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Sumário
NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 3
UNIDADE I ............................................................................................................................. 0
CARACTERIZAÇÃO DA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO ............................................................ 0
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS .................................................................. 3
PROPOSTA PARA A ALFABETIZAÇÃO DE ADULTOS ................................................................. 8
O MÉTODO DE PAULO FREIRE ............................................................................................. 11
O MOBRAL .......................................................................................................................... 16
NOVOS RUMOS NA EDUCAÇÂO DE JOVENS E ADULTOS ...................................................... 20
UNIDADE II ............................................................................................ 35
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INTERDISCIPLINARIDADE NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
......................................................................................................................... 99
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NOSSA HISTÓRIA
3
UNIDADE I
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Dessa forma, esta disciplina tem como objetivo propiciar o estudo sobre a
Educação de Jovens e Adultos na realidade brasileira, bem como refletir sobre
os processos de ensino e aprendizagem que o envolvem, contribuindo para a
construção da cidadania como elemento da emancipação.
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proporciona oportunidade educacional apropriada, considerando as
características do aluno, seus interesses, condição de vida e trabalho.
1
• As experiências trazidas pelos educandos.
CONCEPÇÃO METODOLÓGICA
2
• Orientações permanentes aos estudantes, visando maior
participação, aproveitamento e desempenho nas aulas;
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As atividades de leitura e escrita no Brasil iniciaram com os jesuítas; sua
ação missionária, com o intuito de difundir o evangelho, incluía estratégias
educativas com crianças e adultos. Primeiramente, para os índios e,
posteriormente, para os negros escravos. Assim, no período colonial, a
educação para os religiosos eram administradas na sua maioria para os adultos;
era ensinado o evangelho, normas de comportamento e os ofícios necessários
à economia colonial aos indígenas e aos escravos.
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Entretanto, após a expulsão dos jesuítas pelo Marquês de Pombal,
ocorreu uma desorganização do ensino, que voltou a ser ordenado somente no
Império. Ao saltarmos para o século XX, segundo informações do IBGE, em
1910, “o direito a ler e escrever era negado a quase 11 milhões e meio de
pessoas com mais de 15 anos”. Logo, alguns grupos sociais mobilizaram-se para
organizar campanhas de alfabetização chamadas de “Ligas”.
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da Educação e Saúde Pública, em 1930; a ideia de um Plano Nacional de
Educação a partir da Constituição de 1934 e a criação do Instituto Nacional de
Estudos Pedagógicos (INEP), em 1938.
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de Adultos e Adolescentes em 1947 e a Campanha Nacional de Educação Rural
em 1952.
Isso tudo fez com que houvesse uma maior preocupação com relação à
educação dos adultos, a qual, segundo Ribeiro (1997, p. 20) definiu sua
identidade a partir de uma Campanha de Educação de Adultos, lançada em
1947:
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que a alfabetização acontecia num intervalo de tempo muito curto, e à
inadequação do método. Foram promovidas diversas Campanhas contra o
analfabetismo, destacando-se a Campanha de Educação de Adultos e
Adolescentes em 1947 e a Campanha Nacional de Educação Rural em 1952.
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processo de construção do conhecimento mediatizados pelo mundo, visando à
transformação social e construção de uma sociedade justa, democrática e
igualitária
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à Igreja Católica. As ideias deste autor demonstravam a necessidade de realizar
uma Educação de Adultos crítica, voltada para a transformação social, o diálogo
como princípio educativo e a ascensão dos educandos adultos, de seu papel de
sujeitos de aprendizagem, de produção de cultura e de transformação do mundo.
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ele essa libertação não se dá somente no campo cognitivo, mas deve acontecer,
essencialmente, nos campos social, cultural e político.
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discussão a respeito do conceito antropológico de cultura, a fim de levar o
educando a assumir-se como sujeito de sua aprendizagem.
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simples para as mais complexas, do comprometimento pragmático da palavra
na realidade social, cultural, política do grupo e/ou sua comunidade.
TI - JO – LO
TA - TE - TI - TO – TU
JA - JE - JI - JO – JU
LA - LE - LI - LO – LU
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O conjunto das "famílias fonêmicas" da palavra geradora foi denominado
de "ficha de descoberta", pois ele propicia, ao alfabetizando, juntar os "pedaços",
isto é, fazer dessas sílabas novas combinações fonêmicas que necessariamente
devem formar palavras da língua portuguesa.
A-E-I-O-U
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Com base na experiência de Angicos, onde em 45 dias alfabetizaram-se
300 trabalhadores, João Goulart, presidente na época, chamou Paulo Freire para
organizar uma Campanha Nacional de Alfabetização. Essa campanha tinha
como objetivo alfabetizar 2 milhões de pessoas, em 20.000 círculos de cultura,
e já contava com a participação da comunidade - só no estado da Guanabara
(Rio de Janeiro) se inscreveram 6.000 pessoas.
