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Saúde mental do trabalhador

e na terceira idade
SAÚDE MENTAL DO TRABALHADOR E NA TERCEIRA IDADE 1
SAÚDE MENTAL DO TRABALHADOR E NA TERCEIRA IDADE

AULA 1 – AS BASES HISTÓRICAS DA SAÚDE DO TRABALHADOR

1.1 As bases históricas da saúde do trabalhador e a evolução histórica do


conceito de trabalho

Na antiguidade greco-romana trabalhos escritos por personagens históricos como


Hipócrates, Plínio, Galeno, entre outros, já apontavam para a relação do ambiente de
trabalho e o surgimento de algumas doenças. Em 1546 o médico alemão Georgius
Agricola lança seu livro De re metallica (“Da natureza dos metais”) focado na
mineralogia, mas relata o surgimento de um perfil de sintomas nos mineiros chamando
a atenção para uma nova categoria de doença na ocasião: a asma dos mineiros.
Anos depois, em l567, um texto atribuído ao médico austríaco Paracelso (falecido
em 24 de setembro de 1541, aos 47 anos) também observa o aparecimento de
doenças com um perfil específico, nos mineiros da região da Boêmia, e a intoxicação
pelo mercúrio.
O médico italiano Bernardino Ramazzini publicou, no ano de 1714, o livro “De
morbis artificum diatriba" (As doenças de Trabalhadores) onde relata as doenças mais
comuns em 54 profissões. Baseado em sua experiência profissional ele relaciona os
sintomas com o perfil de cada profissional. Os bronzistas, por exemplo, de tanto
lidarem com o martelo para bater o bronze, exibiam casos de surdez devido ao efeito
lesivo do ruído do seu instrumento de trabalho no dia a dia.
No entanto é a Revolução Industrial ocorrida entre os séculos XVIII e XIX que
muda o conceito de trabalho e provoca uma atenção maior para os aspectos da saúde
pública e do trabalhador. O trabalho, antes artesanal, passa para um novo formato

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com o uso de máquinas para produção em massa e o trabalhador se tornando
assalariado.
A Europa se modifica e a ambição pelo lucro criou a exploração do operariado que,
muitas vezes, era forçado a trabalhar até 15 horas por dia em troca de baixos salários.
Como não existiam as leis trabalhistas, mulheres e crianças trabalhavam em situações
insalubres para sustentarem suas famílias.
As péssimas condições de trabalho em ambiente fechados (confinados), aliadas ao
longo período de trabalho com esforço físico, chamou a atenção dos governantes que
começaram a exigir a presença de médicos dentro das fábricas no início do século XIX,
época do surgimento das primeiras leis de saúde pública. É o início da Medicina do
Trabalho.

1.2 Os regimes políticos e suas propostas econômicas: repercussões no


mundo do trabalho

A criação da Organização Internacional do Trabalho, em 1919, agiu como agente


para o reconhecimento da existência de doenças relacionadas ao trabalho, e que
medidas paliativas deveriam ser tomadas para não prejudicarem os trabalhadores e,
dessa forma, ocorrer prejuízo para a força produtiva das indústrias.
O modelo capitalista altera a percepção do trabalhador convertendo o homem em
objeto, um elemento útil na linha de produção. Os cuidados são os mesmos esperados
para uma máquina: cuidar da saúde é cuidar da produtividade. Esse cuidado não é
focado na qualidade de vida ou longevidade dos trabalhadores, mas sim na possível
produção de cada funcionário do corpo laboral.

No século XX, o modelo socialista iniciado pela União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas (URSS) e depois seguido por todos os países que adotaram esse regime
político, desenvolveu a chamada Industrialização Planificada. A série de revoluções –
Primeira Revolução Russa em 1905; Revolução de Fevereiro em 1917 e Revolução de
Outubro também em 1917 – culminaram com a abertura de uma Legislação
Trabalhista voltada para o trabalhador.

Nesse regime político, diferente do regime político capitalista, todas as fábricas,


indústrias e propriedades eram estatais. Assim, o Estado determinava os salários, os

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preços dos produtos e as transformações econômicas e sociais. É nesse contexto que
os direitos dos trabalhadores começam a surgir no Regime Socialista como semana
trabalhista de cinco dias; férias gozadas e pagas; licença maternidade; assistência de
saúde; além da obrigatoriedade do uso de equipamentos de segurança para os
operários. O Estado também é responsável pela assistência médica e hospitalar aos
trabalhadores de modo inteiramente gratuito. O tratamento dispensado ao trabalhador
no Regime Socialista acabou por forçar alterações no Regime Capitalista.

APRENDA MAIS
• Assista ao vídeo A Revolução Industrial produzido pela BBC de Londres.
Disponível em: <https://youtu.be/aU0E4FSAqw4>;
• Veja o filme de Charles Chaplin Tempos modernos, de 1936, que foca no tema
do trabalhador na Era Industrial fazendo um crítica social de maneira lúdica e
divertida. Disponível em: <https://youtu.be/CozWvOb3A6E>;
• Leia o artigo de Sebastião do Rego Barros, Secretário-Geral do Ministério das
Relações Exteriores do Brasil, intitulado A Revolução de Outubro: 80 anos, que
detalha todo o processo da implantação do Sistema Socialista e suas
repercussões. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
40141998000100003>.

AULA 2 – A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO MODELO DE ASSISTÊNCIA À


SAÚDE DO TRABALHADOR NO MUNDO E NO BRASIL

2.1 Como se deu a construção histórica do modelo de assistência à Saúde


do Trabalhador no mundo e no Brasil

Vários movimentos sociais começaram a surgir no mundo, a partir da década de


60, em busca de um modelo voltado para a saúde de trabalhador; a preocupação com
os possíveis males ocasionados pelo esforço diário da massa produtiva gerou
posicionamentos políticos e questionamentos por parte da sociedade.

