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A Febre Amarela, A Transferência Das Disciplinas
A Febre Amarela, A Transferência Das Disciplinas
A Febre Amarela, A Transferência Das Disciplinas
Ilana Löwy
LÖWY, I. Vírus, mosquitos e modernidade: a febre amarela no Brasil entre ciência e política [online].
Tradução de Irene Ernest Dias. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2006. 427 p. História e Saúde
collection. ISBN 85-7541-062-8. Available from SciELO Books <http://books.scielo.org>.
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Vírus,mosquitosemodernidade
a febre amarela no Brasil entre ciência e política
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ
Presidente
Paulo Marchiori Buss
Vice-Presidente de Ensino,
Informação e Comunicação
Maria do Carmo Leal
EDITORA FIOCRUZ
Diretora
Maria do Carmo Leal
Editor Executivo
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Editores Científicos
Nísia Trindade Lima e Ricardo Ventura Santos
Conselho Editorial
Carlos E. A. Coimbra Jr.
Gerson Oliveira Penna
Gilberto Hochman
Lígia Vieira da Silva
Maria Cecília de Souza Minayo
Maria Elizabeth Lopes Moreira
Pedro Lagerblad de Oliveira
Ricardo Lourenço de Oliveira
Ilana Löwy
ISBN: 8 5 - 7 5 4 1 - 0 6 2 - 8
Editoração eletrônica
Guilherme Ashton
Revisão técnica
Flavio Edler
Supervisão editorial
Irene Ernest Dias
Catalogação na fonte
Centro de Informação Científica e Tecnológica
Biblioteca da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca
L922v Löwy, Ilana
Vírus, mosquitos e modernidade: a febre amarela no Brasil
entre ciência e política. / Ilana Löwy; [tradução, Irene Ernest Dias]. -
Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2 0 0 6 .
4 2 7 p . il. (Coleção História e Saúde)
Prefácio 7
Agradecimentos 11
1. U m a Ciência q u e C i r c u l a , a M e d i c i n a T r o p i c a l 13
4 . T o r n a r o Invisível Visível:
v i a g e n s , c o l e t a s e análises de l a b o r a t ó r i o 197
5 . Estilos de C o n t r o l e : m o s q u i t o s , v í r u s e h u m a n o s 249
6 . Ciência e Risco:
o d e s e n v o l v i m e n t o da v a c i n a c o n t r a a febre a m a r e l a 317
7. Febre s o b C o n t r o l e :
a m e d i c i n a t r o p i c a l entre saber u n i v e r s a l e práticas l o c a l i z a d a s . . . 3 8 1
Bibliografia 413
Índice O n o m á s t i c o 423
Prefácio à Edição Οriginal
François Rodhain
Professor do Instituto Pasteur
Setembro de 2 0 0 0
Agradecimentos
A n t e s de 1 9 3 0 , e m c o m p e n s a ç ã o , a identificação da febre a m a r e l a
b a s e a v a - s e e x c l u s i v a m e n t e n o s sinais clínicos da doença ( o c a s i o n a l m e n t e
enriquecidos, a p a r t i r dos a n o s 1 9 2 0 , pela o b s e r v a ç ã o post mortem das
t r a n s f o r m a ç õ e s patológicas das células do fígado de pacientes falecidos) e
17
nos indícios epidemiológicos. Alexandre Humboldt descreveu e m 1 7 9 9 a
freqüência da febre amarela em Havana, e os médicos que h a v i a m partici-
pado da expedição de Bonaparte ao Egito relataram a presença de casos de
"febre amarela"; m a s todos estes observadores falam de u m a "febre a m a -
rela clínica", e n ã o se pode excluir a possibilidade de que a patologia que
o b s e r v a r a m fosse diferente da "febre amarela dos virólogos", o u seja, u m a
doença definida pela identificação de seu agente.
A q u e s t ã o da identidade da d o e n ç a c h a m a d a "febre a m a r e l a " n o s
séculos XVIII e X I X não é de modo a l g u m teórica, pois, segundo os especia-
listas, a febre a m a r e l a foi m u i t a s vezes confundida c o m o u t r a s doenças.
A l é m disso, c o m o v e r e m o s m a i s adiante, duas doenças q u e a p r e s e n t a m
s i n t o m a s clínicos semelhantes, a febre a m a r e l a (hoje definida c o m o u m a
doença induzida por u m vírus) e a leptospirose (hoje definida c o m o u m a
doença induzida por u m a bactéria), só f o r a m definitivamente dissociadas
pelos especialistas e m fins dos a n o s 1 9 2 0 . Antes disso, u m a pessoa que
tivesse s i n t o m a s de "febre amarela" poderia ter (segundo os critérios p o s -
teriores a 1 9 3 0 ) sofrido o u da "verdadeira febre amarela" o u de leptospirose,
o u ainda de u m a o u t r a doença a c o m p a n h a d a de febre, de a l b u m i n a n a
urina, e de icterícia. Os s i n t o m a s da febre amarela, sejam eles u m a febre
alta, icterícia - sinal de c o m p r o m e t i m e n t o severo do fígado - , o u m e s m o
v ô m i t o de sangue c h a m a d o "vômito-negro", n ã o são de m o d o a l g u m espe-
cíficos. Tal dificuldade n ã o escapou aos médicos que estudaram essa doen-
ça antes do advento das técnicas virológicas e i m u n o l ó g i c a s baseadas n a
identificação de seus agentes etiológicos. Os especialistas ingleses que ten-
t a r a m , e m 1 9 1 3 , atestar a presença da febre amarela n a África Ocidental
i n v e n t a r i a r a m u m n ú m e r o i m p r e s s i o n a n t e de d o e n ç a s freqüentemente
confundidas c o m a febre a m a r e l a c o m base nos sinais clínicos; entre elas
e n c o n t r a m - s e a m a l á r i a , a d e n g u e , a febre p a p a t a c i , a febre tifóide, a
paratifóide, a febre ondulante. E m seguida eles propuseram testes de l a b o -
r a t ó r i o c a p a z e s de d i s c r i m i n a r a l g u m a s - m a s n ã o todas - dentre elas.
Estavam plenamente conscientes do fato de que suas pesquisas, conduzidas
por especialistas e financiadas por u m o r ç a m e n t o especial, t i n h a m caráter
a b s o l u t a m e n t e e x c e p c i o n a l ; n a s condições h a b i t u a i s de t r a b a l h o de u m
médico n a s regiões tropicais, a probabilidade de se estabelecer u m diag-
1 8
n ó s t i c o e r r ô n e o era, s e g u n d o eles, m u i t o a l t a . Além disso, a doença
induzida pelo vírus da febre amarela é m u i t a s vezes "atípica" e pode a s s u -
m i r formas m e n o s severas. C o m base apenas nas observações clínicas des-
sas formas, m u i t a s vezes desprovidas de icterícia pronunciada, n ã o se p o -
dem distinguir o u t r a s doenças febris.
Notas
1
COLEMAN, W. Yellow Fever in the North: the methods of early epidemiology. Madison:
University o f Wisconsin Press, 1 9 8 7 .
2
U m médico francês, Louis-Daniel Beauperthy, publicou em 1 8 5 4 observações que
associam a transmissão da febre amarela aos mosquitos. No entanto, tais observações,
feitas antes do advento da teoria bacteriana da doença e anteriormente à descrição do
papel dos insetos c o m o "vetores intermediários" das doenças, não se ligaram direta-
mente aos trabalhos realizados em fins do século X I X . Sobre a crítica da noção de
"precursor desconhecido", ver CANGUILHEM, G. L'objet de l'histoire des sciences. In:
CANGUILHEM, G. Études d'Histoire et de Philosophie des Sciences. Paris: Vrin, 1 9 7 4 , p . 2 1 .
3
CANGUILHEM, G. Presentation. In: DELAPORTE, F. Histoire de la Fíèvre Jaune. Paris:
Payot, 1 9 8 9 , p . 1 3 . Apesar de elegante, a expressão é inadequada, pois muitos vetores
invertebrados das doenças tropicais descritos nesse período não têm asas; à imagem
da morte que voa poderia ser acrescentada a da morte que fervilha, que rasteja, ou
que gruda na pele.
4
BEN-DAVID, J . T h e implantation o f a scientific tradition in developing countries.
Minerva, 1 5 : 3 0 3 - 3 0 5 , 1 9 7 7 . "A periferia" é, entretanto, u m termo muito vasto, que
abrange países que apresentam graus de desenvolvimento muito variados: os proble-
mas de transferência de conhecimentos foram diferentes na Turquia e na África
subsaariana.
5
Por exemplo, W. H. GRUBER & D. G. MARQUIS (Eds.) Factors in Transfer of Technology.
Cambridge, Mass.: The MIT Press, 1 9 6 9 .
6
GOODY, J . The East in the West. Cambridge: Cambridge University Press, 1 9 9 6 ;
PALLADINO, P. & WORBOYS, M . Science and imperialism. Isis, 1 9 3 9 , 8 4 : 9 1 - 1 0 2 ;
PYENSON, L. Cultural Imperialisms and Exact Sciences: German expansions overseas 1900-
1930. New York: Lang, 1 9 8 5 ; PYENSON, L. Civilising Mission: exact sciences and French
overseas expansion, 1830-1940. Baltimore: J o h n Hopkins University Press, 1 9 9 3 ;
POLANCO, X . Naissance et Développement de la Science-Monde. Paris: La Découverte,
1 9 9 0 ; MacLEOD, R. On visiting the 'moving metropolis': reflections on the architecture
of imperial science. In: REINGOLD, N. & RHOTENBERG, M. (Eds.) Scientific Colonialism:
a cross-cultural comparaison. Washington D.C.: Smithsonian Institute Press, 1 9 8 7 ,
p.217-250.
7
ROSENBERG, C. E. Disease in history: frames and framers. The Milibank Quaterly,
67(suppl.l), 1 9 8 9 .
8
LATOUR, B. Ramses Il est-il mort de la tuberculose? La Recherche, 3 0 7 : 8 4 , mars 1 9 9 8 .
9
JEWSON, N. D. The disappearance o f the sick-man from medical cosmology in 1 7 7 0 -
1 8 7 0 . Sociology, 1 0 ( 2 ) : 2 2 5 - 2 4 4 , 1 9 7 6 .
10
O livro de Keith Wailoo, Drawing Blood: technology and disease identity in Twentieth-
Century America (Baltimore: J o h n Hopkins University Press, 1 9 7 7 ) , é u m excelente
exemplo de estudo do papel das tecnologias na descrição das entidades mórbidas
(neste caso, as doenças do sangue).
11
FLECK, L. Genesis and Development of a Scientific Fact (trad. Fred Bradley e Thaddeus J .
Trenn). Chicago & London: The University o f Chicago Press, 1 9 7 9 ( 1 9 3 5 ) , p. 1 2 0 .
Allan Young usou c o m o argumento o papel das "tecnociências" no pensamento de
Fleck. YOUNG, A. The Harmony of Illusions: inventing post-traumatic stress disorder.
Princeton: Princeton University Press, 1 9 9 5 , p. 10.
12
CAMBROSIO, A. & KEATING, P. Interlaboratory life: regulating flow cytometry. In:
GAUDILLIÈRE, J . P. & LÖWY, I. (Eds.) The Invisible Industrialist: manufactures and the
production of scientific knowledge. London Macmillan, 1 9 9 8 .
13
FARMER, P. Aids and Accusation: Haiti and the geography of blame. Berkeley: University
of California Press, 1 9 9 2 .
14
DUDENM, Β. The Woman under the Skin. Cambridge, Mass.: Harvard University Press,
1992.
15
ROSENTHAL, T. How Could I Not Be Among You. New York: Avon Press, 1 9 7 9 , p. 7 3 .
16
O desafio que a dor crônica impõe à medicina contemporânea baseada na técnica é
explicitado por Isabelle Baszanger em seu livro Pour en Finir avec la Doulcur. Paris: Le
Seuil, 1 9 9 5 .
17
COLEMAN, W. Yellow Fever in the North, op. cit.
18
Relatório do subcomitê nomeado pelo Advisory Committee for Tropical Africa para
apresentar sugestões sobre a investigação da febre amarela na África Ocidental, 7 de
janeiro de 1 9 1 3 . Dossiê Ronald Ross, C G / 5 9 / A i , Wellcome Archives, Londres. Ross,
especialista em malária, foi nomeado membro da comissão porque esta doença foi
considerada a que mais freqüentemente se confundia com a febre amarela.
19
A concordância entre "febre amarela" de outrora e de hoje é aparentemente maior
quando os médicos descrevem uma epidemia entre os recém-chegados a um país.
Entre os adultos não-imunes encontram-se freqüentemente casos "típicos" de febre
amarela viral, e uma epidemia aumenta a probabilidade de que vários indivíduos
doentes sofram da m e s m a afecção. Por volta de 1 9 0 0 , foram descritos em Cuba
numerosos casos de febre amarela em soldados norte-americanos e em imigrantes,
mas também um certo número de casos entre os nativos.
20
DELAPORTE, F. Histoire de la Fièvre Jaune, op. cit., p.25, 1 5 1 .
21
FLECK, L. Genesis and Development of a Scientific Fact, op. cit.
22
Um estudo desse tipo é centrado na maneira de agir dos pesquisadores, e não na
questão de saber quantos casos "verdadeiros" de febre amarela puderam ser observa-
dos em um determinado momento histórico.
23
DELAPORTE, F. Les Épidemiés. Paris: Éditions de la C i t é des Sciences et d'Industrie, 1 9 9 5 .
24
COLEMAN, W. Yellow Fever in the North, op. cit.
25
Na França, tal conceito foi desenvolvido por Pierre Louis. ACKERKNECHT, Ε. La Médecine
Hospitalière à Paris (1794-1848). Paris: Payot, 1986; TEMKIN, O. The scientific approach
to disease: specific entity and individual sickness. In: TEMKIN, O. The Double Face of
Janus. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1 9 7 7 , p . 4 3 1 - 4 5 6 ; FANTINI, B. Le
rôle du concept de la spécificité dans la pensée médicale. In: BUCHET, A. (Ed.) Conférences
de l'lnstitut d'Histoire de la Médecine. Lyon: Fondation Marcel Mérieux, 1 9 9 4 , p . 7 3 - 8 3 .
26
KODELL CARTER, C. Koch's postulates in relation to the work of J a k o b Henle and
Edwin Klebs. Medical History, p . 3 5 3 - 3 7 4 , 1 9 8 5 ; KODELL CARTER, C. The development
of Pasteur's concept o f disease causation and the emergence of specific causes in
nineteenth century medicine. Bulletin of the History of Medicine, 6 5 : 5 2 8 - 5 4 8 , 1 9 9 1 .
27
FLECK, L. Genesis and Development of a Scientific Fact, op. cit., p.93.
28
Idem; GOESSEL, P. Ρ. Le besoin des méthodes standard: le cas de la bactériologie. In:
CLARKE, A. & FUJIMURA, J . (Eds.) La Matérialité des Sciences: savoir-faire et instruments
dans les sciences de la vie. Paris: Synthélabo, 1 9 9 6 ( 1 9 9 2 ) . (Les Empêcheurs de penser en
rond), p . 3 6 6 - 3 9 7 .
29
LATOUR, B. Les Microbes, Guerre et Paix. Paris: A. M. Métailié, 1 9 8 4 .
30
CRONON, W. Changes in the Land: i n d i a n s , colons and the ecology of New England. New
York: Hill and Wang, 1 9 8 3 ; CRONON, W. Nature's Metropolis: Chicago and the Great West.
New York, London: W. W. Norton & Co., 1 9 9 1 .
31
Uma interação desse tipo afeta não apenas as atitudes para com "entidades naturais"
profundamente transformadas pelos homens, mas também aquelas relacionadas
aos sítios relativamente pouco tocados pela atividade humana.
32
WINCH, P. The Idea of Social Science. London: Routledge & Paul, 1 9 5 8 .
33
MOULIN A.-M. & CHAUVIN, P. L'Islam au Péril des Femmes. Paris: Éditions Maspero,
1981.
34
MENDELSOHN, A. Thyphoid M a r y ' strikes again: the social and the scientific in the
making o f the modern public health. Isis, 8 6 ( 2 ) : 2 6 8 - 2 7 7 , 1 9 9 5 .
35
LAWRENCE, C. & WEISS, G. Introduction. In: LAWRENCE, C. & WEISS, G. (Eds.)
Greater than the Parts: holism and biomedicin, 1920-1950. Oxford, London: Oxford
University Press, 1 9 9 8 .
36
JORDANOVA, L. Science and national identity. In: CHARTIER, R. & CORSI, P. (Dirs.)
Sciences et Langages en Europe. Paris: Centre Alexandre Koyré, 1 9 9 6 , p . 2 2 1 - 2 3 1 .
37
RASMUSSEN, A. L'Internationale Scientifique (1890-1914), 1 9 9 5 . Paris: Thèse de Doctorat
d'Histoire, École Pratique des Hautes Études.
38
HOWARD-JONES, N. Les Bases Scientifiques des Conférences Sanitaires Internationales,
1851-1938. Genève: Organisation Mondiale de la Santé, 1 9 8 5 . Ver também GOODMAN,
Ν. Μ. International Health Organizations and their Work. London: Churchill, 1 9 5 2 ; Annexe
J , Les conférences sanitaires Internationales, em: SALOMON-BAYET, C. (Ed.) Pasteur et la
Révolution Pasteurienne. Paris: Payot, 1 9 8 6 , p . 4 1 4 - 4 6 ; WEINDLING, P. Introduction. In:
WEINDLING, P. (Ed.) International Health Organizations and Movements, 1918-1939.
Cambridge: Cambridge University Press, 1 9 5 5 , p. 1-16.
39
A história da luta contra o cólera no século XIX foi relatada por Charles Rosenberg,
The Cholera Years. Chicago, London: The University o f Chicago Press, 1 9 6 2 ; Richard
Evans, Death in Hamburg: society and politics in the cholera years, 1830-1910. Oxford:
Clarendon Press, 1 9 8 7 ; François Delaporte, Le Savoir de la Maladie: essai sur le choléra de
1829 à Paris. Paris: PUF, 1 9 9 0 .
40
É preciso observar, entretanto, que os esforços britânicos para controlar o cólera na
Índia foram m u i t o menos eficazes. RAMASSUBAN, R. Imperial health in British
Índia. In: MacLEOD, R. & LEWIS, Μ. (Eds.) Disease, Medicine and Empire: perspective on
Western medicine and the experience of European expansion. London, New York: Routledge,
1 9 8 8 , p . 3 8 - 6 1 ; LÖWY, I. From guinea pigs to men: the development o f Haffkine's
anticholera vaccine. Journal of the History of Medicine and Allied Sciences, 1 9 9 2 , 4 7 : 2 7 0 -
th
3 0 9 . ARNOLD, D. Colonizing the Body: State medicine and epidemic disease in XIX Century
India. Berkeley: University o f California Press, 1 9 9 3 .
41
HOWARD-JONES, N. Les Bases Scientifiques des Conférences Sanitaires Internationales, op.
cit., p . 9 3 .
42
LATOUR, B. Les Microbes, Guerre et Paix, op. cit.
43
MURARD, L. & ZYLBERMAN, P. L'Hygiène dans la République. Paris: Fayard, 1 9 9 6 .
44
SALOMON-BAYET, C. Pasteur et la Revolution Pasteurienne, op. cit.
45
GOESSEL, P. P. Le besoin des méthodes standard: le cas de la bactériologie. In: CLARKE,
A. & FUJIMURA, J . (Eds.) La Matérialité des Sciences: savoir-faire et instruments dans les
sciences de la vie. Paris: Synthélabo, 1 9 9 6 ( 1 9 9 2 ) (Les Empêcheurs de penser en rond),
p.366-397.
46
GOSSEL, P. P. Le besoin des méthodes standard, op. cit
47
FAURE, M. Cent ans d'enseignement à l'Institut Pasteur In: MORANGE, M. (Dir.)
L'InstitutPasteur: contributions à son histoire. Paris: La Découverte, 1 9 9 1 , p . 6 4 - 7 2 ; LÖWY,
I. On hydridizations, networks and new disciplines: the Pasteur Institute and the
development o f microbiology in France. Studies in History and Philosophy of Science,
25(5):655-687, 1994.
48
BEN-DAVID, J . The implantation of a scientific tradition in developing countries, op. cit
49
WORBOYS, Μ. The emergence o f tropical medicine: a study in the establishment o f a
scientific speciality. In: LEMAINE, G.; MacLEOD, R. & MULKAY, M. (Eds.) Perspectives on
the Emergence of Scientific Disciplines. The Hague: Mouton, 1 9 7 6 , p. 7 5 - 9 8 .
50
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in North Africa. In: ARNOLD, D. (Ed.) Warm Climates and Western Medicine. London:
Clio Medica, 1 9 9 6 , p. 1 6 0 - 1 8 0 .
51
COURTIN,P.D. Death by Migration: Europe's encounter with tropical world in the Ninetteenth
Century. Cambridge: Cambridge University Press, 1 9 8 9 .
52
FORSTER, W. D. History of Medical Bacteriology and Immunolgy. London: William Heinemen
Medical Books, 1 9 7 9 ; MOLLARET, H. Alexandre Yersin, le vainqueur de la peste. Paris:
Fayard, 1 9 8 5 ; LÖWY, I. From guinea pigs to man, op. cit
53
CALMETTE, A. Les missions scientifiques de l'lnstitut Pasteur et l'expansion coloniale
de la France. Revue Scientifique, 8 9 : 1 2 9 - 1 3 2 , 1 9 1 2 ; VALLERY-RADOT, L. Ρ. Les Instituts
Pasteur d'Outre-mer. La Presse Médicale, 2 1 : 4 1 0 - 4 1 3 , 1 9 3 9 ; MOULIN, A.-M. Patriarchal
science: the network o f overseas Pasteur Institutes. In: PETITJEAN, R; JAMI, C. &
MOULIN, A.-M. (Eds.) Science and Empires. Dodrecht: Kluwer, 1 9 9 2 , p . 3 0 7 - 3 2 2 .
54
BENCHIMOL, J . L. (Ed.) Manguinhos, do Sonho à Vida: a ciência na Belle Époque. Rio de
Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 1 9 9 0 .
55
WARWICK, A. Disease, race and empire. Bulletin of the History of Medicine, 7 0 : 6 2 - 6 7 ,
1 9 9 6 ; WARWICK, A. Immunities o f empire: race, disease and the new tropical medicine.
Bulletin of the History of Medicine, 7 0 : 9 4 - 1 1 8 , 1 9 9 6 .
56
ARNOLD, D. Introduction: disease, medicine and empire. In: Arnold, D. (Ed.) Imperial
Medicine and Indigenous Societies. Manchester: Manchester University Press, 1 9 8 8 , p . 1 -
2 6 ; CUETO, M. Tropical medicine and bacteriology in Boston and Peru: studies o f
Carrion's disease in the early Twentieth century. Medical History, 4 6 : 3 4 4 - 3 6 4 , 1 9 9 6 ;
CUNNINGHAM, A. & ANDREWS, B. Introduction. In: CUNNINGHAM A. & ANDREWS,
B. Western Medicine as Contested Knowledge. Manchester: Manchester University Press,
1997, p.1-23.
57
CONI, A. C. A Escola Tropicalista Bahiana: Paterson, Wucherer, Silva Lima. Salvador: Tip.
Beneditina, 1 9 5 2 ; PEARD, J . G. The Tropicalist School of Medicine of Bahia, Brazil, 1869-
1889, 1 9 9 0 . PhD Thesis, Columbia University; OLIVEIRA, C. R. Origem e Desenvolvimen-
to da Medicina Social no Brasil, 1 9 8 2 . Dissertação de Mestrado, Rio de Janeiro: Instituto
de Medicina Social da UERJ; para u m a visão diferente da Escola da Bahia, ver EDLER,
F. C. "A constituição da medicina tropical no Brasil: da climatologia à parasitologia
médica", projeto proposto ao IMS-Uerj, Rio de Janeiro, 1 9 9 7 .
58
PEARD, J . G. The Tropicalist School of Medicine of Bahia, Brazil, 1869-1889, op. cit
59
CUETO, Μ. (Ed.) El Regreso de las Epidemias: salud, cultura y sociedad en América Latina -
nuevas perspectivas históricas. Lima: Instituto de Estúdios Peruanos, 1 9 9 6 ; STEPAN, N.
L. Tropical medicine and public health in Latin América. Medical History, 4 2 ( 1 ) : 1 0 4 -
110, 1998.
60
Tais entidades que circulam entre as comunidades clínicos ("mundos sociais", "cole-
tivos de pensamento") e que são imperfeitamente "traduzidas" como estilos de práti-
ca diferentes foram estudados por Fleck e, mais recentemente, por sociólogos das
ciências vinculados à tradição do interacionismo simbólico. STAR, S. L. & GRIESEMER,
J . R. I n s t i t u t i o n a l ecology, ' t r a n s l a t i o n s ' and b o u n d a r y objects: a m a t e u r s and
professionals in Berkeley's M u s e u m o f vertebrate zoology. Social Studies of Science,
19:387-420, 1988.
A FebreAmarela, a TransferênciadasDisciplinas
Pasteurianasparao Brasil e o Movimento
sanitarista Brasileiro, 1880-1920
Ε a Carlos Finlay que cabe a honra de ter emitido pela primeira vez, em
1 8 8 1 , a hipótese segundo a qual o mosquito era o agente propagador
da febre amarela. Infelizmente, esse cientista, apesar de haver pressenti-
do a verdade, não conseguiu fornecer sua demonstração por meio de
48
suas experiências.
As palavras-chave figuram nesta citação: "fornecer a demonstração" e "por
meio de suas experiências". O m e s m o argumento - ausência de cientificidade
- foi utilizado por Carroll, em 1 9 0 3 , para negar a importância da contribui-
49
ção de Finlay à elucidação da transmissão da febre a m a r e l a .
Após a publicação dos resultados da C o m i s s ã o Reed, Finlay se deu
conta de que suas pesquisas sobre "o bacilo da febre amarela" e suas ten-
tativas de inoculação desta doença haviam se tornado m u i t o criticáveis à
luz dos novos desenvolvimentos. Em 1 9 0 2 , ele tentou defender a lógica de
seus procedimentos opondo as abordagens dos pesquisadores fundamen-
tais e dos clínicos, s u b l i n h a n d o seus objetivos divergentes, e declarando
estar preocupado a c i m a de tudo c o m as c o n s e q ü ê n c i a s práticas de seus
trabalhos:
Os m e m b r o s da C o m i s s ã o Reed, pelo c o n t r á r i o , l e g i t i m a r a m s u a
empreitada por seu rigor científico, não por sua utilidade. Assim, o general
Gorgas explica que essa investigação, tal c o m o foi concebida pelo Dr. Reed,
o responsável pela c o m i s s ã o ,
Este homem desce para o Rio no trem das 7 horas; chegando a Raiz da
Serra, ele sai do vagão com sua mala e segue ao longo da via. Após
algumas centenas de metros, pára. É levado por empregados à estação,
onde morre ao fim de três horas.
A resistência à v a c i n a ç ã o c u l m i n o u e m n o v e m b r o de 1 9 0 4 , c o m a
"revolta da vacina" - m o t i n s nas r u a s do Rio de Janeiro e u m a rebelião n a
112
academia m i l i t a r da Praia V e r m e l h a . O a r g u m e n t o principal dos o p o -
nentes à vacinação, e de modo mais geral às regras de higiene impostas do
alto foi que "seu aspecto forçado é u m atentado c o n t r a a dignidade h u m a -
na. Persuasão e convicção, sim. Coerção, j a m a i s . Ela é arbitrária e despóti¬
113
ca - u m a verdadeira ditadura s a n i t á r i a " . M e s m o profissionais da medi-
cina a c h a r a m a lei excessivamente arbitrária; a Revista de Medicina Tropical
de 2 2 de m a r ç o de 1 9 0 4 publica, a s s i m , u m a r t i g o e m p r o t e s t o c o n t r a
u m a lei draconiana de Oswaldo Cruz, que perturba de maneira inaceitável
114
os hábitos de u m a cidade. A revolta é produto de u m a aliança heterogê-
nea entre a igreja positivista, os alunos da Escola Militar da Praia V e r m e -
lha, os adversários políticos do presidente Rodrigues Alves e do prefeito
Pereira Passos e os habitantes dos bairros pobres do centro do Rio de J a n e i -
ro. Estes, após a demolição de suas casas, são obrigados a se instalar nos
115
morros que cercam a cidade. A "revolta da v a c i n a " a c a b o u c o m u m a
vitória provisória: o presidente Rodrigues Alves foi obrigado a abolir a lei
116
que instaurava a vacinação obrigatória c o n t r a a v a r í o l a .
A resistência popular às medidas tomadas contra a febre amarela foi
m e n o s estruturada. A imprensa do Rio de J a n e i r o criticou v i g o r o s a m e n t e
"as tendências ditatoriais da nova administração" traduzidas por u m a m i s -
t u r a de "violência política direta e violência sustentada pelas novas medidas
sanitárias". Os j o r n a i s l a m e n t a r a m especialmente a "implementação brutal
das n o v a s medidas, s e m levar m i n i m a m e n t e e m c o n s i d e r a ç ã o as n o v a s
medidas sanitárias". Os moradores do Rio de J a n e i r o "são v í t i m a s de u m
poder tentacular que limita sua liberdade nas ruas, em suas casas, n o exer-
117
cício de sua profissão e em seus direitos de proprietários". Os artigos p u -
blicados na imprensa n o início da c a m p a n h a sanitária (verão de 1 9 0 3 ) são
o r e f l e x o do r e s s e n t i m e n t o p o p u l a r ligado a o f a t o de que o presidente
Rodrigues Alves e o prefeito do Rio de Janeiro, Pereira Passos, aproveitaram
a c a m p a n h a sanitária lançada por Oswaldo Cruz para modernizar a capi¬
tal brasileira. As principais v í t i m a s desse esforço de m o d e r n i z a ç ã o f o r a m
os moradores dos bairros pobres situados n o centro da cidade. S u a s casas
e r a m m u i t a s vezes demolidas, seus m ó v e i s j o g a d o s fora, o c o m é r c i o de
rua, importante fonte de g a n h o s nesses bairros, foi banido, e seu m o d o de
vida tradicional t o r n o u - s e impossível. A oposição à c a m p a n h a sanitária,
m a i s tarde apresentada c o m o expressão da i g n o r â n c i a da p o p u l a ç ã o , n a
verdade teve razões econômicas e sociais b e m precisas. Ela foi vista prin-
cipalmente c o m o u m a t o político e c o m o u m a advertência endereçada ao
poder contra qualquer tentativa de impor medidas arbitrárias sem pesqui-
118
sa prévia sobre a concordância da p o p u l a ç ã o .
Os emissários do Instituto Pasteur a p o i a r a m s e m reservas as medi-
das decretadas por Oswaldo Cruz. E m u m a recepção dada pelo presidente
Rodrigues Alves e m j u l h o de 1 9 0 3 em h o m e n a g e m aos m e m b r o s da M i s -
são Pasteur antes de s u a partida para a F r a n ç a , onde p a s s a r i a m a l g u n s
meses, os pesquisadores franceses a f i r m a r a m que a erradicação dos m o s -
quitos era a única maneira de eliminar a febre amarela da capital brasilei-
ra. S u a intervenção pública foi criticada pelos j o r n a i s do Rio de J a n e i r o ,
indignados c o m o a p o i o à "ditadura s a n i t á r i a da n o v a a d m i n i s t r a ç ã o " .
Não havia n e n h u m a r a z ã o especial, segundo os j o r n a i s , para aceitar sem
reagir as opiniões de pesquisadores estrangeiros, posto que essas m e s m a s
119
medidas e r a m criticadas por alguns pesquisadores brasileiros de r e n o m e .