Porém, com o Golpe de 64, toda essa mobilização social foi reprimida,
Paulo Freire foi considerado subversivo, foi preso e depois exilado. Assim,
infelizmente, esse grande projeto foi abandonado. Em seu lugar, surgiu o
MOBRAL, uma iniciativa para a alfabetização, porém, visceralmente distinta dos
ideais freirianos. O golpe militar de 1964 encerrou as atividades da Comissão
Nacional da Alfabetização encabeçada por Freire e do Programa Nacional de
Alfabetização de Adultos. Por um lado, o golpe militar tentou acabar com práticas
pedagógicas que vinham contrárias aos ideais políticos, mas por outro, a
Educação de Jovens e Adultos não poderia ser abandonada pelo aparelho do
Estado. Não havia como justificar para a comunidade nacional e internacional a
criação de um país com altos índices de analfabetismo.
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atualização de conhecimentos mediante o constante retorno à escola. A criação
do Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) aconteceu conforme a lei
5.379 em 15 de Dezembro de 1967.
O MOBRAL
Com significativos recursos, o Mobral instalou comissões municipais por
todo o país que executavam as atividades de alfabetização, enquanto
controlavam supervisão, orientação pedagógica e produção de materiais
didáticos. Organizado a partir do golpe militar, ele tinha o intuito de chegar a
quase todos os municípios do país e deveria atestar às classes populares o
interesse do governo pela educação do povo.
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atendimento nas séries iniciais do Ensino de 1° grau,
promover a formação e aperfeiçoamento de professores,
produzir material didático e supervisionar e avaliar as
atividades (CORREIA, 2008, p. 24).
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O MOBRAL não exigia frequência e a avaliação era feita em 2 módulos,
uma ao final do módulo e outra pelo sistema de educação. O fato de não exigir
frequência, possibilitava o elevado índice de evasão que se estabeleceu nesse
nível.
Assim, em 1985, o MOBRAL foi extinto, por estar desacreditado nos meios
políticos e educacionais. Conforme Ribeiro (1997, p.27-28), “seu lugar foi
ocupado pela Fundação Educar, que abriu mão de executar diretamente os
programas, passando a apoiar financeira e tecnicamente as iniciativas de
governos, entidades civis e empresas a elas conveniadas”.
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possa utilizá-los na vida diária ou mesmo prosseguir seus estudos,
completando sua escolarização.
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NOVOS RUMOS NA EDUCAÇÂO DE JOVENS E ADULTOS
Na década de 80, à luz da Linguística e da Psicologia, surgiram muitas
pesquisas sobre o ensino e a aprendizagem da leitura e da escrita, consideradas
práticas sociais, realizadas por meio da linguagem, vista como formas de
interação.
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portanto, reclamando a consolidação de reformulações pedagógicas que, aliás,
vêm se mostrando necessárias em todo o ensino fundamental”.
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do direito formal da população jovem e adulta à educação básica de um lado, e
por outro, de sua negação pelas políticas públicas concretas no terreno social.
Contudo, a partir dos anos de 1990, a EJA começou a perder espaço nas
ações governamentais. Em março de 1990, com o início do governo Collor de
Melo a fundação Educar foi extinta e todos os seus funcionários colocados em
disponibilidade. Em nome do enxugamento da máquina administrativa, a União
foi se afastando das atividades da EJA e transferindo as responsabilidades para
os estados e municípios.
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responsabilidade pública dos programas de alfabetização de jovens e adultos da
União para os municípios.
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Esse mecanismo induziu à municipalização do ensino Fundamental,
ficando o Estado com a responsabilidade maior do Ensino Médio e a União com
o Ensino Superior.
Para alcançar essa meta foi lançado o programa Brasil Alfabetizado, por
meio do qual o Governo Federal contribuirá com os estados e municípios,
instituições de ensino superior e organizações sem fins lucrativos que
desenvolvam projetos de alfabetização. Neste programa, a assistência será
direcionada ao desenvolvimento de projetos com as seguintes ações:
alfabetização de jovens e adultos e formação de alfabetizadores.
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de base para o encaminhamento das atividades. A intenção é tornar o processo
de alfabetização participativo e democrático. A formação de educadores
compreende a formação inicial e continuada. O programa está em andamento,
por isso não é possível ainda, afirmar se o objetivo pretendido foi alcançado e se
os resultados foram significativos.
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poderíamos deixar de falar um pouco mais sobre suas ideias. Por isso, trazemos
algumas reflexões sobre as obras “Pedagogia do oprimido”, “Pedagogia da
autonomia: saberes necessários à prática educativa” e sobre o capítulo
“Desafios da educação de adultos ante a nova reestruturação tecnológica”, da
obra “Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros escritos”.
Para Paulo Freire, a luta pelo direito do ser humano, pelo trabalho livre,
pela afirmação dos homens como pessoas só é possível porque a
desumanização não é um destino dado, mas resultado de uma ordem injusta
que gera a violência dos opressores. Assim, Freire mostra a opressão contida
na sociedade e no universo educativo, em especial na EJA.
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opressores têm deles. Assim, “de tanto ouvirem de si mesmos que são
incapazes, que não sabem nada, que não podem saber, que são enfermos,
indolentes, que não produzem em virtude de tudo isto, terminam por se
convencer de sua ‘incapacidade’”.
Conforme o autor:
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Na educação problematizadora, esse diálogo não se inicia em uma
situação pedagógica em sala de aula, mas quando o educador se pergunta sobre
o que irá dialogar com os educandos. Dessa forma, o conteúdo programático
deve levar em conta o contexto social em que os educandos estão inseridos,
pois, de acordo com Freire (1987, p. 48),
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invasores impõem aos invadidos a sua visão do mundo, inibindo sua criatividade.