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Os movimentos oriundos das classes trabalhadoras, como greves e manifestações
ocorridas em vários países do mundo, chamaram a atenção para esse problema e
algumas possíveis soluções começaram a ser desenhadas.
A Reforma Sanitária Italiana, no final dos anos 70, dá origem ao Modelo Operário.
As mudanças geradas pelos movimentos trabalhistas da Itália ocasionaram mudanças
na legislação de saúde e segurança dos trabalhadores desse país, o que
acabou se refletindo em vários países da Europa e da América Latina.
O Brasil tem uma história própria e peculiar, pois já a partir da década de 1920
existia uma assistência à saúde feita aos trabalhadores por um perfil de Previdência
Social. Existiam as Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs), que eram organizadas
por categorias profissionais e financiadas pelos próprios funcionários empregados e
por seus empregadores, que davam cobertura previdenciária e cobertura à saúde para
os trabalhadores. Neste momento, o Estado Brasileiro apenas mantinha a vigilância
sobre as normas de atuação desses fundos.
Os Institutos de Aposentarias e Pensões, os IAPs, surgiram nos anos 30, quando o
governo começa a participar com uma parte do financiamento desses fundos, e eram
responsáveis pela assistência de saúde às diversas categorias de trabalhadores.
Na década de 60 foi criado o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS, criado
em 1966) que surge com a junção de todos os IAPs, provocando uma centralização
da responsabilidade de todos os possíveis benefícios relativos à assistência de saúde
e à questão previdenciária. Isso possibilitou o acesso de uma parte da população que
estava à margem do processo aos serviços de saúde e previdência, como a população
rural, os autônomos e as empregadas domésticas.

2.2 Como funcionam o serviço de saúde e as políticas de segurança no


trabalho

No final dos anos 70 surge, no Brasil, uma nova forma de denominação para a
assistência de saúde da classe operária denominada: "Saúde do Trabalhador", dando
início a uma nova forma de compreender como ocorre a relação entre saúde e doença
no ambiente laborativo.

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É somente após a Constituição Federal Brasileira de 1988 e a criação do SUS –
Sistema Único de Saúde e da Lei nº 8.080/90 – Lei Orgânica de Saúde (LOS), que a
Saúde do Trabalhador passou a ter suas ações comandadas pelo setor de saúde do
Estado de uma forma efetiva, utilizando-se da força da para intervir no espaço de
trabalho em prol da saúde do trabalhador.
Nos dias atuais o Brasil possui quatro ministérios voltados para a atenção à saúde
do trabalhador: Ministério da Saúde; Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério da
Previdência Social e Ministério da Educação. Também possui duas fundações com o
mesmo objetivo: Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Medicina e Segurança do
Trabalho – FUNDACENTRO e a Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ, além dos centros
de atenção à saúde do trabalhador do SUS que compõem a Rede Nacional de Atenção
Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST), especialmente os CERESTs - que
funcionam inseridos nas Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde.
O Ministério do Trabalho e Emprego e o Ministério da Previdência Social se ocupam
da massa trabalhadora que está inserida no mercado formal e de seus segurados. Já
o SUS, que segue o princípio da universalidade, tem ações mais abrangentes junto à
população e acaba englobando de forma mais ampla o universo saúde-trabalhos e
ocupando também dos trabalhadores autônomos ou aqueles ligados ao setor informal,
que não possuem carteira assinada com seus direitos assegurados.

APRENDA MAIS
• Conheça a Fundação Oswaldo Cruz. Disponível em:
<http://portal.fiocruz.br/pt-br>;
• Assista ao vídeo sobre a Saúde do Trabalhador. Disponível em:
<https://youtu.be/aa7I_FqJOME>;

AULA 3 - CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO (CLT) E SEU CONTEÚDO


SOBRE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHADOR

3.1 Conceitos inseridos na CLT e como é abordada a questão da saúde


mental do trabalhador

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A CLT – Consolidação das Leis do Trabalho - Decreto Lei 5. 452 - foi assinada
em 1º de maio de 1943 pelo presidente Getúlio Vargas, quase no final do período do
Estado Novo, entre 1937 e 1945. Ela surge para unificar toda legislação trabalhista
que até o momento existia no Brasil. Inspirada no perfil da legislação trabalhista
italiana de Benito Mussolini, Carta del Lavoro, a CLT cria a regulamentação das
relações coletivas e individuais do trabalho. O evento da assinatura ocorreu no Estádio
de São Januário (Clube de Regatas Vasco da Gama), na cidade do Rio de Janeiro, que
estava lotado para as comemorações do Dia do Trabalho naquele sábado histórico.
No início do Estado Novo houve uma preocupação com a unificação das Leis
Trabalhistas em prol da classe operária, assim, vários juristas foram convocados para
montar o projeto da Lei que atendesse às necessidades de proteção do trabalhador
dentro do contexto que foi chamado de “estado regulamentador”. Foram 13 anos de
trabalho para que a CLT fosse finalizada, com seus oito capítulos que cuidam de forma
abrangente e especifica dos direitos de grande parte dos grupos trabalhistas
brasileiros.
Em seus 922 artigos podem ser encontradas muitas informações que são
valiosas para a segurança da classe trabalhadora em sua relação com o universo
patronal como: identificação profissional; duração da jornada de trabalho; salário
mínimo; férias anuais; segurança e medicina do trabalho; proteção ao trabalho da
mulher e do menor; previdência social e regulamentações de sindicatos das classes
trabalhadoras.
Desde sua criação em 1943 até os dias atuais, a Consolidação das Leis do
Trabalho já sofreu muitas mudanças em seu texto para se adaptar aos ditames da
modernidade continuando a ser o principal meio de regulamentação para a proteção
dos direitos dos trabalhadores no Brasil.
Uma das alterações ocorreu em 22 de dezembro de 1977, em seu Capítulo V,
com uma nova redação dada pela Lei nº 6.514 que altera o capítulo “Segurança e
Higiene do Trabalho” agora intitulado “Da Segurança e da Medicina do Trabalho”.
Assim, a CLT passa a versar sobre medidas de prevenção de acidentes de trabalho e
doenças ocupacionais, atribuição administrativa que é dada ao Ministério do Trabalho
e Emprego para a fiscalização e normatização da matéria (artigos 155, 156 e 159).
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Embora a CLT verse sobre a saúde e qualidade de vida no trabalho e os
cuidados previstos para tal êxito tenham sido amplamente divulgados pela
Organização Mundial de Saúde, ainda não existem normas claras devidamente
normatizada na legislação brasileira sobre a questão da saúde mental do trabalhador.
O termo “saúde” já foi definido de uma forma mais objetiva e engloba na qualidade
de vida os aspectos físicos e psicológicos, já existindo o reconhecimento que o estado
mental do indivíduo também interfere na saúde do trabalhador e, por consequência,
em sua produtividade.

