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Licenciatura de Sociologia
1º Ano
2017/2018
U.C
Cultura e Sociedade
Caderno
Fichas de Leitura Analíticas
U.C.: CULTURA E SOCIEDADE
SOCIOLOGIA| 1º ANO | 1º SEMESTRE
2017-2018
APONTAMENTOS
1. Indivíduo, Sociedade e Relações
Sociais
Indivíduo e Sociedade: Interiorização, Exteriorização e
Objetivação das Relações Sociais
Representações
Consciência (SER)
co
SOCIEDADE
Estrutura Práticas
(TER) Formas Sociais 1-Trilogia Fundamental da Ação (FAZER)
co Sociologia co
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Senso Comum
Principais obstáculos à
explicação/análise Ideologias
sociológica
Etnocentrismo
A sociologia tem de ter uma visão critica sob o discurso comum (opiniões),
pois todo este discurso é afetado pelo meio social onde foram formados. Em
outro contexto estes discursos seriam diferentes, mas não mais válidas que
as anteriores.
Um problema da sociologia é o facto de o objeto e do sujeito se poderem
confundir, assim cabe ao sociólogo conseguir se distanciar do senso comum
e do contexto onde foi criado, resultando numa ruptura epistemológica.
Um dos grandes obstáculos é olhar para os outros meios culturais tendo em
mente a nossa própria cultura (olhar etnocêntrico).
o Em primeiro lugar, a sociologia deve contextualizar e relativizar os
contextos sociais.
Imaginação Sociológica
Descobrir como é possível
transformar coisas banais do dia-a-dia em objetos sociológicos.
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2. O que é a Sociologia?
Quadro
Objeto Método
Teórico
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A sociologia surge na transformação das sociedades tradicionais em
sociedades modernas. Transformação despoletada primeiramente no séc.
XIX com o Iluminismo.
Após o Iluminismo, também a Revolução Francesa, com a ideia de liberdade,
bem como a revolução industrial e, ainda, com o êxodo rural.
Com todas as mudanças, August Comte considerou a importância de criar
uma área cientifica para estudar as sociedades, através de métodos
científicos com o objetivo de aplicar as leis às realidades sociais, através do
Positivismo Criando a Sociologia.
Com os avanços científicos muitos preceitos da religião foram postos em
causa, gerando uma maior previsibilidade e aceitação da realidade explicada
pela ciência. Liberdade de escolha, aplicação do conhecimento cientifico na
economia.
3. Clássicos da Sociologia
Com todas as mudanças existentes decorrentes dos fenómenos
anteriores, surgem os clássicos que foram pioneiros a
escrever/desenvolver teorias sobre as mudanças sociais.
Uns acreditavam que o estudo destes fenómenos deveria ser feito através
das estruturas sociais, outros pelas práticas/ações e outros através da
consciência/represente ação.
Karl Marx
•Numa sociedade industrial, através da divisão setorial do trabalho, dividida as sociedades, era o
que estruturava (determinação estrutural).
•Era através da estrutura social que iriam ser explicados quer a ação, quer a consciência.
Max Weber
•O que é importante/determinante para a mudança social/histórica através da ação e ainda
consciência.
•As sociedades modernas, ao contrário das sociedades tradicionais, imprimem uma racionalidade
cientifíca.
•Também a religião, os valores e a moral, por exemplo no que toca à religião protestante é um dos
fatores que contribuiu ao surgimento da insdustrialização.
Émile Durkheim
•Podemos pensar que as sociedades tradicionais decorrem de mecanismos automáticos em que as
relações são do tipo primário. As sociedades modernas resultam de mecanismos orgânicos, onde o
que importa são as relações secundárias, que resulta da organização mediante, dependem de uma
hierarquia- relações verticais.
•Numa sociedade moderna, temos papeis autónomos, especialização e diferenciação. As mudanças
sociais são explicadas pela estrutura, numa vertente funcionalista. a sociedade representa
organismos diferentes que tendem para o equilibrio social, através da coesão social e do
interconhecimento.