Já na teoria dialógica, não há invasores, as lideranças montam, coletivamente,
as pautas de necessidades e ações com as massas. O saber mais apurado das
lideranças se refaz no saber empírico o povo, pois “os sujeitos se encontram
para a transformação do mundo em colaboração” (FREIRE, 1987, p. 97).
Para Freire (1996), educar é construir, é libertar o ser humano das cadeias
do determinismo neoliberal, reconhecendo que a história é um tempo de
possibilidades. Assim, ensinar é algo profundo e dinâmico, que considera a
questão de identidade cultural, a qual atinge a dimensão individual e a classe
dos educandos.
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Ensinar não é transferir conhecimentos, conteúdos nem formar é ação
pela qual um sujeito criador dá forma, estilo ou alma a um corpo indeciso e
acomodado. Não há docência sem discência, as duas se explicam e seus
sujeitos, apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de
objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina
ao aprender.
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É importante, também, que professores e alunos sejam curiosos,
instigadores. Sem a curiosidade, conforme o autor, ninguém aprende, ninguém
ensina. Porém, não se trata de uma curiosidade domesticada, que memoriza, de
forma mecânica, o perfil de dado objeto, mas de uma curiosidade que leve à
construção do conhecimento do objeto de forma crítica, observando-o,
delimitando-o, comparando-o etc. Dessa forma, estimular a pergunta, a reflexão
crítica sobre a própria pergunta, ao invés da passividade, indica defender a
curiosidade, a criatividade e criticidade do aluno, adotando, assim, uma postura
dialógica, aberta, indagadora.
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b) Prática x teoria.
c) Autoridade x liberdade.
e) Ensinar x aprender.
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quase um semestre, deixado de expressar por escrito a sua preocupação
de educador-político. Não se enganaram os que assim pensaram e
esperaram. Agora, se não passadas todas as angústias, dúvidas,
expectativas e tristezas por ele não estar mais entre nós, podemos
comemorar com alegria a sua volta às editoras e livrarias, inicialmente,
com o seu último trabalho (FREIRE, 2000, p. 8).
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mundo, prática e teoria foi sempre dialética e não mecânica e, por isso, ressalta
a importância da educação no processo de transformação, de denúncia da
realidade.
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retalhos desses discursos, como o do gari de Brasília, quase fora dele
mesmo, empolgado com a descoberta que fazia, "amanhã vou entrar no
meu trabalho de cabeça para cima", mais do que esses retalhos de
discursos confortantes eu revivo hoje a emoção com que "morrendo" de
alegria, de uma alegria tão menina quanto a dos alfabetizandos,
constatava a reação que esperava e com que sonhara. Reação dos
alfabetizandos e alfabetizandas ao longo do território nacional que
anunciava uma forma diferente de compreender a História e o papel de
mulheres e de homens no mundo (FREIRE, 2001, p. 44).
UNIDADE II
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seus conhecimentos, interesses e necessidades de aprendizagem. Para tanto,
se deve ter uma proposta flexível e adaptável às diferentes realidades,
contemplando temas como cultura e sua diversidade, relações sociais,
necessidades dos alunos e da comunidade, no meio ambiente, cidadania,
trabalho e exercício da autonomia.
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formais, combinando meios de ensino presenciais e a distancia de modo
a que os indivíduos possam obter novas aprendizagens e a certificação
correspondente mediante diferentes trajetórias formativas (PIERRO,
2001, p.71).
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analisada é a especificidade cultural deste grupo, uma vez que compreendamos
que estes jovens e adultos não são representantes da classe social dominante.
Aqui o problema colocado é o da homogeneidade e o da heterogeneidade.
Diante disto, os jovens e adultos enquanto sujeitos de conhecimento e
aprendizagem operam por uma pertinência cultural específica.
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o direito de uma escola de qualidade aliado ao direito do reconhecimento de
igualdade a qualquer ser humano.
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Neste sentido, o parecer indica algumas ações que podem propiciar um
atendimento mais aberto a adolescentes e jovens como: classes de aceleração,
programas de renda negativa como a bolsa-família. Sabemos, no entanto, que
mesmo considerando os esforços de correção idade/série e permanência das
crianças na escola, as estatísticas educacionais brasileiras mostram um número
significativo de analfabetos. Para esses, o documento apresenta a EJA como
forma de acabar com o analfabetismo, considerado uma dívida social.
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riqueza social é privada, não há como superar a desigualdade social
fundamental e reparar a dívida social, apontada no Parecer, a não ser
parcialmente, exatamente porque são de ordem histórico-social. Quanto
mais se produz a riqueza em um pólo, mais a contrapartida é a miséria
no outro, quadro agravado com a magnitude dos processos de
concentração e centralização do capital na fase do capitalismo
mundializado (CHILANTE, 2009, p.232).
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Desta forma, percebe-se a educação como uma chave indispensável para
o exercício da cidadania na contemporaneidade. Ela apresenta-se como
possibilidade do indivíduo jovem e adulto retomar seu potencial, desenvolver
habilidades, bem como alcançar um nível maior na competência técnica
profissional mais qualificada.