3.2 Portaria 3214/78 que aprova e regulamenta a segurança e a medicina


do trabalho

O Ministério do Trabalho e Emprego criou, em 1997, (Lei N° 6.514) as Normas


Regulamentadoras. Essas normas são elaboradas pelo Ministério do Trabalho com o
intuito de complementar determinados aspectos da CLT para promover saúde e
segurança do trabalho na empresa.
As NRs foram aprovadas pela Portaria N° 3.214, em 08 de junho de 1978,
possuem força de Lei, e podem ser modificadas por uma comissão tripartite composta
por representantes do governo, dos empregadores e dos empregados. O Ministério do
Trabalho e Emprego observa as necessidades e, por meio de Portarias, pode modificar,
melhorar ao excluir as NRs. As NRs podem ser criadas ou modificadas a partir das
seguintes necessidades:

– Demandas da sociedade;

– Bancadas de empregadores e trabalhadores;

– Órgãos governamentais;

– Necessidades apontadas pela inspeção do trabalho;

– Compromissos internacionais;

– Estatísticas de acidentes e doenças.

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Existem 36 NRs (Normas Regulamentadoras) sendo que a NR de número 27 foi
revogada pela Portaria Nº 262, em 29/05/2008. Assim, estavam em vigor 35 NRs no
ano de 2015. O foco principal é a segurança e os cuidados relativos à saúde com a
Medicina do Trabalho; a NR 04 versa especialmente sobre os serviços especializados
em engenharia de segurança e em Medicina do Trabalho.
Como dito em seu item 4.1.: “As empresas privadas e públicas, os órgãos
públicos da administração direta e indireta e dos poderes Legislativo e Judiciário, que
possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT,
manterão, obrigatoriamente, Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e
em Medicina do Trabalho, com a finalidade de promover a saúde e proteger a
integridade do trabalhador no local de trabalho.”

APRENDA MAIS
• DECRETO-LEI N.º 5.452, DE 1º DE MAIO DE 1943, Consolidação das Leis do
Trabalho. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-
lei/Del5452.htm>;
• Conheça as Normas Regulamentadoras. Disponível em:
<http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nrs.htm>;
• Saiba o que é uma Norma Regulamentadora. Disponível em:
<http://segurancadotrabalhonwn.com/o-que-e-nr/>;
• Veja o curto vídeo do Presidente Getúlio Vargas, no dia 1º de maio de 1943, no
Estádio de São Januário. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=ZP1JWag7OCY>.

AULA 4 - O PROCESSO DE TRABALHO COMO GERADOR DE AGRAVOS A


SAÚDE: OS MEIOS, O PRODUTO E A GERÊNCIA DO TRABALHO

4.1 Qualidade de vida no trabalho

As empresas estão cada vez mais preocupadas com os agravos à saúde dos
trabalhadores. Isso se dá, principalmente, pelo aspecto financeiro que esses eventos

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significam em custos diretos e ainda mais em relação aos tributos; além da perda do
potencial do elemento humano, pela nossa legislação, em caso de afastamento em
decorrência de acidente ou doença do trabalho, é emitida uma Comunicação de
Acidente de Trabalho (CAT). Nesses casos as empresas devem manter a contribuição
do Fundo de Garantia Por Tempo de Serviço (FGTS) e garantir a estabilidade do
trabalhador por um ano, após o seu retorno ao trabalho.
Do ponto de vista da classe trabalhadora, existe a possiblidade de que o dano
gerado pelo dano à saúde prejudique mais os vitimados do que as empresas e o
Estado, posto que as consequências sociais, econômicas e até mesmo afetivas
provocadas pela incapacidade permanente ou temporária do trabalhador, que foi
forçado a interromper suas funções profissionais em consequência do dano à sua
saúde, podem causar mudanças dramáticas em suas vidas. Alguns podem passar a ter
problemas de saúde para o resto da vida e por conta disso não conseguirem mais se
encaixar no mercado de trabalho. A possibilidade de perder a capacidade ganhar seu
próprio salário vai além do aspecto financeiro podendo causar danos à estrutura
psíquica do trabalhador afetado pelo agravo.

4.2 A alta produtividade como elemento causador de sintomas e


adoecimento

Com a introdução de máquinas que revolucionaram os meios de produção e a


busca continua pela alta produtividade, o homem se torna uma peça de menor valor
sendo observado como uma peça no processo de criação do produto e não o meio
como ele é criado.
Somam-se a isso as jornadas de trabalho extensas, muitas vezes prolongadas
pela necessidade de atender demandas do mercado e os meios de transporte que, em
grandes centros urbanos, atuam em verdadeiros caos de desconforto. . Do cotidiano
estresse que surge com a ansiedade imposta pelo gerenciamento da produtividade ao
medo da incapacidade de continuar sendo considerado útil ao sistema, o processo de
adoecimento torna-se natural e esperado em muitas profissões.