N u n o de Andrade explicou que o g o v e r n o francês n ã o tinha de m o d o a l -
g u m pressa e m adotar as medidas propostas pela Missão Pasteur nos terri-
tórios por ele governados. Advertiu seus colegas c o n t r a os perigos da ado-
ção cega das novas doutrinas científicas que, de todo modo, t ê m vida m u i t o
curta, e propôs que se prestasse mais atenção à longa tradição brasileira de
120
estudos epidemiológicos da febre a m a r e l a .
O presidente Rodrigues Alves n ã o n e g o u apoio a Oswaldo Cruz, e a
c a m p a n h a de eliminação dos m o s q u i t o s do Rio de J a n e i r o c o m e ç o u a dar
resultados tangíveis. E m 1 9 0 3 , a mortalidade devida à febre a m a r e l a n o
Rio de J a n e i r o era de 5 8 4 pessoas (o que corresponde à mortalidade anual
média, fora da epidemia aguda); em 1 9 0 4 ela se reduz a 4 8 pessoas, a u -
m e n t a n o v a m e n t e em 1 9 0 5 , c o m 2 8 9 pessoas, e volta a cair rapidamente:
1 2 1
4 2 mortos em 1 9 0 6 , 3 9 em 1 9 0 7 , 4 em 1 9 0 8 e nenhum em 1 9 0 9 . A
"vitória sobre a febre amarela", perceptível desde 1 9 0 7 , t o r n o u - s e o sinal
m a i s visível do sucesso da c a m p a n h a sanitária, e seu diretor foi rapida-
122
mente promovido a herói n a c i o n a l . Oswaldo Cruz apoiou-se em sua
popularidade recém-adquirida, a s s i m c o m o e m seus sólidos laços c o m o
poder federal, p a r a c o n s e g u i r e m 1 9 0 6 a a n u ê n c i a p a r a t r a n s f o r m a r o
Instituto Soroterápico de M a n g u i n h o s (que ele c o n t i n u o u a dirigir) em u m
instituto de pesquisa a u t ô n o m o em medicina tropical subvencionado pelo
Estado. O novo instituto, segundo Cruz, seria criado nos moldes do Insti-
t u t o P a s t e u r de P a r i s . E m 1 9 0 8 , o i n s t i t u t o r e c e b e p e r m i s s ã o para
123
comercializar soros e vacinas, a fim de a u m e n t a r seu o r ç a m e n t o . O Ins-
tituto de M a n g u i n h o s c o m b i n o u investigações de laboratório em bacterio-
logia e parasitologia c o m estudos epidemiológicos de c a m p o . Foi concebi-
do c o m o u m a i n s t i t u i ç ã o dedicada p r i n c i p a l m e n t e à p e s q u i s a . Todos o s
seus m e m b r o s efetivos eram brasileiros. Alguns deles, c o m o Cruz e Adolpho
Lutz, fizeram seus estudos na Europa; o u t r o s se f o r m a r a m em sua terra.
O Instituto de M a n g u i n h o s manteve laços estreitos c o m a ciência européia
graças às longas temporadas de pesquisadores estrangeiros (nos anos 1 9 1 0 ,
p r i n c i p a l m e n t e a l e m ã e s ) , à ida dos pesquisadores brasileiros aos c e n t r o s
de pesquisa em bacteriologia, parasitologia e medicina tropical da Europa,
à p a r t i c i p a ç ã o b r a s i l e i r a n o s c o n g r e s s o s i n t e r n a c i o n a i s e, f i n a l m e n t e , à
abertura de u m a biblioteca de alto nível e m M a n g u i n h o s , c o m os princi-
124
pais periódicos científicos e médicos do m u n d o .
O Instituto de M a n g u i n h o s foi rapidamente elevado pela c o m u n i d a -
de internacional à condição de centro ineludível de pesquisa em medicina
tropical, fato sem precedentes em u m país periférico. O 4º Congresso Mundial
de Higiene e Demografia (Berlim, 1 9 0 7 ) lhe conferiu a Medalha de Ouro de
Higiene. E m 1 9 0 9 , u m pesquisador do instituto se celebrizou ao descrever
u m a n o v a doença das regiões quentes, a "doença de C h a g a s " , patologia
que i m o r t a l i z o u seu n o m e . Carlos Chagas (aluno de Oswaldo Cruz) t o r -
n o u , a s s i m , p a t e n t e a c o n t r i b u i ç ã o de seu país a o d e s e n v o l v i m e n t o dos
n o v o s c o n h e c i m e n t o s em medicina tropical n o início do século X X . Esse
desenvolvimento, contudo, n ã o teve c o m o desdobramento u m a interven-
ç ã o eficaz e m m a t é r i a de saúde p ú b l i c a . Os m e m b r o s do I n s t i t u t o de
M a n g u i n h o s (rebatizado por decreto presidencial em 1 9 0 8 c o m o "Institu-
to Oswaldo Cruz") e r a m antes de tudo pesquisadores, e a instituição dedi-
c o u - s e às investigações fundamentais. A separação dos estudos de finali-
dade m a i s prática n u n c a foi, é verdade, completa: pesquisadores do Insti-
t u t o Oswaldo Cruz o r g a n i z a r a m expedições sanitárias ao interior do país,
p u b l i c a r a m artigos sobre a luta c o n t r a doenças transmissíveis, dois deles
(Oswaldo Cruz e Carlos Chagas) até m e s m o o c u p a r a m o c a r g o de diretor
do Departamento Nacional de Saúde Pública (cargo mais honorífico do que
propriamente dotado de poder de fato, dada a ausência de recursos finan-
ceiros do d e p a r t a m e n t o ) . Entretanto, o r e n o m e internacional do Instituto
Oswaldo Cruz e o alto nível profissional das pesquisas lá realizadas tive-
r a m poucos efeitos na solução das questões de saúde pública n o Brasil. A
febre amarela c o n t i n u o u sendo u m problema maior.
Nos a n o s 1 9 1 0 , a febre a m a r e l a c o n t i n u a v a , de fato, presente no
Brasil, especialmente nas cidades portuárias do norte do país. Os poderes
sanitários brasileiros reagiam c o m ações isoladas às irrupções pontuais da
doença, n o t a d a m e n t e c o m pulverizações locais de inseticida. Seu modelo
de ação contra a febre amarela era a c a m p a n h a de Oswaldo Cruz no Rio de
J a n e i r o . Ocasionalmente, esse modelo p r o v o u sua eficácia; pesquisadores
de Harvard que visitaram a Amazônia em 1 9 1 6 c o n s t a t a r a m que a c a m -
panha contra os m o s q u i t o s Aedes aegypti em Belém (Pará) realizada sob a
direção de Cruz em 1 9 1 0 - 1 1 havia efetivamente eliminado a febre a m a r e -
125
la da c i d a d e . M a s ele não era de modo a l g u m aplicável ao c o n j u n t o de
u m país subdesenvolvido, dotado de u m orçamento para a saúde e x t r e m a -
mente reduzido e cujo território era, em sua maioria, praticamente despro-
vido de estruturas estatais. Além disso, a drástica redução do n ú m e r o de
mosquitos Aedes aegypti em u m a cidade revelou-se u m meio eficaz de ces-
sar u m a epidemia de febre a m a r e l a , m a s n ã o de e l i m i n a r a a m e a ç a de
f u t u r a s epidemias.
Em 1 9 1 3 , r u m o r e s persistentes deram notícia da presença da febre
a m a r e l a n o Rio de J a n e i r o . O c ô n s u l b r i t â n i c o n e s s a cidade, E r n e s t
H a m b l o c h , r e l a t o u e m m a r ç o q u e u m n a v i o a v a p o r p r o v e n i e n t e de
Pernambuco havia chegado ao porto do Rio c o m vários doentes a bordo. O
que, em si, não constituía razão para alarme, escrevia ele, m a s c o n s t a t a -
ra-se recentemente u m preocupante a u m e n t o do n ú m e r o de mosquitos na
cidade, atribuído ao fato de que os m e m b r o s da "brigada dos m o s q u i t o s "
126
estavam há meses sem receber seus s a l á r i o s . Em j u l h o , Hambloch anexa
à sua carta u m recorte do j o r n a l Correio da Manhã de 11 de j u l h o de 1 9 1 3 ,
no qual se afirma que dois casos de febre amarela haviam sido e n c o n t r a -
dos em Engenho Novo, perto do Rio de Janeiro, e se c h a m a a atenção para
a insuficiência dos salários pagos aos empregados da brigada antimosquito,
"esses humildes funcionários que no c o m e ç o foram odiados pelo público,
m a s que, quando os habitantes se c o n v e n c e r a m de sua utilidade, a c a b a -
r a m por ser aceitos". H a m b l o c h acrescentou que, ainda que alguns afir-
m a s s e m que u m serviço a n t i m o s q u i t o não era mais necessário no Rio de
Janeiro, ele era de opinião contrária: enquanto não se houvesse eliminado
a fonte de c o n t a m i n a ç ã o (e segundo H a m b l o c h , "a febre a m a r e l a estará
latente no Brasil enquanto houver negros no país"), não se poderia relaxar
127
a vigilância. Com efeito, nos anos 1 9 0 0 - 1 9 2 0 , o problema da febre a m a -
rela no Brasil foi n o v a m e n t e associado ao problema racial, em particular
através do p r o b l e m a da i n t e g r a ç ã o do interior do país, cujos habitantes
eram, em grande parte, negros, índios o u mestiços.
O Interior do Brasil, a Questão Racial e a Febre Amarela
As c a m p a n h a s c o n t r a a febre a m a r e l a estiveram inicialmente l i g a -
das ao problema do comércio e da imigração, atingindo as grandes cidades
p o r t u á r i a s , Recife, B a h i a e, a n t e s de t u d o , a c a p i t a l , Rio de J a n e i r o . A
cidade do Rio n ã o conhece a febre amarela antes da metade do século X I X .
E m 1 8 4 9 - 5 0 , u m a epidemia n a cidade teria feito, o f i c i a l m e n t e , 4 . 0 0 0
vítimas (o balanço real foi, provavelmente, m u i t o mais dramático). A epi-
demia foi atribuída pelos médicos locais ao comércio de escravos. O vene-
n o da febre a m a r e l a , s u s t e n t a v a m eles, r e s u l t a v a da a c u m u l a ç ã o dos
m i a s m a s devidos às condições m a l s ã s que r e i n a v a m a b o r d o dos n a v i o s
128
que traziam os e s c r a v o s . O cataclismo n ã o se repetiu por 2 0 anos, ainda
que pequenas irrupções da doença t e n h a m ocasionalmente sido registradas
n o Rio. C o n t u d o , m e s m o após a epidemia de 1 8 4 9 - 5 0 , a febre a m a r e l a
n ã o foi considerada u m problema m a i o r de saúde pública. A doença p o u -
p a v a as elites locais, nascidas n o país, e o s escravos " a c l i m a t a d o s " . Por
v o l t a de 1 8 5 0 , u m a patologia que atingia seletivamente os r e c é m - c h e g a -
dos ao país era tratada c o m o u m m a l m e n o r (para alguns, c o m o o meio de
livrar o país dos estrangeiros indesejáveis).
A s i t u a ç ã o era c o m p l e t a m e n t e o u t r a d u r a n t e a s e g u n d a epidemia
m a i o r de febre a m a r e l a n o Rio de J a n e i r o , em 1 8 7 0 . C o m o comércio de
escravos declarado ilegal, e c o m o os proprietários das plantações antecipa-
r a m a abolição do e s c r a v i s m o (que foi finalmente abolido em 1 8 8 8 , u m
a n o antes da proclamação da República), o trabalho passava a se basear na
chegada r e g u l a r de m ã o - d e - o b r a i m i g r a n t e . A i m i g r a ç ã o era i g u a l m e n t e
i m p o r t a n t e para o desenvolvimento da agricultura nas novas regiões (em
particular no Sul e n o Centro) e para o lançamento de u m a indústria nacio-
nal. U m a doença que atingia seletivamente os imigrantes era vista, além
disso, c o m o u m grande obstáculo ao p r o g r a m a , avançado por alguns polí-
ticos brasileiros adeptos das teorias raciais, de " e m b r a n q u e c e r " o Brasil
129
por meio do estímulo à imigração européia. O senador Rui Barbosa, u m a
das figuras centrais da política brasileira do início do século X X , apresen-
t o u u m a v e r s ã o e x t r e m a desse p o n t o de v i s t a em seu elogio p ó s t u m o a
Oswaldo Cruz:
Raras são as pessoas que sabem o que é o Brasil. Seu país é o Piauí, o
Ceará é u m a outra região. Para esses marginais, o governo é u m h o -
mem que dita às pessoas o que elas devem fazer, e sabe-se da existência
de u m país porque há uma pessoa que vem lhes tomar dinheiro sob a
forma de impostos. Quando lhes perguntamos se todas aquelas terras
(Piauí, Ceará, Pernambuco etc.) não estão ligadas, se não constituem
u m a nação, disseram que não compreendem o que isto quer dizer. Para
eles, nós somos 'gringos', grandes senhores, estrangeiros notáveis. A
155
única bandeira que conhecem é a do Espírito S a n t o .
A despeito das críticas externadas por seus pares que visitaram o país
entre 1 9 1 6 e 1 9 2 0 , os especialistas da Fundação Rockefeller c o n t i n u a m
convencidos de que o progresso da saúde pública pode trazer u m a resposta
adequada aos graves problemas da sociedade brasileira e desempenhar um
papel decisivo na transformação do Brasil em u m país civilizado. Sua fé no
futuro do Brasil baseia-se nos fatos de se tratar de u m país que dispõe de
riquezas naturais consideráveis, em plena expansão industrial, de que ele
absorve u m a importante imigração européia e japonesa, e de que as elites
locais foram sensibilizadas para os problemas de saúde pública e são capa-
37
zes de se encarregar da educação e do saneamento do interior do país.
Apesar de ter sido definida c o m o o principal objeto da investigação
da Fundação Rockefeller no Brasil, a febre amarela foi relegada a segundo
plano, e isso por duas razões: a ausência de irrupção grave da doença e o
fato de a luta c o n t r a esta doença ter ficado sob a j u r i s d i ç ã o do Departa-
m e n t o Nacional de Saúde Pública. Além disso, Rose a c h o u que o controle
da a n c i l o s t o m í a s e c o r r e s p o n d i a m e l h o r aos o b j e t i v o s q u e a F u n d a ç ã o
Rockefeller havia definido para si, visto que ele implicava u m a mudança
dos hábitos cotidianos dos indivíduos e m e s m o das comunidades inteiras,
1 8
o q u e n ã o o c o r r i a c o m a febre a m a r e l a o u a m a l á r i a . A Fundação
Rockefeller a t a c o u , portanto, a ancilostomíase e procurou, paralelamente,
o r g a n i z a r u m ensino em matéria de saúde pública. Este ú l t i m o objetivo
estava afinado c o m a política do International Health Board, baseada na
educação para a saúde, seja pelo exemplo direto da erradicação b e m - s u c e -
dida de u m a doença - donde a i m p o r t â n c i a da escolha das "doenças de-
monstrativas" - , seja pelo desenvolvimento do ensino da saúde pública. A
Fundação Rockefeller estimulou, portanto, a criação de centros de ensino
de higiene e de saúde pública, inspirados no modelo da Escola de Saúde
Pública da Universidade J o h n s Hopkins de B a l t i m o r e . A p r o m o ç ã o desse
ensino não se restringia, de modo a l g u m , aos países do Sul: a Fundação
Rockefeller apoiou iniciativas do tipo nos Estados Unidos e na Europa Oci-
dental (a L o n d o n S c h o o l o f Hygiene and Tropical Medicine foi fundada
19
graças, em grande parte, ao financiamento da Fundação Rockefeller). Fora
do Ocidente, o objetivo prioritário n ã o era desenvolver a pesquisa nessa
área, m a s antes transferir o saber e as habilidades específicas n o r t e - a m e -
ricanos (em particular, os m é t o d o s e as técnicas elaborados n a Escola de
S a ú d e Pública e de Higiene da Universidade J o h n s H o p k i n s ) p a r a esses
países, a fim de elaborar soluções eficazes para seus problemas. A Funda-
ção Rockefeller financiou, paralelamente, o envio de bolsistas l a t i n o - a m e -
ricanos à Universidade J o h n s Hopkins, a fim de convertê-los à "ciência da
saúde pública" n o r t e - a m e r i c a n a e t r a n s f o r m á - l o s e m representantes deste
saber e m seu país de o r i g e m . O Brasil, p a r t i c u l a r m e n t e , beneficiou-se de
40
u m elevado n ú m e r o dessas b o l s a s . Os dois objetivos - educação para a
saúde e luta contra a ancilostomíase - estiveram estreitamente ligados. As
c a m p a n h a s de eliminação dessa doença n ã o t r o u x e r a m n o v a s c o n t r i b u i -
ções à ciência, m a s p e r m i t i r a m a difusão eficaz da propaganda sanitária
41
nas z o n a s r u r a i s .
E n t r e 1 9 1 8 e 1 9 2 3 , o t r a b a l h o da F u n d a ç ã o Rockefeller n o Brasil
(dirigido por Lewis Hackett) concentrou-se, portanto, na c a m p a n h a contra
a ancilostomíase, doença vista a c i m a de tudo c o m o u m problema e c o n ô -
m i c o . A infestação p o r v e r m e s , que m i n a v a a capacidade de t r a b a l h o da
m ã o - d e - o b r a das plantações, atingia a principal fonte dos rendimentos do
país (a e c o n o m i a brasileira repousou sucessivamente n o desenvolvimento
42
da produção de açúcar, de b o r r a c h a e de c a f é ) . O objetivo da c a m p a n h a
estava descrito em 1 9 2 2 e m u m artigo do j o r n a l de língua inglesa Brazilian
American, intitulado "Vender a saúde pública n o Brasil":
O m o v i m e n t o s a n i t a r i s t a dos a n o s 1 9 1 6 - 1 9 2 0 l e v o u à c r i a ç ã o do
Serviço de Profilaxia Rural ( 1 9 1 9 ) , e depois, e m 1 9 2 0 , do D e p a r t a m e n t o
Nacional de Saúde Pública (DNSP). Ele t a m b é m engendrou a f o r m a ç ã o de
u m g r u p o profissional, os médicos s a n i t a r i s t a s , q u e a t u a r a m n o s a n o s
1 9 2 0 n o DNSP, n o Serviço de Profilaxia Rural e no ensino da saúde pública
nas faculdades de medicina. O o r ç a m e n t o reservado para a saúde n o Brasil
foi c o n s i d e r a v e l m e n t e a u m e n t a d o c o m a fundação do DNSP: convertido
e m dólares, passou de 1 7 . 0 0 0 dólares e m 1 9 1 7 a 2 milhões e m 1 9 2 2 . Este
m o n t a n t e , apesar de ínfimo e m relação às necessidades do país, abre n o -
50
vas possibilidades profissionais para os médicos interessados n a h i g i e n e .
O d i n a m i s m o dos m é d i c o s s a n i t a r i s t a s b r a s i l e i r o s s u s c i t o u r e s i s t ê n c i a s
e m seu m e i o p r o f i s s i o n a l . O p r i m e i r o C o n g r e s s o N a c i o n a l dos Práticos
brasileiros, realizado n o Rio de J a n e i r o em 1 9 2 2 , expõe as tensões entre os
médicos fiéis ao ideal de u m a medicina voltada para os cuidados individuais
e u m a fração importante (ainda que minoritária) de médicos que percebem
seu dever c o m o , a c i m a de tudo, a p r o m o ç ã o da saúde pública. Os médicos
sanitaristas u t i l i z a r a m o c o n g r e s s o c o m o t r i b u n a para a difusão de suas
51
idéias. S u a intervenção sublinhou a i m p o r t â n c i a das medidas sanitárias,
inclusive coercitivas, n o c o m b a t e à miséria, e da educação para a saúde. O
Dr. Carlos S á a f i r m o u que "a questão social é, em grande medida, a ques-
tão da pobreza, e a pobreza é, e m grande medida, a doença. O médico, ao
t r a t a r a d o e n ç a , d i m i n u i a p o b r e z a e m e l h o r a as c o n d i ç õ e s de vida da
sociedade". Miguel Osório de Almeida explicou que
A c a m p a n h a da F u n d a ç ã o Rockefeller no B r a s i l c o m e ç o u sob os
a u s p í c i o s da descoberta de N o g u c h i , c o m a esperança de que seu teste
imunológico ( u m teste de fixação de complemento, que revela de maneira
indireta a presença de anticorpos específicos c o n t r a o agente da doença)
permitisse fazer u m diagnóstico rápido dos casos suspeitos, e de que seu
110
soro proporcionaria c u r a s . O próprio Noguchi visitou o Brasil em 1 9 2 3 .
Em u m a expedição ao interior do estado da Bahia (durante a qual t r a b a -
lhou à exaustão), ele afirmou ter isolado duas cepas brasileiras de Leptospira
icteroides. Cobaias inoculadas c o m essas cepas desenvolveram u m a doença
típica. Ele teria, além disso, revelado a presença de anticorpos em pessoas
que sobreviveram a u m ataque de febre amarela, e organizado sessões de
111
soroterapia e de v a c i n a ç ã o . Noguchi sustentou que suas pesquisas havi-
a m estabelecido a identidade entre a febre amarela brasileira e aquela re-
112
gistrada em o u t r o s países da América L a t i n a . De passagem pelo Rio de
Janeiro, Noguchi faz u m a demonstração de seus métodos de trabalho ao
pessoal da Faculdade de Medicina, a qual foi apresentada c o m o u m "suces-
113
so fulgurante".
As pesquisas de Noguchi, adotadas sem reservas pelos especialistas
da Fundação Rockefeller, foram contestadas por outros especialistas, espe-
c i a l m e n t e por médicos l a t i n o - a m e r i c a n o s , que se r e c u s a r a m a acreditar
que u m a doença induzida por u m a bactéria pudesse ser transmitida por
114
u m a picada de m o s q u i t o . Mais tarde, alguns especialistas n o r t e - a m e r i -
canos se reuniram aos céticos. Em 1 9 2 6 , M a x Theiler e Andrew Sellards,
da Escola de Medicina Tropical da Universidade de Harvard, afirmaram
que a Leptospira icteroides e o agente da doença de Weil eram microrganis-
m o s idênticos. A observação dava a entender o u que as duas doenças eram
idênticas, ou que a leptospira descrita por Noguchi não tinha relação c o m
a febre a m a r e l a (ainda que o u t r o s autores não o t e n h a m dito explicita-
mente, a segunda c o n c l u s ã o era, de longe, a mais plausível, pois as for-
m a s típicas das duas doenças tinham sido diferenciadas havia m u i t o t e m -
1 1 5
po). U m a n o depois, Sellards e G a y m o s t r a r a m que n e m a Leptospira
icterohaemorrhagiae n e m a Leptospira icteroides (ou antes, segundo eles, a
m e s m a bactéria c o m duas denominações diferentes) podem sobreviver o u
ser transmitidas pelo m o s q u i t o Aedes aegypti, demonstração que desqualifica
radicalmente a proposição segundo a qual a Leptospira icteroides seria o
116
agente etiológico da febre a m a r e l a . Apesar das críticas feitas à teoria de
N o g u c h i , esta c o n t i n u o u a prevalecer para os especialistas da F u n d a ç ã o
Rockefeller n o Brasil, pelo m e n o s até 1 9 2 7 . Em 1 9 2 7 , M i c h a e l Connor,
que dirigia o escritório brasileiro da Fundação Rockefeller, perguntando-se
sobre o tempo de conservação do soro antiamarílico de Noguchi, pediu o
envio de u m novo estoque e encomendou a execução de testes sorológicos
117
para detectar a presença do Leptospira icteroides. Os trabalhos de Noguchi
f o r a m definitivamente descartados em 1 9 2 8 , a n o do desenvolvimento de
u m modelo animal da febre amarela. No m e s m o ano, Noguchi morre em
conseqüência dessa doença na África procurando defender seus trabalhos
118
(Stokes, que defendeu a hipótese viral, também morreu de febre a m a r e l a ) .
O episódio Leptospira icteroides, m e s m o que intelectualmente e m b a -
raçoso, não m u d o u muita coisa na condução prática da c a m p a n h a contra
a febre amarela no Brasil. A importância dos testes sorológicos foi m u i t o
relativa, e o soro preventivo de Noguchi não foi utilizado em grande esca-
la. A c a m p a n h a da Fundação Rockefeller a s s e n t o u - s e e x c l u s i v a m e n t e na
eliminação das larvas de Aedes aegypti nas cidades consideradas c o m o "fo-
cos-chave" de febre amarela. Por volta de 1 9 2 7 , a c a m p a n h a deu sinais de
êxito, validando, a s s i m - a p a r e n t e m e n t e - as técnicas de eliminação das
larvas utilizadas pelos especialistas da Fundação Rockefeller, seus m é t o -
dos administrativos e a "teoria dos focos-chave" que serviu c o m o quadro
teórico da c a m p a n h a . E n t r e t a n t o , a l g u n s médicos brasileiros, c o m o S e -
bastião B a r r o s o , ex-diretor do Serviço de Saúde Pública da Bahia, c o n t i -
n u o u a c o n t e s t a r o saber dos especialistas n o r t e - a m e r i c a n o s . Barroso re-
c u s o u as a f i r m a t i v a s s e g u n d o as q u a i s a febre a m a r e l a j á h a v i a sido
erradicada o u estava a ponto de ser erradicada no Brasil, e sustentou que a
119
doença estava intensamente presente no interior do p a í s . Em u m artigo
publicado em agosto de 1 9 2 6 , ele assinalava o surgimento de vários casos
de febre amarela no norte do Brasil, fato que podia, segundo ele, invalidar
as promessas dos especialistas da Fundação Rockefeller de erradicá-la m u i t o
120
rapidamente. Os especialistas n o r t e - a m e r i c a n o s foram cobertos de elo-
gios, apesar de terem falhado no c u m p r i m e n t o de sua promessa, ao passo
que seus detratores são ridicularizados e c h a m a d o s de imbecis - aí está,
explica Barroso, "um verdadeiro prodígio de habilidade, de savoir-faire e de
eficiência". Barroso t a m b é m exortou o governo a pensar bem antes de dar
a poderosos estrangeiros permissão para "intervir diretamente nos aspec-
tos mais íntimos da vida nacional: o poder de dar ordens, de ameaçar, de
introduzir m u d a n ç a s , de definir n o r m a s de vida doméstica, de penetrar
121
nos espaços mais secretos dos lares".
Estou muito feliz em saber que as medidas sanitárias que vocês tomaram
foram coroadas de sucesso. Aliás, nunca duvidei disso". Em uma carta a
um jornal argentino, de dezembro de 1928, Fraga certifica que o turismo
145
no Rio não apresenta nenhum perigo. Em seguida ele começa a redação
de uma monografia sobre seu método de eliminação da febre amarela. Os
especialistas da Fundação Rockefeller foram mais céticos. De todo modo, o
número de doentes de febre amarela diminui em setembro e em outubro.
Eles afirmaram que "a diminuição do número de casos [havia] ocorrido
146
antes que as medidas de controle pudessem ter se efetivado".
Felicito-o pelo sucesso que a cada dia se afirma mais. A febre amarela
desapareceu com u m a rapidez até aqui desconhecida. Oswaldo Cruz
precisou de quatro anos para sanear uma cidade menor; o Sr. saneou
em aproximadamente quatro meses uma cidade duas vezes maior. É
maravilhoso, tanto mais porque chegamos ao verão e a saúde da po-
pulação não está ameaçada. [...] O Sr. se mostrou um organizador de
primeira ordem e u m realizador dos mais ativos. Apresento-lhe meus
157
mais admirativos cumprimentos.
Os especialistas da F u n d a ç ã o Rockefeller c o n s e g u i r a m m a n t e r a o
longo dos a n o s 1 9 3 0 excelentes relações c o m o governo brasileiro. O de-
c r e t o de 2 3 de m a i o de 1 9 3 2 (n° 2 1 . 4 3 4 ) , que l a n ç a as bases legais do
190
serviço cooperativo da febre amarela, foi redigido por e l e s . A confiança
do g o v e r n o Vargas n a capacidade gestora da Fundação Rockefeller foi r e -
forçada pela c o n s t a t a ç ã o de que os custos de funcionamento do Serviço da
Febre A m a r e l a e r a m m e n o s elevados sob g e s t ã o n o r t e - a m e r i c a n a do que
191
sob a gestão do DNSP, e isso prestando serviços mais a b r a n g e n t e s . Toda-
via, as relações entre os pesquisadores norte-americanos e os representan-
tes do g o v e r n o brasileiro f o r a m , p o r vezes, t e m p e s t u o s a s , especialmente
n a s tensões políticas o c o r r i d a s e m 1 9 3 2 (ano da revolta, e m S ã o Paulo,
c o n t r a o regime de Vargas) e ao longo dos anos 1 9 3 6 - 1 9 3 7 , c o m o endu-
recimento do regime de Vargas e o estabelecimento, e m n o v e m b r o de 1 9 3 7 ,
do autoritário Estado Novo, p o n t o c u l m i n a n t e de u m a crise política pro¬
longada. D u r a n t e esses períodos de tensão, a l g u n s nacionalistas brasilei-
r o s q u e s t i o n a r a m a i n t e r v e n ç ã o dos especialistas n o r t e - a m e r i c a n o s n o s
192
p r o b l e m a s de saúde pública do Brasil, que j u l g a v a m e x c e s s i v a . Não se
tratava, n o entanto, de episódios passageiros. O apoio irrestrito do regime
de Vargas p e r m i t i u à Fundação Rockefeller intervir de m a n e i r a c o n t í n u a
e m condições e x t r e m a m e n t e favoráveis. Os desenvolvimentos a p r e s e n t a -
dos c o m o a s experiências m a i s i m p o r t a n t e s da Fundação Rockefeller n o
Brasil na área da saúde pública, a saber, a eliminação do Aedes aegypti e m
grande parte do território brasileiro, a eliminação do Anopheles gambiae (o
vetor da malária recentemente trazido da Africa) no Norte, a produção e a
distribuição maciça de u m a vacina contra a febre amarela n ã o teriam sido
possíveis s e m o firme apoio do governo brasileiro. A constatação de Soper
segundo a qual "o Dr. Getúlio Vargas é o pai e a mãe do novo Serviço da Febre
193
Amarela" n ã o era de modo algum exagerada.
Soper s u b l i n h o u , c o m o o u t r o s responsáveis n o r t e - a m e r i c a n o s pelo
S e r v i ç o da Febre A m a r e l a o fizeram e m seus escritos, a i m p o r t â n c i a da
194
g e s t ã o e das inovações a d m i n i s t r a t i v a s . Em 1 9 3 5 , Soper a f i r m a v a que
9 5 % de seu t e m p o h a v i a m sido dedicados, até m u i t o recentemente, a tare-
fas a d m i n i s t r a t i v a s ; a m a i o r c o n t r i b u i ç ã o que a fundação pudera dar na
área da saúde pública havia sido, precisamente, de n a t u r e z a administrati-
1 9 5 a
va. Apresentando-se à 9 Conferência Sanitária Pan-Americana (Buenos
Aires, n o v e m b r o de 1 9 3 4 ) , Soper menciona, é verdade, a descrição da febre
a m a r e l a silvestre e o papel dos exames laboratoriais, m a s s u a intervenção
é c e n t r a d a p r i n c i p a l m e n t e n a i m p o r t â n c i a da e l i m i n a ç ã o dos m o s q u i t o s
Aedes aegypti, ú n i c o m e i o de p r e v e n ç ã o das epidemias de febre a m a r e l a .