Mais do que uma função, ela é o próprio sentido da EJA. Ela tem
como base o caráter incompleto do ser humano cujo potencial de
desenvolvimento e de adequação pode se atualizar em quadros
escolares ou não escolares . Mais do que nunca, ela é um apelo para a
educação permanente e criação de uma sociedade educada para o
universalismo, a solidariedade, a igualdade e a diversidade (PARECER
11/2000, p. 11).
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Um ser humano, considerado um ser inacabado, mas a quem se
reconhece capacidade para permanentemente, ao longo da vida, procurar saber,
realizar e valorizar em qualquer contexto as suas potencialidades para uma
plena realização. Aquele que não aprende apenas na escola, mas ao longo da
vida: para além da educação e trabalho, o desenvolvimento de aspectos que
incluem o desenvolvimento pessoal e social dos sujeitos. O jovem e o adulto, ao
buscar a escola, procuram outro tipo de conhecimento, novos saberes, que se
somam à sua vida.
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medida em que foi se deslocando a ideia de compensação para reparação e
equidade, embora o caminho ainda seja longo para alcançarmos o pleno
desenvolvimento do ser humano.
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com renda inferior a um salário mínimo mensal essa taxa subia para 28,8%.
Entre a população negra, a taxa de analfabetismo era de 20%, contra 8,3% da
branca. O maior contingente de analfabetos (48,7%) encontrava-se nos grupos
etários mais idosos, com pessoas de idade igual ou maior a 50 anos. Mas o
analfabetismo não é um fenômeno do passado, restrito aos idosos: entre as
pessoas não alfabetizadas em 2000, quase 2 milhões eram jovens entre 15 e 24
anos, e 1,4 milhão eram adolescentes de 10 a 14 anos. Certa equidade de
gênero no acesso à alfabetização foi alcançada nas faixas etárias mais jovens,
mas não nos grupos de idade mais avançada, o que fez com que as mulheres
ainda fossem a maioria (51%) entre os analfabetos computados em 2000
(PIERRO, 2001, p. 89).
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prestar serviços de pesquisa, planejamento, assessoria e avaliação dos
programas educativos, formação de educadores e produção de materiais
didático-pedagógicos, tarefas antes desempenhadas pelo Estado.
46
Enquanto o saber sistematizado, com densidade
epistemológica, pode ser adquirido em curós, treinamento e
capacitações, o ser educador vai se construindo com o saber
adquirido na teia das relações historicamente determinadas, que
vão construindo as dúvidas, perplexidades, convicções e
compromissos. Por isso, não há como fugir de uma analise da
inserção do Professor na sociedade concreta, abordando todas as
dimensões de seu papel – atribuído ou conquistado. E não se trata
de qualquer Professor e de qualquer sociedade; trata-se do
Educador de jovens e adultos, na sociedade brasileira, neste final
de século (ROMÃO, 2001, p.64 ).
47
Essa é uma profissão difícil que exige segurança, tranquilidade,
equilíbrio, competência, compromisso, e acaba sendo pouco reconhecida. A
formação do educador vem sofrendo falta de reconhecimento social. Um ponto
fundamental é a relação com o educando perseguindo uma qualidade na prática
do alfabetizador e sua experiência como leitor e escritor. Educar implica em ser
referência para os alunos e a formação inicial não determina a qualidade do
alfabetizador, mas contribui para que essa qualidade melhore paulatinamente
nos espaços de formação continuada.
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pela observação direta ou pelos relatos do próprio alfabetizador
(BARRETO, 2001, pp.84-85 ).
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uma vez não criativo não saberá transformar essa relação. Esse silêncio que o
educador realiza no educando acaba criando a condição de um sujeito passivo
que não participa do processo educativo.
Freire (1987) diz que a teoria da ação dialógica escrita pela organização
e síntese cultural é forte arma de combate à manipulação se usada pela
liderança revolucionária. O diálogo é necessário na educação como prática da
liberdade, estando presente em todos os momentos ensino-aprendizagem, da
busca e opção pelos conteúdos, métodos, temas geradores e seus significados
até as relações homens-mundo.
50
Freire (1987) “não é no silencio que os homens se fazem, mas na palavra, no
trabalho, na ação-reflexão”, assim foi chamado de mediatização pelo mundo, em
relação ao educador-educando.
51
dos anos de escolarização tidos na infância, saberes que são construídos no
conjunto de relações e experiências e que são exigidos para lidar com o trabalho,
e a sua cultura, tornando-se importante que a educação oferecida aos alunos
jovens e adultos seja dotada de estatuto teórico-metodológico próprio.
52
pode valer como força formadora para o desenvolvimento intelectual e
acadêmico do educando.
53
A maioria dos educadores luta pela dignidade de sua função, não sendo
somente importante como pode ser interpretada como uma prática ética. Quanto
às comunidades carentes, a mudança é difícil, mas é possível, baseando-se
neste saber fundamental, é que a ação político-pedagógica poderá ser
programada com esperança, respeito e conscientização, não impondo a
população expulsada e sofrida que se revolte, que se mobilize ou se organize
para se defender.
Mas sim trata de mostrar aos demais grupos populares um desafio para
que percebam a violência e a profunda injustiça que caracterizam sua situação,
desta forma a educação se faz presente como interferir no mundo.