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4. Cultura Rural VS Cultura Urbana
Dimensão, Densidade; Diversidade são variáveis que aumentam em
contextos urbanos quando comparado com contextos rurais que se
caracterizam pela homogeneidade.
Estas são diferenças fundamentais da sociologia e a grande problemática de
Durkheim.
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6. Conceito de Território
A sociologia foi muito influenciada pelas perspetivas funcionalistas, ou
seja, existiu uma fase onde o estudo do comportamento humano era
influenciado pelo estudo do comportamento animal e vegetal sociedade
como um organismo vivo.
O comportamento animal funciona pelo instinto e pela experiência.
Existe uma associação evidente entre o território e o Homem.
O aparelho funcional é construído cultural e socialmente, um
comportamento humano relativo aos sentidos dependentes do seu
contexto um dos fundamentais é o olhar (visão), tornam-se
características marcantes.
A interação social, não é apenas dada por códigos linguísticos, mas
também é dada por códigos silenciosos, como os cinco sentidos.
7. Eduard T. Hall
Estudou através do comportamento animal, onde reparou através de
espécies diferentes, as diferentes reservas de espaço físico deixado entre
cada.
Observou as pessoas na fila do autocarro, o espaço reservado. Reparou
que este varia conforme o contexto sociocultural.
Conclui, através de uma tipologia de distancia e proximidade, de várias
distâncias:
Distância Íntima ausência de distância (intimidade
máxima)
Interação Social
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onde observou as diferentes maneiras de apropriação e de distancia
social com base nas diferentes sociedades.
A interação pode ser positiva ou não.
Dentro do mesmo grupo familiar a apropriação também resulta num bom
objeto de estudo onde se observa as diferentes apropriações por parte
dos diferentes elementos.
8. Tempo
A industrialização foi a origem do tempo como conhecemos hoje.
Objetivo Interpretação
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A cultura construída passa de geração em geração Processo que se
denomina de socialização.
9. Socialização
Processos de aprendizagem/transmissão, de um conjunto de regras e
normas, valores, códigos comportamentais, etc.
Perspetivas de Análise:
o Teorias Funcionalistas Processo de socialização é um
processo de integração social para evitar desvios
comportamentais.
o Teorias Interacionalistas O processo é apenas unidirecional,
mas sim bidirecional. A socialização exige interação. Crítica a
funcionalista dizendo que é um processo muito complexo.
Tipos de Socialização:
o PRIMÁRIA: Socialização que surge em primeiro lugar
(básico/fundamental) surge na 1ª Infância (1ª Fase)
▪ Fundamental porque é estruturante e, muitas vezes,
determinante;
▪ São os estímulos fundamentais, uma vez que é fundamental
que ocorra assim que o individuo nasça, a fim de poder
começar logo a desenvolver capacidades neuro-motoras.
▪ Segurança Ontológica sugerida por Giddens, é muito
importante que seja adquirida na primeira infância, para
conferir confiança e alguma previsibilidade.
o SECUNDÁRIA: ocorre logo a seguir à primeira e começa num
contexto escolar. Pode reverter o défice da socialização primária,
quando esta não ocorre de todo ou acontece de maneira precária.
▪ Também acontece em outros contextos ao longo da vida.
▪ Mudança de Contexto de Vida/Social Os indivíduos são
socializados numa determinada cultura e, depois, ao
migrarem sofrem de novo a socialização secundária exigida
pela nova cultura onde se estão a inserir. O mesmo
acontece nas mudanças de tipo social.
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Implica um processo de estrutura de personalidade social.
o Fase de Confiança Social Segurança Ontológica, é comparável
a uma vacina, para que os indivíduos ficam mais imunes possíveis
aos vírus da sociedade. A previsibilidade também permite diminuir
os riscos das sociedades (A. Giddens).
