Você está na página 1de 2

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, REDAÇÃO ATUAL DADA PELO PAPA

FRANCISCO, SITE DO VATICANO


“2267. Durante muito tempo, considerou-se o recurso à pena de morte por parte da autoridade
legítima, depois de um processo regular, como uma resposta adequada à gravidade de alguns
delitos e um meio aceitável, ainda que extremo, para a tutela do bem comum.
Hoje vai-se tornando cada vez mais viva a consciência de que a dignidade da pessoa não se perde,
mesmo depois de ter cometido crimes gravíssimos. Além disso, difundiu-se uma nova compreensão
do sentido das sanções penais por parte do Estado. Por fim, foram desenvolvidos sistemas de
detenção mais eficazes, que garantem a indispensável defesa dos cidadãos sem, ao mesmo tempo,
tirar definitivamente ao réu a possibilidade de se redimir.
Por isso a Igreja ensina, à luz do Evangelho, que «a pena de morte é inadmissível, porque atenta
contra a inviolabilidade e dignidade da pessoa» [Discurso aos participantes no encontro promovido
pelo Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização, 11 de outubro de 2017], e
empenha-se com determinação a favor da sua abolição em todo o mundo.”

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, 3ª. ED., condições concretas do bem comum e estão
VOZES – PAULINAS – LOYOLA – AVE-MARIA, mais conformes à dignidade da pessoa
1993 humana.”
“Esta tradução foi feita a partir da edição
francesa (Mame/Plon, Paris 1992) e cotejada CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, NOVÍSSIMA
com a italiana (Libreria Editrice Vaticana 1992). EDIÇÃO DE ACORDO COM O TEXTO OFICIAL EM
Ao tornar-se oficial a edição latina, os Editores LATIM, LOYOLA – VOZES – PAULINAS – AVE-
brasileiros se prontificam a rever a presente MARIA – PAULUS, 2011
tradução.”
“2266. Corresponde a uma exigência de tutela
“2266. Preservar o bem comum da sociedade do bem comum o esforço do Estado destinado
exige que o agressor se prive das a conter a difusão de comportamentos lesivos
possibilidades de prejudicar a outrem. A este aos direitos humanos e às regras fundamentais
título, o ensinamento tradicional da Igreja de convivência civil. A legítima autoridade
reconheceu como fundamentado o direito e o pública tem o direito e o dever de infligir penas
dever da legítima autoridade pública de proporcionais à gravidade do delito. A pena
infligir penas proporcionadas à gravidade dos tem como primeiro objetivo reparar a
delitos, sem excluir, em casos de extrema desordem introduzida pela culpa. Quando
gravidade, a pena de morte. Por razões essa pena é voluntariamente aceita pelo
análogas os detentores de autoridade têm o culpado tem valor de expiação. Assim, a pena,
direito de repelir pelas armas os agressores da além de defender a ordem pública e de tutelar
comunidade civil pela qual são responsáveis. a segurança das pessoas, tem um objetivo
A pena tem como primeiro efeito compensar a medicinal: na medida do possível, deve
desordem introduzida pela falta. Quando esta contribuir à correção do culpado.
pena é voluntariamente aceita pelo culpado,
tem valor de expiação. Além disso, a pena tem 2267. O ensino tradicional da Igreja não exclui,
um valor medicinal, devendo, na medida do depois de comprovadas cabalmente a
possível, contribuir para a correção do identidade e a responsabilidade do culpado, o
culpado. recurso à pena de morte, se essa for a única via
praticável para defender eficazmente a vida
2267. Se os meios não sangrentos bastarem humana contra o agressor injusto.
para defender as vidas humanas contra o Se os meios incruentos bastarem para defender
agressor e para proteger a ordem pública e a as vidas humanas contra o agressor e para
segurança das pessoas, a autoridade se limitará proteger a ordem pública e a segurança das
a esses meios, porque correspondem melhor às