54
liberdade. Pelo contrario, aposta nela. Empenha-se em desafiá-la
sempre e sempre; jamais vê, na rebeldia da liberdade, um sinal
de deterioração da ordem (FREIRE, 1996, p.93).
55
curiosidade e, em decorrência disso, a busca para chegar ao conhecimento. O
educador não deve barrar a curiosidade do educando, pois é de fundamental
relevância à sua imaginação, intuição, senso investigativo, enfim, sua
capacidade de ir além, e instigar a ser um indivíduo curioso.
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caráter afetivo, porém de uma formação científica séria, juntamente com o
esclarecimento político dos educadores.
UNIDADE III
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
De acordo com Tfouni (1995), nem sempre os termos escrita,
alfabetização e letramento têm sido enfocados, Educação a Distância pelos
estudiosos, como um conjunto, já que muitos consideram a escrita como um
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produto cultural e a alfabetização e o letramento como processos de aquisição
de um sistema escrito.
58
avaliação do nível de competências de leitura e escrita. Na mesma época, a
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(UNESCO) sugeriu que as avaliações internacionais sobre domínio de
competências de leitura e de escrita fossem além do medir apenas a capacidade
de saber ler e escrever.
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Kleiman (1995, p.20) afirma que a escola, principal agência do
letramento, “preocupa-se, não com o letramento, prática social, mas apenas com
um tipo de prática de letramento, a alfabetização [...]”. Segundo a autora, a
escola privilegia a aquisição do código escrito, em detrimento ao
desenvolvimento de habilidades para usar a leitura e a escrita em diversos
contextos socioculturais e possibilitar, ao aluno, o desenvolvimento da
competência para se inserir nas diversas práticas de letramento, de forma
autônoma.
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Segundo a autora, estudiosos do letramento buscam responder as seguintes
questões:
Já não basta aprender a ler e escrever, é necessário mais que isso para
ir além da alfabetização funcional (denominação dada às pessoas que foram
alfabetizadas, mas não sabem fazer uso da leitura e da escrita). O sentido
ampliado da alfabetização, o letramento, de acordo com Magda, designa práticas
de leitura e escrita.
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A entrada da pessoa no mundo da escrita se dá pela aprendizagem de
toda a complexa tecnologia envolvida no aprendizado do ato de ler e escrever.
Além disso, o aluno precisa saber fazer uso e envolver-se nas atividades de
leitura e escrita. Ou seja, para entrar nesse universo do letramento, ele precisa
apropriar-se do hábito de buscar um jornal para ler, frequentar revistarias,
livrarias, e com esse convívio efetivo com a leitura, apropriar-se do sistema de
escrita.
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O LETRAMENTO CRÍTICO
Terzi (2003, p. 228) define como letramento crítico “a relação que
indivíduos e comunidades estabelecem com a língua escrita. Essa relação inclui:
relação de uso cultural da escrita; relação de conhecimento da escrita; relação
de valorização da escrita, e relação com a escrita permeada por crenças e
valores”, conforme comentamos a seguir.
Porém, a relação do sujeito com a escrita não ocorre apenas pelo seu uso.
As pesquisas mostram que há uma grande diversidade no conhecimento que
cada um traz da escrita. Logo, conforme a autora, os jovens e os adultos não
escolarizados já trazem um conhecimento da escrita, a partir de sua vivência.
Para Terzi (2003, p. 230):
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apenas para a assinatura de um documento, para outras, pode significar maiores
oportunidades de emprego, ou realização pessoal a partir do acesso à
informação.
64
A educadora Magda Soares argumenta que a criança precisa ser
alfabetizada convivendo com material escrito de qualidade. “Assim, ela se
alfabetiza sendo, ao mesmo tempo, letrada. É possível alfabetizar letrando por
meio da prática da leitura e escrita.” Para isso, Magda diz ser preciso usar jornal,
revista, livro. Sobre as antigas cartilhas que ensinavam o ‘Vovô viu a uva’, a
educadora afirma que é necessária a prática social da leitura que pode ser feita,
por exemplo, com o jornal, que é um portador real de texto, que circula
informações, ou com a revista ou, até mesmo, com o livro infantil.
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Dessa maneira, muitos desses cidadãos acabam encontrando formas
para driblar as situações que precisam enfrentar em seu dia a dia, como, por
exemplo:
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• Ter acesso a outros graus ou modalidades de ensino básico e
profissionalizante, assim como a outras oportunidades de desenvolvimento
cultural.
67
Um ponto importante para letrar, diz Magda, é saber que há distinção
entre alfabetização e letramento, entre aprender o código e ter a habilidade de
usá-lo. Ao mesmo tempo em que é fundamental entender que eles são
indissociáveis e têm as suas especificidades, sem hierarquias ou cronologia:
pode-se letrar antes de alfabetizar ou o contrário.
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O papel fundamental que o poder local pode desempenhar nesse
processo, avançando em relações que permitam a ampliação da esfera pública,
sem levar ao descomprometimento governamental, pode estar relacionado à
leitura do universo dos sujeitos da educação de jovens e adultos, para além de
sua designação como dados estatísticos anônimos (MOLL, 2004b, p. 22).