Fases da Estrutura da Personalidade Social do Individuo
•Confiança
1ª
•Autonomia
Infância
•Iniciativa
•Atividade
2ª Pré-adolescência
•Identidade
Infância Adolescência
•Atividade
•Intimidade
Idade
•Generatividade
Adulta
•Maturidade
Fases da Socialização
o Socialização na Família
o Socialização Escolar
o Socialização na Idade Adulta
Agentes da Socialização (Dependendo dos Contextos)
o Família
o Escola
o Grupos Pares
o Meios de Comunicação
o Outros Religião; Associações; Partidos Políticos; etc.
Hoje em dia, nas sociedades modernas, estas fases da estrutura de
personalidade social do individuo podem apresentar uma ordem
diferentes de categorização.
Com a modernidade sugiram outros contextos de socialização fortes que
ocorrem diretamente com a família e com a escola, assim como com os
meios de comunicação social exemplo: Morangos com Açúcar.
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10. Socialização Imperfeita
Comportamentos Desviantes
Falta de Integração Social
Ressocialização
o As sociedades criaram instituições que visam não só a punição dos
comportamentos desviantes, mas também têm o objetivo de
ressocializar Instituições Totalistas; Instituições Fechadas.
11. Interação
Cultura passa de geração em geração através de processos de
socialização.
Interação Social Relação que se estabelece nos indivíduos através da
qual agem e reagem aos comportamentos uns dos outros.
Interacionalista Defendem que a sociologia deve ter o seu objeto de
estudo na interação social.
o Nem todas as correntes teóricas deram importância às
interações
Diferentes
Níveis
Macrossociologia Microssociologia
Processo de mudança
Análise dos processos
e transformações,
do quotidiano - análise
processos e sistemas
imediata
sociais.
“Boa Sociologia” para entender quer a dimensão macro quer a micro
tem sempre de haver uma compreensão de ambas e não apenas de uma.
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12. E. Goffman
Através da observação direta, estudou as interações sociais nos hospitais
psiquiátricos.
Estudou as interações sociais como representações sociais como
representações sociais, faz uma analogia entre as interações e
dramatização teatral.
Existem espectativas sobre os indivíduos consoante o papel social que
desempenha, sobre os modelos comportamentais.
As sociedades constituem e constroem modelos comportamentais
através de processos de socialização que gerem as espectativas sobre o
papel social. Concluiu que estas mudam consoante os contextos.
Goffman, estuda então as interações sociais pelas representações dos
papeis sociais.
13. Identidade
A identidade é um processo dinâmico que s constrói e se altera ao longo
da vida em função dos próprios contextos de vida.
Este processo é fundamental nas interações entre as pessoas.
A nossa identidade é resultado da imagem que o individuo tem de si
próprio e a de que os outros têm dele.
As representações sociais servem para a construção da imagem que o
individuo quer que o outro tenha de si.
Destas interações podem resultar situações de integração e exclusão
social, de rotulação e de estigmatização, que por si só podem conduzir à
marginalização e aos desvios.
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Dentro da própria interação existem dois tipos de focalização que leva a
diferentes tipos de interação:
o Focalização (atenção civil) interação focalizada entre duas ou
mais pessoas (Marcadores de interação/Representações);
o Desfocalização (desatenção civil) interação indireta, que é
natural (meios urbanos como o elevador e o telemóvel).
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Existem um mínimo de equilíbrio e paridade nas sociedades. Uma
sociedade em conflito não é algo sustentável.
A cultura dada pela socialização é algo natural, onde aprendemos as
normas vigentes na sociedade onde estamos inseridos e as quais não
questionamos, uma vez que as sociedades têm um controlo social.
Existem dois tipos de normas:
o Usos regras que podem não ser cumpridas; modos de vida
considerados aceitáveis; onde existe uma maior tolerância.
o Costumes Regras básicas e fundamentais para uma sociedade
(como o direito); transmitidos pela socialização; são considerados
invioláveis e, por isso, a sua violação será punida.
Como tudo o que existe em sociedade é construído culturalmente, quando
em sociologia falamos em normal é necessário relativizar e contextualizar.
Os sistemas de controlo social, zelam pelo cumprimento dos usos e
costumes; pode ser interno (diretos- autocontrolo; indiretos- em função
dos outros); e pode ser externo (controlo social pela vizinhança; pela
igreja; policia/leis).