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A repercussão de todo esse processo afeta não só a saúde física do elemento
trabalhador mais também a sua estrutura psíquica podendo gerar descontrole em sua
saúde mental. Além do que há fatores que tornam algumas atividades potencialmente
mais geradoras de estresse que outras: trabalhadores que correm risco de assaltos
por transportarem valores; exposição a risco químico como agentes tóxicos; exposição
a ruído excessivo e outros.
O adoecimento mental já pode ser considerado, em algumas categorias
profissionais, como uma característica resultante de anos de trabalho, assim como a
LER (Lesão por esforço repetitivo) ou DORT (Distúrbio osteomuscular relacionado ao
trabalho) hoje já reconhecidamente ligados a determinados perfis profissionais.

APRENDA MAIS

• Assista ao vídeo Educação: professores estão adoecendo com jornada excessiva


de trabalho. Disponível em: <https://youtu.be/JiH0NHvIP5w>;
• Saiba tudo sobre o FGTS. Disponível em: <http://www.fgts.gov.br/ fundo>;
• Tire suas dúvidas sobre o FGTS. Disponível em:
<http://www.ebc.com.br/cidadania/2014/01/fgts-tire-suas-duvidas-sobre-o-
fundo-de-garantia-do-tempo-de-servico>.

AULA 5 – SAÚDE MENTAL NA TERCEIRA IDADE - ESTATUTO DO IDOSO E AS


POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE DO IDOSO

Nesta aula, estaremos discutindo o Estatuto do Idoso e sua importância nas


relações humanas, inclusive no perfil de atendimento do sistema de saúde pública.
Veremos como a terceira idade tem especificidades a serem observadas para que o
idoso possa viver com saúde e qualidade de vida.

5.1 O estatuto do idoso e sua importância nas relações humanas inclusive


no perfil de atendimento do sistema de saúde pública

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Instituída em 1º de outubro de 2003, a Lei nº 10.741, cria o Estatuto do Idoso
que tem seu foco direcionado sobre o papel da família, da comunidade, da sociedade
e do Poder Público de assegurar ao idoso a efetivação do direito à vida; à saúde; à
alimentação; à educação; à cultura; ao esporte; ao lazer; ao trabalho; à cidadania; à
liberdade; à dignidade; ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
Aprovado pela Câmara e pelo Senado, o Estatuto do Idoso foi sancionado pelo
Presidente Luís Inácio Lula da Silva de modo a definir medidas de proteção às pessoas
com idade igual ou superior aos 60 anos. O texto regulamenta os direitos dos idosos,
determina obrigações das entidades assistenciais e estabelece penalidades para uma
série de situações de desrespeito aos idosos. De autoria de Paulo Paim, ex-deputado
e eleito, em 2014, Senador da República pelo Estado do Pará, o projeto (PLC nº
57/2003) foi aprovado por unanimidade tanto na Câmara quanto no Senado.
Vejamos pontos importantes deste estatuto:

– Assegura desconto de pelo menos 50% nas atividades culturais, de lazer e


esportivas, além da gratuidade nos transportes coletivos públicos para os maiores de
65 anos. A legislação local, municipal ou estadual, poderá dispor sobre gratuidade
também para as pessoas de 60 a 65 anos;

– No caso do transporte coletivo intermunicipal e interestadual, ficam reservadas duas


vagas gratuitas por veículo para idosos com renda igual ou inferior a dois salários
mínimos e desconto de 50% para os idosos de mesma renda que excedam essa
reserva;

– Nas aposentadorias, o relator acolheu redação de emenda do governo que determina


o reajuste dos benefícios na mesma data do reajuste do salário mínimo, porém com
percentual definido em regulamento;

– A idade para requerer o salário mínimo estipulado pela Lei Orgânica da Assistência
Social (Loas) cai de 67 para 65 anos;

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– Prioridade na tramitação dos processos e procedimentos dos atos e diligências
judiciais nos quais pessoas acima de 60 anos figurem como intervenientes;

– Os meios de comunicação também deverão manter espaços ou horários especiais


voltados para o público idoso, com finalidade educativa, informativa, artística e cultural
sobre o envelhecimento;

– Os currículos mínimos dos diversos níveis de ensino formal deverão prever conteúdos
voltados ao processo de envelhecimento, a fim de contribuir para a eliminação do
preconceito. O poder público apoiará a criação de universidade aberta para as pessoas
idosas e incentivará a publicação de livros e periódicos em padrão editorial que facilite
a leitura por esse público;

– Na área da saúde o projeto veda a discriminação do idoso com a cobrança de valores


diferenciados em razão da idade em planos de saúde privados, determinando ainda
ao poder público o fornecimento gratuito de medicamentos, assim como próteses e
outros recursos relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação;

– O idoso terá prioridade para compra de moradia nos programas habitacionais,


mediante reserva de 3% das unidades. Está prevista ainda a implantação de
equipamentos urbanos e comunitários voltados para essa faixa etária.

Para uma constante adequação às mudanças no perfil da sociedade e às novas


demandas que podem surgir com isso, a Coordenação Geral dos Direitos do Idoso,
vinculada à Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, tem a
responsabilidade de coordenar a elaboração e a implementação de programas,
projetos e ações relacionados aos direitos da população idosa em âmbito nacional. É
também competência da Coordenação a articulação de ações junto aos demais órgãos
da Administração Pública Federal e em âmbito internacional.

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5.2 A terceira idade e as especificidades a serem observadas para que o
idoso possa viver com saúde e qualidade de vida

O idoso requer cuidados especiais e a acessibilidade é um item obrigatório em


qualquer lugar onde exista circulação de pessoas com dificuldades de locomoção,
especialmente idosos, porém, as grandes cidades ainda estão, de forma precária, se
adaptando aos poucos
A cidade do Rio de Janeiro, com o advento das Olimpíadas 2016, teve sua
estrutura de transportes públicos, calçadas e prédios totalmente reformulados para
obedecer aos rigorosos critérios impostos pelo comitê olímpico. O item acessibilidade
é muito importante tanto para os idosos quando para as pessoas com algum tipo de
necessidade especial.