Esse profissional que atua na EJA, além de muito bem preparado, precisa
atentar-se para questões curriculares que vão determinar os conhecimentos, os
conteúdos, objetivos e metas que serão necessários ser perseguidos na
organização do trabalho pedagógico nesta Modalidade de Ensino.
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paradigma de organização do trabalho, não pode ser vista de forma instrumental,
mas exige um modelo educacional voltado para a formação do cidadão e do ser
humano em todas as suas dimensões.
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Em relação aos conteúdos e propostas curriculares, deve-se ressaltar as
orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para 1ª a 4ª séries.
Em 1997, o MEC disponibilizou a proposta curricular para o 1º segmento da
educação de jovens e adultos. Essas medidas irão proporcionar elementos que
propiciam a elaboração e implementação de propostas curriculares adequadas
às especificidades dos alunos dessa modalidade de ensino.
LÍNGUA PORTUGUESA
A área de Língua Portuguesa abrange o desenvolvimento da linguagem
oral e a introdução e desenvolvimento da leitura e escrita. Com relação à
linguagem oral, o ambiente escolar deve propiciar situações comunicativas que
possibilitem aos educandos a ampliação de seus recursos linguísticos. Em
71
outras palavras, os educandos devem aprender a planejar e adequar seu
discurso a diferentes situações formais e informais.
Linguagem Oral
72
É necessário criar oportunidades de ouvir e falar, reelaborar argumentos
a partir de novas informações, construir conceitos, incorporar novas palavras e
significados, compreender e avaliar o que ouvimos. Nessas ocasiões, o
professor deve chamar a atenção dos alunos para os diferentes modos de falar
e os efeitos que podem provocar sobre os que recebem a mensagem. No que
diz respeito à linguagem oral, portanto, o papel do professor é mais desinibir,
perguntar, comentar e sugerir do que propriamente corrigir.
Linguagem Escrita
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Para dominar o mecanismo de funcionamento da escrita é necessário
conhecer as letras, pois são os signos que nosso sistema de representação
utiliza. Também é necessário compreender a relação entre as letras e os sons
da fala. Para cada fonema, temos uma representação gráfica (é por isso que
nosso sistema de representação escrita é chamado de alfabético). É a partir do
estabelecimento desta relação fonográfica e da compreensão de suas
regularidades e irregularidades que se chega ao domínio do sistema alfabético.
74
escrever, e o mesmo vale para a leitura. Na interação com este objeto de
conhecimento — o texto — e com a ajuda do professor, o aluno poderá realizar
essas aprendizagens.
75
Para isso, é preciso criar situações em que os alunos possam colocar em
jogo aquilo que sabem, expor suas elaborações sobre a linguagem escrita,
discutir sua produção com outros colegas, sentir a necessidade de melhorá-la.
O professor não pode simplesmente rejeitar os erros dos alunos, pois é
baseando-se neles que se pode saber que tipo de ajuda oferecer. É a análise de
seus próprios erros que possibilita aos novos escritores avançar para produções
escritas cada vez mais adequadas. Na sala de aula, a produção de um texto
deve ser compreendida como um processo que passa por várias reescritas, até
que o produto seja satisfatório.
A Análise Linguística
MATEMÁTICA
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Saber Matemática torna-se cada vez mais necessário no mundo atual, em
que se generalizam tecnologias e meios de informação baseados em dados
quantitativos e espaciais em diferentes representações. Também a
complexidade do mundo do trabalho exige da escola, cada vez mais, a formação
de pessoas que saibam fazer perguntas, que assimilem rapidamente
informações e resolvam problemas utilizando processos de pensamento cada
vez mais elaborados.
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Resolução de Problemas
• compreender o problema;
• executar o plano;
• justificar a solução;
• comunicar a resposta.
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Esse tipo de atividade cria o ambiente propício para que os alunos aperfeiçoem
esses procedimentos e desenvolvam atitudes como a segurança em suas
capacidades, o interesse pela defesa de seus argumentos, a perseverança e o
esforço na busca de soluções. A comunicação e a interação com os colegas
favorecem não apenas a clareza do próprio pensamento, mas as atitudes de
cooperação e respeito pelas ideias do outro.
Medidas
Geometria
79
Introdução à Estatística
Os caminhos para atingir esses objetivos são vários, assim como vários
são os fenômenos sociais e naturais que podem ser estudados. Nessa proposta,
tratamos de organizar blocos de conteúdos de modo a auxiliar os educadores na
seleção, organização e integração de temas a serem abordados.
80
A ordem em que esses blocos temáticos são apresentados não é
necessariamente a que deve ser seguida no desenvolvimento da atividade
didática, uma vez que eles não estão hierarquizados por grau de importância ou
de complexidade. Caberá aos educadores, na elaboração de seu plano de
ensino, selecionar, recombinar e sequenciar conteúdos e objetivos de acordo
com as características de seu projeto pedagógico.
81
condição de um ser que é capaz de pensar, acumular conhecimentos e transmiti-
los às novas gerações.
82
Enfatizam-se relações que os seres humanos estabelecem entre si para
a produção de sua existência, além da nova qualidade que o trabalho humano
adquire mediante o desenvolvimento tecnológico. São introduzidas então
periodizações históricas relativas à História do Brasil, ampliando-se as possíveis
conexões entre as atividades produtivas e outras dimensões da cultura.