Segundo ele, a descoberta da febre amarela silvestre e, portanto, da impossí-
vel erradicação continental da febre amarela, n ã o deveria fazer s o m b r a ao
caráter primordial das medidas anti-Aedes aegypti. A luta c o n t r a esse inseto
deveria a s s u m i r dimensão continental e repousar n a extensão dos p r o g r a -
m a s antilarvários a todos os lugares infectados e na c o n t i n u a ç ã o da vigi-
lância sanitária, por m e i o de enquetes epidemiológicas, de análises p a t o l ó -
196
gicas de rotina e de medidas de controle nos portos e nas grandes cidades.
Por v o l t a de 1 9 3 4 , a l u t a c o n t r a o Aedes aegypti g a n h a u m a n o v a
d i m e n s ã o : até e n t ã o , h a v i a se t r a t a d o a p e n a s de r e s t r i n g i r a densidade
deste m o s q u i t o abaixo do limite que permitia a t r a n s m i s s ã o da febre a m a -
rela. Doravante, o que se persegue é a erradicação total desses m o s q u i t o s .
Em 1 9 3 3 , o índice zero foi observado pela primeira vez (ou seja, os especialis¬
tas da Fundação Rockefeller n ã o e n c o n t r a r a m o m e n o r foco larvário nas
regiões v i s i t a d a s ) . Essa o b s e r v a ç ã o pôde ser feita, c o m o S o p e r e x p l i c o u
m a i s tarde, g r a ç a s à exatidão da contabilidade m a n t i d a pelos inspetores
197
do Serviço da Febre A m a r e l a . U m a vez confirmados esses dados, Soper
menciona, primeiro timidamente, e depois c o m mais segurança, a possibi-
lidade de eliminar c o m p l e t a m e n t e os m o s q u i t o s Aedes aegypti. A i n t e n ç ã o
de erradicar o Aedes aegypti s u p l a n t o u a o u t r a , irrealizável, de eliminar o
vírus da febre amarela. As políticas de saúde pública baseadas n a erradicação
do Aedes aegypti a p r e s e n t a v a m , a o s o l h o s de Soper, u m c e r t o n ú m e r o de
v a n t a g e n s : u m a v e z atingido o índice zero, a m a n u t e n ç ã o de u m a z o n a
"limpa" é m u i t o p o u c o dispendiosa, e o fim das inspeções regulares das
198
casas limita as oportunidades de atrito c o m as populações l o c a i s .
E m j a n e i r o de 1 9 4 0 , a Fundação Rockefeller a b a n d o n a oficialmente
sua participação n o Serviço Nacional da Febre Amarela. Os pesquisadores
n o r t e - a m e r i c a n o s c o n t i n u a r a m , e n t r e t a n t o , envolvidos n a p r o d u ç ã o da
v a c i n a a n t i a m a r í l i c a e n a s pesquisas sobre a etiologia da febre a m a r e l a
silvestre. Tais pesquisas c o n t i n u a r a m n o centro da atividade dos pesquisa-
dores q u e t r a b a l h a r a m n o Brasil a t é a d i s s o l u ç ã o da IHD e m 1 9 5 1 . O
a c o m p a n h a m e n t o da eliminação dos Aedes aegypti, a coordenação da v i g i -
lância sanitária através da rede de postos de viscerotomia e a organização
das c a m p a n h a s de v a c i n a ç ã o f o r a m deixadas aos poderes públicos b r a s i -
leiros, a partir de então os únicos responsáveis pelo n o v o Serviço da Febre
199
Amarela. Os métodos de trabalho que h a v i a m sido desenvolvidos pelos
especialistas da Fundação Rockefeller f o r a m , n u m primeiro m o m e n t o , o b -
200
servados estritamente, e depois de m a n e i r a m a i s r e l a x a d a . Os esforços
do Serviço da Febre A m a r e l a brasileiro v o l t a r a m - s e majoritariamente para
a erradicação dos Aedes aegypti; f o r a m coroados de sucesso, c o m o ú l t i m o
foco registrado tendo desaparecido do território brasileiro e m 1 9 5 5 . Essa
erradicação foi oficialmente c o n f i r m a d a pela O r g a n i z a ç ã o Pan-Americana
da Saúde (Opas, filiada à O M S ) e m 1 9 5 8 . Foi, infelizmente, temporária.
Q u a l seria o b a l a n ç o da i n t e r v e n ç ã o da F u n d a ç ã o Rockefeller n o s
esforços de c o n t r o l e da febre a m a r e l a n o Brasil? A m a i o r i a dos r e l a t o s
oficiais da f u n d a ç ã o a p r e s e n t o u essa i n t e r v e n ç ã o c o m o e m b l e m á t i c a do
201
sucesso do método empregado pela I H D . Alguns especialistas da Funda-
ção Rockefeller e x p r i m i r a m , e m particular, opinião claramente m a i s c r í t i -
c a : eles a c h a v a m , c o m efeito, que a o p ç ã o de investir m a c i ç a m e n t e n a
eliminação da febre amarela (ou, para sermos mais precisos, n a prevenção
das epidemias da febre a m a r e l a u r b a n a e n a l i m i t a ç ã o das epidemias de
febre amarela silvestre) n ã o se i m p u n h a necessariamente em u m país c o m
t a n t a s o u t r a s necessidades m a i s u r g e n t e s e m m a t é r i a de saúde pública.
De fato, se observarmos a repartição dos recursos alocados pela IHD para
a América Latina, a grande desproporção entre as s o m a s dirigidas ao B r a -
sil e as destinadas a o u t r o s países, assim c o m o os esforços de controle da
febre a m a r e l a e e m t o r n o de o u t r o s o b j e t i v o s , é p a t e n t e . E n t r e 1 9 1 3 e
1 9 3 9 , a IHD g a s t o u t a n t o dinheiro n o Brasil q u a n t o nos demais países da
A m é r i c a Central e do Sul j u n t o s . Por o u t r o lado, m a i s de dois terços do
o r ç a m e n t o da Fundação Rockefeller n o Brasil f o r a m destinados à luta c o n -
202
tra a febre a m a r e l a .
A n d r e w J . W a r r e n , especialista da Fundação Rockefeller q u e t r a b a -
l h o u n o Brasil nos anos 1 9 3 0 , explicou m a i s tarde que
1
A história da Fundação Rockefeller é relatada em duas obras em inglês: FOSDICK, R.
B. The Story of the Rockefeller Foundation, New Brunswick, NJ: Transaction Publishers,
1 9 8 9 ( 1 9 5 2 ) e SHAPLEN, R. Towards the Well Being of the Mankind: fifty years of the
Rockefeller Foundation. New York: Doubleday and Company, 1 9 6 4 . É também relatada
em um livro em francês de Jean-François Pickard, La Fondation Rockefeller et la Recherche
Médicale. Paris: PUF, 1 9 9 9 .
2
FOSDICK, R. B. The Story of the Rockefeller Foundation, op. cit., p. 15.
3
Idem, p.13. Os filantropos da Fundação Rockefeller decidiram eliminar todas as taras
nocivas ao desenvolvimento do modelo de empresa norte-americano.
4
ETLING, J . The Germ of Laziness: Rockefeller philantropy and public health in the New
South. Cambridge, Mass.: Harvard University Press, 1 9 8 1 .
5
Texto de J o h n Ferrei, responsável pela campanha contra a ancilostomíase em Caroli-
na do Norte, de 1 9 1 2 , citado por J o h n Etling, The Germ of Laziness, op. cit.
6
Programa da festa da comunidade em Leila, Geórgia, 1 9 1 4 , reproduzido em J o h n
Etling, The Germ of Laziness, op. cit., p.217.
7
Limpando, limpando, até cair de cansaço/ Lavando, raspando, esfregando, pintando/
Veja, estamos limpando, sabe o que isto significa?/Uma oportunidade! Um modelo de
comunidade! Citado por J . Ettling, The Germ of Laziness, op. cit., p . 2 1 .
8
Resolução da Fondation International Health C o m i s s i o n , 1 9 1 4 , Archives de la
Fondation Rockefeller (RFA), Tarrytown, NY.
9
A política da Fundação Rockefeller na América Latina foi analisada por Marcos Cueto
em Visions of science and development: the Rockefeller Fondation Latin-American
surveys o f the 1 9 2 0 ' s , em CUETO, M. Missionaries of Science: the Rockefeller Fondation
and Latin America. Bloomington: Indiana University Press, 1 9 4 4 , p. 1-22.
10
CUETO, M. Introduction. In: CUETO, M. (Ed.) Missionaries of Science, op. cit., p.ix-xx.
II
GORGAS, W. Sanitation of the tropics with specific reference to malaria and yellow
fever. The Journal of American Medical Association, 5 2 ( 1 4 ) : 1 . 0 7 5 - 1 . 0 7 7 , 1 9 0 9 .
12
WICKLIFFE, Ross, Memorando n° 7 8 4 , datado de 14 de outubro de 1 9 1 4 (mas, segun-
do Sawyer, escrito em agosto do m e s m o ano), citado por Wilbour A. Sawyer, A
history of the activity of the Rockefeller fondation in the investigation and control of
yellow fever. The American Journal of Tropical Medicine, 1 7 : 3 5 - 5 0 , 1 9 3 7 .
13
ROSS, W. Memorando n° 7 4 8 , op. cit.
14
W. Ross menciona em seu memorando a eventualidade de que a febre amarela infecte
crianças, mas estando convencido de que apenas as grandes cidades abrigam "focos-
chave", ele provavelmente considerou tal possibilidade como uma ocorrência de ca-
ráter excepcional.
15
Carta de Hugh Clifford, governador da Cote d'Or, ao secretário de Estado, datada de
4 de agosto de 1 9 1 3 . Wellcome Archives, dossiê Ronald Ross, G C / 5 9 / A 1 , documentos
da subcomissão da febre amarela. A importância dada aos casos pouco virulentos
pode explicar a preocupação dos pesquisadores ingleses com o diagnóstico diferencial
da febre amarela, particularmente difícil nos casos "atípicos".
16
CARTER, Η. A. The mecanism o f the spontaneus elimination of yellow fever from
endemic centers. American Journal of Tropical Medicine, 1 3 : 2 9 9 - 3 1 1 , 1 9 2 0 , à página 3 0 1 .
17
CONNOR, Μ. Ε. & MONROE, W. Μ. Stegomyia indices and their value in yellow fever
control. American Journal of Tropical Medicine, 3 : 9 - 1 1 , 1 9 2 3 , à página 9.
18
Aristides Agramonte afirmou, por exemplo, em 1 9 2 4 , que só a endemicidade da febre
amarela pode explicar sua súbita aparição em lugares aparentemente isentos desta
doença. Cf. AGRAMONTE, A. S o m e observations upon yellow fever prophylaxis.
Journal of Tropical Medicine and Hygiene, 2 7 : 2 8 5 - 2 8 7 , 1 9 2 4 .
19
CARTER, H. R. The mechanism o f the spontaneus elimination o f yellow fever from
endemic centers, op. cit. Poderíamos dizer, hoje, que o raciocínio de Carter e seus
colegas era u m caso típico de "erro de segunda espécie", ou seja, u m raciocínio correto
baseado em dados incorretos; seu raciocínio epidemiológico fundou-se, efetivamente,
em u m a definição da "febre amarela" que inclui apenas os "casos típicos" da doença,
não levando em conta os muitos casos que hoje teriam sido definidos c o m o "febre
amarela". Essa inclusão seletiva permitiu afirmar que a doença havia desaparecido
de uma dada região e avaliar os parâmetros que estavam na origem de tal "desapa-
recimento".
20
Fundação Rockefeller, Declaração das orientações políticas da Fundação. Annual Report,
1 9 2 5 (New York, 1 9 2 6 ) .
21
Entre 1 9 1 3 e 1 9 4 0 , a Fundação Rockefeller gastou aproximadamente 13 milhões de
dólares na América Latina para o conjunto de suas atividades, ou seja, a luta contra
as doenças transmissíveis, as bolsas de estudo concedidas a médicos e pesquisadores
latino-americanos, assim c o m o o desenvolvimento de escolas de saúde pública e
escolas de enfermagem. Quase metade dessa soma foi destinada à luta contra a febre
amarela. CUETO, M. Introduction, op. cit., p.xi.
22
STANLEY, W. M. Progress in the conquest of virus diseases. Science, 1 0 1 : 1 8 5 - 1 8 8 1 9 4 5 , .
23
Guiteras é o médico cubano que tentou, em 1 9 0 1 , repetir as experiências da missão
Ross em Havana.
24
SAWYER, W. A. A h i s t o r y o f the a c t i v i t y o f the Rockefeller Foundation in the
investigation and control o f yellow fever, op. cit
25
U m dos especialistas da Fundação Rockefeller, Victor Heiser, publicou nos anos 1 9 3 0
u m livro em que ele descreve seus trabalhos realizados em 4 5 países, ilustrando-os
abundantemente com histórias e detalhes de "cor local". Cf. HEISER, V. G. An American
Doctor's Odyssey: adventures in forty-five countries. New York, 1 9 3 6 . O livro tornou-se um
best-seller.
26
CUETO, Μ. Sanitation from above: yellow fever and foreign intervention in Peru,
1 9 1 0 - 1 9 2 2 . Hispanic American Historical Review, 7 2 : 1 - 2 2 , 1 9 2 2 .
2 7
Vergonha, vergonha aos que dia após dia c o m b a t e r a m / O saber que a ciência adqui-
riu a u m preço tão a l t o / Eles não mexeram u m dedo para salvar u m a vida/ Apenas
puseram lenha na fogueira do conflito/ Agora a batalha está ganha, e o gringo/ Vai
voltar ao país de onde veio. Idem, p. 16.
28
SOLOZARNO, A. The Rockefeller Foundation in Revolutionary Mexico: yellow fever
in Yucatan and Veracruz. In: CUETO, M. (Ed.) Missionaries of Science, op. cit., p . 5 2 - 7 1 .
A campanha contra a ancilostomíase no México teve resultados menores. BIRN, Α-E.
& SOLOZARNO, A. The hook of hookworm: public health and the politics o f eradication
in Mexico. In: CUNNINGHAM, A. & BRIDIE, A. Western Medicine as Conteste Knowledge.
Manchester: Manchester University Press, 1 9 9 7 , p. 1 4 7 .
29
GORGAS, W. C. et al. General report: the Yellow Fever Division o f Brazil, 1 9 1 7 , RAC,
Record Group (RG) 5, série 2 ; caixa 6 4 .
33
WILLIAMS, S. C. Nationalism and public health: the convergence o f Rockefeller
Foundation technique and Brazilian federal a u t h o r i t y during the time o f yellow
fever. In: CUETO, M. (Ed.) Missionaries of Science, op. cit., p . 2 3 - 5 1 . Dr. Theóphilo Torres,
"Histoire de la Santé Publique au Brésil", Arquivo da Casa de Oswaldo Cruz (Acoc),
Rio de Janeiro, documento RF 1 4 . 0 4 . 0 0 . Os documentos relativos ao trabalho da
Fundação Rockefeller no Brasil estão conservados no Arquivo da Casa de Oswaldo
Cruz (Acoc) e no Arquivo da Fundação Rockefeller (RFA), em Tarrytown, Nova York.
Os documentos que estão no Rio de Janeiro são, em geral, cópias, mas dada a classi-
ficação diferente dos fundos nos dois centros e a dificuldade de estabelecer paralelos
entre as duas classificações, as fontes utilizadas neste trabalho são sempre citadas
com os códigos dos arquivos em que foram consultadas.
31
Artigo publicado no jornal O Imparcial, Rio de Janeiro, 13 de janeiro de 1 9 1 6 , Acoc,
documento RF 1 6 . 1 2 . 0 8 . Um artigo do Dr. Carlos Seidl publicado no Correio da Manhã
de 2 4 de outubro de 1 9 1 6 , diz que Barbosa "está exagerando".
32
Carta do pastor H. C. Tucker, agente geral da Sociedade Bíblica Americana do Brasil,
endereçada a Wickliffe Rose, datada de 7 de agosto de 1 9 1 8 , RAC, Important Memoranda
and International Reports of IHB, Issued Between July, 1916 and December 1919, vol.3.
33
Carta de Smillie a Rose, de 19 de dezembro de 1 9 1 8 , citada no volume Important
Memoranda and International Reports of IHB, Issued Between July, 1916 and December
1919, vol. 3, RAC; carta de Darling a Rose de 2 3 de janeiro de 1 9 1 8 , RAC, Record Group
(RG), 1.1, série 3 0 5 , caixa 17, dossiê 1 5 1 - b .
34
W. Rose, memorando de 2 5 de outubro de 1 9 2 0 , RAC, RG 5, série 2, caixa 2 5 , dossiê 1 5 3 .
35
Idem. Rose, seguindo fielmente o exemplo da imigração nos Estados Unidos no século
XIX, opõe os imigrantes europeus brancos (italianos, alemães, austríacos, poloneses)
às raças "escuras", índios e negros, raças sem virilidade, gosto pelo trabalho e aptidões
para virem a ser verdadeiros pioneiros. Parece haver um problema com a classificação
dos japoneses, "embranquecidos" em sua descrição e associados às "raças viris". Henry
Carter partilha a convicção de que os povos da América Latina não têm virilidade, mas
afirma que "do que pude observar em 1 9 1 6 , os brasileiros são mais viris do que outros
latino-americanos com os quais tive oportunidade de trabalhar". Carta de Carter a
Russel, de 11 de outubro de 1 9 9 2 3 , RAC, RG5, série 1, caixa 73, dossiê 1.037.
36
Carta de J o h n B. Chevalier (da Standard Oil) a Wickliff Rose, de 13 de j u n h o de 1 9 1 6 ,
Acoc, documento RF 1 6 . 0 6 . 1 3 .
37
LABRA, Μ. Ε. O Movimento Sanitarista nos Anos 20: da conexão sanitarista internacional à
especialização em saúde pública no Brasil, 1 9 8 5 . Dissertação de Mestrado, Rio de Janeiro:
Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas; FARIA, L. R.
de. A Fase Pioneira da Reforma Sanitária no Brasil: a atuação da Fundação Rockefeller,
1915-1930, 1 9 9 4 . Dissertação de Mestrado, Rio de Janeiro: Instituto de Medicina
Social da Uerj; LIMA, Ν. T. Um Sertão Chamado Brasil: intelectuais, sertanejos e imaginação
social, 1 9 9 7 . Rio de Janeiro, Tese de Doutorado: Instituto Universitário de Pesquisas do
Rio de Janeiro; HOCHMAN, G. A Era do Saneamento: as bases da política de saúde pública
no Brasil, 1 9 9 6 . Tese de Doutorado, Rio de Janeiro: Instituto Universitário de Pesquisas
do Rio de Janeiro.
38
Notas de Hackett (para a preparação de um livro sobre a história da International
Health Division), RAC, R.G. 3 . 1 , série 9 0 8 , caixa 3, dossiê 1 9 .
39
FOSDICK, R. B. The History of the Rockefeller Foundation, op. cit.
40
CUETO M. Introduction. In: CUETO, M. Cueto (Ed.) Missionaries of Science, op. cit.,
tabela à página xi.
41
HACKETT, L. W. Once upon a time: presidential address. The American Journal of
Tropical Disease and Hygiene, 9 ( 2 ) : 1 0 5 - 1 1 5 , 1 9 6 0 ; BIRN A.-E. & SOLOZARNO, A. The
Hook of Hookworm: public health and the politcs of eradication in Mexico, op. cit.
42
Relatório sobre o trabalho da Fundação Rockefeller no Brasil em 1 9 2 2 , Acoc, docu-
mento RF 2 2 . 0 5 . 0 5 .
43
Os woobly eram m e m b r o s de u m sindicato anarquista de trabalhadores, ativo nos
Estados Unidos no fim do século XIX e início do X X . Foram acusados de preguiçosos
por causa de suas reivindicações consideradas excessivas, especialmente a semana de
trabalho de 4 0 horas.
44
NASH, R. F. Vender a saúde pública no Brasil. American Brazilian, 4 ( 5 ) , n° 1 2 3 , de 4 de
março de 1 9 2 2 , série 2 , caixa 2 3 , dossiê 1 3 7 .
45
A política de gestão dos excrementos nas Filipinas pelos especialistas da Fundação
Rockefeller foi descrita por Warwick Anderson em Excremental colonialism: public
health and the poetics of pollution. Critical Inquiry, 2 1 : 6 4 0 - 6 6 9 , 1 9 5 5 .
46
Relatório sobre o trabalho da Fundação Rockefeller no Brasil em 1 9 2 2 , Acoc, docu-
mento RF 2 2 . 0 5 . 0 5 .
4 7
Relatório sobre o trabalho da Fundação Rockefeller no Brasil em 1 9 2 3 , Acoc, docu-
mento 2 3 . 2 0 . 0 0 .
48
Relatório sobre o trabalho da Fundação Rockefeller no Brasil em 1 9 2 2 , op. cit.
49
CASTRO-SANTOS, L. A. de. A Fundação Rockefeller e o Estado nacional. Revista Bra-
sileira de Estudos da População, 6(1):105-110, 1989.
50
WILLIAM, S. C. N a t i o n a l i s m and public health: the convergence o f Rockefeller
Foundation techniques and Brazilian federal authority during the time o f yellow
fever. In: CUETO, M. (Ed.) op. cit., p . 2 3 - 5 1 .
51
Os trabalhos desse congresso foram estudados por André de Faria Pereira Neto.
Palavras, Intenções e Gestos: os interesses profissionais da elite médica, Congresso Nacional dos
Práticos, 1922, 1 9 9 7 . Rio de Janeiro: Tese de Doutorado, Instituto de Medicina Social,
Uerj.
52
Actas e Trabalhos do Primeiro Congresso Nacional dos Practicos, Rio de Janeiro, Publicações
Científicas, 1923, citado por PEREIRA NETO, A. de F. Palavras, Intenções e Gestos..., op. cit.,
p . 7 9 - 8 6 , à página 2 9 1 .
53
LUZ, Μ . Τ. A saúde pública e os congressos da sociedade brasileira de higiene In: LUZ,
Μ. T. Medicina e Ordem Política Brasileira. Rio de Janeiro: Graal, 1 9 8 2 , p . 1 7 3 - 1 8 8 .
54
CHAGAS, C. Discurso inaugural, pronunciado na primeira reunião da Sociedade
Brasileira de Higiene em 1 de janeiro de 1 9 2 3 . Archives Brasileiros de Medicina, Rio de
Janeiro, 1 9 2 3 .
55
PAULA SOUZA, G. O estado de São Paulo e alguns de seus serviços de saúde pública,
atas do Congresso Brasileiro de Higiene, Archives Brasileiros de Medicina, Rio de Janeiro,
1 9 2 3 , p. 4 5 . Paula Souza foi, nos anos 1 9 1 8 - 1 9 2 0 , bolsista da Fundação Rockefeller na
Escola de Saúde Pública da Universidade J o h n s Hopkins; a partir de 1 9 2 2 ele dirigiu o
Instituto de Higiene de São Paulo, fundado pela Fundação Rockefeller. VASCONCELLOS
M. da P. (Coord.) Memórias da Saúde Pública: a fotografia como testemunha. São Paulo,
Rio de Janeiro: Hucitec, Abrasco, 1 9 9 5 , p . 5 9 .
56
MEDEIROS, A. Discurso inaugural, Congresso de Higiene, 2 , Belo Horizonte (Minas
Gerais), 1 9 2 4 , reproduzido em Archives Brasileiros de Medicina, Rio de Janeiro, 1 9 2 4 .
Sobre a especificidade da eugenia brasileira que adaptou as idéias de Lamarck e
insistiu n o papel do saneamento na melhoria da raça, ver STEFAN, Ν. The Hour of
Eugenics, op. cit.
57 o
FONTENELLE, J . P. discurso no 3 Congresso de Higiene, São Paulo, 1 9 2 6 , reproduzido
em Archivos Brasileiros de Medicina, Rio de Janeiro, 1 9 2 6 , p . 9 3 5 . U m a nota menos
triunfalista veio a público no último congresso, realizado em Recife em outubro de
1 9 2 9 . LUZ, Μ. Τ. A saúde pública e os congressos da Sociedade Brasileira de Higiene,
op. cit., p . 1 8 3 - 1 8 4 .
58
Lobato tentou, por três anos, dirigir u m a plantação de café, experiência que o levou
a desprezar o operário agrícola que responde, invariavelmente: "Isso não vale a
pena". Cf. SKIDMORE, Τ. E. Black Into White, op. cit., p . 1 8 1 . Sobre u m a visão mais
recente dos habitantes do interior como preguiçosos e pouco interessados em melho-
rar sua condição, ver SHEPER HUGHES, N. Death Without Weeping: the violence of every
day in Brasil. Berkeley, Los Angeles: California University Press, 1 9 9 2 , p . 6 2 - 6 3 .
59
Citado por Eduardo Vilela Theilen e Ricardo Augusto dos Santos em Monteiro Lobato
e a fotografia como diagnóstico. Cadernos da Casa de Oswaldo Cruz, 1 ( 1 ) : 4 4 - 5 0 , 1 9 8 9 .
60
LOBATO, M., artigo publicado no j o r n a l O Estado de São Paulo em 1 9 1 8 , citado em
Science Heading for the Backwoods, op. cit., p . 8 - 9 .
61
LOBATO, M. Problema Vital, 1 9 1 8 , citado por LIMA, Ν. T. & HOCHMAN, G. Condenado
pela Raça, Absolvido pela Medicina, op. cit., p . 2 3 . O livro de Monteiro Lobato, Problema
Vital, que reúne seus artigos publicados em O Estado de São Paulo, foi editado pela Üga
Pró-Saneamento e pela Sociedade Eugênica de S ã o Paulo.
62
LOBATO, M. Urupês, São Paulo: Brasiliense, 1 9 5 7 ( 1 9 1 8 ) .
63
Maria Alice Rosa Ribeiro sublinha a importância da vigilância de si m e s m o e dos
outros no "Jeca ressuscitado" (ou melhor, Jeca reconstruído). Cf. RIBEIRO, M. A. R.
História Sem Fim..: inventário da saúde pública, São Paulo, 1880-1930. São Paulo: Editora
Unesp, 1 9 9 3 , p . 2 1 1 - 2 1 3 .
64
UMA, Ν. T. & HOCHMAN, G. Condenado pela Raça, Absolvido pela Medicina, op. cit., p . 3 2 ;
UMA, Ν. Τ. U msertãoChamado Brasil, op. cit., p . 1 7 2 - 1 7 8 . O novo Jeca Tatu parece saído
diretamente das páginas de u m a brochura de propaganda da Fundação Rockefeller
sobre a importância da luta contra a ancilostomíase. A Fundação Rockefeller come-
çou sua atividade contra a ancilostomíase no estado de São Paulo em 1 9 1 8 , e Lobato,
u m a das personalidades mais em evidência na cidade de São Paulo, poderia estar a par
de suas atividades, mas não faz referência a tal eventualidade.
65
Entre 1 9 1 6 e 1 9 1 8 , o International Health Board (IHB) gastou anualmente 5 . 5 0 0 . 0 0 0
contos no Brasil, soma que passou a 8 . 0 0 0 . 0 0 0 c o n t o s / a n o entre 1 9 1 9 e 1 9 2 0 , e
atingiu 2 4 . 8 5 0 . 0 0 0 contos em 1 9 2 1 e 2 9 5 . 0 0 0 contos em 1 9 2 2 , Acoc, documento RF
16.20.00.
66
Carta de Paula Souza a Rose, de 3 0 de dezembro de 1 9 2 0 , RAC, RG, 1.1, série 3 0 5 , caixa
1 9 , dossiê 1 5 4 .
67
Instituto de Higiene, relatório de 1 9 2 2 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 1 9 , dossiê 1 5 4 ;
Relatório de Paula Souza na direção da Fundação Rockefeller datado de 1 9 2 2 , RAC, RG
5, série 2 , caixa 2 5 , dossiê 1 5 3 ; Relatório anual de atividades do Instituto de Higiene de
1 9 2 4 , RAC, RG 1.1, série 3 0 3 5 , caixa 1 9 , dossiê 1 5 4 .
68
Extraído do j o r n a l O Estado de São Paulo de 2 4 de dezembro de 1 9 2 4 , RAC, RG 1.1, série
3 0 5 , caixa 1 9 , dossiê 1 5 3 .
69
Carta de J o s é Manoel Loby, subdiretor da Secretaria do Interior do Estado de São
Paulo, ao Dr. C. K. Strode, do IHB, de 3 0 de dezembro de 1 9 2 4 . Ela confirma que o
Instituto de Higiene tornara-se u m a instituição autônoma, inteiramente financiada
pelo estado de São Paulo, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 1 9 , dossiê 1 5 3 . A política oficial
da Fundação Rockefeller incentivou a passagem gradual da instituição e das estrutu-
ras iniciadas pela fundação à tutela dos países nos quais elas funcionam.
70
Carta de C. K. Strode a Russel, de 2 4 de dezembro de 1 9 2 4 , RAC. RG 1.1, série 3 0 5 , caixa
19, dossiê 1 5 3 . Carta de José Manoel Loby a C. K. Strode, de 3 0 de dezembro de 1 9 2 4 ,
que reconhece o Instituto de Higiene de São Paulo como instituição autônoma finan-
ciada pelo governo do estado de São Paulo a partir de 1 de janeiro de 1 9 2 5 , RAC, RG 1.1,
série 3 0 5 , caixa 1 9 , dossiê 1 5 3 .
A reorganização do instituto permitiu a introdução de u m a divisão de trabalho
diferente; em 1 9 2 5 , Paula Souza anotou com satisfação que alguns departamentos do
Instituto de Higiene iriam funcionar em tempo integral - "mais uma vitória das idéias
norte-americanas". Paula Souza a Russel, 19 de j u n h o de 1 9 2 5 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 ,
caixa 1 9 , dossiê 1 5 3 . Paralelamente, o instituto substituiu a contratação permanente
de seus empregados por contratos de duração definida.
Relatório anual sobre o trabalho da IHD, 1 9 2 8 , p.5-6, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 1 9 ,
dossiê 1 5 4 . Em 1 9 2 8 , o estado de São Paulo destinou u m orçamento de 2 . 3 0 0 . 0 0 0
dólares ao Instituto de Higiene; a Fundação Rockefeller contribuiu com o montante de
1 . 5 0 0 . 0 0 0 dólares para a construção do novo prédio. Em novembro de 1 9 2 8 , os
responsáveis pelos serviços de saúde no estado de São Paulo tentaram subordinar o
instituto ao Serviço Sanitário do estado e transferir os laboratórios para o Instituto
B u t a n t ã , m a s o governo do estado de São Paulo prometeu, mais tarde, que n ã o
modificaria o estatuto do Instituto de Higiene sem a prévia aprovação da Fundação
Rockefeller.
Paula Souza a Russel, 1 6 de abril de 1 9 1 3 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 1 9 , dossiê 1 5 3 .
Instituto de Higiene, relatório de 1 9 2 2 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 1 9 , dossiê 1 5 4 .
Paula Souza ao Dr. Allan Gregg, 2 6 de outubro de 1 9 2 3 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa
1 9 , dossiê 1 5 2 .
Paula Souza a Wickliffe Rose, 3 0 de dezembro de 1 9 2 0 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa
1 9 , dossiê 1 5 4 .
Relatório de Paula Souza (escrito em 1 9 2 2 , sem data precisa), RAC, RG 5, série 2 , caixa
2 5 , dossiê 1 5 4 . O representante das máquinas Hollerith fez, segundo Paulo Souza,
elogios à "nossa unidade de produção" [our plant].