Evitar e reduzir o desvio social é um dos grandes objetivos do controlo
social.
Desvio Social são comportamentos desviantes, práticas que não
estão de acordo com as normas vigentes na sociedade, os usos e
costumes que podem ser traduzidos em leis, que quando transgredidas
poder gerar punições.
4. Teoria de R. Merton
a. Conjunto de produção teórica;
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b. Considera que agimos muito com referencia a grupos
socais/indivíduos- o que poder ser positivo, mas também negativo;
c. A sua questão fundamental é que nas sociedades meritocratas
(onde a mobilidade pode ser quer ascendente como descendente),
quando falha o mérito, ou não é atribuído/valorizado, a culpa é do
próprio individuo. Isto leva ao sentimento de frustração pelos quais
se tornam prováveis comportamentos desviantes;
d. A Privação Relativa- nas sociedades residuais é natural que surjam
sentimentos de privação das oportunidades às quais os outros têm
acesso, levando aos desvios sociais. As sociedades estão assim
estruturadas de forma desigual.
6. Rotulagem / Etiquetagem
a. H. Becker e E. Goffman consideravam que existem muitas práticas
que temos muita tendência para classificar, estabelecer rótulos,
que se tornam marcantes para o individuo.
7. Funcionamento do Desvio
a. Consideram que o desvio pode ser funcional.
b. Num contexto comunitário existem apenas uma a dois indivíduos
que funcionam como “botes expiatórios”, que acaba por ser uma
personagem que é alvo de acusações/criticas/humor; atenção da
população local que exerce o equilíbrio da coesão social.
c. Fazem parte da sociedade
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Estas teorias foram aplicadas em estudos sobre a delinquência juvenil;
doenças mentais; e instituições totais.
O Desvio na Perspetiva Interacionista
o Para os interacionistas o desvio resulta da interação. O que os
indivíduos classificam como desviante.
o As normas estabelecidas são anteriores ao desvio.
o O desvio torna-se resultado da comunicação e interação.
o Se não existissem normas pré-existentes não havia desvio.
o Importância da análise das interações sociais e da análise no
contexto próprio.
o Em contextos diferentes resultam diferentes categorias de desvios.
Instituições Totais/ Totalitaristas
o São instituições fechadas, como hospitais psiquiátricos e prisões;
o Nos sistemas sociais existem múltiplas instituições. No decorrer do
dia-a-dia os contextos vão variando com as instituições, onde se
transita de maneira livre.
o Conjunto de práticas das instituições totalitaristas: Hierarquia,
como se fosse possível funcionar fora da sociedade; Rituais que
visam a integração dos indivíduos.
o Adaptação Secundária adaptação das novas normas e regras
o Procuram reproduzir a ordem de um sistema social.
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U.C.: CULTURA E SOCIEDADE
SOCIOLOGIA| 1º ANO | 1º SEMESTRE
2017-2018
FICHAS DE LEITURA
ANALÍTICA
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Ficha de Leitura Analítica I
Caso “Mães de Bragança”
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necessidade sexual provocado pela não satisfação das mesmas por parte das
mulheres que estão em casa.
Ao longo da sua investigação vão aparecendo mais obstáculos
epistemológicos para além do etnocentrismo, como o próprio saber prático, o
senso comum, e ainda as ideologias presentes no contexto em evidência. O
discurso de senso comum estava presente em todos os discursos e
documentos assinados pelas “Mães de Bragança”, nas suas ideias,
conceções e opiniões que eram aceitas e partilhadas naquele contexto social.
As ideologias apareceram como desvios e deturbações que condicionavam a
perceção da realidade.
Na sua investigação o sociólogo conclui que a ordem social estabelecida e
os fatores que motivaram a mudança conduziram à modernidade. Começou-
se com uma sociedade conservadora e por isso tradicional, sobre o
matrimonio e a sexualidade, sendo o reflexo disto mesmo as mentalidade e
posições das “Mães de Bragança”, e, depois, com a chegada das “brasileiras”
desencaminhou-se o processo de mudança da lógica tradicional, com a
alteração da visão da sociedade perante os mesmos fatores (matrimonio e
sexualidade). Tudo isto foi o motor para construção deste movimento
poderoso que conseguiu lutar e vencer contra a chegada da modernidade e
manter Bragança tradicional.