Cidadania e Participação
UNIDADE IV
O PROCESSO DE AVALIAÇÃO
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OS SIGNIFICADOS DA ALFABETIZAÇÃO
Para iniciar o trabalho com essa unidade, gostaria de fazer a você
algumas perguntas: Quais fatores levam jovens e adultos a iniciarem ou
reiniciarem seus estudos?
[...] pra trabalhar na Comlurb, para colher lixo na rua tem que ter o 2º.
grau ou senão a 4ª. série, 5ª. série... E qualquer servicinho que vai fazer hoje
tem que ter a 5ª. série, né!? [...] Eu não consegui trabalhar em prédio porque eu
não sei assim anotar recado, essas coisas de portaria, né? Aí tem que encarar
esse serviço [...] É muito difícil hoje em dia, pra viver sem estudo tá difícil.
(PAULO, 46 anos, gari) (GARCIA, 2005, p. 5).
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Para atender a essas expectativas, conforme Soares (2002, p. 73, apud
GARCIA, 2005, p.6),
Segundo a autora, outros alunos querem mostrar para si mesmos que são
capazes de aprender, como observamos no seguinte relato:
85
Antônio sente prazer em aprender, enfatizando o quanto é importante
para ele aprender e que os demais alunos sempre se referem a ele como aquele
que sabe mais. Assim, a autora aponta para o fato de o saber comportar também
uma dimensão de identidade. Para Garcia (2005), Antônio está se construindo
enquanto sujeito nesse processo de aprendizagem.
Você vai numa festa cheia de gente falando bem e você fica lá, sentado.
Aí perguntam: -“Por que você não fala”? – Ah, eu não quero falar não. -“Ah, mas
por que não quer falar não”? Mas só você sabe por que você está com vergonha
de falar, né? Então você estudando, não, você vai aprendendo, vai
desenvolvendo, vai falando um monte de coisa. (NEIDA, 34 anos, doméstica)
(GARCIA, 2005, p. 8).
86
inclusive a padrão, mostrando-lhes que, dependendo da situação comunicativa,
eles poderão se dispor de uma ou de outra variedade.
Então agora eu sou viúva, fiquei sozinha, só com meu filho. Meu
filho sai pra trabalhar... mas ficar sozinha é muita solidão, aí passei a
voltar pra estudar, pra eu sair dessa, entendeu?(ZILÁ, 52 anos,
passadeira) (GARCIA, 2005, p. 10).
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da humanidade, as belas produções artísticas, literárias e os avanços da ciência
e da tecnologia.
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não podemos esquecer que, provavelmente, a EJA é o único espaço na vida
desses alunos onde a prática de pensar de forma organizada tem lugar. É uma
imensa responsabilidade alcançar este objetivo! A entrada, muitas vezes
precoce, no mundo do trabalho e a experiência social fizeram com que esses
alunos acumulassem uma bagagem rica e diversa de conhecimentos e formas
de atuar no mundo em que vivem.
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diferença de idade dos alunos e a diversidade de crenças, de valores e gênero
podem constituir, inicialmente, obstáculos à formação do grupo.
É muito comum que os mais velhos critiquem os mais jovens e que estes
se recusem a trabalhar com aqueles. É comum, também, que pela crença
religiosa alguns alunos não aceitem realizar determinadas propostas, como
assistir a um filme, aprender matemática por meio de jogos, e que essa postura
desencadeie conflitos entre estes e outros alunos. Acontece, ainda, de as
mulheres não gostarem de formar grupo com homens, temendo o ciúme de seus
companheiros.
90
como realizar operações matemáticas. Daí a importância das atividades
propostas, num mesmo dia ou ao longo de uma semana, serem diversificadas.
Se propusermos seguidamente o mesmo tipo de situação didática, corremos o
risco de favorecer apenas uma parte de nossos alunos. Além disso, a
diversidade permite que os alunos acompanhem um mesmo conteúdo sob
diferentes olhares, por diferentes caminhos, o que permite a eles ter uma visão
mais global sobre o que estão aprendendo.
91
- ter boa aparência;
- o interesse;
- o desinteresse;
No acompanhamento do planejamento
92
A observação cumpre um papel relevante ao contribuir para a percepção
da realidade - objeto do registro do(a) professor(a). Ela faz notar o que não
aparece com evidência e que exige saber ver, ouvir e interpretar. É possível
concluir que a observação é elemento importante nos atos de registrar, avaliar e
planejar, instrumentos metodológicos de todo(a) professor(a). Como instrumento
de formação do(a) professor(a), a capacidade de observação ocupa um lugar-
chave na possibilidade de aperfeiçoamento da prática pedagógica. É sua
principal fonte de informação.
Para isso, é preciso saber o que falta ao(à) aluno(a) e qual é a melhor
forma de intervir adequadamente. Só é possível aprender a observar,
observando. Não há outro caminho. O mesmo acontece com todas as outras
práticas. Mas além do exercício de observar, o(a) professor(a) aprende quando
comenta suas observações com outros professores. O mesmo acontece quando,
na sua escola, existe um coordenador com o qual pode dialogar em torno da sua
forma de observar. No olhar de um(a) professor(a), se destacam três pontos de
observação:
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Entre esses elementos destacam-se a tensão em torno do erro, o prazer
de conhecer e de ajudar o outro.