Relatório anual do Instituto de Higiene de 1 9 2 1 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 1 9 , dossiê
1 5 4 . G. Paula Souza publicou u m artigo, A rapid simple method o f making charts, no
American Journal of Public Health (setembro de 1 9 2 2 , vol. 1 2 , n ° 9 ) .
Paula Souza a Wickliffe Rose, 3 0 de dezembro de 1 9 2 0 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa
1 9 , dossiê 1 5 4 .
Relatório anual, Instituto de Higiene, 1 9 2 3 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 19, dossiê 1 5 4 .
Paula Souza a Russel, 1 6 de j u n h o de 1 9 3 1 . RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 1 9 , dossiê 1 5 3 .
O Instituto de Higiene sofreu oposição das elites de São Paulo no novo regime. Em
1 9 3 1 , Paula Souza sublinha a instabilidade da situação política; sua confiança no
novo regime é muito restrita e ele se queixa da constante mudança das regras do j o g o .
Paula Souza a Russel, 1 7 de dezembro e 1 9 3 1 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 1 9 , dossiê
153.
Paula Souza a Russel, 2 2 de abril de 1 9 2 4 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 19, dossiê 1 5 3 ;
Relatório Anual, Instituto de Higiene, 1 9 2 4 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 1 9 , dossiê 1 5 4 .
VASCONCELLOS, M. da P. (Coord.) Memória da Saúde Pública, op. cit., p . 4 8 - 4 9 .
Relatório Anual, Instituto de Higiene, 1 9 2 3 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 1 9 , dossiê
1 5 4 ; Paula Souza a Wickliffe Rose, 3 0 de dezembro de 1 9 2 0 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 ,
caixa 1 9 , dossiê 1 5 4 .
Paula Souza a Russel, 2 4 de novembro de 1 9 2 3 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 1 9 , dossiê
152.
VASCONCELLOS, M. da P. (Coord.) Memória da Saúde Pública, op. cit., p . 4 1 - 4 5 , 6 5 - 7 2 .
RIBEIRO, M. A. R. História Sem Fim...,op. cit., p . 2 5 5 - 2 6 1 .
A morbidade e a mortalidade das doenças ligadas à pobreza no estado de São Paulo
aumentaram de maneira importante durante os anos 1 9 2 0 , indicando u m a deterio¬
r a ç ã o g e r a l das c o n d i ç õ e s de vida e o e m p o b r e c i m e n t o do p r o l e t a r i a d o e do
subproletariado urbanos. RIBEIRO, M. A. História Sem Fim..., op. cit., p . 2 3 8 - 2 4 6 , cita-
ção à página 2 5 9 .
Caricatura publicada em jornal de São Paulo, A Folha da Noite, em 11 de abril de 1 9 4 6 .
Reproduzida em VASCONCELLOS, M. da P. (Coord.) Memórias da Saúde Pública, op. cit.,
p.69.
Instruções escritas pelo Departamento Nacional de Saúde Pública e aprovadas pelo
Ministério do Interior, a respeito do Serviço da Febre Amarela, Rio de Janeiro, 11 de
setembro de 1 9 2 3 , RAC, RG 5, série 3 0 5 , caixa 2 4 , dossiê 1 4 2 . Ver também WILLIAMS,
S. C. Nationalism and public health..., op. cit.: Williams estuda detalhadamente as
interações entre a Fundação Rockefeller e os poderes públicos no Brasil nos anos
1 9 2 5 - 1 9 3 0 ; FRANCO, O. História da Febre Amarela no Brasil. Rio de Janeiro: Ministério
da Saúde, 1 9 6 9 .
Relatório do Ministério da Saúde brasileiro sobre as atividades do Serviço da Febre
Amarela ( 1 9 2 4 ) , Acoc, documento Fundação Rockefeller 2 4 . 0 2 . 0 0 . O relatório mencio-
na também que a resistência dos nacionalistas brasileiros aos serviços da Fundação
Rockefeller é totalmente injustificada, pois países "dentre os mais avançados do m u n -
do", tais c o m o a Franca, a Itália o u a Escócia, aceitaram c o m gratidão a ajuda da
fundação.
M e m o r a n d o de Homer Brett sobre a O r g a n i z a ç ã o da c a m p a n h a c o n t r a a febre
amarela na Bahia pela Fundação Rockefeller", de 11 de dezembro de 1 9 2 3 , RAC, RG 5,
série 3 0 5 , caixa 2 3 , dossiê 1 4 2 .
Relatório do Dr. Sérvulo Lima, responsável pelos serviços sanitários no estado de
Pernambuco, para o ano de 1 9 1 4 , RAC, RG 5, série 2 , caixa 2 3 , dossiê 1 3 8 .
Os responsáveis pela Fundação Rockefeller cederam, ocasionalmente, à pressão dos
representantes do DNSP o u dos políticos locais, e permitiram fumigações. Eles subli-
nharam, todavia, que tratava-se de u m ato puramente político, que podia ser neces-
sário na condução da campanha para não alienar a população local, mas não u m a
atividade que tivesse utilidade prática. Carta de Connor a Soper, de 7 de março de
1 9 2 9 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 0 , dossiê 1 6 0 . Ver também WILLIAMS, S. C.
Nationalism and public health..., op. cit
Cf. Relatório de Lucian Smith, de 31 de dezembro de 1 9 2 4 , RAC RG 5, série 2 , caixa 2 3 ,
dossiê 1 4 7 . Firmas norte-americanas, c o m o a Ulen & Company, foram contatadas
para apresentarem propostas para a construção de sistemas de distribuição de água
nas cidades. As negociações a esse respeito não chegaram a bom termo, e a encomen-
da foi, afinal, feita a u m a firma brasileira. Diário de Michael Connor (representante
da Fundação Rockefeller no Brasil entre 1 9 2 6 e 1 9 3 0 ) , anotações de 1 8 de fevereiro de
1 9 2 7 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 4 6 , dossiê 2 3 2 .
Lucian Smith, Relatório anual de 1 9 2 4 , RAC, RG 5, série 2 , caixa 2 4 , dossiê 1 4 7 .
Joseph White, Relatório geral sobre a campanha contra a febre amarela no Brasil,
novembro de 1 9 2 4 , RAC, RG 5, série 2 , caixa 2 3 , dossiê 1 3 8 . Os especialistas norte-
americanos, fiéis à teoria do "foco-chave", afirmaram que u m a diminuição temporá-
ria da densidade dos mosquitos seria suficiente para eliminar a febre aegypti.
Cf. carta do Dr. Clóvis Barbosa de Moura, diretor do Serviço de Saúde Pública do
estado do Ceará, ao Dr. Cláudio Idelburque Carneiro Leal Filho, responsável pelos
assuntos internos da Justiça do estado do Ceará, de 2 5 de maio de 1 9 2 4 . Lucian Smith
acrescentou u m comentário a essa carta, afirmando (em 1 de novembro de 1 9 2 5 ) que
nunca haviam soltado peixes em reservatórios de água potável, RAC, RG 5, série 2 ,
caixa 2 3 , dossiê 1 4 4 .
98
Carta de White a Russel (diretor da IHD), de 2 5 de janeiro de 1 9 9 2 4 , RAC, RG 1.1, série
3 0 5 , caixa 2 3 , dossiê 1 2 1 2 .
99
Α. V. Burke a Μ. Connor, 2 3 de março de 1 9 2 7 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 1 9 , dossiê
155.
100
Carter a Russel, 11 de outubro de 1 9 2 3 , RAC, RG 5, série 1, caixa 17, dossiê 1 0 7 3 ;
relatório de Eduard J . Scannel sobre a organização da luta contra a febre amarela no
Brasil, RAC, RG 5, série 2, caixa 25, dossiê 156.
101
Joseph White, Memorando sobre a organização do trabalho sobre a febre amarela,
1 6 de j u n h o de 1 9 2 4 , RAC, RG 5, série 2 , caixa 2 5 , dossiê 1 5 5 .
102
Instruções escritas pelo Departamento Nacional de Saúde Pública e aprovadas pelo
Ministério do Interior a respeito do Serviço da Febre Amarela, Rio de Janeiro, 11 de
setembro de 1 9 2 3 , RAC, RG 5, série 2 , caixa 2 4 , dossiê 1 4 2 .
103
Relatório de Scannel sobre a organização da luta contra a febre amarela no Brasil,
RAC, RG 5, série 2 , caixa 2 5 , dossiê 1 5 6 .
104
J . H. White, Memorando sobre os princípios da luta contra a febre amarela, RAC, RG
5, série 2 , caixa 2 5 , dossiê 1 5 5 .
105
Lucian Smith, Relatório sobre as medidas antilarvares no Ceará, de 31 de dezembro
de 1 9 2 4 , RAC, RG 5, série 2 , caixa 2 3 , dossiê 1 4 7 . Smith tentou convencer o presidente
do Ceará de que o estado deveria pagar pela instalação de tampas para as caixas-
d'água, cf. carta de Smith ao presidente do estado do Ceará, de 1 2 de maio de 1 9 2 7 ; o
presidente rejeitou o pedido, propondo que os inspetores sanitários ensinassem aos
habitantes como cobrir suas caixas d'água, resposta datada de 2 8 de maio de 1 9 2 7 ,
RAC, RG 5, série 1.1, caixa 1 9 , dossiê 1 5 5 .
106
Carta de Connor a Soper, de 1 de j u n h o de 1 9 2 7 , RAC, RG 5, série 1.1, caixa 1 9 , dossiê
1 5 5 ; Connor a Russel, 18 de j u n h o de 1 9 2 4 , RAC, RG 5, série 1.1, caixa 8 4 , dossiê 1 9 9 .
A "paternidade" das modalidades de eliminação das larvas desenvolvidas pela Funda-
ção Rockefeller foi atribuída a Connor, que as elaborou durante sua campanha anti-
aegypti no México. Carter a Connor, 1 de j u n h o de 1 9 2 4 , RAC, RG 5, série 1.1, caixa 8 4 ,
dossiê 1 1 9 9 .
107
White, u m dos responsáveis pela c a m p a n h a contra a febre amarela da Fundação
Rockefeller, observou em 1 9 2 5 que ele tinha a impressão de que a febre amarela
estava presente no interior do Brasil (opinião contrária à teoria do "foco principal")
e que ela ali se mantinha pela transmissão entre as crianças. Mas acrescentou que
não se tratava da opinião de um amador. Joseph White, Relatório de u m a viagem à
Paraíba, 2 7 de março de 1 9 9 2 5 , RAC, RG 5, série 2 , caixa 2 6 , dossiê 1 5 6 .
108
Sobre a vida e a carreira de Noguchi, ver CLARK, P. F. Hideyo Noguchi, 1 8 7 6 - 1 9 2 8 .
Bulletin of the History of Medicine, 3 3 : 1 - 2 0 , 1 9 5 9 ; PLESSER, I. R. Noguchi and his Patrons.
London, Toronto: Associated University Press, 1 9 8 0 .
109
NOGUCHI, H. Etiology o f yellow fever. II. Transmission experients of yellow fever.
Journal of Experimental Medicine, 2 9 : 5 6 5 - 5 8 4 , 1 9 1 9 ; NOGUCHI, H. Etiology o f yellow
fever. IX. Mosquitos in relation to yellow fever. Journal of Experimental Medicine, 3 0 : 4 0 1 -
4 1 0 , 1 9 1 9 ; NOGUCHI, H. Etiology o f yellow fever. XI. Serum treatment o f animals
infected with leptospira icteroides. Journal of Experimental Medicine, 3 1 : 1 5 9 - 1 6 8 , 1 9 2 0 ;
NOGUCHI, H. Yellow fever research, 1 9 1 8 - 1 9 2 4 : a summary. The Journal of Tropical
Medicine and Hygiene, 2 8 : 1 8 5 - 1 9 5 , 1 9 2 5 ; PLESSER, I. R. Noguchi and his Patrons, op. cit.,,
p.177-204.
110
CONNOR, M. "A vanishing disease", texto de u m a conferência destinada a não-espe¬
cialistas, sem data, RAC, RG 2 , série 2 2 , caixa 6 4 , dossiê 4 2 0 .
111
Ε. Β. Wilson, do Departamento de Bioestatística da Universidade de Harvard, obser-
vou mais tarde que a ignorância das estatísticas médicas, manifesta nas publicações
de Noguchi relativas a sua vacina, não era de modo algum excepcional; nos anos
1 9 2 0 , quase todos os médicos ignoram os princípios básicos da estatística. Wilson a
Hackett, 1 de novembro de 1 9 5 0 , RAC, RG 3 . 1 , série 9 0 8 , caixa 1, dossiê 7. A estatística
da IHD, Persis Putnam, tinha outra opinião. Ela afirmou ter verificado, a pedido de
Russel, alguns resultados de Noguchi e encontrado diferenças significativas entre o
grupo tratado e o não tratado (diferença que ela atribui, a posteriori, à eliminação da
icterícia da leptospirose no grupo tratado). Putnam a Hackett, 16 de fevereiro de 1 9 6 0 ,
RAC, RG 3 . 1 , série 9 0 8 , caixa 3, dossiê 14.
112
NOGUCHI, H. et al. Experimental Studies of Yellow Fever in Northern Brazil. New York: The
Rockefeller Institute for Medical Research, Monograph n° 2 0 , 1 9 2 4 .
113
Russel a Noguchi, 2 0 de fevereiro de 1 9 2 4 , RAC, RG 5, série 1.1, caixa 8 4 , dossiê 1 2 0 7 ;
Russel a White, 2 5 de março de 1 9 9 2 4 , RAC, RG 5, série 2, caixa 8 5 , dossiê 1 2 1 3 .
114
GUITERAS. Expedición al Africa y estúdios de fiebre amarilla. Crônica Médico-quirúrgica
de la Habana, p . 3 2 3 - 3 3 8 ; AGRAMONTE, A. Some observation upon yellow fever
prophylaxis, op. cit.; WARREN, A. J . Landmarks in the conquest of yellow fever. In:
STRODE, G. K. (Ed.) Yellow Fever. New York, Toronto, London: McGraw Hill Book
Company, 1 9 5 , p. 19.
115
THEILER, M. & SELLARDS, A. W. The relations of L. icterohaemorrhagiae e L. icteroides as
determinated by the Pfeiffer phenomenon in guinea pigs. American Journal of Tropical
Medicine, 6 ( 6 ) : 3 8 3 - 4 0 2 , 1 9 2 6 .
116
GAY D. M. & SELLARDS, A. W. The fate o f Leptospira icteroides and Leptospira
icterohaemorrhagiae in the mosquito Aedes aegypti. American Journal of Tropical Medicine,
21:321-342, 1927.
117
Connor a Russel, cópia a Noguchi, 11 de fevereiro de 1 9 2 7 , RAC, RG 1.1, série 3 0 , caixa
2 0 , dossiê 1 5 5 ; Connor a Russel, 16 de maio de 1 9 2 7 , idem.
118
STOKES, A. BAUER, J . H. & HUDSON, N. P. Transmission of yellow fever to Macacus
rhesus: a preliminary note. Journal of the American Medical Association, 90:253-254,
1 9 2 8 ; WARREN, A. J . Landmarks in the conquest of yellow fever, op. cit., p. 1 8 - 2 0 .
119
Quatro anos depois, Soper lamenta que os especialistas da Fundação Rockefeller não
tenham dado ouvidos às advertências do Dr. Sebastião Barroso a respeito da persis-
tência da febre amarela na área rural. Soper a Russel, 3 0 de maio de 1 9 3 0 , Acoc,
documento RF 3 0 . 0 5 . 2 3 .
120
White escreve, em maio de 1 9 2 4 , que a densidade dos mosquitos aegypti diminui em
todas as cidades, e que, apesar de sempre serem observados alguns casos isolados de
febre amarela, tais casos certamente desaparecerão em algumas semanas. White a
Russel, 2 7 de maio de 1 9 2 4 , RAC, RG 5, série 1.1, caixa 8 5 , dossiê 1 2 1 4 .
121
Citado por LABRA, Μ. Ε. O Movimento Sanitarista nos Anos 20: da conexão sanitarista
internacional à especialização em saúde pública no Brasil, op. cit., p . 2 3 6 - 2 3 7 .
122
Maurício de Medeiros. Diário de Medicina, 2 de j u n h o de 1 9 2 6 , citado por LABRA, Μ. E.
O Movimento Sanitarista nos anos 20..., op. cit., p . 2 3 9 .
123
SCHMIDT, O. A Febre Amarella na Bahia cm 1926, 12 de dezembro de 1 9 2 6 . Salvador:
Tese de Doutorado de Medicina da Universidade da Bahia, p.195, citado por LABRA,
Μ. Ε. O Movimento Sanitarista nos Anos 20..., op. cit., p . 2 4 9 .
124
BARROSO, S. Brasil Médico, 4 2 ( 2 3 ) , 1 de setembro de 1 9 2 8 , citado por LABRA, Μ. Ε. O
Movimento Sanitarista nos Anos 20..., op. cit., p . 2 4 1 . Convém notar que os habitantes da
África viram, algumas vezes, a febre amarela como uma proteção contra o imperia-
lismo europeu. Os jornais da cidade de Abeokuta (Nigéria) declararam, por ocasião de
u m a epidemia de febre amarela em 1 9 1 3 , que como a febre amarela atinge os euro-
peus, mas não os habitantes da terra, o melhor remédio contra esta doença seria que
os europeus fossem embora, atitude qualificada de "impertinente" pelos britânicos.
Carta de F. Lugard, governador da Nigéria do Sul, ao secretário de Estado, de 16 de
j u l h o de 1 9 1 3 . Wellcome Archives, dossiê Ronald Ross, G C / 5 9 / A 1 , documentos da
subcomissão da febre amarela.
125
Soper a Russel, 8 de fevereiro de 1 9 2 8 ; Russel a Soper, 1 de março de 1 9 2 8 , RAC, RG 1.1,
série 3 0 5 , caixa 2 0 , dossiê 1 5 8 .
126
FRANCO, O. História da Febre Amarela no Brasil. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde,
1 9 6 9 , p . 9 7 - 1 0 3 . U m a revolta de j o v e n s oficiais (os tenentistas) a c a b o u c o m a
longuíssima marcha de u m grupo de rebeldes, derrotada em 1 9 2 7 . Sua influência
política e seu valor simbólico de oposição a u m poder corrompido suplantaram em
muito sua influência militar. O comandante dessa coluna, Luís Carlos Prestes, tor-
nou-se mais tarde dirigente do Partido Comunista Brasileiro.
127
M e n s a g e m do presidente Bernardes ao p a r l a m e n t o b r a s i l e i r o , A c o c , F u n d a ç ã o
Rockefeller, 2 6 . 2 0 . 0 0 .
128
Relatório do IHB sobre o trabalho no Brasil, do ano de 1 9 2 6 ; idem para o ano de 1 9 2 7 ,
RAC.
129
Connor a Janney, 8 de março de 1 9 2 7 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 0 , dossiê 1 5 5 .
130
Connor a Russel, 6 de março de 1 9 2 7 , RAC, RG 1.1, série 3 0 , caixa 2 0 , dossiê 1 5 5 .
131
Soper a Russel, 18 de maio de 1 9 3 0 , Acoc.
132
Connor a Russel, 2 8 de abril de 1 9 2 8 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 0 , dossiê 1 5 8 .
Entrevista de Soper, realizada por Lewis Hackett, 14 de outubro de 1 9 6 3 , RAC, RG 3 . 1 ,
série 9 0 8 , caixa 1 1 , dossiê 1 2 4 . Notas de Hackett, RAC, RG 3 . 1 , série 9 0 8 , caixa 4 , dossiê
2 0 , p. 1 . 1 7 0 - 1 . 1 7 1 . Lewis Hackett, u m dos primeiros especialistas da Fundação
Rockefeller enviados ao Brasil, teve u m a longa carreira na International Health
Division. Após a dissolução da divisão em 1 9 5 1 , ele se atrela à história desta organi-
zação. Nos anos 1 9 5 0 e 1 9 6 0 , interrogou vários participantes e correspondeu-se com
outros especialistas da Fundação Rockefeller. Hackett morreu antes de ter conseguido
concluir seu projeto, mas sua correspondência e suas anotações são u m a rica fonte
de informação sobre a história da IHD.
133
Em compensação, Russel estava convencido, desde o início, de que o caso de Sergipe
era devido à febre amarela. Propôs, conseqüentemente, que se prolongasse a tempo-
rada da Fundação Rockefeller no Brasil por mais um ano. Russel a Connor, 11 de maio
de 1 9 2 8 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 9 , dossiê 1 5 8 .
Extraído do relatório do DNSP para 1 9 2 7 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 9 , dossiê 1 5 8 .
Essa opinião foi endossada pela Fundação Rockefeller a partir de 1 9 3 0 , com a ressalva
de que, ao contrário dos especialistas brasileiros, os da fundação não atribuíram a
invisibilidade da febre amarela apenas à escassez de médicos nas regiões endêmicas,
mas também à dificuldade de se estabelecer u m diagnóstico diferencial desta doença.
Propuseram, conseqüentemente, meios específicos de visualização do agente da doença
(teste de proteção do camundongo, viscerotomia).
Esse método foi esboçado em 1 9 1 2 (Henrique de Rocha Lima. Z u r patologischen
Anatomie des Gelbenfiebers. Verhand. Deutch. Path. Ges. 1 9 1 2 , Bd XV, à página 1 6 3 ) e
aperfeiçoado ao longo dos anos 1 9 2 0 . Rocha Lima foi tido c o m o "suspeito" pelos
especialistas da Fundação Rockefeller, por causa de seus supostos laços muito estrei-
tos com os pesquisadores alemães. Carta de Carter a Russel de 11 de outubro de 1 9 2 3 ,
RAC, RG 5, série 1, caixa 7 3 , dossiê 1 0 3 7 .
136
CARTER, Η. R. The mechanism o f the spontaneaus elimination o f yellow fever from
endemic centers, op. cit.
137
Tal opinião foi emitida pelos habitantes de Manaus, capital do estado do Amazonas.
Relatório de Wickliff Rose ao final de uma conferência proferida por M. Fischer sobre
as condições sanitárias dos estados do Pará e da Amazônia (sem data), Acoc, docu-
mento 4 0 . 2 0 . 0 3 / 3 .
138
Carta de Fraga ao Ministério da Saúde, de 1 9 de j u l h o de 1 9 2 8 , Acoc, Arquivo Fraga.
139
Carta de Bolívar J . Lloyd, diretor auxiliar da Officina Sanitaria Pan-Americana, a
Fraga, de 2 8 de agosto de 1 9 2 8 , Acoc, Arquivo Fraga.
140
BRAGA, Ε. O sanitarista e a febre amarela. In: FRAGA FILHO, C. (Ed.) Clementino Fraga,
Itinerário de uma Vida, 1880-1971, Rio de Janeiro, 1 9 7 1 , p . 8 3 - 9 8 .
141
Acoc, Arquivo Fraga, sem data.
142
Connor a Russel, 8 de j u n h o de 1 9 2 8 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 9 , dossiê 1 5 8 .
143
Carta do Conselho Nacional de Higiene do Uruguai a Fraga, de 8 de setembro de 1 9 2 8 ;
Carta do Ministério da Saúde uruguaio a Fraga, de 13 de setembro de 1 9 2 8 , Arquivo
Fraga, Acoc.
144
Carta de Marchoux a Fraga, de 2 0 de setembro de 1 9 2 8 , Acoc, Arquivo Fraga.
145
Carta de Ludwik Raichman a Fraga, de 2 1 de dezembro de 1 9 2 8 . Carta de Fraga ao
j o r n a l argentino La Nation, de 18 de dezembro de 1 9 2 8 , Acoc, Arquivo Fraga.
146
Soper a Russel, 2 8 de outubro de 1 9 2 8 , Acoc, documento 2 8 . 1 0 . 2 8 .
147
Carta de H. S. Cummings, diretor da Officina Sanitaria Pan-Americana, a Fraga, de
1 0 de dezembro de 1 9 2 8 ; carta do Prof. Hoffman, de Havana, a Fraga, de 21 de janeiro
de 1 9 2 8 ; carta do Office International d'Hygiène Publique, a Fraga, de 2 7 de fevereiro
de 1 9 1 9 , Acoc, Arquivo Fraga.
148
Carta de Ludwik Raichman a Fraga, de 2 1 de dezembro de 1 9 2 9 ; carta do Dr. Abt, do
Office International de l'Hygiène Publique, de 16 de março de 1 9 2 8 , Acoc, Arquivo
Fraga.
149
Soper a Russel, 11 de março de 1 9 2 9 , RAC, RG 1.1, série 3 0 0 5 , caixa 2 0 , dossiê 1 6 0 .
150
Abt a Fraga, 16 de março de 1 9 2 9 , Acoc, Arquivo Fraga.
151
Carta do ministro de Relações Exteriores do Uruguai ao ministro de Relações Exteri-
ores do Brasil, de 2 4 de j u l h o de 1 9 2 9 ; carta de Fraga ao jornal La Nation, sem data
(provavelmente, primavera de 1 9 2 9 ) , Acoc, Arquivo Fraga.
152
Fraga, destituído de suas funções pelo regime Vargas, foi acusada de ter empregado
mal o dinheiro do Estado durante a campanha contra a febre amarela. Ele depôs à
comissão de sindicância de saúde pública, que concluiu que a eliminação dos mosqui-
tos poderia ter sido feita a um custo mais baixo. Fraga justificou as elevadas despesas
pela urgência; o processo foi arquivado, por inexistência de malversação. Carta de
Fraga ao Correio da Manhã, de 2 9 de maio de 1 9 3 1 , Acoc, Arquivo Fraga.
153
FRAGA FILHO, C. (Ed.) Clementino Fraga, Itinerário de uma Vida, 1880-1971, op. cit
154
Carta de Fraga a H. J . Cumming, de 9 de abril de 1 9 3 0 , Acoc, Arquivo Fraga.
155
Carta do embaixador da Itália a Fraga, de 5 de j u n h o de 1 9 2 9 ; carta do Dr. Scorseria,
representante do governo uruguaio no Ministério das Relações Exteriores do Brasil,
de 2 4 / 1 1 / 1 9 2 9 , Acoc, Arquivo Fraga.
156
Carta de Antonio Agudo de Buenos Aires a Fraga, de 5 de agosto de 1 9 2 9 , Acoc,
Arquivo Fraga.
157
Carta de Marchoux a Fraga, de 12 de dezembro de 1 9 2 9 , Acoc, Arquivo Fraga.
158
Memorando de Fraga (sem data, 1 9 2 9 ) , Acoc, Arquivo Fraga.
159
Connor a Russel, 8 de j u n h o de 1 9 2 8 ; Russel a Connor, 2 1 de j u n h o de 1 9 2 8 , RAC, RG
1.1, série 3 0 5 , caixa 2 9 , dossiê 1 5 8 .
160
Connor a Russel, 13 de j u n h o de 1 9 2 8 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 9 , dossiê 1 5 8 .
161
Soper a Russel, 18 de maio de 1 9 3 0 , Acoc, documento Fundação Rockefeller 3 0 . 0 5 . 1 8 ;
Hackett a Hugh Smith, 3 0 de j u n h o de 1 9 5 2 , RAC, RG 3 . 1 , série 9 0 8 , caixa 1, dossiê 9.
162
Connor a Russel, 1 6 de j u n h o de 1 9 3 0 , Acoc, documento Fundação Rockefeller 3 0 . 0 6 . 1 6 .
163
Sawyer a Russel, 17 de j u n h o de 1 9 3 0 , Acoc, documento Fundação Rockefeller 3 0 . 0 6 .
17 de janeiro.
164
Documento de trabalho Rickard, 3 0 de j u n h o de 1 9 3 0 , Acoc, documento Fundação
Rockefeller 3 0 . 0 6 . 1 7 de fevereiro.
165
Connor a Russel, 11 de j u n h o de 1 9 2 8 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 9 , dossiê 1 5 8 .
166
FRANCO, O. História da Febre Amarela no Brasil, op. cit.
167
Diário de Fred Soper, anotações de 2 5 de setembro de 1 9 3 4 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 ,
caixa 2 8 , dossiê 2 0 9 .
168
Amílcar Tavares da Silva, administrador brasileiro do Serviço da Febre Amarela nos
anos 1 9 3 0 , negou qualquer intervenção governamental nas contas do serviço "por-
que eles tinham absoluta confiança no trabalho dos americanos". Entrevista de Silva,
feita em 1 9 8 7 , no âmbito do projeto "Memória de Manguinhos", dirigido por Nara
Britto e Wanda Hamilton, Acoc.
169
Soper a Sawyer, 27 de março de 1 9 3 5 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 7 6 .
170
FOSDICK, R. B . The History of the Rockefeller Foundation, op. cit; KOHLER, R. E. Partners in
Science: foundations and natural scientists, 1900-1945. Chicago: Chicago University
Press, 1 9 9 1 .
171
Programa da Fundação Rockefeller para 1 9 3 4 , RAC.
172
Documento de orientação da IHD, de 6 de novembro de 1 9 2 9 , Acoc.
173
M e m o r a n d o de Frederick Russel, RAC, RG 3 . 1 , série 9 0 8 , caixa 1 1 , dossiê 1 2 4 . A
história da atividade da Fundação Rockefeller no Brasil entre 1 9 2 3 e 1 9 2 8 , atividade
fundamentada em duas teorias científicas mais tarde declaradas errôneas, a do "foco-
chave" e a de Noguchi, que descreveu o Leptospira icteroides c o m o sendo o agente da
febre amarela, pode lançar u m a luz irônica sobre as propostas de Russel segundo as
quais a ação em saúde pública deve se basear na ciência.
174
Memorando de W. H. Frost, RAC, RG 3 . 1 , série 9 0 8 , caixa 1 1 , dossiê 1 2 4 .
175
Memorando de Winslow, RAC, RG 3 . 1 , série 9 0 8 , caixa 1 1 , dossiê 1 2 4 .
176
Documento programático da Fundação Rockefeller para o ano de 1 9 3 4 , Acoc.
177
Carta de M a x Masson a J . - D . Rockefeller de 13 de j u n h o de 1 9 3 5 , Acoc.
178
Soper a Fosdick, 9 de j a n e i r o de 1 9 4 1 , Acoc. Soper reagia ao relatório anual da
Fundação Rockefeller, que enfatizou a vacinação e as pesquisas fundamentais, e
pouco mencionou o trabalho, essencial segundo Soper, da eliminação dos mosquitos.
179
FOSDICK, R. B . The Rockefeller Foundation, op. cit
180
STOKES, Α.; BAUER J . Η. & HUDSON, Ν. P. The transmission o f yellow fever to
Macacus rhesus. Journal of the American Medical Association, 9 0 ( 4 ) : 2 5 3 - 2 5 4 , 1 9 2 8 .
181
Idem; MATHIS, J.-C.; SELLARDS A. W. & LAIGRET, J . Sensibilité du Macacus rhesus au
virus de la fièvre j a u n e . Comptes Rendus de l'Académie des Sciences, 1 8 6 : 6 0 4 - 6 0 6 , 1 9 2 8 .
182
THEILER, M. Susceptibility of white mice to the virus of yellow fever. Science, 71:367, 1 9 3 0 .
183
SAWYER, W. A. & LLOYD, W. The use o f mice in the test of immunity against yellow
fever. The Journal of Experimental Science, 5 4 ( 2 ) : 5 3 3 - 5 5 5 , 1 9 3 1 ; THEILER, M. A yellow
fever protection test in mice b y intracerebral injection. American Journal of Tropical
Medicine, 2 7 : 5 7 - 7 7 , 1 9 3 3 .
184
SOPER, F.; PENNA, H.; CARDOSO E. et al. Yellow fever without Aedes aegypti. Study o f
a rural epidemics in the Valle to Chanaan, Espírito Santo, 1 9 3 2 . American Journal of
Hygiene, 1 8 : 5 5 5 - 5 8 7 , 1 9 3 3 .