pessoas, a autoridade se limitará a esses meios, Paulo II, ‘são já muito raros, se não mesmo
porque correspondem melhor às condições praticamente inexistentes’ (ibidem, n.º 56).”
concretas do bem comum e estão mais
conformes à dignidade da pessoa humana.” ENCÍCLICA EVANGELIUM VITAE, S. JOÃO PAULO
II, 25/03/1995
COMPÊNDIO DO CATECISMO DA IGREJA
CATÓLICA, 23ª. ED., 2016, EDIÇÕES CNBB – “56. Nesta linha, coloca-se o problema da pena
LOYOLA de morte, à volta do qual se regista, tanto na
Igreja como na sociedade, a tendência crescente
“468. Para que serve uma pena? para pedir uma aplicação muito limitada, ou
Uma pena, imposta por uma legítima melhor, a total abolição da mesma. O problema
autoridade pública, tem o objetivo de reparar a há-de ser enquadrado na perspectiva de uma
desordem introduzida pela culpa, de defender justiça penal, que seja cada vez mais conforme
a ordem pública e a segurança das pessoas, de com a dignidade do homem e portanto, em
contribuir para a correção do culpado. última análise, com o desígnio de Deus para o
homem e a sociedade. Na verdade, a pena, que
469. Que pena se pode impor? a sociedade inflige, tem « como primeiro efeito
A pena imposta deve ser proporcional à o de compensar a desordem introduzida pela
gravidade do delito. Depois das possibilidades falta ». [46]A autoridade pública deve fazer
de que o Estado dispõe para reprimir o crime, justiça pela violação dos direitos pessoais e
tornando inofensivo o culpado, os casos de sociais, impondo ao réu uma adequada
absoluta necessidade de pena de morte ‘são expiação do crime como condição para ser
hoje muito raros, se não até praticamente readmitido no exercício da própria liberdade.
inexistentes’ (Evangelium Vitae). Quando os Deste modo, a autoridade há-de procurar
meios incruentos são suficientes, a autoridade alcançar o objectivo de defender a ordem
limitar-se-á a esses meios, porque eles pública e a segurança das pessoas, não
correspondem melhor às condições concretas deixando, contudo, de oferecer estímulo e
do bem comum, são mais conformes à ajuda ao próprio réu para se corrigir e redimir.
dignidade da pessoa e não tiram Claro está que, para bem conseguir todos estes
definitivamente do culpado a possibilidade de fins, a medida e a qualidade da pena hão-de ser
se redimir.” atentamente ponderadas e decididas, não se
devendo chegar à medida extrema da execução
YOUCAT BRASIL – CATECISMO JOVEM DA IGREJA do réu senão em casos de absoluta necessidade,
CATÓLICA, PAULUS, 1ª. ED., 2011, 8ª. REIMP., ou seja, quando a defesa da sociedade não fosse
2015 possível de outro modo. Mas, hoje, graças à
organização cada vez mais adequada da
“381. Por que motivo a Igreja é contra a pena de instituição penal, esses casos são já muito raros,
morte? se não mesmo praticamente inexistentes.
A Igreja empenha-se contra a pena de morte Em todo o caso, permanece válido o princípio
porque ‘ela é tão cruel como desnecessária’ indicado pelo novo Catecismo da Igreja
(João Paulo II, St. Louis, 27.01.1999). [2266- Católica: « na medida em que outros processos,
2267] que não a pena de morte e as operações
Cada Estado de direito tem o direito de castigar militares, bastarem para defender as vidas
adequadamente. Na Encíclica Evangelium Vitae humanas contra o agressor e para proteger a
(1995), o Papa João Paulo II não afirma que a paz pública, tais processos não sangrentos
pena de morte é uma pena inaceitável ou devem preferir-se, por serem proporcionados e
injusta. Tirar a vida a um criminoso é uma mais conformes com o fim em vista e a
medida extrema, a que um Estado só deve dignidade humana ».”
recorrer em casos de absoluta necessidade. A
necessidade justifica-se quando a sociedade
humana não se pode defender sem a execução
do culpado. Todavia, esses casos, diz João

Você também pode gostar