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LUCRO PRESUMIDO: DIFERENÇA ENTRE REGIME DE CAIXA E DE

COMPETÊNCIA

O lucro presumido é uma forma de tributação simplificada para a determinação da base de


cálculo do imposto de renda (IRPJ), e da Contribuição Social (CSLL), das pessoas jurídicas que
não estiverem obrigadas, no ano-calendário, à apuração do Lucro Real, sendo apurados
trimestralmente.
O que muitas pessoas não sabem é que se pode escolher por um regime de apuração de impostos
entre os dois existentes. São eles: o regime de Competência (o mais comum!) e o regime de
Caixa.
Essa escolha pode fazer uma grande diferença dependendo do seu negócio e do perfil dos seus
clientes, e pode ser utilizado como instrumento de planejamento fiscal. Abaixo, vamos ver suas
diferenças.
Entenda as leis
Como regra geral, as empresas reconhecem as receitas, como base de apuração dos impostos no
momento do faturamento, então, por procedimento a empresa realiza os faturamentos durante o
mês, fecha o período e realizam a apuração dos impostos. Este é o regime de competência.
Já o regime instituído pela Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal (IN SRF)
104/98, a apuração dos impostos se dá no recebimento financeiro deste faturamento, vejamos o
que diz a instrução normativa.
Art. 1º A pessoa jurídica, optante pelo regime de tributação com base no lucro presumido, que
adotar o critério de reconhecimento de suas receitas de venda de bens ou direitos ou de
prestação de serviços com pagamento a prazo ou em parcelas na medida do recebimento e
mantiver a escrituração do livro Caixa, deverá:
I – emitir a nota fiscal quando da entrega do bem ou direito ou da conclusão do serviço; II –
indicar, no livro Caixa, em registro individual, a nota fiscal a que corresponder cada
recebimento.
Este é o Regime de Caixa. Ele se transforma em uma grande vantagem para empresas que
costumam emitir uma única nota e recebe-la parcelado, ou nos negócios com uma alta
probabilidade de inadimplência ou atraso dos consumidores.
Exemplificando:
Uma empresa emite uma nota fiscal de prestação de serviços em 15/01/2013, no valor de R$
222.000,00 para ser recebido em 6 parcelas de R$ 37.000,00, sendo a primeira em 15/02/2013, e
as demais a cada trinta dias. Como ficaria a tributação para a empresa nos seguintes casos:
  Regime de Competência
Se a empresa adotar esta forma de reconhecimento de suas receitas, deverá apurar os tributos
incidentes (IRPJ, CSLL, PIS e COFINS), sobre o total da nota fiscal, no período em que a
mesma foi emitida, no caso em tela no primeiro trimestre de 2006, com os seguintes valores:
– IRPJ = (15% sobre os 32% da base presumida) = R$ 10.656,00
– Adicional de IRPJ = (10% sobre os 32% da base presumida que exceder a R$ 60.000,00) = R$
1.104,00
– CSLL = (9% sobre os 12% da base presumida) = R$ 2.397,60
– PIS = (0,65% sobre o total da nota fiscal) = R$ 1.443,00
– COFINS = (3% sobre o total da nota fiscal) = R$ 6.660,00
Por este regime a empresa teria um desembolso nos meses de fevereiro (PIS e COFINS), e abril
(IRPJ e CSLL), no montante de R$ 22.260,60.
Regime de Caixa
Se a empresa adotasse esta forma de reconhecimento, os tributos incidiriam somente sobre as
parcelas efetivamente recebidas, os quais totalizariam:
– IRPJ = (15% sobre os 32% de recebimento de fevereiro e março R$ 74.000,00 x 32% = x 9%)
= R$ 3.552,00
– CSLL = (9% sobre os 12% de recebimento de fevereiro e março) = 799,20
– PIS = (0,65% sobre o recebimento de fevereiro e março) = R$ 481,00
– COFINS = (3% sobre o recebimento de fevereiro e março) = R$ 2.220,00
Por este regime a empresa teria um desembolso nos meses de fevereiro a abril, no montante de
R$ 7.052,20, o que representaria R$ 15.208,40 a menos neste intervalo de tempo.
Observações: Importante destacar que no regime de caixa os tributos foram postergados, ou
seja, serão pagos integralmente em períodos posteriores (quando forem recebidos), outro ponto
que merece um destaque refere-se ao fato de que no regime de caixa, pelo menos nos meses de
fevereiro a abril não houve adicional do IRPJ, este somente será devido quando a base de
cálculo do IRPJ for superior à R$ 20.000,00 mensais, ou R$ 60.000,00 trimestrais.
Além dos benefícios acima destacados, o regime de caixa contribui muito para a gestão
financeira das empresas, já que nele a empresa “casa” a receitas e a despesas, não precisando
antecipar o imposto e aliviando o Capital de Giro. Embora tenha bons aspectos no alivio da
carga tributária ele exige que a empresa tenha as operações bem documentadas, com um ótimo
controle de contas a receber e sabemos que no dia a dia das empresas nem sempre esta área é
vista como estratégica.
Exercício
A empresa prestadora de serviços Violeta Ltda. iniciou suas atividades em janeiro de 2000. Nos
livros contábeis, constam os seguintes registros:
1. Receitas com vendas janeiro de 2000 de R$ 146.000,00, sendo 70% à vista e o restante a
prazo (30/60 dias).
2. Despesas de R$ 98.000,00, sendo R$ 63.000,00 pagos à vista e o restante para 30 dias.
3. Em fevereiro de 2000 recebeu o primeiro pagamento da venda do item 1 e efetuou o
pagamento da despesa do item 2;
4. Receita de vendas em fevereiro no valor de 90.000, sendo 45.000 à vista e o restante para 30
dias;
5. Em março efetuou vendas no valor de R$ 150.000 recebendo 1/3 à vista e o restante para
30/60 dias;
6. Incorreu em despesas de R$ 85.000 pagando 40% delas sendo o restante para 30 dias;

Efetue o cálculo do PIS, COFINS, IR e da CSLL no regime de competência e caixa.

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