185
SOPER, F.; PENNA, H.; CARDOSO E. et al. Yellow fever without Aedes aegypti. Study of
a rural epidemics in the Valle to Chanaan, op. cit., p . 5 8 2 .
186
SOPER, F. L. Recent extension o f the knowledge on yellow fever, op. cit
187
BALFOUR, A. The wild monkey as a reservoir for the virus o f yellow fever. The Lancet,
1 : 1 . 1 7 6 - 1 . 1 7 8 , 1 9 1 4 ; LOW, G. C. Monkeys as reservoirs for the virus of yellow fever.
The Lancet, 1 : 1 . 3 3 4 - 1 . 3 3 5 , 1 9 1 4 .
188
BAUER, J . H. The transmission o f yellow fever b y mosquitos other than Aedes aegypti.
American Journal of Tropical Medicine, 8 ( 4 ) : 2 6 1 - 2 8 2 , 1 9 2 8 ; HINDLE, E. Transmission o f
yellow fever. The Lancet, 2 1 9 : 8 3 5 - 8 4 2 , 1 9 3 0 .
189
Davis a Connor, 2 6 de fevereiro de 1 9 3 0 , Acoc, documento 3 0 . 0 2 . 2 2 ; DAVIS, N. C. &
SHANNON, R. C. Studies on south american yellow fever. III. Transmission o f the
virus to brazilian monkey: preliminary observations. Journal of Experimental Medicine,
50:81-85, 1929.
190
Decreto nº 2 1 . 4 3 4 de 2 3 de maio de 1 9 3 2 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 6 7 ;
Soper a Russel, 2 6 de maio de 1 9 3 2 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 7 0 .
191
Soper a Russel, 2 1 de setembro de 1 9 3 1 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 6 6 .
192
Soper a Russel, 15 de março de 1 9 3 2 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 6 9 .
193
Diário de Soper, anotações de 2 5 de setembro de 1 9 3 4 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 8 ,
dossiê 2 0 9 .
194
S a w y e r e Soper concordam em dizer que "o trabalho de controle é a parte mais
importante do nosso programa de febre amarela no Brasil", cf. Sawyer a Soper, 4 de
janeiro de 1 9 3 2 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 6 9 .
195
Soper a Russel, 2 5 de janeiro de 1 9 3 5 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 7 5 .
Sawyer, que substituiu Russel na direção da IHD, explicou que seria preferível que
Soper se retirasse do trabalho meramente administrativo, devendo este ser gradual-
mente transferido aos brasileiros, cf. Sawyer a Soper, 2 4 de outubro de 1 9 3 5 , RAC, RG
1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 7 7 . S a w y e r achou que o governo brasileiro dava
sinais de resistência a u m a administração norte-americana de seus assuntos inter-
nos, cf. Sawyer a Wilson, 14 de novembro de 1 9 3 5 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 ,
dossiê 1 7 7 .
196 a
Manuscrito do texto da comunicação de Soper à 9 Conferência Sanitária Pan-Ame¬
ricana, Buenos Aires, novembro de 1 9 9 9 9 3 4 , Acoc, documento Fundação Rockefeller
34.11.00.
197
SOPER, F. L. Ventures in World Health (ed. J o h n Duffy). Washington DC: Paho (WHO),
1 9 7 7 . p . 1 3 0 ; entrevista de Soper a Hackett, de 14 de outubro de 1 9 3 6 , RAC, RG 1.1,
série 9 0 8 , caixa 1 1 , dossiê 1 2 4 .
198
Relatório apresentado por Soper em Bogotá em 15 de outubro de 1 9 3 8 , Acoc, docu-
mento Fundação Rockefeller, 3 8 . 0 8 . 1 5 . Em 1 9 3 1 , Soper admitiu a possibilidade de que
o desenvolvimento de u m a vacina pudesse ser mais econômico e eficaz do que as
medidas antilarvares, cf. Soper a Russel, 1 2 de setembro de 1 9 3 1 . Ele sustentou,
entretanto, que u m a verdadeira erradicação da doença não poderia ser realizada
apenas pela vacinação, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 6 6 .
199
FRANCO, O. História da Febre Amarela no Brasil, op. cit.
200
Entrevista de Amílcar Tavares da Silva (feita em 1 9 8 7 ) ; entrevista do Dr. José Fonseca
Cunha (feita em 1 9 8 7 ) , projeto "Memória de Manguinhos", dirigido por Nara Brito e
Wanda Hamilton, Arquivo da Casa de Oswaldo Cruz.
201
Relatórios anuais da Fundação Rockefeller para os anos 1 9 1 4 , 1 9 4 2 , 1 9 4 3 ; FOSDICK,
R. B . The Rockefeller Foundation, op. cit; WARREN, A. Landmarks in the conquest o f
yellow fever. In: STRODE, C. K. Yellow Fever, op. cit., p . 5 - 3 7 .
202
Assim, entre 1 9 1 3 e 1 9 3 9 a Fundação Rockefeller gastou 3 . 5 6 7 . 0 0 0 dólares no Brasil,
dos quais 2 . 6 7 0 . 0 0 0 para a luta contra a febre amarela. No mesmo período, o conjun-
to dos países da América do Sul (com exceção do Brasil) recebeu 6 1 9 . 0 0 0 dólares, dos
quais 3 0 0 . 0 0 0 para a luta contra a febre amarela; os da América Central, 1 . 9 9 6 . 6 0 0 ,
dos quais 4 3 3 . 0 0 0 para a luta contra a febre amarela. LABRA, Μ. Ε. O Movimento
Sanitarista nos Anos 20..., op. cit., p . 5 9 - 6 0 . Ver também WILLIAMS, S. C. Nacionalismo
e saúde pública..., op. cit.
203
Entrevista de Louis Hackett com Warren; entrevista de Hackett com Conggenshall, 18
de setembro de 1 9 5 0 , RAC, RG 3, série 9 0 8 , caixa 3, dossiê 1 9 . 1 .
204
LABRA, Μ. Ε. O Movimento Sanitarista nos Anos 20..., op. cit; PAULA, Sérgio Góes de.
"Uma estrela no céu e um verme na terra", documento de trabalho, COC, 1 9 9 3 .
205
SABROSA, P. C. T.; KAWA, H. & CAMPOS, W. S. Q. Doenças transmissíveis: ainda u m
desafio. In: MINAYO, M. C. (Org.) Os Muitos Brasis: saúde e população na década de 80.
São Paulo, Rio de Janeiro: Hucitec, Abrasco, 1 9 9 5 , p . 1 7 7 - 2 4 4 .
206
PEIXOTO, 1 9 2 2 , citado por HOCHMAN, G. A Era do Saneamento, op. cit., p . 6 5 .
207
CHAUÍ, M. Conformismo e Resistência: aspectos da cultura popular no Brasil. São Paulo:
Brasiliense, 1 9 8 6 , p . 5 8 .
208
BRITTO, R. da S. & CARDOSO, Ε. A Febre Amarela no Pará. Belém: Assessoria de Progra-
mação e Coordenação, Divisão de Comunicação, 1 9 7 3 , p . 1 5 2 - 1 6 7 ; FRANCO, O. Histó-
ria da Febre Amarela no Brasil, op. cit., p . 1 5 2 - 1 5 6 .
209
Entrevista com o Dr. Gruber, u m dos responsáveis pelo CDC de Atlanta. TAUBES, G.
A mosquito bites back. The New York Times Magazine, 2 4 de agosto de 1 9 9 7 .
210
Debate: Dengue no Brazil. Manguinhos, 5 ( 1 ) : 1 7 3 - 2 1 5 , 1 9 9 8 , p. 2 1 2 . Trata-se apenas
dos casos oficialmente recenseados.
211
SABROSA, P. C. T ; KAWA, H. & CAMPOS, W. S. Q. Doenças transmissíveis: ainda u m
desafio. In: MINAYO, M . C. (Org.) Os Muitos Brasis: saúde e população na década de 80,
op. cit., p . 1 7 7 - 2 4 4 , às páginas 2 2 0 e 2 3 4 . U m ex-oficial da CDC de Atlanta, Tomas
Monath, também explicou que, se era possível erradicar o Aedes aegypti da América
Latina nos anos 1 9 5 0 e 6 0 , o mesmo não é mais possível hoje em dia por causa da
acumulação de dejetos nas cidades, cf. TAUBES, G. A mosquito bites back. The New
York Times Magazine, 2 4 de agosto de 1 9 9 7 .
212
SABROSA, P. C. T.; KAWA, H. & CAMPOS, W. S. Q. Doenças transmissíveis: ainda um
desafio, op. cit., p . 2 3 5 - 2 3 9 . A conjuntura é a da nova democracia brasileira, caracte-
rizada por u m a economia neoliberal e u m investimento mais reduzido do governo
central nas campanhas de saúde pública.
213
HERSHMAN, M. & PEREIRA, C. Α. A. O imaginário moderno no Brasil, op. cit. Alguns
intelectuais afirmaram que a ambigüidade é u m a das características nacionais dos
brasileiros. Os brasileiros puderam, assim, valorizar o controle e a disciplina, mas
também o hedonismo e a espontaneidade. Idem, p . 3 1 - 3 3 . A ambivalência da atitude
em relação à elevada prevalência da sífilis no Brasil - ao mesmo tempo flagelo e
ilustração do caráter nacional dos brasileiros, que valoriza o erotismo - reflete esse
tipo de abordagem. CARRARA, S. Tributo a Vênus: a luta contra a s í f i l i s no Brasil da
passagem do século aos anos 40. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 1 9 9 6 .
214
IYDA, M. Cem Anos de Saúde Pública: a cidadania negada. São Paulo: Editora Unesp,
1 9 9 3 , p.138. Em 1 9 9 6 , cartazes advertindo para o perigo da dengue são pregados no
prédio da Casa de Oswaldo Cruz (Manguinhos, Rio de Janeiro), no qual estão, entre
outros, o Arquivo do SFA que documentou a erradicação do aegypti no Brasil.
215
RIBEIRO, M. A. R. História Sem Fim...: inventário da saúde pública, 1880-1930. São Paulo:
Editora Unesp, 1 9 9 3 , citação à p . 2 7 0 .
216
SOPER, F. L. Ventures in World Health (Ed. J o h n Duffy). Washington DC: Paho (WHO),
1977.
Tornar o invisível visível: viagens, coletas e
análisesdelaboratório
é desolador ver o que vimos nas casas das pessoas que trabalham nas
plantações de borracha no rio Negro: pequenas cabanas de palha des-
providas de qualquer conforto, abarrotadas de pessoas vivendo em
grande promiscuidade. No meio de u m a jornada de trabalho, os m e m -
bros da comissão puderam ver por si mesmos a famosa indolência do
índio, que vegeta em sua rede durante horas, sem nenhum movimento
para se levantar e fazer algo de produtivo. A seu lado, inspirando nossa
compaixão pelo estado de miséria em que estão mergulhadas, estão sua
mulher e suas crianças, todos vítimas da doença e da total falta de cuida-
dos. Não se pode esperar muito de pessoas primitivas e inferiores,
mantidas em u m estado de civilização tão baixo, e que se encontram
inteiramente à mercê do egoísmo do homem branco, ocupado apenas
em aproveitar de seu trabalho grosseiro e automático para obter borra-
cha, e que não faz nenhum esforço para iniciá-los nos rudimentos da
18
moralidade e do progresso.
E m 1 9 1 6 , o s D r s . C o u n c i l m a n e L a m b e r t , da Escola de M e d i c i n a
Tropical da Universidade de Harvard, j u n t a m - s e a u m a expedição que des-
ce o A m a z o n a s e m navio a vapor, principalmente c o m o objetivo de estu-
dar a g e o g r a f i a física do c a n a l de C a s i q u i a r e (que liga os rios Negro e
O r e n o c o ) . A o regressarem, p u b l i c a m suas observações sobre a saúde dos
habitantes, m a s t a m b é m sobre a geografia h u m a n a e a e c o n o m i a da r e -
gião. Insistem especialmente na exploração dos índios da A m a z ô n i a pelos
proprietários das plantações. Os r a r o s índios que v i v e m n a s regiões i n a -
cessíveis a o s c o l o n o s , explicam C o u n c i l m a n e Lambert, m o r a m e m casas
c o m u n i t á r i a s parecidas c o m as dos índios iroqueses da América do Norte;
v i v e m da c u l t u r a de p l a n t a s e, o c a s i o n a l m e n t e , da c a ç a . M a s a m a i o r i a
dos índios que v i v e m nas regiões acessíveis aos b r a n c o s
são praticamente escravizados pelos mercadores de borracha que ob-
tiveram grandes concessões do governo. Os índios perderam sua inde-
pendência, sua agricultura e sua arte desapareceram, e recebem por seu
labor rum, máquinas de costura, caixas de música e outros produtos
inúteis da civilização. Eles são, em geral, pacientes, dóceis, e não lhes
falta inteligência, todas características que tornaram fácil a sua explora-
ção. Nas regiões afastadas da civilização, cometeram-se atrocidades,
cidades inteiras foram queimadas, os homens, mortos, e as mulheres e
crianças, seqüestradas. [...] A população das cidades é muito variada.
[...]A riqueza gerada pela indústria da borracha atraiu a atenção dos
imigrantes do mundo inteiro. [...] Comércios específicos tornaram-se
monopólio dos grupos nacionais: o comércio ambulante está nas mãos
dos armênios, enquanto a prostituição, muito desenvolvida, é organi-
zada principalmente pelos poloneses. Muito poucos brancos trabalham
21
na colheita da borracha.
Uma menina de sete ou oito anos desenvolveu uma febre muito alta. A
quinina não surtiu efeito algum. A morte, no quarto dia, foi precedida de
u m vômito negro e de uma anuria. Por causa da idade da doente e da
freqüência do impaludismo na região, o caso foi classificado apenas como
"suspeita", e os médicos não fizeram investigações mais aprofundadas.
aqui as pessoas estão mais distantes das fontes de água, e são relativa-
mente mais remediadas, e por isso capazes de comprar mais recipientes
de água do que os moradores dos bairros pobres. No alto da colina,
quase todas as casas são providas de grandes recipientes em terracota -
as "fôrmas" - para recolher e guardar a água da chuva. Esses recipien-
tes, de forma cônica, têm aproximadamente quatro pés de profundida-
de, são enfiados na terra e são muito difíceis de limpar ou de esvaziar. Se
u m serviço antilarvário vier se instalar aqui, esses recipientes serão u m
problema complicado. Praticamente todas as casas têm pelo menos uma
dessas "fôrmas", e muitas têm duas ou três. Encontramos larvas em
26
todas as que continham água.
O r e l a t o de S o p e r é sóbrio e l i m i t a - s e a o objetivo de s u a v i a g e m .
O u t r o s r e l a t o s de v i a g e m p r o d u z i d o s pelos e s p e c i a l i s t a s da F u n d a ç ã o
Rockefeller c o n s t r ó e m o c a s i o n a l m e n t e o q u a d r o de u m país p i t o r e s c o e
e s t r a n h o . Tais descrições o s c i l a m entre a exposição das diferenças que o
separam dos Estados Unidos (especialmente as condições de vida p r i m i t i -
vas e p o u c o higiênicas) e a acentuação das similaridades ( u m país de pio-
neiros e de imigração, que pode ser comparado aos Estados Unidos de ou¬
trora). M a s é a febre a m a r e l a que está n o centro dos relatos, através dos
casos recenseados e dos Aedes aegypti que a t r a n s m i t e m .
E m abril de 1 9 2 7 , Michael Connor, que à época dirigia o escritório
brasileiro da Fundação Rockefeller, viaja de barca ao longo do rio S ã o Fran-
cisco, atravessando os estados da Bahia e de M i n a s Gerais. Ele descreveu,
e m seu diário, sua visão de u m país povoado de insetos e, ocasionalmente,
de doenças febris:
A prática da viscerotomia
A viscerotomia é introduzida em larga escala n o Brasil e m 1 9 3 1 . Na
época, essa prática, que n ã o dispunha de a m p a r o legal adequado, por v e -
zes esbarra n a resistência dos médicos e dos responsáveis pela saúde p ú -
blica. No início de m a i o de 1 9 3 1 , Rickard anota em seu diário que a coleta
de a m o s t r a s de fígado n ã o teve, até então, grande sucesso. Propõe, para
remediar tal situação, intensificar a c a m p a n h a de esclarecimento dirigida
a o s poderes s a n i t á r i o s e investir m a i s esforços n o a c o m p a n h a m e n t o da
81
u t i l i z a ç ã o dos i n s t r u m e n t o s d i s t r i b u í d o s . A avaliação de Soper é m a i s
o t i m i s t a . Ele reconhece que o início da c a m p a n h a foi difícil, m a s , em j u -
n h o de 1 9 3 1 , diz ter confiança em suas possibilidades de sucesso; apesar
dos problemas encontrados na relação c o m os poderes locais, as a m o s t r a s
c o n t i n u a r a m a chegar regularmente ao laboratório central. U m a das m a -
neiras de estimular a prática da viscerotomia é, explica ele, pagar a o res-
ponsável por sua execução u m a quantia fixa para a m a n u t e n ç ã o do posto
e u m a gratificação por cada a m o s t r a de fígado coletada. A distribuição dos
viscerótomos t a m b é m foi u m grande sucesso: "A coisa m a i s surpreendente
nesta história", relata Soper, "foi a facilidade c o m que as a m o s t r a s podem
ser obtidas c o m esse i n s t r u m e n t o , s e m e n c o n t r a r resistência da p o p u l a -
8 2
ção". A falta de resistência poderia ter sido i m p u t a d a à i g n o r â n c i a da
existência e dos objetivos do serviço. Ora, e m a g o s t o de 1 9 3 1 , Soper a t r i -
bui o m a u funcionamento do serviço de Belém ao fato de seu responsável,
o Dr. Scanell, ter publicado, a conselho de u m colega brasileiro, a n ú n c i o s
nos j o r n a i s explicando a nova medida e pedindo a colaboração do público.
Soper vê nisso u m erro tático: "Do ponto de vista da psicologia do público,
83
o melhor é falar o m e n o s possível do v i s c e r ó t o m o " .
A lei de 2 3 de m a i o de 1 9 3 2 i n a u g u r a o f i c i a l m e n t e a p r á t i c a da
viscerotomia no Brasil (definida c o m o "a punção dos corpos a fim de coletar
a m o s t r a s para fins diagnósticos") e autoriza as autópsias parciais "em t o -
dos os casos em que isso for do interesse do Serviço" e, particularmente, em
todos os casos de m o r t e por a l g u m a doença febril ocorrida o n z e dias o u
menos após o seu início (artigos 5 2 - 5 7 ) . A lei estipula que, nas localidades
e m que exista u m serviço de viscerotomia, a autorização para i n u m a ç ã o ,
84
tornada obrigatória, n ã o pode ser emitida sem o visto de seu representante.
Essa o b r i g a ç ã o é decisiva p a r a o f u n c i o n a m e n t o r e g u l a r dos serviços de
viscerotomia: "A coleta de a m o s t r a s de fígado foi m u i t o difícil antes que as
autorizações para inumação entrassem em uso, e antes que os representan-
85
tes do Serviço de Viscerotomia adquirissem status oficial". A rede de esta-
ções de v i s c e r o t o m i a a m p l i o u - s e r a p i d a m e n t e e m 1 9 3 2 . Estações f o r a m
abertas n o conjunto do território brasileiro, c o m exceção da Amazônia, c o n -
86
siderada vasta demais e m u i t o pouco povoada. S u a implantação reforçou a
visibilidade do Serviço da Febre Amarela, e o registro dos óbitos permitiu a
87
organização de u m serviço de estatística unificado para o norte do B r a s i l .
E m 1 9 3 4 , u m dos especialistas da F u n d a ç ã o Rockefeller n o Brasil, Kerr,
propôs introduzir u m sistema de cartões perfurados para aperfeiçoar as esta-
88
tísticas de febre amarela (método emprestado das companhias de seguro).
Crawford achava, e m 1 9 3 2 , que a m e l h o r m a n e i r a de obter a m o s -
tras de fígado era coletá-las diretamente n o cemitério. A falta de m o r g u e s
n o s c e m i t é r i o s , e n t r e t a n t o , a p r e s e n t a v a u m sério i n c o n v e n i e n t e , a s s i m
c o m o a utilização sistemática da capela. O ideal, segundo Crawford, seria
c o n s t r u i r n o c e m i t é r i o u m l u g a r especial p a r a a coleta de a m o s t r a s de
89 90
fígado. Seria desejável, além disso, centralizar os s e p u l t a m e n t o s . A par-
tir de 1 9 3 2 , prédios especiais, chamados necrotérios, são erigidos nos cemi-
térios importantes para permitir a coleta n o local de amostras de fígado. A
arquitetura desses necrotérios varia ligeiramente conforme as regiões, m a s ,
e m geral, restringe-se à planta básica: u m pequeno prédio retangular, c o m
u m a j a n e l a redonda a c i m a da p o r t a e, e v e n t u a l m e n t e , p e q u e n a s j a n e l a s
laterais n o a l t o . O e q u i p a m e n t o do n e c r o t é r i o c o n s i s t e e m u m a grande
m e s a e m pedra o u c i m e n t o ( m e s a a n a t ô m i c a ) sobre a q u a l são feitas as
autópsias parciais. Alguns necrotérios n ã o t r a z i a m inscrição a l g u m a ; eram
prédios e x t r e m a m e n t e modestos, às vezes em tijolo aparente, ornados c o m
u m a simples c r u z o u c o m o aspecto de verdadeiras capelinhas. O u t r o s ,
m a i s elaborados, f o r a m pintados de b r a n c o , e as siglas SFA (Serviço da
Febre A m a r e l a ) , SFA-Necrotério, o u ainda DNSP eram inscritas n o prédio.
Essas inscrições e r a m ora discretas, ora m u i t o visíveis (grandes letras e m
preto n a fachada do prédio), em função da situação local; os responsáveis
pelo Serviço de V i s c e r o t o m i a e s t i m a r a m , a l g u m a s vezes, que a m a n e i r a
m a i s eficaz de fazer funcionar o serviço era agir c o m discrição; e m outros
locais, j u l g a r a m m a i s eficaz dar relevo à autoridade do S e r v i ç o da Febre
A m a r e l a . A a r q u i t e t u r a dos necrotérios devia permitir a rápida execução
da coleta de a m o s t r a s , ao abrigo dos olhares indiscretos e m e s m o de inter-
91
venções indesejáveis (paredes e portas s ó l i d a s ) .
E m 1 9 3 7 , Rickard redige u m a série de conselhos para a organização
de p o s t o s de v i s c e r o t o m i a . A pessoa encarregada de estabelecer u m n o v o
posto devia passar u m certo t e m p o n o lugar afetado para se familiarizar
c o m a situação geral (as dimensões do povoamento, o n ú m e r o de médicos
e f a r m a c ê u t i c o s , as elites locais, a s i t u a ç ã o s a n i t á r i a da c o m u n i d a d e , o
n ú m e r o de c e m i t é r i o s , a eficiência da polícia e da a d m i n i s t r a ç ã o local)
sem, i n i c i a l m e n t e , divulgar o objetivo de s u a m i s s ã o . Ela estava, e n t ã o ,
e m u m a posição m e l h o r para escolher u m a pessoa adequada c o m o repre-
sentante do Serviço de V i s c e r o t o m i a . U m a vez escolhido o representante,
ele devia receber instruções detalhadas; se conseguissem u m cadáver adequa-
do, era até m e s m o bastante desejável que se fizesse u m a demonstração.
D i s p o m o s de v á r i a s t r o c a s de opiniões sobre a v i s c e r o t o m i a , m a s
raras são as informações sobre o desenvolvimento desta prática. O diário
de Soper no período de 1 9 4 0 descreve a viscerotomia de u m a criança m o r -
ta de doença febril suspeita em Tancredo (Espírito S a n t o ) . A c r i a n ç a foi
s e p u l t a d a d u a s h o r a s a n t e s da c h e g a d a dos e s p e c i a l i s t a s da F u n d a ç ã o
Rockefeller:
As resistências à viscerotomia
No relatório de atividades da Fundação Rockefeller no Brasil do a n o
de 1 9 3 9 , Soper sublinha que a oposição à viscerotomia praticamente de-
101
sapareceu no p a í s . Desde 1 9 3 0 , os serviços de v i s c e r o t o m i a c o l e t a r a m
1 7 8 . 6 4 8 a m o s t r a s de fígado, das quais 9 6 1 ( 0 , 5 4 % ) revelaram-se positi-
vas. Esse resultado, é verdade, foi apresentado c o m o i m p o r t a n t e para a
vigilância sanitária, m a s t a m b é m suscitou objeções por parte dos parentes
das pessoas ( 9 9 , 4 % do c o n j u n t o dos casos) cujas a m o s t r a s de fígado não
1 0 2
r e v e l a r a m , a p ó s a n á l i s e , a p r e s e n ç a da febre a m a r e l a . A p r á t i c a da
viscerotomia m u i t a s vezes teve u m a acolhida mitigada, quando não fran-
camente hostil. U m j o r n a l brasileiro, A Pátria, acusou a Fundação Rockefeller
103
de c o m p r a r fígado h u m a n o ao preço de u m dólar a a m o s t r a . No estado
do Ceará, os enviados da Fundação Rockefeller que h a v i a m precisado en-
frentar a resistência da população p r o c u r a r a m o Padre Cícero para pedir
seu apoio à c a m p a n h a de viscerotomia, apoio que lhes foi concedido. Soper
faz, em 1 9 3 2 , o relato de seu encontro c o m o santo de Juazeiro, que
Padre Cícero [...] falou-me dos episódios da história de meu país, e fez
muitas preces pela saúde de J o h n D. Rockefeller; queria saber se o Sr.
Rockefeller continua a jogar golfe. No passado, a cooperação do Padre
105
Cícero em Juazeiro facilitou maravilhosamente as coisas para n ó s .
Em Rio Manso, falamos com o telegrafista. Ele nos contou que sabe de
oito casos de febre amarela, cinco mortos. U m dos casos fatais foi o de
u m irmão de sua mulher. Repetiu, como ouvimos por toda parte, que
a doença é ligada às roças, clareiras abertas na floresta onde se cultivam
vegetais, frutas e arroz de várzea. Em geral, apenas os homens são
atingidos - as mulheres e as crianças que sofreram da doença também
trabalharam nas roças. As pessoas da região têm u m ar espantosamen-
te inteligente e algumas são bons epidemiologistas amadores. [...] Des-
cemos até Coronel Ponce. A população dessa localidade é de aproxima-
damente 3 0 0 pessoas, muitas das quais crianças. U m rio que corre
rápido atravessa o centro da cidadezinha, e algumas casas se agrupam
a seu redor. Ao chegarmos, às 4 horas, soubemos que o último caso de
febre amarela morrera ao meio-dia, e que o Dr. Burke estava fazendo a
autópsia. Como em todos os outros casos conhecidos de febre amarela,
o homem trabalhou nas roças, mas voltou à casa para dormir. [...] Boa
parte do alimento das pessoas das fazendas vem das roças. Nas roças há,
em geral, u m abrigo onde os trabalhadores dormem na época de traba-
lho intensivo da cultura do arroz; só voltam a suas casas no domingo.
Os rios perto das roças têm correntezas e são cheios de pedras. A floresta
tropical nessa região é muito densa, povoada por bandos de macacos
que pesam de 4 a 5 kg, assim como de porcos selvagens que têm grande
mobilidade. Têm o hábito de roubar comida nas roças. Os macacos são
atraídos pelo milho. Os camundongos silvestres comem arroz. Nin-
guém observou epidemia entre os animais selvagens, ainda que u m
camundongo morto tenha sido visto em uma roça em Buriti da Concei-
ção, durante a irrupção de febre amarela. [...] Em Ponte Barro, havia
quatro casos de febre amarela, dos quais três fatais. O último morreu
em 18 de abril, e o Dr. Novis obteve uma amostra de fígado positivo
desse caso. U m homem, uma mulher e u m menino morreram, u m
outro menino curou-se. Todos, inclusive a mulher, trabalharam nas
roças. [...] Chegamos a Boa Esperança. Ali há duas casas, u m a para os
brancos e uma para os negros. Dois dos filhos da família branca contra-
íram febre amarela trabalhando nas roças; u m morreu. O sangue do
rapaz que ficou curado deu positivo no teste de proteção do camun-
dongo. [...] A colheita do arroz começou logo antes do primeiro caso.
Perdeu-se muito tempo por causa da doença e da morte, depois as pes¬
soas voltaram a trabalhar na roça por oito dias suplementares, quando
o segundo irmão caiu doente. Todo mundo, então, se convenceu de que
121
a doença está ligada à roça, e a colheita foi abandonada.
Na m e s m a o c a s i ã o , S o p e r v i s i t a a p l a n t a ç ã o Fordlândia, m a n t i d a
pela Ford Rubber C o m p a n y , a pedido de seu diretor, Sr. J o h n s t o n . Soper
observa que os trabalhadores, em m a u estado de saúde, parecem sofrer de
a n e m i a . Ε prossegue:
Gilmore relatou que ele encontra agora muito mais animais do que
há algum tempo, graças às mudanças no método de instalar as armadi-
lhas. Conseguimos agora pegar m u i t o mais animais pequenos.
Damasceno ficou muito mais hábil para pegar macacos, e pegou con-
siderável número deles em dois ou três lugares diferentes [...] A visita à
seção zoológica foi muito instrutiva e mostrou que, apesar de todas as
dificuldades, nós conseguimos reunir uma impressionante coleção de
animais. Ela tem aproximadamente 5 0 macacos e u m grande número
127
de pássaros.
A s c a m p a n h a s de c a ç a dirigidas pelos e s p e c i a l i s t a s da F u n d a ç ã o
Rockefeller p r o s s e g u e m d u r a n t e o s a n o s 1 9 4 0 e 1 9 5 0 . Elas a l e g a r a m a
presença de anticorpos contra o vírus da febre amarela em vários animais
da floresta tropical, sem n o entanto elucidar definitivamente o papel r e s -
pectivo desses a n i m a i s n a persistência do vírus da febre amarela na n a t u -
1 3 0
reza, e e m s u a t r a n s m i s s ã o a o h o m e m . N u m primeiro m o m e n t o , os
especialistas da F u n d a ç ã o Rockefeller que o r g a n i z a r a m a c a m p a n h a c o n -
tra a febre a m a r e l a n o Brasil n ã o se interessaram pelo agente da doença,
irrevogavelmente condenada a desaparecer c o m a diminuição da densida¬
de de seu vetor e a interrupção de sua cadeia de transmissão. N u m segun-
do m o m e n t o , fizeram esforços consideráveis para t o r n a r o vírus da febre
amarela detectável nos h u m a n o s , a fim de melhor definir o alvo das c a m -
p a n h a s de c o n t r o l e deste v í r u s . S u a intervenção n o Brasil t e r m i n o u c o m
expedições n a floresta tropical que p e r m i t i r a m a coleta de sangue de m a -
míferos e de pássaros e u m estudo detalhado dos m o s q u i t o s , sem n o en-
t a n t o m e l h o r a r de m a n e i r a decisiva os c o n h e c i m e n t o s sobre o ciclo n a t u -
ral do v í r u s da febre a m a r e l a . Nos a n o s 1 9 3 0 , os enviados da Fundação
Rockefeller a o Brasil c o n s e g u i r a m tecer sólidos laços entre o laboratório e
o "campo", entendido então c o m o o conjunto dos lugares onde residem os
hospedeiros h u m a n o s do vírus da febre a m a r e l a . Esses laços r e p o u s a r a m ,
em larga medida, n a capacidade dos responsáveis pela c a m p a n h a c o n t r a a
febre a m a r e l a de assegurar, pela persuasão o u pela coerção, a cooperação
dos h a b i t a n t e s das áreas atingidas pela febre a m a r e l a .
