se, ocorrendo o mesmo com a palatina superior e a lingual Inferior. Na posição
de balanceio, a cúspide palatina superior deverá tocar a vestibular inferior. Na
posição de protrusão as cúspides vestibulares e linguais dos dentes inferiores
tocam as cúspides vestibulares e linguais dos dentes superiores ao mesmo
tempo, porém mais à frente.
Considerada satisfatória a montagem dos primeiros molares inferiores
passaremos a montar os segundos molares, e depois, os segundos pré-
molares. Ocorre, às vezes, que para conseguir bom “engrenamento” dos
dentes nas suas excursões de lateralidade e protrusão, temos a necessidade
de movimentar o dente superior já montado, ou mesmo desgastar com uma
broca para conseguir o contato desejado.
ANTERIORES INFERIORES
1) Incisivos Centrais
Durante a montagem dos incisivos centrais inferiores realiza-se movimentos
protrusivos e laterais, para observar os contatos que devem ocorrer com os
incisivos superiores.
Face mesial toca a linha mediana.
Face vestibular acompanha o contorno do plano de cera.
Longo eixo na vertical.
Não tocam os incisivos mesiais superiores quando as dentaduras estão em
oclusão central.

2) Incisivos Laterais
Face mesial mantem contato com a distal dos centrais.
Face vestibular acompanha o contorno do plano de orientação.
Longo eixo na vertical.
Não tocam os superiores em oclusão central.

3) Caninos
Face mesial contatando a face distal do lateral.
Cúspide localizada na linha do ponto de contato do incisivo lateral e do canino
superior.
Longo eixo, no sentido mésio-distal, ligeiramente inclinado para mesial e no
sentido vestíbulo lingual, perpendicular ao plano oclusal.
4) Primeiros pré-molares
Em altura não deverá ultrapassar o canto da boca.
Longo eixo na vertical.
Deverá ser o último dente a ser montado, permitindo assim um ajuste oclusal
correto e evitando apinhamento dos dentes anteriores.
Quando necessário, devemos desgastar sua face mesial.

Depois de montar todos os dentes, deve-se levar até a boca do paciente e


analisar a estética, se a montagem está correta, linha média, altura do sorriso,
fonética, selamento labial. Nesse momento pode-se fazer o ajuste oclusal,
porém como está com cera, muitas vezes o dente solta e causa muitos
problemas. A desinfecção é feita com hipoclorito.
Sendo assim, pode-se concluir que para realizar a montagem de uma prótese
total, é necessário seguir todos os passos corretamente, para que não hajam
falhas no processo que torne a prótese inutilizável para o paciente.

REFERÊNCIAS:
https://www.passeidireto.com/arquivo/46416772/montagem-de-dentes-artificiais

https://www.ebah.com.br/content/ABAAAhJkQAC/sequencia-confeccao-protese-total?part=3

http://www.foa.unesp.br/include/arquivos/foa/grad/files/outros/apostila-de-protese

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