O Registro
Uma das formas que temos para ir sempre aprendendo mais e melhor é
pensar. Mas, o pensar que ajuda a aprender não é um pensar qualquer, solto
sem uma direção e sem compromisso. É um pensar organizado, um pensar que
pergunta e vai atrás das respostas.
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Dizia o grande educador brasileiro, Paulo Freire, que a gente pensa
melhor quando pensa a partir do que faz, da prática. Mas pensar sobre a prática
sem registrá-la tem muitas limitações.
Além disso, como toda escrita, o texto pode ser revisto, ter algumas das
suas ideias aprofundadas e outras corrigidas. Tudo isso faz com que o(a)
professor(a), ao registrar suas reflexões, vá se tornando autor(a) do que pensa
e, em consequência, autor(a) do seu jeito de fazer. Quando isso não ocorre,
ele(a) está destinado(a) a ser um(a) copista da teoria dos outros. E, pior: se a
teoria dos outros não for refletida, os copistas não alcançarão os sucessos
obtidos pelos seus autores.
É importante dizer que as teorias dos outros são de grande validade para
o(a) professor(a) quando estabelece um diálogo entre seu pensamento e o dos
outros teóricos. Diálogo que, certamente, será muito produtivo no avanço do
pensar do(a) professor(a) e, consequentemente, no seu jeito de atuar. É próprio
dos seres humanos registrarem o que vivem, o que pensam e a realidade onde
se encontram.
95
porque ao registrar, representa sua experiência por meio de um objeto concreto,
feito de palavras, que podem ser lidas, revisadas e analisadas. Trabalhando com
essa representação, ele(a) é estimulado(a) a repensar a prática ali representada.
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diferentes maneiras: uma foto, uma produção de aluno, um relato oral, uma
atividade que deu certo.
Para isso 'puxa pela mão' os que ficam atrasados, diminui os passos para
ter certeza que o grupo está conseguindo acompanhá-lo(a), imagina formas para
diminuir as dificuldades encontradas, levando todos a se envolver e se ajudar.
Para desenvolver esse papel, o(a) professor(a) precisa da avaliação para estar
atento(a) ao que acontece com seus alunos. Estamos chamando de avaliação
inicial aquela que se dá no começo do trabalho escolar, quando começamos a
97
saber quem são as alunas e alunos, os colegas professores e a realidade que
envolve a todos nós.
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UNIDADE V
O PROJETO INTERDISCIPLINAR
A necessidade de romper com a tendência fragmentadora e
desarticulada do processo do conhecimento, justifica-se pela compreensão da
importância da interação e transformação recíprocas entre as diferentes áreas
do saber.
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ações que buscam ampliar a capacidade do aluno em expressar-se por meio de
múltiplas linguagens e novas tecnologias, bem como posicionar-se diante da
informação e interagir de forma crítica e ativa, com o meio físico e social.
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A maioria dos alunos do Programa de Ensino Fundamental para Jovens
e Adultos Trabalhadores, em que se inserem as autoras, derivam de uma classe
menos privilegiada da sociedade, que não teve a oportunidade de frequentar a
escola regular. Assim, o grupo é bastante heterogêneo, quanto à idade, tempo
de escolarização, profissão, vivências etc.
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Simões (2005) apresenta um planejamento didático-pedagógico de
trabalho interdisciplinar na educação de jovens e adultos. Sua proposta de leitura
crítica da realidade foi nomeada “Os sons da vila”, que consistiu em investigar o
cotidiano dos alunos em seu local de moradia, com o objetivo de levar esses
alunos a se situarem como agentes (e não espectadores) em sua própria
comunidade.
- O que se escuta na vila à noite, de dia, nos fins de semana? Mais coisas
alegres do que tristes?
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Com relação aos estudos sociais, sugere as inter-relações dos
acontecimentos históricos, políticos, culturais, sociais, especificamente aqueles
relacionados ao bairro em que mora. A gama de materiais possíveis, como
maquetes, mapas da comunidade, fotos antigas, listagens dos sons do bairro,
placas de comércio e outros possibilitariam a promoção do resgate da
autoestima em relação ao local de moradia, além da sua localização como um
sujeito histórico dentro desse contexto.
De acordo com Vital Júnior (2006, p. 108), o que não podemos nos
esquecer, ao pensarmos em práticas interdisciplinares junto a jovens e adultos
é:
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Assim, conforme o autor, não podemos privar os alunos de se apropriarem
daquilo que temos de melhor a oferecer em práticas educativas, para reafirmar
a complexidade do que se ensina, mediante a novas formas que não fragmentem
o conhecimento e que lhe deem mais sentido diante das demandas do mundo
contemporâneo.
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REFERÊNCIAS
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes,
2003.
105
FERREYRA, Erasmo Norberto. A Linguagem oral na Educação de Jovens
e Adultos. Porto Alegre: Artmed, 1988.
106
KOCH, I. G. V. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez,
2002.
107
RIBEIRO, V. M. M. Educação de jovens e adultos: proposta curricular para
o 1º segmento do ensino fundamental. São Paulo: Ação Educativa, Brasília:
MEC, 1997
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