Quando o " c a m p o " se estendeu à floresta tropical, esses laços c o m o
l a b o r a t ó r i o se v i r a m f r a g i l i z a d o s e m a i s f r a g m e n t á r i o s . A s f o r m a s de
v i s u a l i z a ç ã o do v í r u s da febre a m a r e l a desenvolvidas a o l o n g o dos a n o s
1 9 3 0 b a s e a v a m - s e n a estreita i m b r i c a ç ã o entre as técnicas de l a b o r a t ó r i o
e os dispositivos de fiscalização das populações h u m a n a s . Tais m é t o d o s
r e v e l a r a m - s e i n ú t e i s n a i n d i c a ç ã o da e x i s t ê n c i a de u m r e s e r v a t ó r i o de
patógenos nos animais selvagens. O reconhecimento do fato de que o v í -
rus da febre amarela permaneceria por m u i t o tempo invisível e inapreensível
e s t i m u l o u o desenvolvimento de o u t r a s abordagens para o controle desta
doença: a eliminação dos m o s q u i t o s Aedes aegypti, a fiscalização das p e s -
s o a s que t o r n a m s u a p r o l i f e r a ç ã o possível e, f i n a l m e n t e , o d e s e n v o l v i -
m e n t o de u m a vacina capaz de proteger as pessoas expostas a risco.
Notas
1
HACKING, I. Representing and Intervening. Cambridge: Cambridge University Press,
1983.
2
Sobre as coletas e os instrumentos, ver LATOUR, Β. Comment redistribuer le grand
partage. Revue de Synthèse, 1 1 0 : 2 0 2 - 2 3 6 , 1 9 8 3 ; BOURGUET M.-N. La collecte du m o n -
e
de: voyage et histoire naturelle (fin XVII'-début XIX ). In: BLANCAERT, C. et al. (Eds.)
Le Museum au Premier Siècle de son Histoire. Paris: Museum National d'Histoire Naturelle,
1 9 9 7 , p . 1 6 3 - 1 9 6 ; BOURGUET, M.-N.& LICOPPE, C. Voyages, mesures et instruments.
Une nouvelle expérience du monde au siècle des lumières. Annales HSS, 5 : 1 . 1 1 5 - 1 . 1 5 1 ,
1 9 9 7 ; BOURGUET, M.-N. & BONNEUIL, C. Botanique et colonisation: l'inventaire du
e e
monde, la mise en valeur du globe (fin XVII - début XIX ). Revue Française d'Histoire
d'Outre-mer, 2000.
3
BOURGUET, M.-N. La collecte du monde, op. cit., p . 1 6 5 .
4
MARCHOUX Ε. & SIMOND, P. L. Études s u r la fièvre j a u n e . Troisième mémoire.
Annales de l'Institut Pasteur, 2 0 : 1 0 4 - 1 4 8 1 9 0 6 , às páginas 1 2 5 - 1 4 2 .
5
MARCHOUX, Ε. SALIMBENI A. T. & SIMOND, P. L. La fièvre j a u n e . Rapport de la
mission française. Annales de l'Institut Pasteur, 17(11):.665-731, 1 9 0 3 , às páginas 6 9 7 -
7 0 5 ; MARCHOUX, Ε. & SIMOND, P. L. Études sur la fièvre j a u n e . Troisième mémoire.
Annales de l'Institut Pasteur, 2 0 : 1 0 4 - 1 4 8 , 1 9 0 6 , às páginas 1 2 5 - 1 4 2 ; MARCHOUX, Ε. &
SIMOND, P. L. Études sur la fièvre j a u n e . Troisième mémoire. Annales de l'Institut
Pasteur, 2 0 : 1 6 1 - 2 0 5 , 1 9 0 6
6
Idem, p. 1 9 2 .
7
Ibid., p. 1 9 5 - 1 9 6 .
8
Sidney Chalhoub estudou a utilização - para legitimar sua destruição - do argumen-
to que enuncia que os alojamentos pobres e superpovoados do centro da cidade (os
cortiços) eram focos de propagação das doenças. Realizada em fins do século X I X ,
essa destruição continuou durante a campanha sanitária de Oswaldo Cruz, provo-
cando o exílio forçado da população desvalida do Rio de Janeiro, do centro da cidade
para os morros, e o desenvolvimento das favelas. Cf. CHALHOUB, S. Cidade Febril:
cortiços e epidemias na corte imperial. São Paulo: Companhia das Letras, 1 9 9 6 .
9
LIMA, A. L. G. S. de. A bordo da República: diário pessoal da expedição de Oswaldo
Cruz aos portos marítimos e fluviais do Brasil. Manguinhos, 4 : 1 5 9 - 1 6 7 , 1 9 9 7 . O diag-
nóstico microscópico da malária é u m a inovação técnica relativamente recente ( 1 9 0 5 ) .
10
The great afflictions o f the North. In: THIELEN, Ε. V. et al. Science Heading for the
Backwoods: images of scientific expeditions conducted by the Oswaldo Cruz Institute scientists
to Brazilian Hinterland, 1911-1913. Rio de Janeiro: Casa de Oswaldo Cruz, 1 9 9 1 ,
p. 1 1 3 - 1 2 4 , à página 1 1 4 .
11
COPANI, Ε. de F. de. (Coord.) Nosso Século. São Paulo: Abril Cultural, p . 1 6 8 - 1 7 0 .
12
CRUZ, O. Considerações gerais sobre as condições sanitárias do Rio Madeira ( 1 9 1 0 ) .
In: CRUZ, O. Opera Omnia. Rio de Janeiro: Imprensa Brasileira, 1 9 7 2 , p . 5 6 7 - 6 2 5 , às
páginas 5 7 3 - 5 7 5 e 6 2 0 - 6 2 4 . The great afflictions o f the North, op. cit.
13
Introduction. In: Science Heading for the Backwoods, op. cit., p . 3 - 9 .
14
LUTZ, A. & MACHADO, A. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, 1 9 1 6 , p . 1 8 5 .
15
A microscope in the search of a nation. In: Science Heading for the Backwoods, op. cit.,
p.53-60.
16
PENNA, B. & NEIVA, A. Viagem científica pelo norte da Bahia, sudoeste de Pernambuco,
sul do Piauí e norte e sul de Goiás. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, 8 : 7 4 - 2 2 4 , 1 9 1 6 ,
à página 1 1 6 .
17
The great afflictions of the North. In: Science Heading for the Backwoods, p.120.
18
Idem, p.123.
19
CHAGAS, C.; LEÃO, Ρ. & ALBUQUERQUE, J . P. Rapport sur les conditions médico-sanitaires
dans le bassin de l'Amazonie, apresentado ao Ministério da Agricultura, da Indústria e do
Comércio, Escritório da Divisão da Borracha, 1 9 1 3 , citado em Science Heading for the
Backwoods, op. cit., p. 1 2 3 . Em 1 9 2 0 , Chagas veio a ser o primeiro diretor do DNSP
20
CARTER, Η. R. Fortaleza. In: GORGAS, W. C. et al. The Yellow Fever Division of Brazil: a
general report, 1 9 1 7 , RAC, RG 5, série 2 , caixa 6 4 .
21
COUCILMAN W. Τ & LAMBERT, R. A. The Medical Report of the Rice Expedition to Brazil.
Cambridge, Mass.: Harvard University Press, 1 9 1 8 , p . 1 6 - 1 7 .
22
Idem, p. 1 0 8 - 1 1 1 .
23
ARAÚJO, Η. C. S. A Prophylaxia Rural no Estado do Pará: Belém. Livraria Gillet: 1 9 2 2 ,
p.297-336.
24
Idem, p. 3 1 7 - 3 2 1 .
25
Ibid., p . 3 2 2 .
26
SOPER, F. L. Report on investigation o f suspected cases o f yellow fever in Porto Calvo,
State o f Alagoas, 2 3 de abril de 1 9 2 1 , RAC, RG 5, série 2 , caixa 2 4 , dossiê 1 4 4 .
27
Diário de Connor de 1 9 2 7 , anotações de 1 a 17 de abril, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa
4 0 , dossiê 2 3 2 . Connor conclui, ao fim de sua viagem, que nenhuma cidade situada ao
longo do rio São Francisco tem população suficiente para manter u m a infecção pela
febre amarela, o u u m a imigração suficientemente importante para permitir u m a
epidemia: "em r e s u m o , a febre amarela irá desaparecer espontaneamente dessas
cidades por causa da falta do 'hospedeiro humano'". Connor a Janney, 2 5 de abril de
1 9 2 7 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 4 0 , dossiê 2 3 2 .
28
Relatório de Lucian Smith de 14 de março de 1 9 2 7 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 1 9 ,
dossiê 1 5 5 . As idéias de Smith sobre a degeneração dos habitantes de Juazeiro são
próximas às de alguns pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz. Entretanto, Smith
a atribui unicamente à auto-seleção de uma população que tem características físicas
e morais inferiores (ele sublinha que uma cidade vizinha, Crato, prospera em condi-
ções físicas semelhantes). Em compensação, os pesquisadores brasileiros observa-
ram também a ligação entre a degradação física e moral dos habitantes do interior do
Brasil e sua exploração pelos proprietários das plantações.
29
Diário de Muench de 1 9 2 9 ; anotações de 2 4 e de 2 5 de janeiro, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 ,
caixa 4 4 , dossiê 2 5 3 .
30
Apresentação de Soper na Conferência Sanitária Pan-Americana, Buenos Aires, n o -
vembro de 1 9 3 4 , Acoc, documento 3 4 . 1 1 . 0 0 .
31
Diário de Muench de 1 9 2 9 , anotações de 17 de janeiro de 1 9 2 9 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 ,
caixa 4 4 , dossiê 2 5 3 .
32
Connor a Russel, 15 de abril de 1 9 3 0 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 0 , dossiê 1 6 2 .
33
Sawyer a Russel, 18 de j u n h o de 1 9 3 0 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 0 , dossiê 1 6 4 .
34
Sawyer a Russel, 17 de j u n h o de 1 9 3 0 , Acoc, documento RF 3 0 . 0 6 . 1 7 / 1 .
35
Frobisher a Russel, 17 de dezembro de 1 9 2 9 ; Frobisher a Sawyer, 7 de março de 1 9 3 0 ;
Frobisher a Kerr, 4 de abril de 1 9 3 0 ; Frobisher a Russel, 14 de abril de 1 9 3 0 , RAC, RG
1.1, série 3 0 5 , caixa 2 0 , dossiê 1 6 2 .
36
Soper a Russel, 9 de setembro de 1 9 2 9 ; Persis Putnam, Memorando dirigido a Russel,
de 3 de outubro de 1 9 2 9 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 0 , dossiê 1 6 2 ; Russel a Connor,
2 4 de abril de 1 9 3 0 ; Connor a Russel, 6 de maio de 1 9 3 0 ; RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa
2 0 , dossiê 1 6 4 .
37
Sawyer a Russel, 17 de j u n h o de 1 9 3 0 , Acoc, documento RF 3 0 . 0 6 . 1 7 / 1 .
39
Soper a Russel, 16 de março de 1 9 3 1 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 6 6 . Uma
epidemia de mortalidade menos elevada também pode ser induzida por u m vírus
menos virulento.
39
Soper a Sawyer, 6 de abril de 1 9 3 1 ; Sawyer a Soper, 15 de maio de 1 9 3 1 ; Sawyer a
Frobisher, 18 de maio de 1 9 3 1 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 6 6 .
43
Notas de Hackett sobre a história da IHD, RAC, RG 3 . 1 , série 9 0 8 , caixa 1, dossiê 8 6 - 9 8 .
41
Sawyer a Soper, 3 de j u l h o de 1 9 3 1 ; Lloyd a Sawyer, 14 de j u l h o de 1 9 3 1 , RAC, RG 1.1,
série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 6 6 ; Sawyer a Soper, 3 0 de setembro de 1 9 3 1 , RAC, RG 1.1,
série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 6 7 .
42
Diário de Soper de 1 9 3 1 , anotações de 2 3 de novembro, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa
2 7 , dossiê 2 0 7 b . U m lote de camundongos destinado à criação j á havia sido enviado,
mas, por engano, ele foi misturado com u m lote de camundongos utilizados para
testes de proteção.
43
Soper a Russel, 1 0 de dezembro de 1 9 3 1 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 6 8 .
44
Uoyd a Sawyer, 8 de outubro de 1 9 3 1 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 6 8 .
U m a epidemia de tifo m u r i n o no laboratório da Bahia atrasou esses trabalhos.
4 5
Soper a Sawyer, 2 7 de outubro de 1 9 3 1 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 6 7 .
46
Soper a Russel, 1 0 de dezembro de 1 9 3 1 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 6 8 .
4 7
Diário do laboratório da Bahia, anotações do mês de maio de 1 9 3 1 , RAC, RG 1.1, série
3 0 5 , caixa 4 2 , dossiê 2 4 7 .
48
Soper propôs que se lesse u m resultado 1/4 positivo como negativo. Soper a Russel, 2 7
de dezembro de 1 9 3 3 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 7 1 . Sawyer achou que
tal teste deveria ser classificado como não conclusivo e que seus resultados deveriam
ser descartados. Sawyer a Soper, 15 de janeiro de 1 9 3 4 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa
2 1 , dossiê 1 7 3 . Em 1 9 3 4 , Soper aceitou classificar o conjunto dos resultados parciais
como não conclusivos. Soper a Kerr, 6 de fevereiro de 1 9 3 4 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 ,
caixa 2 1 , dossiê 1 7 3 . Em 1 9 3 5 , Kerr reabriu o debate, propondo que os resultados "não
conclusivos" fossem reconsiderados c o m o positivos, visto que provavelmente eles
continham u m a pequena quantidade de anticorpos. Soper a Russel, 14 de outubro de
1 9 3 5 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 7 7 .
49
M u e n c h , M e m o r a n d o sobre a uniformidade dos testes de c a m u n d o n g o , de 15 de
março de 1 9 3 3 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 7 1 .
50
Diário de Doyle de 1 9 3 1 , anotações de 3 de fevereiro, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 4 1 ,
dossiê 2 4 2 .
51
Diário de Soper de 1 9 3 2 , anotações de 4 de março, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 7 ,
dossiê 2 0 8 .
52
Diário de Soper de 1 9 3 2 , anotações de 3 - / 3 / 1 9 3 2 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 7 ,
dossiê 2 0 8 .
53
Diário de Soper de 1 9 3 2 , anotações de 11 de março, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 7 ,
dossiê 2 0 8 .
54
Diário de Soper de 1 9 3 0 , anotações de 9 de outubro, 2 6 de agosto, RAC, RG 1.1, série
3 0 5 , caixa 2 7 , dossiê 2 0 7 .
55
Entrevista de Hackett com Kumm, 1 0 de abril de 1 9 5 1 , RAC, RG 3 . 1 , série 9 0 8 , caixa 1,
dossiê 8 6 - 9 8 . Kumm menciona também que o viscerotomista de São Gonçalo conse-
guiu suas amostras de fígado (das quais várias revelaram-se positivas) empunhando
seu revólver.
56
Notas de Hackett sobre a febre amarela, RAC, RG 3 . 1 , série 9 0 8 , caixa 3, dossiê 1 9 .
57
Entrevista de Hackett com Wilson G. Smillie, 1 0 de novembro de 1 9 5 0 , RAC, RG 3 . 1 ,
série 9 0 8 , caixa 3, dossiê 1 9 . 1 .
58
Notas de Hackett sobre a febre amarela, RAC, RG 3 . 1 , série 9 0 8 , caixa 3, dossiê 1 9 .
59
Entrevista de José Fonseca da Cunha, médico brasileiro empregado pelo Serviço da Febre
Amarela nos anos 1 9 3 0 . A entrevista foi feita em 1 9 8 7 no âmbito do projeto de história
oral "Memória de Manguinhos", dirigido por Nara Britto e Wanda Hamilton, Acoc.
60
Sawyer a Soper, 2 4 de outubro de 1 9 3 5 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 7 7 .
61
Programa da Fundação Rockefeller para 1 9 3 5 ; Carpenter a Sawyer, 2 9 de setembro de
1 9 3 4 ; Soper a Russel, 7 de dezembro de 1 9 3 4 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 7 4 .
62
SOPER, F. L.; RICKARD; Ε. R. & CRAWFORD, P. J . The routine post mortem removal o f
liver tissue from rapidly fatal fever cases for the discovery o f solent yellow fever foci.
The American Journal of Hygiene, 1 9 ( 3 ) : 5 4 9 - 5 5 6 , 1 9 3 4 .
63
ROCHA LIMA, H. da. Zur pathologishen Anatomie des Gelbfiebers. Verhandl. D. Deutsch.
path. Gesellsch., 1 9 1 2 , p . 1 6 3 ; ROCHA LIMA, H. da. Da importância prática das lesões do
fígado na febre amarela. Rev. Med. Hambourg., 2 : 3 3 6 - 3 3 9 , 1 9 2 1 ; do mesmo autor, O
diagnóstico post mortem da febre amarela. Folha Médica, 7 : 1 6 9 , 1 9 2 6 ; MARGARINO
TORRES, C. Sur la dégénérescence oxychromatique du foie chez les singes inoculés
avec le virus de la fièvre j a u n e . Comptes Rendus de la Société de Biologie, 9 9 : 1 . 6 6 9 - 1 . 6 7 1 ,
1 9 2 8 ; PENNA, O. & FIGUEIREDO, B. de. Contribuição ao estudo da histopatologia do
fígado na febre amarela. Folha Médica, 1 0 : 2 2 9 , 1 9 2 9 ; KLOTZ, O. & BELT, Τ. Η. The
pathology o f liver in yellow fiever, American Journal of Pathology, 6 : 6 6 3 - 6 8 7 , 1 9 3 0 .
64
COWDREY, Ε. V. & KITCHEN, S. F. Intranuclear inclusions yellow fever. Science, 6 9 : 2 5 2 -
2 5 3 , 1 9 2 9 . Se não ocorrer morte nos dez dias seguintes ao início da doença, a imagem
patológica do fígado é alterada, razão suplementar para só pedir amostras de fígado
dos casos de "febre" falecidos dez dias após o início da doença. VILELA, E. Histology of
h u m a n yellow fever when death is delayed. Archives of Pathology, 3 1 : 6 6 5 - 6 6 9 , 1 9 4 1 .
65
Diário de Rickard em 1 9 3 0 , anotações de 3 0 de j u n h o , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 5 0 ,
dossiê 2 6 5 .
66
Diário de Rickard em 1 9 3 0 , anotações de 8 de j u l h o , 1 0 de j u l h o , 17 de j u l h o , 19 de
julho, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 5 0 , dossiê 2 6 5 .
67
Diário de Rickard em 1 9 3 0 , anotações de 2 5 de agosto, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 5 0 ,
dossiê 2 6 5 .
68
Entrevista de Hackett com Rickard, 2 5 de outubro de 1 9 5 0 , RAC, RG 3 . 1 , série 9 0 8 ,
caixa 1, dossiê 8 6 - 9 8 .
69
Soper a Russel, 2 1 de j u l h o de 1 9 3 0 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 0 , dossiê 1 6 4 .
70
Russel a Soper, 5 de agosto de 1 9 3 0 ; Soper a Russel, 11 de agosto 1 9 3 0 ; Russel a Soper,
12 de agosto de 1 9 3 0 (telegrama); Soper a Russel, 12 de agosto de 1 9 3 0 , RAC, RG 1.1,
série 3 0 5 , caixa 2 0 , dossiê 1 6 4 ; Diário de Soper em 1 9 3 0 , anotações de 7 de agosto,
RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 7 , dossiê 2 0 7 .
71
Entrevista de Hackett com Soper, RAC, RG 3 . 1 , série 9 0 8 , caixa 1, dossiê 8 6 - 9 8 .
72
Diário de Soper em 1 9 3 0 , anotações de 9 de agosto, 2 6 de agosto, RAC, RG 1.1, série
3 0 5 , caixa 2 7 , dossiê 2 0 7 .
73
Diário de Soper em 1 9 3 0 , anotações de 2 2 de j u l h o , 1 de agosto e 2 de agosto, RAC, RG
1.1, série 3 0 5 , caixa 2 7 , dossiê 2 0 7 . Em 9 de agosto, Rickard anota em seu diário que
Soper lhe mostrou os desenhos de um instrumento feitos por u m médico brasileiro,
indicando ter enviado ao autor informações sobre o instrumento desenvolvido por
Rickard, e que ele está tentando imitar; Diário de Rickard em 1 9 3 0 , anotações de 9 de
agosto, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 5 0 , dossiê 2 6 5 .
74
Parreiras insistiu em reivindicar a prioridade na invenção do viscerótomo. Fontes brasi-
leiras o citaram como autor dessa inovação, e o próprio Parreiras publicou um artigo
intitulado ' T h e creation of the visceroctomy service for the diagnostic o f yellow fever
and the first visceroctome", no qual reitera que foi ele quem teve a idéia das autópsias
sistemáticas e das autópsias parciais, e que ele foi o primeiro a inventar um instrumento
para operar estas últimas. RIBEIRO, L (Coord.) Brazilian Medical Contributions (livro pre-
parado para a Exposição Universal de 1 9 3 9 ) . Rio de Janeiro: Livraria José Olympio
Editora, 1 9 3 9 , p . 1 0 6 - 1 0 7 . Em 1 0 de abril de 1 9 5 7 , Parreiras é condecorado pela Ordem dos
Médicos brasileiros pela invenção do viscerótomo. SOPER, F. L. Ventures in World Health (ed.
John Duffy). Washington DC: Paho (WHO), 1 9 7 7 , p.164.
75
Diário de Soper em 1 9 3 0 , anotações de 15 de setembro, 19 de setembro, RAC, RG 1.1,
série 3 0 5 , caixa 2 7 , dossiê 2 0 7 . Em 1 9 3 0 , Soper está inclinado a achar que os méritos
do desenvolvimento da viscerotomia são compartilhados, e que Décio Parreiras de-
senvolveu seu serviço de coleta de amostras de fígado de cadáver paralelamente ao da
Fundação Rockefeller. Diário de Soper de 1 9 3 0 , anotações de 9 de agosto, 2 6 de agosto,
RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 7 , dossiê 2 0 8 .
76
Diário de Soper para 1 9 3 2 , anotações de 2 9 de março, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 7 ,
dossiê 2 0 8 .
77
Soper a Russel, 3 de setembro de 1 9 3 0 ; Soper a Russel, 1 0 de setembro de 1 9 3 0 ; Sawyer
a Soper, 12 de setembro de 1 9 3 0 ; Beeuwkes a Russel, 6 de outubro de 1 9 3 0 , RAC, RG
1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 6 5 .
78
Soper a Russel, 19 de novembro de 1 9 3 0 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 6 5 .
79
Soper ao ministro da Saúde do Brasil, 2 6 de novembro de 1 9 3 0 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 ,
caixa 2 1 , dossiê 1 6 5 .
80
Diário de Soper em 1 9 3 0 , notas de 2 9 - 3 0 de j u n h o , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 7 ,
dossiê 2 0 7 .
81
Soper a Russel, 1 0 de dezembro de 1 9 3 1 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 6 8 .
A r e s i s t ê n c i a dos m é d i c o s à p r á t i c a da v i s c e r o t o m i a e s t a v a ligada à
"desprofissionalização" da autópsia. A viscerotomia foi restrita aos óbitos devidos a
uma febre indeterminada. Em caso de suspeita direta de morte por febre amarela,
fez-se uma autópsia completa. Soper a Russel, 9 de janeiro de 1 9 3 2 , RAC, RG 1.1, série
3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 6 9 .
82
Soper a Russel, 19 de maio de 1 9 3 1 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 6 6 .
83
Soper a Russel, 2 4 de j u n h o de 1 9 3 1 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 6 7 . Russel
respondeu que, em sua opinião, o objetivo da campanha contra a febre amarela era
a erradicação da doença. Russel a Soper, 2 5 de setembro de 1 9 3 1 , Idem. Essa troca de
cartas ocorreu antes da descrição da febre amarela silvestre (em 1 9 3 2 ) .
84
Diário de Soper em 1 9 3 1 , anotações de 3 0 de j u n h o , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 7 ,
dossiê 2 0 7 .
85
Texto da lei de 2 3 de maio de 1 9 3 2 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 6 7 .
86
Soper a Russel, 15 de j u l h o de 1 9 3 2 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 7 0 .
87
Soper a Russel, 2 6 de j u l h o de 1 9 3 2 ; Soper a Russel, 21 de novembro de 1 9 3 2 , RAC, RG
1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 7 0 .
88
Kerr a Russel, 7 de j u l h o de 1 9 3 4 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 7 3 .
89
Diáriode Crawford em 1 9 3 2 , anotações de 14 de j u l h o , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa
2 7 , dossiê 2 0 8 d .
90
Diário de Crawford em 1 9 3 2 , anotações de 18 de j u n h o , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa
2 7 , dossiê 2 0 8 b .
91
Coleção fotográfica do Serviço da Febre Amarela, anos 1 9 3 0 , série fotos de necrotério,
fotos n° 3 0 - 6 3 , Acoc, dossiês iconográficos.
92
RICKARD, E. R. The organization of the visceroctom service of the Brazilian Cooperative
Yellow Fever Service, op. cit., p. 1 6 6 , 1 8 1 .
93
Idem, p. 1 6 8 .
94
Ibid., p . 1 8 1 .
95
Diário de Soper em 1 9 4 0 , anotações de 2 5 de fevereiro, 2 6 de fevereiro, RAC, RG 1.1,
série 3 0 5 , caixa 3 2 , dossiê 2 1 6 .
96
Diário de Soper em 1 9 3 4 , anotações de 12 de julho, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 8 ,
dossiê 2 0 9 .
97
Entrevista de José Fonseca da Cunha, op. cit.
98
RICKARD, E. R. The organization of the visceroctom service of the Brazilian Cooperative
Yellow Fever Service, op. cit., p. 1 6 6 , 1 8 1 .
99
Diário de Soper em 1 9 3 2 , anotações de 2 3 de abril, 19 de maio e 2 0 de maio, RAC, RG
1.1, série 3 0 5 , caixa 2 7 , dossiê 2 0 8 .
100
Soper a Russel, 15 de j u l h o de 1 9 3 2 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 7 0 ; Soper
a Strode, 2 6 de j u n h o de 1 9 3 3 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 2 , dossiê 1 7 1 .
101
A difusão do viscerótomo limitou-se quase que exclusivamente aos países da Améri-
ca Latina, especialmente através da rede de especialistas da Fundação Rockefeller. Os
britânicos não o utilizaram na África, alegando a inexistência de legislação e sua
intenção de não ofender as populações autóctones. Na África sob mandato britânico,
não havia, portanto, nem registro dos óbitos, nem controle dos cemitérios. Entrevista
de Hackett com Richard Μ. Taylor, 2 3 de janeiro de 1 9 5 1 , RAC, RG 3 . 1 , série 9 0 8 , caixa
3, dossiê 1 9 . 1 . Findlay explica, em 1 9 4 1 , que "dadas as crenças religiosas e o caráter
primitivo das tribos em numerosas regiões da África, o m o m e n t o ainda não está
amadurecido para a introdução da viscerotomia". Cf. Findlay, Memorandum of Yellow
Fever in Africa (manuscrito, 1 9 4 1 ) , Wellcome Archives, Dossiê Findlay G C / 1 4 , caixa
5. Em 1 9 4 5 , um especialista francês lamenta a total ausência da viscerotomia nas
colônias francesas. BABLET, J . La Fièvre Jaune: diagnostic différentiel, clinique et
histopathologique: hepatite amarile. Paris: Flamarion, 1 9 4 5 .
102
SOPER, F. L. Relatório sobre o trabalho relacionado à febre amarela no Brasil, 1 9 3 9 ,
Acoc, documento Fundação Rockefeller 4 0 . 0 2 . 0 7 . É interessante constatar que o núme-
ro de casos fatais "ocultos" de febre amarela foi pouco elevado, mesmo antes da obten-
ção dos resultados tangíveis das campanhas anti-aegypti, fato que entra em contradi-
ção com a convicção de Soper de que a febre amarela invisível fez muitas vítimas,
especialmente entre as crianças. Soper usou tal argumento para justificar sua "luta
sem tréguas" contra essa doença. Entrevista de Hackett com Soper, 17-18 de fevereiro
de 1 9 5 1 , RAC, RG 3 . 1 , série 9 0 8 , caixa 1, dossiê 8 6 - 9 8 . Nos anos 1 9 3 0 , o laboratório do
Rio de Janeiro examinou, além das amostras de fígado brasileiras, 3 2 . 8 4 2 amostras de
fígados provenientes de outros países da América Latina. 1HD, Relatório sobre a febre
amarela em 1 9 4 0 , Acoc, documento Fundação Rockefeller, 4 0 . 0 2 . 0 3 .
103
Diário de Crawford, 1 9 3 7 - 1 9 3 8 , anotações de 2 8 de j u l h o , Acoc, documento RF
37.01.08.
104
Diário de Soper em 1 9 1 3 , anotações de 10 de novembro, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa
2 7 , dossiê 2 7 a . Soper tirou várias fotos de Juazeiro, do monumento ao Padre Cícero,
erigido em 1 9 2 7 , e depois, no dia seguinte, do próprio Padre Cícero e de seus compa-
nheiros em trajes de vaqueiro, em couro.
105
Diário de Doyle em 1 9 3 1 , anotações de 6 de fevereiro de 1 9 3 1 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 ,
caixa 4 1 , dossiê 2 4 2 .
106
Entrevista de Hackett com Kumm, 1 0 de abril de 1 9 5 1 , RAC, RG 3 . 1 , série 9 0 8 , caixa 1,
dossiê 8 6 - 9 8 .
107
Os mitos do sertão brasileiro, região semi-árida que vive da criação de gado, têm
pontos em c o m u m com os do faroeste americano, semelhança acentuada pelo para-
lelo entre o vaqueiro e o caubói.
108
Diário de Rickard em 1 9 3 2 , anotações de 2 7 de agosto.
109
Diário de Rickard em 1 9 3 2 , anotações de 9 de setembro, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa
5 0 , dossiê 2 6 5 . Essa história também é contada no diário de Crawford de 1 9 3 7 - 1 9 3 8 ,
anotações de 2 8 de j u l h o de 1 9 3 8 (levantamento dos empregados do Serviço da Febre
Amarela assassinados no cumprimento de sua missão), Acoc, documento RF 3 7 . 0 1 . 0 8 ,
e no diário de Wilson em 1 9 3 7 , anotações de 8 de janeiro, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa
3 0 , dossiê 2 1 3 . Wilson acrescentou que a viúva de Fandino havia sido contratada pelo
Serviço da Febre Amarela para distribuir peixes larvívoros (até onde sei, a única
mulher contratada pelo SFA para trabalhar em campo).
110
Diário de Wilson em 1 9 3 7 , anotações de 8 de janeiro, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 3 0 ,
dossiê 2 1 3 ; Diário de Crawford, 1 9 3 7 - 1 9 3 8 , anotações de 2 8 de j u l h o de 1 9 3 8 , Acoc,
documento RF 2 7 . 0 1 . 0 8 .
111
Diário de Wilson em 1 9 3 7 , anotações de 8 de janeiro, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 3 0 ,
dossiê 2 1 3 .
112
Sawyer a Soper, 6 de maio de 1 9 3 7 (carta com o registro "confidencial"), RAC, RG 1.1,
série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 8 2 .