Outra maneira de prover qualidade de vida foi tornar mais severas as


penalidades para quem não seguir o Estatuto do Idoso ou cometer algum delito contra
as pessoas com mais de 60 anos de idade. Assim, algumas penalidades foram
implementadas ou aumentadas tornando mais severas as punições previstas em lei
quando a vítima for uma pessoa idosa.

Deixar de prestar assistência a uma pessoa com mais de 60 anos, sem ter uma
boa explicação que comprove justa causa, poderá condenar a pessoa omissa a
detenção de seis meses a um ano de cadeia. Da mesma forma, abandonar o idoso em
hospitais, casas de saúde ou abrigos pode levar o responsável a cumprir uma pena de
seis meses a três anos, além do recebimento de uma pesada multa.

Vítima comum de estelionatários em situações corriqueiras como sacar dinheiro


em caixas eletrônicos, a pessoa idosa também recebeu atenção especial com a
alteração da penalidade para quem reter o cartão magnético da conta bancária com o
objetivo de receber sua pensão, aposentadoria ou qualquer outro benefício; a pena
para esse delito agora é de seis meses a dois anos de prisão, além da aplicação de
multa.
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Exibir imagens ou informações que possam depreciar ou injuriar o idoso em
qualquer meio de comunicação como redes sociais, por exemplo, pode levar à
detenção de seis meses a três anos além da aplicação de pesada multa. O Código
Penal também teve uma alteração importante para casos nos quais a vítima de um
homicídio culposo for uma pessoa acima de 60 anos, ampliando a pena aplicada em
1/3.

Lembrando ainda que pelo Art. 6º do Estatuto do Idoso versa que: “Todo
cidadão tem o dever de comunicar à autoridade competente qualquer forma de
violação a esta Lei que tenha testemunhado ou de que tenha conhecimento”. Caso
contrário ele poderá ser acusado de omissão ou negligência em relação ao fato;
principalmente se o idoso for levado a algum tipo de sofrimento por outrem.

APRENDA MAIS
• Cartilha do Idoso. Disponível em:
<http://www.unatiuerj.com.br/cartilha1.pdf>;
• Lei 10.741 do Estatuto do Idoso. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.741.htm>. Acesso em 01
nov. 2015;

AULA 6 - ASPECTOS FUNCIONAIS, PSICOLÓGICOS, AMBIENTAIS,


FAMILIARES, SOCIAIS E CULTURAIS DO ENVELHECIMENTO -
ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL E PATOLÓGICO.

6.1 A importância da observação dos muitos aspectos que envolvem o


processo de envelhecimento para que esse momento possa ser mais
saudável.

Sabemos que o envelhecimento é um processo natural, gradativo e contínuo,


que começa no nascimento e se prolonga por todas as fases da vida. Também é um
processo dinâmico, progressivo e irreversível, que se liga de forma intrínseca a fatores
biológicos, psíquicos e sociais aos quais todos estamos submetidos em qualquer
ambiente, seja laboral ou não.

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Não existe um modelo de classificação do idoso e não se deve limitar a
observação apenas da idade cronológica, embora esse fator tenha sido adotado de
forma quase unânime no mundo como forma de delimitar o envelhecimento.
É necessário levar em conta também que, muitas vezes, as idades biológica,
social e psicológica não coincidem necessariamente com a idade cronológica. Assim,
se faz importante ter essa noção para que possamos compreender de forma mais
ampla as múltiplas dimensões do que chamamos por velhice.
O declínio natural das funções do corpo humano devido ao avançar da idade
não é considerado doença. No entanto, essa distinção – o que é doença e o que é
natural e esperado pela idade – não está totalmente claro na mente da maioria das
pessoas e, principalmente, dos gestores das empresas mais novos que, por não terem
os mesmos sintomas, não conseguem perceber as necessidades diferenciadas das
diversas faixas etárias que compõem o corpo funcional de uma empresa.
Um exemplo claro disso é a necessidade de maior intensidade de luz em locais
onde trabalham pessoas acima dos 40 anos. O fato de o sentido visual começar a
necessitar de cuidados muitas vezes não é percebido pela pessoa que decide evitar
usar óculos (por exemplo) como meio de permanecer com a aparência mais jovial.
Cabe ao gestor, em muitas situações nas empresas e instituições, atentar para ajustar
os ambientes para manter uma qualidade funcional.
As necessidades diferenciadas de cada faixa etária não se trata apenas de
pessoas com idades avançadas; aos 35 anos o desempenho físico já começa a declinar
mesmo em atletas de nível superior, como podemos notar no ambiente esportivo. O
sistema músculo/esqueleto é o primeiro a dar sinais de diminuição em sua capacidade,
assim como os óculos passam a serem necessário para pessoas com mais de 40 anos.