2. Endógeno e Exógeno
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“brasileira” impunha um sentido de sociedade moderna, que ao contrário das
tradicionais, são dotadas de solidariedade do tipo orgânico. Neste tipo, a
coesão dá-se por interdependência funcional e os principais valores são o
individualismo e diferenciação. Também ao contrário das tradicionais, onde
as relações são principalmente do tipo primário, de maior proximidade, nas
modernas, as relações são maioritariamente secundárias, mais
individualistas.
Além das diferenças nos tipos de solidariedade, algo que também
diferencia estes dois tipos de sociedades, e que tem muito peso neste caso,
é o tipo de controlo social. Os sistemas de controlo social zelam pelo
cumprimento dos usos e costumes. Em meios comunitários onde o controlo
social é mais ativo, como nas sociedades tradicionais, a religião, por exemplo,
tem um peso importante na estrutura social local com valores dominantes.
Ainda em Durkheim, a chegada a Portugal, mais precisamente a Bragança,
das “brasileiras”, que vieram com o objetivo de conseguir uma vida melhor e,
também, melhores condições de trabalho, deu origem a situações de desvio
social, que são comportamentos desviantes, práticas que não estavam de
acordo com as “normas vigentes” daquela sociedade, e ainda a situações de
anomia. Por mexerem com a ordem social e entrarem em confronto com os
valores dominantes, as “brasileiras” foram consideradas fatores exógenos
negativos. Existem ainda fatores endógenos.
Os fatores endógenos têm por base a confiança e o interconhecimento,
característicos das sociedades tradicionais que explicam o fenómeno da
criação do movimento “Mães de Bragança”, uma vez que a ordem familiar foi
interpretada, pelo conjunto de mulheres fundadores, como algo ameaçado.
Por isto, marginalizaram o fator exógeno responsável.
3. Dicotomia Individuo-Sociedade
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A dicotomia individuo-sociedade aplica-se neste caso exatamente pelo
tema em discussão. Existe uma componente individual muito forte na
sexualidade, contudo não existe nada mais prescrito na sociedade que esta.
Neste texto o individualismo representa o que o individuo que fazer (livre
arbítrio). Sem nunca esquecer que o individuo é resultado do cruzamento
entre uma vontade própria e os condicionalismos que a sociedade
impõe. Apesar do que o individuo apresente vontade de fazer, existe
sempre o fator opinião/pensamento da sociedade sobre as
atitudes/ações deste. E o caso da sexualidade não é exceção.
Existiam normas estabelecidas na sociedade em estudo de como deve
ser vivida a sexualidade no casamento. Ora o aparecimento das trabalhadoras
de sexo e das casa de alterne provocaram desordem social pelo
comportamento desviante dos maridos que não eram capazes de resistir ao
“feitiços de amor”.
O movimento “Mães de Bragança” gerou uma grande onda de
solidariedade na sociedade, pela falta de lealdade por partes dos maridos
perante as mulheres que os esperavam em casa. No entanto nem tudo foi
bom, para além da ração negativa dos proprietários dos bares de alterne e
das próprias empregadas dos estabelecimentos, o mediatismo foi tanto que
toda a história chegou à revista “Times”, como o artigo “When the meninas
came to town”, ficando Bragança conhecida como o “Bairro de prostituição
Europeu”. Outro efeito desta reportagem foi a maneira como estas mulheres
foram marginalizadas pela sociedade e também a má conotação e reputação
atribuída aos homens que frequentavam tais casas.
Tudo isto permite, então, separar o individual do coletivo. O primeiro trata-
se de ser os pensamentos e as reflexões pessoais, e o segundo, apenas o
pensamento da sociedade sobre o problema em questão.