113
Soper a Sawyer, 12 de maio de 1 9 3 5 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 8 2 .
114
Soper a Sawyer, 3 0 de j u n h o de 1 9 3 5 (carta com o registro "confidencial"), RAC, RG
1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 8 2 .
115
Sawyer a Soper, 6 de outubro de 1 9 3 5 (carta com o registro "confidencial"), RAC, RG
1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 8 2 .
116
SOPER, F. L. Ventures in World Health ( 1 9 7 7 ) , op. cit., p . 1 6 7 .
117
Diário de Crawford em 1 9 3 2 , anotações de 2 4 - 2 9 de j u n h o , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 ,
caixa 2 7 , dossiê 2 0 8 b .
118
Davis a Connor, 2 6 de fevereiro de 1 9 3 0 , Acoc, documento RF 3 0 . 0 2 . 2 6 .
119
Soper a Russel, 12 de março de 1 9 3 2 ; Soper a Russel, 3 0 de março de 1 9 3 2 ; Soper a
Russel, 2 9 de abril de 1 9 3 2 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 6 9 .
120
Diário de Soper em 1 9 3 4 , anotações de 2 0 de j u l h o , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 8 ,
dossiê 2 0 9 .
121
Diário de Soper em 1 9 3 4 , anotações de 8 - 2 0 de j u n h o , RAC, RG 1.1, série 9 0 8 , caixa 4 ,
dossiê 2 7 .
122
Diário de Soper em 1 9 3 6 , anotações de 14 de maio, 15 de maio e 1 9 de maio, RAC, RG
1.1, série 3 0 5 , caixa 3 0 , dossiê 2 1 2 .
123
Diário de Soper em 1 9 3 7 , anotações de 2 1 de j u n h o , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 3 0 ,
dossiê 2 1 3 .
124
Diário de Soper em 1 9 3 7 , anotações de 18 de j u n h o , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 3 0 ,
dossiê 2 1 3 .
125
Diário de Soper em 1 9 4 0 , anotações de 2 5 de fevereiro de 1 9 4 0 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 ,
caixa 3 0 , dossiê 2 1 3 .
126
Diário de Soper em 1 9 4 0 , anotações de 2 5 de fevereiro, 2 6 de fevereiro, RAC, RG 1.1, série
3 0 5 , caixa 3 2 , dossiê 2 1 6 . Soper decidiu abrir uma estação de estudo da febre amarela
silvestre em Vitória (dirigida por Kerr). Ernest Holt, que havia trabalhado anteriormente
no laboratório do Rio de Janeiro, foi para essa estação, e tentou verificar se os pássaros da
floresta tropical poderiam estar envolvidos na transmissão da febre amarela silvestre.
127
Diário de Soper em 1 9 3 6 , anotações de 18 de maio, 19 de maio, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 ,
caixa 3 0 , dossiê 2 1 2 .
128
Diário de Wilson em 1 9 3 7 , anotações de 8 de janeiro, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 3 0 ,
dossiê 2 1 3 .
129
Diário de Holt em 1 9 4 0 , anotações de 14 de agosto a 4 de setembro, RAC, RG 1.1, série
3 0 5 , caixa 3 2 , dossiê 2 1 6 .
130
O ciclo macaco-mosquito/Haemagogus-homem tornou-se mais plausível, mas outros
animais da floresta - caititus, tatus, marsupiais - c o n t i n u a m sendo vistos c o m o
possíveis hospedeiros do vírus da febre amarela. O papel dos pássaros na transmis-
são dessa doença não foi comprovado. STRODE, G. (Ed.) Yellow Fever. New York: McGraw
Hill Book Co., 1 9 5 1 ; KIPPLE, K. F. (Ed.) The Cambridge World History of Human Diseases.
Cambridge: Cambridge University Press, 1 9 9 3 , p. 1 . 0 0 0 - 1 . 0 0 7 .
EstilosdeControle: mosquitos, vírusehumanos
A limpeza das ruas, a coleta do lixo e dos dejetos são bons auxílios
para a melhoria do conforto e do nível geral de saúde em um município,
mas não têm nenhuma influência direta sobre a febre amarela. Os habi-
tantes de uma cidade pobre, que dispõem de pouco dinheiro, poderão
adotar a organização que eu propus, mantê-la por u m ou dois anos e
livrar sua localidade da febre amarela, e depois, eventualmente, quando
11
tiverem condições, fazer outros trabalhos de saneamento.
A elaboração desses m é t o d o s a d m i n i s t r a t i v o s
O ponto no qual cada inspetor começa seu trabalho a cada dia é mar-
cado com um alfinete no quartel-general do distrito; dessa maneira, o
inspetor sempre pode ser encontrado, mesmo que seu trabalho seja
91
interrompido pelo mau tempo ou por feriados religiosos.
U m a a n t r o p ó l o g a a m e r i c a n a , N a n c y Scheper-Hughes, e s t u d o u n o s
a n o s 1 9 7 0 e 1 9 8 0 as relações entre a violência e a m o r t e n a sociedade
brasileira c o n t e m p o r â n e a , a c o m p a n h a n d o t r a b a l h a d o r e s a g r í c o l a s a l o j a -
dos nas favelas de P e r n a m b u c o . Ela descreveu a arbitrariedade da v i o l ê n -
cia, os freqüentes "desaparecimentos", os crimes perpetrados - m u i t a s vezes
p o r f o r ç a da o r d e m - s e m que a f a m í l i a das v í t i m a s soubesse a r a z ã o .
N a n c y S c h e p e r - H u g h e s s u b l i n h o u o papel dos ritos b u r o c r á t i c o s na
b a n a l i z a ç ã o do inaceitável. S u a n a r r a t i v a a c e n t u a as c o n s e q ü ê n c i a s n e -
fastas da arbitrariedade do poder estatal. Esse relato poderia dar u m a v a g a
idéia da r e c e p ç ã o das p r á t i c a s r e p r e s s i v a s do S F A , e s p e c i a l m e n t e da
v i s c e r o t o m i a , pelas populações pobres do Brasil. Ele pode, a s s i m , t r a z e r
u m o u t r o o l h a r para as autópsias parciais: u m a atividade cujo objetivo é
t o r n a r visível a presença do vírus da febre amarela pode t a m b é m ser vista
132
c o m o u m ato que t o r n a invisível o ser h u m a n o portador do v í r u s .
Notas
1
ROSS, R. Mosquito Brigades and How to Organize Them. London: George Philip & Son,
1902.
2
Em 1 9 0 7 , Ross se queixa ao colega Waldemar Haffkine de que o governo continua a
ignorar suas opiniões e considera a eliminação dos mosquitos u m a medida inútil e
cara, atitude que, segundo Ross, demonstra a indiferença dos poderes coloniais britâ-
nicos à sorte das populações que eles administram. Cf. carta de Ross a Haffkine, 2 3 de
dezembro de 1 9 0 7 , Archives Haffkine, Departamento de Manuscritos, Universidade
Hebraica de Jerusalém.
3
Por ocasião de u m a epidemia de febre amarela ocorrida no Gana em 1 9 1 2 , as autori-
dades coloniais britânicas isolaram os doentes e seus contatos em u m acampamento
especial, e depois pulverizaram inseticida em suas casas; em seguida, procuraram
(timidamente) eliminar os locais de multiplicação das larvas de mosquitos na vizi-
nhança imediata das habitações atingidas pela doença, m a s n ã o tentaram organizar
campanhas antimosquitos em maior escala. Cf. minutas das reuniões do Subcomitê
da Febre Amarela na África Ocidental, de 1 5 de janeiro e 1 0 de fevereiro de 1 9 1 3 ,
Wellcome Archives, Dossiê Ronald Ross, G C / 5 9 / A 1 .
4
ROSS, R. Mosquito Brigades and How to Organize Them, p . 5 9 .
5
Idem, p . 2 4 .
6 o
Oswaldo Cruz, Prophylaxia da febre amarela, trabalho apresentado ao 4 Congresso
Médico Latino-Americano, reproduzido em CRUZ, O. Opera Omnia. Rio de Janeiro:
Imprensa Brasileira, 1 9 7 2 , p . 5 4 2 - 5 5 5 ; do mesmo autor, The sanitation o f Rio. The Times,
2 8 de dezembro de 1 9 0 9 , reproduzido em CRUZ, O. Opera Omnia, op. cit., p . 5 5 5 - 5 6 2 .
7
A campanha sanitária de Cruz esteve ligada também aos trabalhos de reconstrução
do Rio de Janeiro e à expulsão dos pobres do centro da cidade, mas quem nela atuou
foram a polícia e os empregados da prefeitura, e não os serviços sanitários.
8
CRUZ, O. Resume o f the paper presented b y the Brazilian delegate to the Third
International Sanitary Convention., Mexico City, december 2 - 7 , 1 9 0 7 , reproduzido
em CRUZ, O. Opera Omnia, op. cit., p . 5 3 4 - 5 4 0 , citação à página 5 3 6 .
9
GORGAS, W. C. S a n i t a t i o n o f the tropics w i t h specific reference to m a l a r i a and
yellow fever. The Journal of American Medical Association, 5 2 ( 1 4 ) : 1 . 0 7 5 - 1 . 0 7 7 , 1 9 0 9 .
10
Idem, p . 1 . 0 7 6 .
11
Ibid. Os métodos propostos por Gorgas foram aplicados no Brasil em 1 9 3 2 , quando a
situação política foi propícia a u m a legislação repressiva.
12
Ibid., p.1.077.
13
SIMOND, Ρ. L.; AUBERT, P. & NOC, F. Contribution à l'étude de l'épidémiologie amarile:
origine, causes, marche et caractères de l'épidémie de fièvre j a u n e de la Martinique en
1 9 0 8 . Annales de l'Institut Pasteur, 8 9 4 - 9 1 0 . , 1 9 0 9
14
Decreto que institui na Martinica u m serviço geral de profilaxia da febre amarela,
assinado por M. Foureau, governador da Martinica, em 4 de dezembro de 1 9 0 8 , cópia,
Arquivo do Institut Pasteur, dossiê Simond.
15
Idem. Ver também o resumo da conferência feita por Simond na Escola de Aplicação
sobre "L'Épidémie de la fièvre j a u n e et les travaux de la mission Simond à la Martinique",
manuscrito sem data ( 1 9 0 9 ? ) , Arquivo do Institut Pasteur, Paris, dossiê Simond.
16
Decreto que coloca à disposição da comissão o pessoal da gendarmaria, assinado por
M. Foureau, governador da Martinica, em 5 de dezembro de 1 9 0 8 , cópia, Arquivo do
Institut Pasteur, dossiê Simond.
17
SIMOND, GRIMAUD, AUBERT & NOC. Rapport sur le fonctionnement du service de
destruction des moustiques à la Martinique, du 2 2 novembre au 2 8 février 1 9 0 9 .
Annales d'Hygiène et de Médecine Coloniale, julho-agosto-setembro 1 9 0 9 . As diferenças
entre a "caderneta" dos empregados do serviço de destruição dos m o s q u i t o s na
Martinica e os impressos utilizados pelo serviço de destruição dos mosquitos dirigido
pela Fundação Rockefeller estão na padronização destes últimos e no fato de que sua
utilização era um dever, não u m a distinção: todo empregado de u m serviço dirigido
pela Fundação Rockefeller era obrigado a apresentar u m relatório escrito de sua
atividade, e os erros verificados em seus relatórios escritos resultavam não em perda
de privilégios, mas em perda do emprego. Além disso, os registros estabelecidos pela
Fundação Rockefeller podiam ser superpostos e verificados uns em relação aos o u -
tros, e a verificação dos livros de contas era feita por justaposição de documentos de
diferentes procedências.
18
SIMOND, GRIMAUD, AUBERT & NOC. Rapport sur le fonctionnement du service de
destruction des moustiques à la Martinique, op. cit
19
SIMOND, GRIMAUD, AUBERT & NOC. Travaux d'hygiène publique et d'assainissement
proposés par la mission d'étude de la fièvre j a u n e à la Martinique. Annales d'Hygiène et
de Médecine Coloniale, jan.-fev.-mar.1910.
20
Decreto que determina as condições de funcionamento, na Martinica, da Missão de
Profilaxia da Febre Amarela, assinado pelo Sr. Foureau, governador da Martinica, em
1 de dezembro de 1 9 0 1 , cópia. Arquivo do Institut Pasteur, dossiê Simond.
21
CARTER, Η. R. Bahia. In: GORGAS, W. C. LYSTER T. C. & WRIGHTSON, W. D. The Yellow
Fever Division of Brazil: a general report, 1 9 1 7 , RAC, RG 5, série 2 , caixa 6 4 .
22
HOWARD, Η. Η. The Control of Hookworm Disease by the Intensive Method. New York: The
Rockefeller Foundation, 1 9 1 9 . (IHB Publication, 8)
23
Em 1 9 2 7 , q u a n d o a Fundação Rockefeller decide fechar várias estações de luta
antilarvar, C o n n o r afirma que na maior parte das localidades onde tais estações
foram fechadas eles haviam conseguido obter índices abaixo de 2%. Connor a Janney,
3 de janeiro de 1 9 2 7 , RAC, RG 1.1 série 3 0 5 , caixa 2 0 , dossiê 1 5 5 .
24
CONNOR, Μ. Ε. & MONROE, W. Μ. Stegomyia indices and their value in yellow fever
control. American Journal of Tropical Medicine, 3 : 9 - 1 9 , 1 9 2 3 .
25
White a Russel, 9 de fevereiro de 1 9 1 4 , RAC, RG 5, série 1.1, caixa 8 5 , dossiê 1 2 1 2 .
26
WHITE, J . Η. General report o f the yellow fever campaign in Brazil (rascunho), 6 de
novembro de 1 9 4 2 , RAC, RG 5, série 2 , caixa 2 3 , dossiê 1 3 8 .
27
J . Η. White, Memorandum on the principle o f yellow fever control, RAC, RG 5, série
2, caixa 2 5 , dossiê 1 5 5 .
28
Μ. Connor, Relatório sobre u m a viagem ao interior do Brasil, 15 de agosto de 1 9 2 5 ,
RAC, RG 5, série 2 , caixa 2 5 , dossiê 1 5 6 .
29
Lucian Smith a Joseph White, relatório de 31 de dezembro de 1 9 2 4 sobre o trabalho
no Ceará, de 2 5 de maio de 1 9 2 4 , RAC, RG 5, série 2, caixa 2 4 , dossiê 1 4 7 .
30
Relatório do Dr. Clóvis Barbosa de Moura, diretor do Serviço de Saúde do Estado do
Ceará, de 2 5 de maio de 1 9 2 4 , RAC, RG 5, série 2 , caixa 2 4 , dossiê 1 4 7 .
31
Smith a White, 1 de novembro de 1 9 2 4 , RAC, RG 5 „ série 2 , caixa 2 4 , dossiê 1 4 4 .
32
Smith a Connor, 4 de outubro de 1 9 2 7 ; Smith a Connor, 2 4 de setembro de 1 9 2 7 ;
Smith a Connor, 6 de outubro de 1 9 2 7 , RAC, RG 5, série 3 0 5 , caixa 1 9 , dossiê 1 5 5 .
33
A. W. Burke a Russel, 2 3 de março de 1 9 2 7 , RAC, RG 5, série 3 0 5 , caixa 1 9 , dossiê 1 5 5 .
34
Burke a Russel, 3 de abril de 1 9 2 7 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 1 9 , dossiê 1 5 5 .
35
Idem.
36
Soper a Russel, 8 de fevereiro de 1 9 2 8 ; Russel a Soper, 1 de março de 1 9 2 8 , RAC, RG 5,
série 3 0 5 , caixa 2 0 , dossiê 1 5 8 .
37
Russel a Connor, 2 7 de janeiro de 1 9 2 8 ; Connor a Soper, 5 de novembro de 1 9 2 8 ;
Connor a Russel, 14 de novembro de 1 9 2 8 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 0 , dossiê 1 5 9 .
38
Russel a Connor, 2 1 de j u n h o de 1 9 2 8 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 9 , dossiê 1 5 8 .
39
Sawyer a Russel, 17 de j u n h o de 1 9 3 0 , Acoc, documento RF 3 0 . 0 6 . 1 7 / 1 .
40
Persis Putnam a Connor, 4 de janeiro de 1 9 3 0 ; Russel a Connor, 14 de janeiro de 1 9 3 0 ,
RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 0 , dossiê 1 6 2 .
41
Soper a Russel, 3 0 de novembro de 1 9 3 1 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 6 8 .
Soper era chamado de "o ditador" por alguns de seus colaboradores.
42
Diário de Muench em 1 9 2 9 , anotações de 17 de janeiro de 1 9 2 9 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 ,
caixa 4 4 , dossiê 2 5 3 .
43
Entrevista de Hackett com Soper, 14 de outubro de 1 9 6 3 , RAC, RG 3 . 1 , série 9 0 8 , caixa
7H, dossiê 8 6 . 1 0 2 .
44
Diário de Muench em 1 9 2 9 , anotações de 2 0 de janeiro, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa
4 4 , dossiê 2 5 3 .
45
Diário de Muench em 1 9 2 9 , anotações de 2 2 de janeiro, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa
4 4 , dossiê 2 5 3 .
46
Persis Putnam a Russel, 15 de outubro de 1 9 2 9 ; Connor a Russel, 19 de novembro de
1 9 2 9 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , 2 0 , dossiê 1 6 2 .
47
Vargas voltou ao poder (por eleições democráticas) entre 1 9 5 1 e 1 9 5 4 ; ele se suicida
em 2 5 de agosto de 1 9 5 4 , quando o Exército exige sua demissão acusando seu grupo
político de corrupção. Essa segunda "era Vargas" era diferente da primeira.
48
Claude Lévi-Strauss, professor na Universidade de São Paulo entre 1 9 3 5 e 1 9 3 8 ,
descreveu c o m grande refinamento a arquitetura da cidade, os c o s t u m e s de seus
habitantes e os detalhes do m i c r o c o s m o universitário, m a s não menciona nem o
regime de Vargas, nem o golpe de novembro de 1 9 3 7 que aboliu todos os vestígios da
vida democrática. Cf. LÉVI-STRAUSS, Claude. Tristes Tropiques. Paris: Plon, 1 9 5 5 , prin-
cipalmente as páginas 1 0 6 - 1 3 2 .
49
SKIDMORE, Τ. E. Politcs in Brasil: 1930-1940 - an experiment in democracy. London, New
York: Oxford University Press, 1 9 6 7 ; LOEWENSTEIN, K. Brazil Under Vargas. New
York: MacMillan, 1 9 4 2 ; BURNS, Ε. B. Nationalism in Brazil: a historical survey. New York:
Frederic A. Preager, 1 9 6 8 ; DELFIM NETO, A. O Problema do Café no Brasil. São Paulo:
Universidade de São Paulo, 1 9 5 9 ; FURTADO, C. The Economic Growth of Brasil. Berkeley:
California University Press, 1 9 6 3 ; FAUSTO, Β. A Revolução de 1930: historiografia e
história. São Paulo: Brasiliense, 1 9 7 0 ; TRONCA, I Revolução de 30: a dominação oculta.
São Paulo: Brasiliense, 1 9 8 2 ; ROCHA LIMA, V. da (Coord.) Getúlio, uma História Oral.
Rio de Janeiro: Record, 1 9 8 0 ; SCHWARTZMANΝ, S. Bases do Autoritarismo Brasileiro.
Rio de Janeiro: Campus, 1 9 8 2 ; FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1 9 9 5 .
50
SKIDMORE, Τ. E. Politics in Brazil: 1930-1940 - an experiment in democracy, op. cit;
BURNS, Ε. B. Nationalism in Brazil, op. cit
51
ROCHA LIMA, V. da (Coord.) Getúlio, uma História Oral, op. cit., p . 2 4 5 - 2 6 0 .
52
SCHWARTZMANN, S. (Org.) Estado Novo, um Auto-Retrato (Arquivo Gustavo Capanema).
Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1 9 8 2 , p . 3 7 9 - 4 1 8 .
53
PICALUGA, I. F. Políticas de saúde, campanhas sanitárias e desenvolvimento capita-
lista na era Vargas, manuscrito, 1 9 7 6 , Acoc.
54
MARTINS, L. La Genèse d'une Intelligentsia: les intellectuels et la politique au Brésil, 1920-
1940. Paris: Centre des Études des Mouvements Sociaux, 1 9 8 6 ; MICELLI, S. Les Intellectuels
et le Pouvoir au Brésil. Grenoble: Presses Universitaires de Grenoble; PÉCAUT, D. Entre
le Peuple et la Nation: les intellectuels et la politique au Brésil. Paris: Éditions de la MSH,
1989.
55
Discurso pronunciado por Vargas em 1 9 3 0 , citado por D. PÉCAUT, Entre le Peuple et la
Nation, op. cit., p . 5 0 - 5 1 .
56
Texto de Freyre datado de 1 9 4 1 , citado por D. PÉCAUT, Entre le Peuple et la Nation, op.
cit., p . 5 8 .
57
METALL, R. A. Política social e política sanitária. Cultura Política, 2 4 , 1 9 4 3 , citado por
Angela Maria Castro Gomes, A construção do homem novo, em LIPPI OLIVEIRA, L.;
PIMENTA VELLOSO, M. & CASTRO GOMES, A. M. Estado Novo: ideologia e poder. Rio de
Janeiro: Zahar Editores, 1 9 8 6 , p . 1 5 1 - 1 6 6 , à página 1 5 7 .
58
A expressão foi extraída de u m texto escrito em 1 9 4 3 por Paulo Augusto de Figueiredo,
O Estado nacional e a valorização do h o m e m brasileiro. Cultura Política, 28, 1943,
citado por CASTRO GOMES, Α. Μ. O redescobrimento do Brasil, em LIPPI OUVEIRA,
L.; PIMENTA VELLOSO, M . & CASTRO GOMES, A. M. Estado Novo: ideobgia e poder, op.
cit., p . 1 0 9 - 1 5 0 , à página 1 2 5 .
59
FIGUEIREDO, P. A. de. O Estado Nacional e a ordem social futura. Cultura Política, 3 9 ,
1 9 4 4 , citado por CASTRO GOMES, Α. Μ. O redescobrimento do Brasil, op. cit., p . 1 2 4 .
60
ANDRADE, A. de. As diretrizes da nova política no Brasil. Cultura Política, 2 3 , 1 9 4 3 ,
citado por CASTRO GOMES, Α. Μ. O redescobrimento do Brasil, op. cit., p . 1 2 8 .
61
FIGUEIREDO, Ρ. A. de. O Estado Nacional e a ordem social futura. Cultura Política, 3 9 ,
1 9 4 4 , citado por CASTRO GOMES, Α. Μ. O redescobrimento do Brasil, op. cit., p . 1 3 0 -
131.
62
LIPPI OLIVEIRA, L.; PIMENTA VELLOSO, Μ . & CASTRO GOMES, A. M. Introdução. In:
Estado Novo: ideologia e poder, op. cit., p . 7 - 1 3 . Quando trabalha nos Estados Unidos, o
cientista francês Alexis Carrel propõe em 1 9 3 5 , em seu influente livro L'Homme, cet
Inconnu, a transformação das classes sociais em classes biológicas.
63
FIGUEIREDO, P. A. de. O Estado nacional e a ordem social futura. Cultura Política, 3 9 ,
1 9 4 4 , citado por CASTRO GOMES, Α. Μ. O redescobrimento do Brasil, op. cit., p . 1 3 0 -
131.
64
Entrevista de Hackett com Soper, 14 de outubro de 1 9 6 3 , RAC, RG 3 . 1 . , série 9 0 8 , caixa
7H, dossiê 8 6 . 1 0 2 .
65
Diário de Soper em 1 9 3 0 , anotações de 17 de novembro, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa
2 7 , dossiê 2 0 7 .
66
Carta de Soper ao ministro da Saúde brasileiro, de 2 6 de novembro de 1 9 3 0 , Acoc,
documento RF 3 0 . 1 1 . 2 6 . Soper calculou que em uma região onde ocorre u m a campa-
nha intensiva seria preciso u m inspetor do SFA para cada 1 . 0 0 0 habitantes. Após a
eliminação quase completa dos aegypti de u m a determinada região, pode-se diminuir
o número de inspetores que nela a t u a m , e enviar o pessoal excedente para outro local.
67
Diário de Soper em 1 9 3 0 , anotações de 2 7 de novembro, 15 de dezembro, RAC, RG 1.1,
série 3 0 5 , caixa 2 7 , dossiê 2 0 7 .
68
Memorando do embaixador dos Estados Unidos no Brasil sobre as atividades contra
a febre amarela, de 2 8 de janeiro de 1 9 3 2 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 6 9 .
69
Diário de Soper em 1 9 3 2 , anotações de 18 de maio, 1 9 de j u n h o , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 ,
carta 2 8 , dossiê 2 0 8 A .
70
Diário de Soper em 1 9 3 4 , anotações de 2 5 de setembro de 1 9 3 4 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 ,
carta 2 8 , dossiê 2 0 9 .
71
Soper a Russel, 2 6 de maio de 1 9 3 2 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 7 0 . Soper
e Russel pareciam achar perfeitamente normal que u m texto legal inteiramente escri-
to por especialistas norte-americanos fosse ratificado praticamente sem alterações
pelo parlamento brasileiro.
72
Bruce Wilson a Russel, 2 1 de j u l h o de 1 9 3 1 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 6 7
(em itálico no texto).
73
Wilson a Russel, 2 1 de j u l h o de 1 9 3 1 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 6 7 .
74
Idem.
75
Diário de Doyle em 1 9 3 2 , anotações de 2 3 de fevereiro, 2 5 de fevereiro, RAC, RG 1.1,
série 3 0 5 , caixa 4 2 , dossiê 2 4 3 .
76
O conceito é semelhante ao de Frederick Taylor, que propôs utilizar gráficos para
tornar visível o desperdício. Cf. TAYLOR, F. W. The Principles of Scientific Management.
New York, London: Harper & Brothers Publishers, 1 9 1 3 . Ver, a respeito, MARTENS, Η.
Technological normalization: social normalization perspectives on the role o f forma-
symbolic techniques, seminário, CRTHS, 3 de dezembro de 1 9 9 6 .
77
Diário de Soper em 1 9 3 6 , anotações de 1 9 de maio de 1 9 3 6 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 ,
caixa 2 0 , dossiê 2 1 2 .
78
O princípio de quadriculagem das localidades inspecionadas e sua divisão em zonas
regularmente visitadas por u m inspetor, e depois em unidades maiores sob a vigilân-
cia de u m inspetor regional não era u m a inovação do SFA na gestão de Soper. Ele j á
havia sido defendido no relatório sobre a organização da luta contra a febre amarela
no Brasil escrito por Eduard Scanell (em 1 9 2 4 ? ) , u m dos especialistas da Fundação
Rockefeller que atuaram no Brasil no início da intervenção da IHD no país, RAC, RG 5,
série 2 , caixa 2 5 , dossiê 1 5 3 .
79
Wilson a Russel, 2 1 de j u l h o de 1 9 3 1 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 6 7 .
80
Texto do decreto de 2 3 de maio de 1 9 3 2 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 6 7 .
Esse decreto só foi formalmente abolido pelo decreto n. 5 6 . 7 5 9 de 2 0 de outubro de
1 9 6 5 sobre as normas técnicas da profilaxia da febre amarela. Cf. FRANCO, O. Histó-
ria da Febre Amarela no Brasil. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde, 1 9 6 9 .
81
Em 1 9 3 1 , um dólar americano valia aproximadamente 1,6 mil-réis. O salário mensal
de u m inspetor do SFA, considerado alto segundo a tabela local, variava de 1 5 0 a 2 5 0
mil-réis. Cf. diário de Soper em 1 9 3 1 , anotações de 2 7 de novembro de 1 9 3 1 , RAC, RG
1.1, série 3 0 5 , caixa 2 7 , dossiê 2 0 7 a .
82
Texto da lei de 2 3 de maio de 1 9 3 2 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 6 7 .
83
SOPER, F. L.; WILSON, D. B.; LIMA S. & SÁ ANTUNES, W. The Organization of Permanent,
Nation-Wide anti-Aedes aegypti Measures in Brazil. New York: The Rockefeller Foundation,
1 9 4 3 , p.9.
84
SOPER, F. L. et al. The Organization of Permanent, Nation-Wide Anti-Aedes aegypti Measures,
op. cit., p.5.
85
Idem, p. 8.
86
Ibid. p. 41.
87
Ibid., p. 1 2 6 .
88
Ibid., p . 3 1 .
89
Ibid., p . 9 - 1 0 .
90
Ibid., p . 3 0 .
91
Ibid., p. 3 2 .
92
Ibid, p.3-5.
93
U m dos princípios do taylorismo, método de racionalização do trabalho (principal-
mente, m a s não exclusivamente, na fábrica), é a divisão de tarefas bem definidas,
cada u m a com tempo de duração determinado, a fim de se obter m á x i m a eficiência.
U m dos sinais mais marcantes desse método é a cronometragem das tarefas. Cf.
TAYLOR, F. W. The Principles of Scientific Management, op. cit
94
Relatório de Morgan ao Ministério da Saúde, UK, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 4 4 ,
dossiê 2 5 1 .
95
SOPER, F. L. Rehabilitation o f the eradication concept in prevention of communicable
diseases. Public Health Reports, 8 0 ( 1 0 ) : 8 5 5 - 8 6 9 , 1 9 6 5 , às páginas 8 6 0 - 8 6 1 .
96
Diário de Crawford, 1 9 2 9 - 1 9 3 0 , Acoc, documento RF 2 9 . 0 1 . 0 1 .
97
Idem.
98
Diário de Soper em 1 9 3 1 , anotações de 12 de maio de 1 9 3 1 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 ,
caixa 2 7 , dossiê 2 0 7 a .
99
Diário de Crawford em 1 9 3 2 , anotações de Π de outubro de 1 9 3 2 , RAC, RG 1.1, série
3 0 5 , caixa 2 7 , dossiê 2 0 8 b .
100
Diário de Doyle em 1 9 3 2 , anotações de 18 de janeiro, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 4 2 ,
dossiê 2 4 3 .
101
Diário de Crawford em 1 9 3 2 , anotações de 1 4 de j u n h o , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa
2 7 , dossiê 2 0 8 b .
102
SOPER, F. L. Present day methodes for the study and control o f yellow fever. American
Journal of Tropical Medicine, 1 7 : 6 5 5 - 6 7 6 , 1 9 3 7 , à página 6 7 3 .
103
Diário de Soper em 1 9 3 1 , anotações de 13 de maio, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 7 ,
dossiê 2 0 7 a .
104
Diário de Soper em 1 9 3 1 , anotações de 8 de março, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 7 ,
dossiê 2 0 8 .
105
Diário de Soper em 1 9 3 1 , anotações de 13 de maio, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 7 ,
dossiê 2 0 8 .
106
Diário de Rickard em 1 9 3 0 , anotações de 16 de julho, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 5 0 ,
dossiê 2 6 5 .
107
Diário de Soper em 1 9 3 1 , anotações de 2 4 de abril, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 8 ,
dossiê 2 0 8 a . A adição de petróleo à água potável foi vista como u m a medida particu-
larmente penosa nas regiões atingidas pela seca.