6.2 Cuidados que devem ser tomados no devido tempo

Dentre os fatores que podem ampliar a longevidade e a saúde o que mais se


destaca é o estilo de vida. O Brasil está envelhecendo rapidamente e, segundo os
últimos dados coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), “A
expectativa de vida do brasileiro aumentou em 25,4 anos de 1960 a 2010, ao passar
de uma média de 48 anos para 73,4 anos”.
SAÚDE MENTAL DO TRABALHADOR E NA TERCEIRA IDADE 16
Na ocasião em que esta pesquisa foi feita, 2010, o país possuía cerca de 19,4
milhões de pessoas com mais de 60 anos, número maior do que as crianças até seis
anos: um efeito da redução da natalidade e o aumento da longevidade. O número de
pessoas com mais de 60 anos se torna mais impressionante se levarmos em conta que
a expectativa nos próximos 20 anos é que ele dobre. Os estudos de progressão
apontam para uma possível realidade em 2050: quando 30% da população brasileira
terá mais de 60 anos. Essa afirmação é de uma pesquisa realizada pelo IBGE, apenas
avaliando uma taxa de aritmética, sem levar em conta os avanços da medicina e a
possibilidade de melhoria das condições de vida das classes média e baixa, fatores
benéficos que podem alterar, em muito, estes números.
Uma confirmação que o estilo de vida pode mesmo alterar a expectativa de vida
saudável é que, dos estados brasileiros, o que apresenta maior índice de longevidade
é o Rio de Janeiro. No Rio de Janeiro a proporção de idosos com 60 anos ou mais
(14,9%) é próximo à de menores de 14 anos, o estado também possui a menor taxa
de fecundidade do país 1,54%, caindo para 0,9% na região metropolitana do Rio de
Janeiro, índice menor que o do Japão (1%), país cuja população vem diminuindo há
muitos anos. Isso, em longo prazo, pode ser altamente salutar, pois haverá um
equilíbrio na população do estado. O resultado final é fantástico: na região
metropolitana da cidade do Rio de Janeiro se vive, em média, sete anos a mais em
comparação com o resto do país.
Atitudes como fumar, abusar do álcool e de drogas, estar acima do peso, não
praticar atividades físicas estão na contramão desse processo. Manter um estilo de
vida sedentário com pouca atividade física e hábitos ruins irá, com certeza, acelerar o
processo de envelhecimento físico e, como resultado, fazer surgir inúmeros sintomas
que poderiam ser evitados apenas alterando o estilo de vida.
Manter relações de amizade com contatos sociais regulares podem resultar em
uma saúde mais estável; estudos comprovam que idosos com mais relações sociais e
interesses externos a vida pessoal, como hobbies (por exemplo) apresentam uma
menor taxa de internação e baixo nível de problemas médicos.

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APRENDA MAIS
• Revista da UERJ/CNPq – textos sobre o envelhecimento. Disponível em:
<http://revista.unati.uerj.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-
59282005000100004&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 02 nov. 2015;

• Entenda como funciona o processo de envelhecimento. Disponível em:


<http://gizmodo.uol.com.br/processo-de-envelhecimento>. Acesso em 02 nov.
2015;

AULA 07 – ENVELHECIMENTO PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO E A FISIOLOGIA


DO ENVELHECIMENTO

7.1 Envelhecimento nos seres humanos. Em qual momento da vida o


homem se torna idoso e necessita de cuidados especiais para poder
envelhecer com saúde

Como já vimos antes, não há uma idade que possa definir exatamente quando
o ser humano começa a depender de cuidados especiais, pois o envelhecimento e os
sintomas que aparecem com idade vão variar de acordo com uma série de fatores
como estilo de vida, ambiente onde está inserido, genética, pressões emocionais,
condições socioeconômicas, doenças crônicas, perfil de trabalho, entre outros
aspectos.
A idade cronológica é a que contamos tendo como base a data de nascimento,
enquanto a idade biológica tem a ver com o metabolismo e é demonstrada pelo
organismo podendo, inclusive, ser aferida quando comparados a valores normativos
estipulados pela média obtida em outras pessoas. Como exemplo podemos medir o
tempo que uma pessoa leva para percorrer correndo certa distância ou a sua
capacidade pulmonar. Assim, podemos obter uma expectativa quanto à idade
metabólica de determinada pessoa.
Já a idade psicológica pode ser percebida por outros aspectos mais ligados a
cognição e administração emocional; esse perfil de idade tem ligação com a maturação
mental e com a maneira que a pessoa internalizou a soma de experiências já vividas.

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Também podemos observar um outro perfil de envelhecimento pela idade social
que o indivíduo e seu grupo apresentam. Essa é indicada pelas estruturas organizadas
de cada sociedade; cada indivíduo pode variar de jovem a velho em diferentes
sociedades. Dessa forma podemos perceber que o envelhecimento cronológico que é
iniciado na infância é facilmente mensurável, pois, basta contar os anos de vida. Já as
mudanças biológicas e psicológicas, quando associadas a uma mensuração de idade,
são de aferição mais complexas.
Da mesma forma que saber a real idade de uma pessoa não é tão simples, a
velhice também pode ser encarada de várias formas dependendo da cultura onde o
idoso está inserido. Para muitos povos o envelhecimento torna o homem mais sábio e
esse processo é venerado; já em outras nações o idoso pode ser visto como um pesado
lastro para a família sustentar.
De acordo com estudos realizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS)
nas próximas décadas teremos um aumento considerável da população com mais de
60 anos em todo o mundo. Projeções feitas pela OMS confirmam que esta é uma
tendência que continuará durante os próximos anos, sendo possível afirmar que no
ano de 2025 possa existir mais de 800 milhões de pessoas com idade superior a 65
anos em todo o mundo. Já os dados da Organização das Nações Unidas apontam para
1.100 bilhões de idosos para o ano de 2025. Nessa prospecção no ano de 2050 o
número de idosos, em todo o mundo, terá ultrapassado o número pessoas mais jovens.
Isso se dá por vários motivos e o principal é o avanço da ciência médica que prove um
singular aumento da expectativa de vida graças aos modernos tratamentos de doenças
degenerativas.

Não há, portanto, uma idade chave para se iniciar os cuidados para minimizar
os sintomas que podem surgir com o avançar da idade. O limite de idade de 60 anos
cronológicos para países que estão em desenvolvimento (como o Brasil) e de 65 anos
para nações que já alcançaram um bom estágio de desenvolvimento são parâmetros
de medição utilizados, pela maioria das instituições, que visam a dar aos idosos
atenção especial à sua saúde psicológica, social e física; mas não é preciso esperar
tanto para começar a cuidar da saúde, afinal envelhecer é um processo diário e, quanto

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maiores forem os investimentos em cuidados com o corpo e mente, melhores serão
os resultados alcançados.

