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3. Diante disso, não obstante o autor ter sempre pagado quantia maior do
que a avençada, o mesmo foi acionado judicialmente por não ter depositado o dinheiro na
caderneta da poupança, ou seja, pouco importava que o pai pagava mais do que havia se
comprometido, o que realmente contava era se o mesmo estava a cumprir estritamente o
que dizia o acordo, ainda que isso resultasse em pensão muito menor para sua filha.
4. Assim, a despeito da injustiça que lhe causavam, o ora autor entabulou
acordo com a parte ré no qual ficou fixado novo valor da pensão alimentícia, bem como o
parcelamento da dívida alimentícia, nos seguintes termos:
(...) 1) A credora Fulaninha de Tal já conta com 19 anos de
idade. Neste ato compuseram de que o débito em atraso, objeto da
execução, importa em R$ 20.000,00 (vinte mil reais), havendo um
abatimento aproximado em R$ 18.000,00, conforme calculo judicial
de fls. 34. O débito no valor de R$ 20.000,00 será pago em 134
(cento e trinta e quatro) parcelas mensais no valor correspondente
ao percentual de 24% (vinte e quatro por cento) do salário mínimo,
até o dia 10 de cada mês, vencendo a primeira até o dia 10 de maio
de 2012 e as demais nos meses seguintes e subsequentes, até
totalizar as 134 (cento e trinta e quatro) parcelas, com deposito na
conta corrente abaixo. 2) O não pagamento de 03(três) parcelas
seguidas e subsequentes, implicará no vencimento das demais
parcelas, implicando na inadimplência do presente acordo, e sendo
retomado o débito originário no valor atual de R$ 39.700,07, fls. 44.
3)E a título de pensão alimentícia, em favor da filha Fulaninha
de Tal (19 anos de idade), o pai pagará, o valor equivalente a
24% (vinte e quatro por cento) do salário mínimo, mediante
depósito na conta corrente n XXXXX-X, agência XXXX, do
banco X, cuja titular é Fulaninha de Tal CPF: XXXXXXXXX , até
o dia 15 de cada mês. (...)[1](DOC06)
6. Neste cenário, imperioso se faz a propositura da presente ação para evitar
que nova injustiça seja cometida contra o Sr. Fulano de Tal, cidadão que sempre honrou
com seus compromissos de pai e, não obstante a pequena quantia que ganha a título de
salário, paga pensão alimentícia à pessoa sadia, plenamente capaz, possuidoras de meios
de prover sua própria subsistência, que, aliás, deve receber salário igual ou maior do que
este.
7. Ora, para comprovar a desnecessidade do pagamento da referida pensão
em favor da ré, basta-nos dar uma rápida olhada no seu perfil na rede social Facebook.
8. Ali, verifica-se que a ré exibe, a quem quiser ver, o luxo com que gosta de
se vestir, mantendo fotos que a mostram usando roupas de marcas caras, óculos escuros
italianos (marca X) e tênis importado X (DOCXXXXX), luxo este certamente proporcionado
pela pensão paga à ré pelo autor.
9. Neste diapasão, em que pese o entendimento da melhor doutrina no
sentido de que, alcançada a maioridade, cessa ipso jure a causa da obrigação alimentar,
sendo desnecessário o ajuizamento, pelo devedor, de uma ação exoneratória, o Superior
Tribunal de Justiça editou a súmula de nº 358, assentando entendimento diverso. Senão
vejamos:
STJ Súmula nº 358 - 13/08/2008 - DJe 08/09/2008
Cancelamento de Pensão Alimentícia de Filho - Maioridade -
Contraditório
O cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a
maioridade está sujeito à decisão judicial, mediante contraditório,
ainda que nos próprios autos.
10. Assim, considerando que os fatos suso narrados demonstram
inequivocamente o direito do autor à exoneração do pagamento da aludida pensão,
mostrar-se-á a seguir os dispositivos legais que arrimam sua pretensão.
II. DO DIREITO
A. Do benefício da Justiça Gratuita
11. O autor não possui condições financeiras para arcar com custas
processuais e honorários advocatícios, sem prejuízo do seu sustento próprio e da sua
família (doc. 6), faz jus, portanto, ao benefício da Justiça Gratuita, forte no inciso LXXIV do
art. 5º da Constituição Federal e do art. 2º (caput e parágrafo único) da Lei Federal nº
1.060/50.
B. Da cessação da menoridade e das condições da ré prover seu próprio
sustento.
12. Conforme se depreende da certidão de nascimento da ré em anexo
(DOC04), esta já atingiu a maioridade, contando hoje com quase 20 anos.
13. É certo que a jurisprudência assentou entendimento de que a maioridade
não é fator bastante para ensejar a exoneração do pagamento da pensão alimentícia
(Súmula 358 do STJ). Contudo, é curial ressaltar que com o advento da maioridade há
uma mudança nos pressupostos da pensão alimentícia.
14. Assim, o pressuposto que antes era o dever de sustento dos pais[2],
consectário do poder familiar que se extingue com o atingimento da maioridade (art. 1.635,
III do Código Civil), passa a ser a necessidade do alimentando, tendo como fundamento
principal o princípio da solidariedade entre os familiares.
15. Nesta linha, é a orientação do Código Civil Brasileiro, senão vejamos:
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros
pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para
viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive
para atender às necessidades de sua educação.
§ 1o Os alimentos devem ser fixados na proporção das
necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.
§ 2o Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência,
quando a situação de necessidade resultar de culpa de quem os
pleiteia.
Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende
não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho,
à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode
fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.
[sem grifo no original]
16. Ora, dos dispositivos acima mencionados conclui-se que, alcançada a
maioridade, os motivos ensejadores da pensão alimentícia em benefício do filho(a) maior
cingem-se à constatação de necessidade deste(a), isto é, a inexistência de bens
suficientes para prover sua subsistência e/ou impossibilidade de prover, pelo seu trabalho,
à própria mantença, devendo receber pensão para tanto.
17. In casu, verifica-se que tal motivo não se faz presente, uma vez que a ré é
empregada no Supermercado X e percebe salário igual ou superior ao de seu pai.
18. É, pois, despiciendo o pagamento de pensão alimentícia à mesma,
máxime porque tal pensão ao invés de custear-lhe a subsistência, está a patrocinar seus
caprichos.
19. Demais disso, nota-se que a ré não mais estuda e, por isso, com muito
mais razão, não se pode obrigar o autor a continuar pagamento a referida pensão.
20. Sobre isso, é também o entendimento do E. Tribunal de Justiça de Santa
Catarina:
III - REQUERIMENTO
Pede Deferimento.