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sua totalidade recriminado à mulher. Por exemplo, o simples facto se sair à
rua durante a noite sozinha não era de todo algo socialmente aceite à mulher,
por isso para o poder fazer tinha de levar o seu filho, para que este lhe
atribuísse um certo estatuto. Já para o homem, sair durante a noite era o
normal, para poder estar com os seus amigos depois de um dia de trabalho,
só que os seus “amigos”, neste caso, eram as meninas dos bares de alterne.
O papel da mulher neste tipo de sociedade é reduzido às obrigações
domésticas e aos cuidados e educação dos filhos. Por outro lado, cabe ao
homem trabalhar para poder sustentar a nível financeiro a sua família.
As escapadelas para os bares de alterne, que eram escondidas pelas
inúmeras desculpas inventadas pelos maridos, serviram para quês estes
pudessem sair de casa e não ter de lidar com os dramas e responsabilidades
matrimoniais e familiares. Obviamente, este tipo de comportamento trouxe ao
de cima diversas e contrárias opiniões. Havia quem reprovasse por completo
esta atitude, como o caso das “Mãe de Bragança” e a sociedade local no geral.
E, ainda, quem considerasse inteiramente compreensivo, que é o caso das
“brasileiras”. Elas justificavam este comportamento desviante e desleal para
com as mulheres pondo precisamente as culpas nestas. Alegavam que as
“beatas” não eram capazes de satisfazer os seus maridos.
Despois de tanto drama e mediatismo, as casas de alterne acabaram por
ser transferidas para Espanha e, por consequência, a taxa de afluência a este
tipo de casas baixou. Tudo isto gerou o aumento dos problemas domésticos,
que muitas vezes rapidamente evoluíam para violência doméstica. O
resultado desta cadeia de acontecimentos foi o fortalecimento feminino que
deu lugar a uma certa emancipação da mulher, fartas de serem as vitimas, de
abusos domésticos e das desigualdades sociais.
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Ficha de Leitura Analítica II
Estigma
1. Definição de Estigma.
Segundo o autor, a origem da palavra “estigma” está nos gregos, e significa
sinais corporais. Atualmente, ainda quase lhe podemos atribuir o mesmo
significado, só que não tanto aplicado à evidência corporal, mas mais à
desgraça por assim dizer- “O termo estigma, portanto, será usado em
referência a um atributo profundamente depreciativo, mas o que é preciso, na
realidade, é uma linguagem de relações e não de atributos.”, p.13.
O autor conclui então que um estigma é: “um tipo especial de relação entre
atributo e estereótipo, embora eu proponha a modificação desse conceito, em
parte porque há importantes atributos que, em quase toda a nossa sociedade,
levam ao descrédito.”, p.13.
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p.14. Por último, apresenta o estigma tribal, ou grupal. Refere-se à religião,
raça e/ou nação e podem ser passados e contaminar todo o grupo.
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pessoas como “oradores”, pertencentes aos estigmatizados, falam em nome
deles e se tornam “um modelo vivido de uma realização plenamente normal”,
p.34, são os “heróis da adaptação”, p.34. Ainda num registo semelhante, outro
esquema que também pode ser adotado é o da suplantação, através, no caso
apresentado, da profissionalização, onde os lideres rompem com o circulo
fechado onde se encontrava e lida com outros representantes. Por fim, o
refugio, encontrado nos “informados” - “homens marginais diante dos quais
o indivíduo que tem um defeito não precisa se envergonhar nem se
autocontrolar, porque sabe que será considerado como uma pessoa
comum.”, p.37; “a resposta estigmafóbica dos normais neutralizada pela
resposta estigmáfila dos “informados” ”, p.40.
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A identidade social remete para previsão da categoria onde o individuo
vai ser colocado pelos “normais” atendendo aos aspetos que sobressaem no
primeiro contacto. A identidade social real engloba a categoria e os atributos
que efetivamente estão presentes e visíveis no individuo. Já a identidade
social virtual trata-se das expectativas, exigências e requerimentos que os
“normais” imputam à pessoa em questão.
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