7.2 Envelhecimento primário e secundário. Fisiologia do envelhecimento,


ressaltando como o corpo reage a esse processo natural da perda da
vitalidade e suas principais consequências
Chama-se de envelhecimento primário o envelhecimento normal que atinge
todos os humanos agindo no organismo de forma gradual e progressiva, possuindo
efeito cumulativo sem retrocesso em sua ação.
Esse processo pode ser alterado em sua dinâmica em decorrência de vários
fatores que possuem influência na velocidade do envelhecimento tais como: estilo de
vida, exercícios físicos, dieta saudável, exposição a eventos naturais (sol, chuva e
vento) nível de educação formal e posição social. Como todas as pessoas envelhecem,
sabemos que o envelhecimento primário é geneticamente determinado ou pré-
programado.
O envelhecimento secundário, também chamado de patológico, vai além do
processo natural, pois está ligado a doenças e é o envelhecimento que resulta das
interações das influências externas. Esse perfil de envelhecimento vai variar entre
indivíduos que vivem em meios diferentes. Dessa forma, o envelhecimento secundário
é referente a sintomas clínicos, os efeitos das doenças e do ambiente sobre o
organismo do sujeito. Essas enfermidades podem variar desde lesões
cardiovasculares, cerebrais, até alguns tipos de câncer que vão debilitar o organismo
causando um acelerado processo de decadência do corpo.
Também existe o envelhecimento terciário ou terminal. Esse é o período que se
caracteriza por profundas perdas físicas e cognitivas que são ocasionadas tanto pelo
acumulo dos efeitos do envelhecimento, como também por patologias dependentes
da idade.
Chamamos de meia-idade o período compreendido na faixa etária situada entre
os 40 anos e 65 anos de idade cronológica. Esse é o período em que os principais
sistemas biológicos começam a apresentar declínios funcionais que variam de 10 a

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30% em relações aos valores máximos de quando essa mesmo pessoa era um jovem
adulto.
Já o início da velhice, propriamente dito, vai compreender o intervalo situado
entre 65 e 75 anos. Nessa faixa podemos encontrar uma perda das funções
metabólicas um pouco mais acentuadas, e nesse ponto os cuidados com a saúde
passam a ser destacados, pois, o declínio é notado pela própria pessoa que passa a
ficar mais atento ao próprio corpo.
Alguns autores também destacam a chamada velhice “mediana”. Trata-se de
uma categoria compreendida na faixa etária situada entre 75 e 85 anos. Nesse período
o corpo já apresenta um dano substancial relacionado às funções ligadas às atividades
diárias, apesar de o indivíduo ainda demonstra ter independência.
Somente na faixa etária acima dos 85 anos é que a velhice passa a ser
denominada como muito avançada. Nesse momento devem ser adotados cuidados
especiais e constantes, pois podem existir comprometimentos mais sérios quanto à
cognição e estrutura metabólica do indivíduo.

APRENDA MAIS
• O Processo de Envelhecimento: as principais alterações que acontecem com o
idoso com o passar dos anos. Disponível em:
<http://ucbweb2.castelobranco.br/webcaf/arquivos/15482/10910/envelhecim
ento.pdf>. Acesso em 02 nov. 2015;

• O Processo do Envelhecimento. Disponível em:


<http://www.psicologia.pt/artigos/textos/TL0097.pdf> Acesso em 02 nov.
2015.

AULA 8 - AS PRINCIPAIS MORBIDADES PSIQUIÁTRICAS E AS DOENÇAS


CRÔNICAS/ RELAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SAÚDE COM A PESSOA DA
TERCEIRA IDADE E SUA FAMÍLIA

8.1 Principais morbidades psiquiátricas e as doenças crônicas da terceira


idade.

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No processo normal de envelhecimento o sistema biológico que mais sofre com
o envelhecimento é o Sistema Nervoso Central (SNC). Esse sistema é o responsável
pelas sensações que temos em relação ao ambiente onde estamos; pelos movimentos
corporais, visto que controla as funções motoras; pelas funções psíquicas que são
intrinsecamente ligadas à vida emocional e às relações sociais; e pelas funções
biológicas internas, o que ocorre com o nosso organismo sem o nosso conhecimento
consciente. Com a decadência do sistema nervoso ocorre uma redução no número de
neurônios, a velocidade de condução dos sinais nervosos sofre uma acentuada
redução, os reflexos têm seu tempo de resposta retardados e surge uma restrição das
respostas físicas tornando-as mais lentas ou ocorre a total inibição do poder de reações
e da capacidade de coordenações motoras.
A fragilidade do SNC se dá porque ele não possui uma função regenerativa e,
de acordo com o perfil de estilo de vida do sujeito, esse comprometimento pode ser
muito acentuado independente da idade cronológica. Alguns fatores que podem
influenciar nesse processo degenerativo são endógenos ou intrínsecos como a
genética, sexo, sistema circulatório e metabólico, radicais livres e etc. Já outros podem
ter origem externa ou extrínsecos como: ambiente, sedentarismo, tabagismo, drogas,
radiações e etc.
As principais morbidades psiquiátricas, transtornos mentais, presentes na
população idosa são as demenciais e as depressivas. A depressão ocupa o quinto lugar
como o problema de saúde mais presente no mundo inteiro, afetando mais de 120
milhões de pessoas, segundo a OMS (1996),de acordo com as projeções, estima-se
que, dentro de 20 anos, a depressão estará ocupando o 2º lugar, perdendo apenas
para as doenças cardíacas que também são acentuadas com o avançar da idade.
A depressão entre os idosos tem sido apontada como um problema de saúde
pública que afeta pelo menos um em cada seis pacientes idosos tratados na atenção
básica no sistema de saúde. Esses dados podem ser bem diferentes dos oficiais pelo
fato de não existir um perfeito diagnóstico na rede de saúde pública e, na maioria das
vezes, nem mesmo um tratamento adequado para o idoso que sofre com a depressão.
Muitas vezes a depressão fica obscurecida pelas doenças físicas que se
apresentam como: mal-estar, apatia, fadiga, distúrbios de memória ou concentração
como manifestações sintomáticas oriundas do estado depressivo. Desta forma o
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perfeito diagnóstico é mais difícil e o idoso é tratado pontualmente nos problemas que
ele relata como maior incômodo deixando de lado a depressão, o mal maior que pode
estar gerando os diversos sintomas.

8.2 Perfil de abordagem profissional diferenciado na assistência em saúde


para a pessoa idosa e seus familiares.
O Estatuto do Idoso tem uma grande área dedicada somente ao atendimento
da pessoa idosa. O título IV, “Da Política de Atendimento ao Idoso”, possui seis
capítulos:
CAPÍTULO I : DISPOSIÇÕES GERAIS;
CAPÍTULO II : DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO AO IDOSO;
CAPÍTULO III : DA FISCALIZAÇÃO DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO;
CAPÍTULO IV : DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS;
CAPÍTULO V : DA APURAÇÃO ADMINISTRATIVA DE INFRAÇÃO ÀS NORMAS DE
PROTEÇÃO AO IDOSO;
CAPÍTULO VI : DA APURAÇÃO JUDICIAL DE IRREGULARIDADES EM ENTIDADE
DE ATENDIMENTO.
Destacamos o capítulo I inteiro em seus dois artigos:
O Artigo 46 versa que a política de atendimento ao idoso será feita por meio do
conjunto articulado de ações governamentais e não governamentais da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
O Artigo 47 é subdividido em seis incisos que são linhas de ação da política de
atendimento:
I - políticas sociais básicas, previstas na Lei n.º 8.842, de 4 de janeiro de 1994;
II - políticas e programas de assistência social, em caráter supletivo, para
aqueles que necessitarem;
III - serviços especiais de prevenção e atendimento às vítimas de negligência,
maus-tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão;
IV - serviço de identificação e localização de parentes ou responsáveis por
idosos abandonados em hospitais e instituições de longa permanência;
V - proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos dos idosos;

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VI - mobilização da opinião pública no sentido da participação dos diversos
segmentos da sociedade no atendimento do idoso.
Já o capítulo II, que trata das Entidades de Atendimento ao Idoso, possui quatro
artigos que abarcam todo o diferencial que o sistema de saúde deve ter para o
atendimento aos idosos e as possíveis penalidades a que estarão sujeitos os
profissionais e dirigentes que não cumprirem o que determina este estatuto.
No Artigo 48 está dito que as entidades governamentais e não governamentais
de assistência ao idoso devem oferecer instalações físicas em condições adequadas de
habitabilidade, higiene, salubridade e segurança.
O Artigo 49 versa sobre a responsabilidade das entidades na preservação dos
vínculos familiares; do atendimento personalizado e em pequenos grupos; na
manutenção do idoso na mesma instituição, salvo em caso de força maior; da
participação do idoso nas atividades comunitárias, de caráter interno e externo; na
observância dos direitos e garantias dos idosos; na preservação da identidade do idoso
e oferecimento de ambiente de respeito e dignidade.
O ideal é o que o profissional incluso no ambiente de atendimento ao idoso
deva, antes de mais nada, ser vocacionado para tal atuação, já que a pessoa idosa
requer atenção, carinho e compreensão antes de mais nada. O próprio estado imposto
pela idade já afeta a estrutura emocional, o vislumbre da finitude da vida pode causar,
além dos males aqui já descritos, um descontentamento com o todo. Por isso o
acolhimento deve ser diferenciado para que esse indivíduo possa se sentir valorizado
dentro do sistema de saúde.

APRENDA MAIS
• Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia - textos sobre o envelhecimento.
Disponível em:
<http://revista.unati.uerj.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-
98232009000100011&lng=pt&nrm=iss&tlng=pt> . Acesso em 02 nov. 2015;

• Perfil do Idoso atendido por um programa de saúde (...). Disponível em:


<http://www.proec.ufg.br/revista_ufg/idoso/perfil.html>. Acesso em 02 nov.
2015;
• Estatuto do Idoso. Disponível em:
<http://conselho.saude.gov.br/biblioteca/livros/estatuto_idoso2edicao.pdf>.
Acesso em 02 nov. 2015.
SAÚDE MENTAL DO TRABALHADOR E NA TERCEIRA IDADE 24
Bibliografia básica:

Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção


Básica, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas Saúde mental,
Saúde Mental Cadernos de Atenção Básica, nº 34, Brasília, Ministério da Saúde,
2013. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cadernos_atencao_basica_34_sa
ude_mental.pdf>. Acesso em 02 nov. 2015.

LUCY, Godoy. Terceira idade que idade é essa? buscando qualidade de


vida. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2015.

Bibliografia complementar:

WORLD HEALTH ORGANIZATION, Envelhecimento ativo: uma política de


saúde. Tradução Suzana Gontijo. – Brasília: Organização Pan-Americana da
Saúde, 2005. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/envelhecimento_ativo.pdf>
Acesso em 02 nov. 2015.

MERLO, Álvaro Roberto Crespo, Carla Garcia Bottega , Karine Vanessa Perez;
il. Augusto Franke Bier. Cartilha Atenção ao sofrimento e ao adoecimento
psíquico do trabalhador e da trabalhadora: cartilha para profissionais
do Sistema Único de Saúde – SUS / org.– Porto Alegre, Evangraf, 2014.
Disponível em:
<https://drive.google.com/file/d/0B6mh9Kwx0kPES2xJamhXSWNSQUE/view>
. Acesso em 02 nov. 2015.

AMARANTE, Paulo. Saúde Mental e atenção Psicossocial. Rio de Janeiro,


Fiocruz, 2007.

SAÚDE MENTAL DO TRABALHADOR E NA TERCEIRA IDADE 25


COSTA, Letícia Coelho (org). Caderno de saúde do trabalhador: legislação
/ Ministério da Saúde, Departamento de Ações Programáticas
Estratégicas, Área Técnica de Saúde do Trabalhador. Brasília, Ministério
da Saúde, 2001. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/trabalhador_leg.pdf> Acesso em
01 nov. 2015.

SAÚDE MENTAL DO TRABALHADOR E NA TERCEIRA IDADE 26

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