108
As noções de "controle c o m populações" e "controle sem populações" - ou seja, no
primeiro caso, u m controle que implica a participação das populações locais e, no
segundo, medidas (como o saneamento da água potável ou a secagem dos pântanos)
que se fazem independentemente delas - foram propostas por Michael Worboys em
s u a c o m u n i c a ç ã o i n t i t u l a d a " C o l o n i a l m e d i c i n e and t r o p i c a l i m p e r i a l i s m : a
c o m p a r a t i v e perspective", apresentada à conferência sobre medicina tropical em
Amsterdã em setembro de 1 9 8 9 . Soper tomou para si o dever de reduzir as despesas
do SFA: em janeiro de 1 9 3 1 , ele propõe que "ao invés de termos inspetores-substitu¬
tos, seria melhor termos 5 aprendizes obrigados a trabalhar todos os dias, e que
podem receber o menor pagamento possível, o que é j u s t o , dada a recessão financeira
mundial", diário de Soper em 1 9 3 1 , anotações de 15 de janeiro, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 ,
caixa 2 7 , dossiê 2 0 7 a . A recessão econômica atingiu duramente o Brasil em razão da
queda do preço do café.
109
Soper a Russel, 1 4 de maio de 1 9 3 2 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 7 0 .
110
Soper a Sawyer, 7 de j u n h o de 1 9 3 3 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 2 , dossiê 1 7 1 .
111
Entrevista de Hackett com Soper, 14 de outubro de 1 9 6 3 , RAC, RG 3 . 1 , série 9 0 8 , caixa
7H, dossiê 8 6 . 1 0 2 . A última frase é de um responsável brasileiro pelo SFA.
112
Entrevista de Hackett com Soper, 14 de outubro de 1 9 6 3 , RAC, RG 3 . 1 , série 9 0 8 , caixa
7H, dossiê 8 6 . 1 0 2 .
113
Relatório enviado por R. J . Clarke, da Embaixada dos Estados Unidos no Rio de Janei-
ro, ao Departamento de Estado, em 2 3 de novembro, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 ,
dossiê 1 7 0 .
114
Diário de Doyle em 1 9 3 2 , anotações de 2 5 de fevereiro de 1 9 3 2 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 ,
caixa 4 2 , dossiê 2 4 3 .
115
Diário de Rickard em 1 9 3 2 , anotações de 2 6 de outubro, 2 8 de outubro, RAC, RG 1.1,
série 3 0 5 , caixa 5 0 , dossiê 2 6 5 . O inspetor morto era pai de cinco filhos; o Serviço da
Febre Amarela comprometeu-se a pagar a sua viúva, que estava grávida, dois meses
de salário.
116
Diário de Wilson em 1 9 3 7 , anotações de 8 de janeiro, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 3 0 ,
dossiê 2 1 3 .
117
Diário de Crawford, 1 9 3 7 - 1 9 3 8 , anotações de 2 8 de j u l h o de 1 9 3 8 , Acoc, documento
RF 3 7 . 0 1 . 0 8 .
118
Soper a Russel, 18 de j u l h o de 1 9 3 3 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 7 1 . Soper
a Russel, 2 0 de agosto de 1 9 3 3 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 7 2 .
119
Entrevista de Hackett com Soper, 14 de outubro de 1 9 6 3 , RAC, RG 3 . 1 , série 9 0 8 , caixa
7H, dossiê 8 6 . 1 0 2 .
120
Soper a Russel, 18 de j u l h o de 1 9 3 3 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 7 1 .
121
Soper a Russel, 18 de j u l h o de 1 9 3 3 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 7 2 . De
fato, o projeto de orçamento do SFA para 1 9 3 4 feito por Soper previa u m a redução de
aproximadamente 16% das despesas do serviço.
122
Soper a Russel, 2 5 de janeiro de 1 9 3 5 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 7 5 .
123
Entrevista de Hackett com Soper, 1 4 de outubro de 1 9 6 3 , RAC, RG 3 . 1 , série 9 0 8 , caixa
7H, dossiê 8 6 . 1 0 2 .
124
RIBEIRO, L. (Coord.) Brazilian Medical Contributions (livro preparado para a Exposição
Universal de 1 9 3 9 ) . Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1 9 3 9 , p . 9 8 .
125
Carta de Gustavo Capanema ao presidente Vargas, publicada no Diário Oficial em 2 5
de janeiro de 1 9 4 0 . Reproduzida em u m a carta de Soper a Sawyer de 9 de fevereiro de
1 9 4 0 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 4 , dossiê 1 8 9 .
126
A cifra de 2 . 1 5 6 . 2 8 0 . 8 1 3 visitas a casas não é, provavelmente, empregada para i m -
pressionar por sua amplitude (a menção a "mais de dois milhões" teria sido igual-
mente apropriada) ou precisão, mas para m o s t r a r que não apenas as casas foram
visitadas, mas cada inspeção deixou u m registro escrito e se integrou a u m a visão de
conjunto. A ênfase é dada, portanto, à eficiência do controle.
127
SCHWARTZMANN, S. (Org.) Estado Novo, um Auto-Retrato. Brasília: Editora Universi-
dade de Brasília, 1 9 8 2 , p . 4 0 5 - 4 0 7 . O livro é u m a edição de u m manuscrito datado de
1 9 4 3 , que não foi publicado.
128
Entrevista de Amílcar Tavares da Silva realizada em 1 9 8 7 , n o âmbito do projeto
"Memória de Manguinhos", dirigido por Nara Britto e Wanda Hamilton, Acoc. Nos
anos 1 9 5 0 , Tavares da Silva tornou-se u m dos principais administradores do Institu-
to Oswaldo Cruz. Após o golpe de Estado militar de 1 9 6 4 , Tavares orquestrou a
expulsão que afastou os pesquisadores do instituto suspeitos de simpatias esquerdis-
tas. Isolado do instituto após a redemocratização, ele foi acolhido pelo Exército e
terminou sua carreira c o m o professor na Escola de Guerra.
129
Entrevista de José Fonseca da Cunha realizada em 1 9 8 7 , no âmbito do projeto "Me-
mória de Manguinhos", Acoc.
130
SERA, J . C. Tradicional Medicine in Southern Bahia: illness and umbanda, 1 9 9 3 . MSc
Thesis, FuIIerton: State University o f California; CAMPOS, Ε. Medicina Popular do
Nordeste. Rio de Janeiro: Edições O Cruzeiro, 1 9 6 7 ; LOYOLA, Μ. A. L'Esprit et le Corps:
des thérapeutiques populaires dans la banlieue de Rio. Paris: Éditions de la MSH, 1 9 8 3 .
131
LOYOLA, M. A. UEspnt et le Corps, op. cit., p. 1 4 6 - 1 4 7 .
132
SCHEPER-HUGHES, N. Death without Weeping: the violence of everyday life in Brazil.
Berkeley: California University Press, 1 9 9 2 , p . 2 1 6 - 3 6 7 . Tradução francesa de trechos
nas Actes de la Recherche en Sciences Sociales, 1 0 3 : 6 4 - 8 0 , 1 9 9 4 . Scheper-Hughes fala
principalmente, mas não exclusivamente, das vítimas da violência; u m a doença, e
especialmente u m a doença aguda o u que provoque a morte de u m a criança ou de u m
jovem, também pode ser sentida c o m o u m a forma de violência.
133
SCHEPER-HUGHES, N. Death without Weeping..., op. cit., p . 2 5 4 - 2 5 6 .
134
CHAUÍ, M . Cultura e Democracia: o discurso competente e outras falas. São Paulo: Moder-
na, 1 9 8 1 , p . 4 4 . Ver também LINGER, D. Τ Dangerous Encombers: meaning of violence in a
Brazilian city. Stanford: Stanford University Press, 1 9 9 2 .
135
MURSE, R. M . (Ed.) The Bandeirantes: the historical role of the Brazilian pathfinders. New
York: A. Knopl, 1 9 6 5 , especialmente as páginas 3 3 - 3 4 .
136
CHAUÍ, Μ. Conformismo e Resistência: aspectos da cultura popular no Brasil. São Paulo:
Brasiliense, 1 9 8 6 , p . 4 7 - 6 2 . A análise da sociedade brasileira c o m o sociedade liberal
baseada no escravismo é de Roberto Schwartz em Misplaced Ideas: essays on Brazilian
culture. London: Verso, 1 9 9 2 .
137
FRANCO, O. História da Febre Amarela no Brasil. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde,
1 9 6 9 , p . 1 5 0 - 1 5 1 . Em 1 9 5 3 , o SNFA foi integrado ao Departamento Nacional de
Endemias Rurais (DNER).
138
FRANCO, O. História da Febre Amarela no Brasil, op. cit., p . 1 4 3 - 1 4 6 .
139
Arquivo do Serviço da Febre Amarela, anos 1 9 4 0 - 1 9 5 0 , Acoc. Trata-se de arquivos
m u i t o incompletos, o que limita o alcance da generalização feita a partir de tais
documentos.
140
Cf. o relatório do Dr. Eduardo Corta sobre o caso de Maria Helena Martins, morta em
Patrocínio, Minas Gerais, de 2 1 de abril de 1 9 5 4 ; e o do Dr. Luis Pereira Tavares Lessa
sobre Cenelita Terezinha Costa, m o r t a aos dois anos em Esmeraldas, Minas Gerais,
Acoc, dossiês do Serviço da Febre Amarela.
141
Hélbio Fernandes Moraes (Coord.) Sucam, sua Origem, sua História. Brasília: Ministério
da Saúde, 1 9 8 8 , vol. II, p . 2 3 - 7 6 .
142
Idem, p . 5 2 - 5 5 .
143
Ibid., p . 4 5 - 4 7 .
144
Ibid., p . 2 2 - 2 5 .
145
Ibid., p . 3 9 .
146
Ibid., p.24-25.
147
Ibid., p . 2 7 - 3 1 .
148
A representação do Brasil como um vasto país povoado por mosquitos é de Richard
Μ . Packard e Paulo Gadelha em A land filled with mosquitoes: Fred L. Soper, the
Rockefeller Foundation and the Anopheles gambiae invasion in Brazil. Parassitologia,
36:197-213, 1993.
149
Relatório da IHD para 1 9 3 3 , Acoc, documento RF 3 3 . 0 4 . 1 1 .
150
Apresentação de Soper à Conferência Sanitária Pan-Americana, Buenos Aires, n o -
vembro de 1 9 3 4 , Acoc, documento RF 3 4 . 1 1 . 0 0 .
151
Entrevista de Hackett com Soper, 1 7 - 1 8 de fevereiro de 1 9 5 1 , RAC, RG 3 . 1 , série 9 0 8 ,
caixa 1, dossiê 8 6 - 9 8 .
152
Entrevista de Hackett com Soper, 1 7 - 1 8 de fevereiro de 1 9 5 1 , RAC, RG 3 . 1 , série 9 0 8 ,
caixa 1, dossiê 8 6 - 9 8 .
153
Diário de Soper de 1 9 3 2 , anotações de 8 de fevereiro, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 7 ,
dossiê 2 0 8 .
154
SOPER, F. L. Recent extension o f knowledge on yellow fever, comunicação à Conferência
Pan-Africana de Saúde, Johannesburg, 2 0 - 3 0 de novembro de 1935, publicada em Quaterly
Bulletin of the Health Organization of the Ligue of Nations, vol. V, 1 9 3 6 .
155
F. L. Soper, Relatório sobre o trabalho relacionado à febre amarela no Brasil, 1 9 3 9 , Acoc,
documento Fundação Rockefeller, 4 0 . 0 2 . 0 7 .
156
Relatório sobre a febre amarela em 1 9 4 0 , Acoc, documento Fundação Rockefeller, 4 0 . 0 2 . 0 3 .
157
Soper a Fosdick, 9 de janeiro de 1 9 4 1 , Acoc, documento Fundação Rockefeller, 4 1 . 0 1 . 0 9 .
158
SOPER F. L. & WILSON, B . Anopheles gambiae in Brazil, 1930-1940. New York: The
Rockefeller Foundation, 1 9 4 3 ; CUETO, M . Cycles o f eradication: the Rockefeller
Foundation and Latin American public health. In: WEINDLING, P. (Ed.) International
Health Organizations and Movements, 1918-1939. Cambridge: Cambridge University
Press, 1 9 9 5 , p . 2 2 2 - 2 4 3 .
159
GÓES DE PAULA, S.; ALVES, A. M . & PINTO, L. Relatório parcial de pesquisa "A
campanha do Anopheles gambiae no Brasil". Cadernos de Saúde Pública, 1 ( 1 ) : 7 4 - 1 1 1 ,
1985.
160
PACKARD, R. M. & GADELHA, P. A land filled with mosquitoes, op. cit.
161
SOPER, F. L. & WILSON, B. Anopheles gambiae in Brazil, 1930-1940, op. cit
162
VAN ROYEN, C. E. & RHODES, A. J . Virus Diseases of Man. New York: Thomas Nelson
and Sons, 1 9 4 8 , p . 4 5 9 .
163
Robert S. Desowitz resume em seu livro New Guinea Tapeworms and Jewish Grandmothers:
tales of parasites and people (New York, London: W. W. Norton & Company, 1 9 8 1 ) os
numerosos desastres epidemiológicos e ambientais provocados por campanhas sani-
tárias bem intencionadas, organizadas por especialistas ocidentais que negligencia-
ram o estudo dos costumes das populações que eles tentaram ajudar.
164
Soper a Fosdick, 9 de janeiro de 1 9 4 1 , Acoc, documento Fundação Rockefeller, 4 1 . 0 1 . 0 9 .
165
SOPER, F. L. Rehabilitation o f the eradication concept in prevention o f communicable
disease, op. cit; SOPER, F. L. Ventures in World Health (ed. J o h n Duffy). Washington DC:
Paho (WHO), 1 9 7 7 .
166
SOPER, F. L. & WILSON, D. B. Species eradication: a pratica goal o f species reduction
in the control o f mosquito-born disease. Journal of the National Malaria Disease, 1:5-
2 4 , 1 9 4 2 . Soper foi u m dos responsáveis pela introdução da primeira c a m p a n h a
mundial de erradicação da malária; SIDDIQUI, J . World Health and World Politics: the
World Health Organization and the UN Systems. London: Hurst & Company, 1 9 9 5 ,
p.123-191.
167
MURRAY, M. Doctors to the World. New York: The Viking Press, 1 9 5 8 , p . 1 0 3 .
168
SOPER, F. L. Tuberculosis eradication. American Journal of Public Health, 52:734-745,
1962.
169
SOPER, F. L. Ventures in World Health, op. cit., p . 3 5 7 .
170
Ο CDC estivera envolvido anteriormente em uma campanha de erradicação da malá-
ria no sul dos Estados Unidos que utilizou o DDT, o que contribuiu para estabelecê-
lo c o m o agência central de controle das doenças transmissíveis. HUMPHREYS, Μ .
Kicking a dying dog: DDT and the demise o f malaria in the American South, 1 9 4 2 -
1 9 5 0 . Isis, 8 7 : 1 - 1 7 , 1 9 9 6
171
SOPER, F. L. Ventures in World Health, op. cit., p . 3 5 1 - 3 5 3 .
172
Nos anos 1 9 8 0 , o relaxamento das medidas de saúde pública em alguns países da
América Latina (especialmente c o m a deterioração da situação econômica) também
desempenhou, provavelmente, u m papel nessa reinfestação pelos aegypti. Cf. Debate:
dengue no Brasil. Manguinhos, 6 ( 1 ) : 1 7 3 - 2 1 5 , 1 9 9 8 .
173
SOPER, F. L. Ventures in World Health, op. cit., p . 3 5 3 .
174
SOPER, F. L. The elephant never forgets. American Journal of Tropical Medicine, 1:361-
3 6 8 , 1 9 5 2 , p.367.
175
SOPER, F. L. Ventures in World Health, op. cit., p.357.
176
SOPER, F. L. Ventures in World Health, op. cit., p . 3 5 5 .
177
A suposição de Soper segundo a qual o aegypti infestou o Brasil a partir da América do
Norte é partilhada por Donald Cooper e Kennet Kipple, autor do artigo "Yellow fever",
publicado em KIPPLE, Κ. F. (Ed.) The Cambridge History of Human Disease. Cambridge:
Cambridge University Press, 1 9 9 3 , p . 1 . 1 0 3 - 1 . 1 0 6 , p . 1 . 1 0 6 .
Ciência e Risco: o desenvolvimentodavacina
contra afebreamarela
As c a m p a n h a s de v a c i n a ç ã o , q u a s e t o t a l m e n t e i n t e r r o m p i d a s por
alguns meses, foram retomadas em 1 9 3 9 . Nesse ínterim, surgiu u m outro
problema: a icterícia pós-vacinal. Os r u m o r e s que c i r c u l a v a m desde m a i o
99
de 1 9 3 8 f o r a m desmentidos pelos responsáveis da Fundação Rockefeller.
E m o u t u b r o de 1 9 3 9 , p e s s o a s t r a t a d a s c o m o lote 4 6 7 d e s e n v o l v e r a m
u m a icterícia q u a t r o o u cinco meses após a v a c i n a ç ã o . Os trabalhadores
da fábrica situada perto de Campos p a g a r a m u m preço alto: a p r o x i m a d a -
m e n t e 5 0 casos de icterícia entre as 2 6 7 pessoas vacinadas e m m a i o . A o
todo, 2 7 % das pessoas desenvolveram a doença, a l g u m a s em s u a f o r m a
grave. U m estudo realizado n o local evidenciou p o u c o s casos de icterícia
nas pessoas cujo n o m e n ã o foi encontrado nas listas, apesar de elas terem
a f i r m a d o q u e h a v i a m se b e n e f i c i a d o da v a c i n a . U m a i n v e s t i g a ç ã o
epidemiológica revelou que a icterícia s u r g i u em todas as localidades e m
que pessoas h a v i a m sido vacinadas pelo m e s m o lote, m a s que a t a x a de
indivíduos doentes variou conforme os locais. O lote 4 6 7 teria provocado,
ao todo, 1 4 0 casos de icterícia, u m deles m o r t a l . E m Campos, 6 das 2 6 1
pessoas vacinadas teriam desenvolvido u m a icterícia. O lote 4 6 9 foi igual-
m e n t e c o n d e n a d o . Kerr p e n s o u que a l g u n s lotes de v a c i n a h a v i a m sido
produzidos e m 1 9 3 9 c o m s o r o n ã o - i n a t i v a d o (na época, c o n s i d e r a v a - s e
que a inativação do soro, o u seja, seu aquecimento a 5 6 ° C por 3 0 m i n u t o s ,
era u m a medida suficiente p a r a eliminar q u a l q u e r c o n t a m i n a ç ã o v i r a l ) .
U m a reunião do pessoal do laboratório do Rio permitiu verificar que o lote
icterogênico da vacina havia m e s m o sido preparado c o m u m soro inativado;
revelou-se, todavia, impossível excluir a possibilidade de que o vírus utili-
zado para a preparação desse lote tivesse sido anteriormente cultivado em
presença de soro ativo, pois a l g u n s lotes de 1 7 D h a v i a m sido preparados
e m condições descritas c o m o "perturbadoras". A c o n t a m i n a ç ã o pôde, a s -
sim, intervir m a i s cedo, e ser p o s t e r i o r m e n t e perpetuada pelas passagens
100
sucessivas do v í r u s . Soper e Kerr c o n s t a t a r a m , na m e s m a ocasião, que
os lotes de v í r u s que e n t r a r a m n a p r e p a r a ç ã o dos lotes icterogênicos de
vacina n ã o eram mais utilizados n o laboratório. Os responsáveis pela p r o -
d u ç ã o decidiram classificar o s u r g i m e n t o de icterícia p ó s - v a c i n a l c o m o
u m infeliz acidente, p r o v a v e l m e n t e imputável a u m a disfunção m o m e n -
tânea da linha de produção. U m a fiscalização m a i s rigorosa do processo
de f a b r i c a ç ã o do 1 7 D se i m p u n h a l e g i t i m a m e n t e , m a s a i n t e r r u p ç ã o da
vacinação contra a febre amarela em pleno período epidêmico não se j u s t i -
ficava. É interessante observar que n e m esse incidente, n e m os incidentes
u l t e r i o r e s p r o v o c a r a m rejeição à v a c i n a ç ã o c o n t r a a febre a m a r e l a pela
população o u gerou u m a c a m p a n h a da imprensa brasileira c o n t r a a v a c i -
na. A ó t i m a acolhida q u e t i v e r a m as c a m p a n h a s de v a c i n a ç ã o c o n t r a s t a
singularmente c o m a resistência às o u t r a s medidas introduzidas pelo SFA.
Essa diferença pode ser atribuída ao fato de que a vacinação era u m a m e -
dida de p r o t e ç ã o individual, u m a t o v o l u n t á r i o cujo benefício era facil-
mente avaliável. Além disso, o fato de que n u m primeiro m o m e n t o ( 1 9 3 5 -
1 9 3 6 ) a vacinação ( c o m soro hiperimune) tenha sido reservada a cidadãos
privilegiados, tais c o m o os funcionários das c o m p a n h i a s estrangeiras e os
m e m b r o s de suas famílias, fez crescer o seu prestígio.
Em j a n e i r o de 1 9 4 0 , o Dr. Sérvulo de Lima, da Fundação Rockefeller,
relata u m c a s o de icterícia que se seguiu à v a c i n a ç ã o pelo lote 4 8 7 , que
não havia sido indicado c o m o indutor de icterícia pós-vacinal. Em maio de
1 9 4 0 , relatórios provenientes do sul do estado do Espírito S a n t o (sempre
ameaçado por irrupções de febre amarela silvestre) dão notícia de n u m e r o -
sos casos de icterícia provenientes de três novos lotes da vacina, todos de
101
produção recente. Os responsáveis pela F u n d a ç ã o Rockefeller decidem
n o v a m e n t e i n t e r r o m p e r as c a m p a n h a s de v a c i n a ç ã o e m m a s s a e realizar
pesquisas aprofundadas sobre a c a u s a da icterícia. Eles l a n ç a m pesquisas
epidemiológicas de g r a n d e e n v e r g a d u r a e m t o d o s a s regiões e m que os
lotes suspeitos f o r a m usados, que revelam 1 . 0 7 2 casos, 2 4 deles fatais, de
icterícia associados à vacinação pelos lotes condenados. A distribuição dos
casos n ã o era h o m o g ê n e a : o s adultos e s t a v a m m a i s e x p o s t o s do que os
j o v e n s , os h o m e n s mais do que as mulheres; os moradores das cidades e os
pobres eram, igualmente, mais atingidos. A l é m disso, os casos de icterícia
eram reagrupados em a l g u m a s localidades e em algumas famílias o u coa¬
bitações [households]. Esse esquema suscita, segundo Soper, a possibilidade
de que exista u m fator adicional suscetível de favorecer a icterícia; poderia
tratar-se de u m elemento ligado ao status socioeconômico das pessoas a t i n -
gidas, a ancilostomíase o u a desnutrição, por exemplo. A f o r m a clínica da
doença era semelhante à da doença qualificada nos anos 1 9 3 0 c o m o "icte-
rícia epidêmica" o u "icterícia infecciosa". A principal diferença era que a
doença induzida pela vacina c o n t r a a febre a m a r e l a t i n h a u m período de
102
incubação m u i t o m a i o r .
E m a g o s t o de 1 9 4 0 , Kerr p r o p õ e p r o d u z i r u m a v a c i n a u t i l i z a n d o
c o m o diluente apenas o líquido de embrião de galinha (o 1 7 D é cultivado
em ovos fertilizados de galinha; a própria vacina provém do líquido clari-
ficado de embriões de galinha infectados pelo vírus, diluído e m s o r o h u -
m a n o . Kerr propõe diluir a s u s p e n s ã o dos embriões infectados c o m u m
líquido s e m e l h a n t e o r i u n d o de e m b r i õ e s de g a l i n h a n ã o infectados pelo
111
vírus). Não era a primeira tentativa dos pesquisadores do Rio de descar-
t a r o u s o do s o r o h u m a n o : e m 1 9 3 9 , eles j á h a v i a m tentado utilizar a
g o m a arábica, m a s o 1 7 D não havia sobrevivido em u m a suspensão desta
112
substância. Os p r i m e i r o s testes e m l a b o r a t ó r i o o c o r r e r a m e m fins de
agosto, os primeiros testes n o h o m e m em fins de setembro. Os resultados
são j u l g a d o s satisfatórios, e a vacina sem soro, preparada c o m u m a cepa
n o v a de 1 7 D importada de Nova York e o líquido de embrião de galinha,
entra em fase de produção em m a s s a e m o u t u b r o de 1 9 4 0 . Ela é testada
pela primeira vez e m c a m p o em n o v e m b r o de 1 9 4 0 (em São Mateus, Belo
H o r i z o n t e ) , e depois, a partir do fim de 1 9 4 0 , seu u s o se generaliza e m
todo o território brasileiro. N e n h u m caso de icterícia pós-vacinal foi regis-
1 1 3
trado n o Brasil depois de dezembro de 1 9 4 0 .
A c o n c l u s ã o prática dos pesquisadores brasileiros que e s t u d a r a m a
epidemia de icterícia é isenta de ambigüidade: o soro h u m a n o é visto c o m o
a fonte m a i s provável de c o n t a m i n a ç ã o . Soper e seus colegas produziram
u m a v a c i n a s e m s o r o h u m a n o , e n ã o o c o r r e r a m m a i s c a s o s de icterícia
p ó s - v a c i n a l n o Brasil, até que desapareceram. As conclusões teóricas são
mais complicadas. As enquetes epidemiológicas não revelaram o nexo c a u -
sal s i m p l e s e n t r e a d i s t r i b u i ç ã o dos lotes de v a c i n a e o s u r g i m e n t o de
icterícia. A hipótese, defendida especialmente por J o h n F o x (ver adiante),
de u m "segundo f a t o r i c t e r o g ê n i c o " poderia explicar p o r que a icterícia
s u r g i u e m determinados lugares, determinadas coabitações e determina-
das famílias. Soper estava disposto a admitir a existência de u m outro "agente
causal" da icterícia. A variabilidade da distribuição e das manifestações da
icterícia poderia se explicar, segundo ele, pelos diferentes graus de resistên-
cia individual a u m único agente causal da doença, diferenças que podem
ser hereditárias, m a s m a i s provavelmente refletem fatores ambientais ( n u -
114
trição, estado geral de saúde, presença de outras p a t o l o g i a s ) .
Encerrado o episódio de icterícia p ó s - v a c i n a l , Soper e seus colegas
v i r a m - s e d i a n t e de u m a n o v a dificuldade. E m j u n h o de 1 9 4 1 , f o r a m
registrados c a s o s de encefalite n a cidade de G u a n h ã e s , em M i n a s Gerais,
de 7 a 1 4 dias após a v a c i n a ç ã o c o n t r a a febre a m a r e l a realizada c o m o
1 1 5
lote E 7 0 1 . Foi u m médico local, o Dr. J o s é Eulálio, que, observando se-
melhanças entre todos aqueles casos, estabeleceu o elo c o m a recente c a m -
p a n h a de vacinação contra a febre amarela e alertou o escritório da Funda-
116
ção Rockefeller n o R i o . Após u m breve período de hesitação, os responsá-
veis pela Fundação Rockefeller decidiram realizar uma enquete
epidemiológica aprofundada n o local. Avalia-se e m 2 3 9 o n ú m e r o de c a -
sos de encefalite p ó s - v a c i n a l n a região (trata-se de u m a avaliação m í n i -
m a , pois a encefalite n e m sempre era fácil de diagnosticar; além disso, ela
podia ser confundida c o m o u t r a s doenças, c o m o a m a l á r i a ) ; 1 0 1 c a s o s
f o r a m considerados leves, 8 3 intermediários e 5 5 severos, a c o m p a n h a d o s
de s i n t o m a s neurológicos graves. As c r i a n ç a s são p a r t i c u l a r m e n t e afeta-
das, e o s j o v e n s , m a i s g r a v e m e n t e a t i n g i d o s . U m a c r i a n ç a m o r r e u de
encefalite. A o c o n t r á r i o da h e p a t i t e p ó s - v a c i n a l o b s e r v a d a n o B r a s i l , a
f r e q ü ê n c i a da encefalite n ã o foi m a i s a l t a e m a l g u m a s f a m í l i a s o u e m
a l g u n s l u g a r e s ; a o c o n t r á r i o , ela parecia a t a c a r a l e a t o r i a m e n t e entre as
117
pessoas v a c i n a d a s .
A encefalite observada nas pessoas vacinadas contra a febre amarela
p a r e c i a - s e c l i n i c a m e n t e c o m o u t r a s encefalites de o r i g e m v i r a l . R e s t a v a
saber se ela era induzida pelo próprio 1 7 D o u por u m vírus contaminador.
Os pesquisadores do l a b o r a t ó r i o da febre a m a r e l a n ã o c o n s e g u i r a m evi-
denciar u m v í r u s c o n t a m i n a n t e injetando o lote de v a c i n a suspeita e m
solução de á g u a salgada (que inativa o vírus da febre amarela) em cobaias.
O fracasso de todas as tentativas de isolar u m agente putativo de icterícia
p ó s - v a c i n a l n ã o h a v i a impedido a a d o ç ã o da hipótese de s u a e x i s t ê n c i a .
Os pesquisadores da Fundação Rockefeller, entretanto, preferiram atribuir a
encefalite ao próprio 1 7 D , pois ele era capaz de induzir a encefalite n o m a -
caco, e a vacinação apenas c o m o vírus neurotrópico engendrou alguns c a -
sos de encefalite n o h o m e m . Os pesquisadores do Rio c o n s t a t a r a m , a l é m
disso, que a subcepa de 1 7 D que eles haviam utilizado na série de vacinação
condenada provocara u m a t a x a especialmente alta de encefalite n o m a c a c o
( 2 8 % para u m a injeção direta no cérebro, contra os 5% induzidos pelas subcepas
utilizadas a n t e r i o r m e n t e ) . Finalmente, pesquisas i m u n o l ó g i c a s i n d i c a r a m
que as pessoas que haviam sofrido de formas graves de encefalite desenvol-
v e r a m t a x a s particularmente altas de anticorpos contra o 1 7 D (contrarian-
do a ausência de qualquer relação entre a taxa de anticorpos contra o 1 7 D e
118
o s u r g i m e n t o da icterícia p ó s - v a c i n a l ) .
Notas
1
STOKES, Α.; BAUER, J . Η. & HUDSON, Ν. P. The transmission o f yellow fever to
Macacus rhesus. Journal of the American Medical Association, 9 0 ( 4 ) : 2 5 3 - 2 5 4 , 1 9 2 8 .
2
BERRY G. P. & KITCHEN S. F. Yellow fever accidentally contracted in the laboratory.
American Journal of Tropical Medicine, 1 1 : 3 6 5 - 4 3 4 , 1 9 3 1 .
3
ARAGÃO, H. de B. Relatório a respeito de algumas pesquisas sobre a febre amarela.
Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, supl. 2 : 2 3 - 3 4 , 1 9 2 8 ; HINDLE, E. A yellow fever
vaccine. The British Medical Journal, 1 : 9 7 6 - 9 7 7 , 1 9 2 8 ; PETTIT, A. Rapport sur la valeur
immunisante des vaccins employes contre la fièvre j a u n e et la valeur thérapeutique
du sérum anti-amaril. CR de l'Académie de Médecine (Paris), 1 0 5 : 5 2 2 - 5 2 6 , 1 9 1 3 . Esse
relatório é o resultado das deliberações de uma comissão da Académie des Sciences,
composta pelos Srs. Pettit (relator), Roux, Bernard, Renault e Marchoux.
4
SAWYER, W. Α.; KITCHEN S. F. & LLOYD, W. Vaccination against yellow fever with
imune serum and virus fixed for mice. The Journal of Experimental Medicine, 55(1 ) : 9 4 5 -
9 6 9 , 1 9 3 2 , às páginas 9 4 5 - 9 4 6 . PETTIT, A. Rapport sur la valeur immunisante des
vaccins employes contre la fièvre j a u n e et la valeur thérapeutique du sérum anti-
amaril, op. cit. Em 1 9 3 6 , Findlay e MacKenzie, de um lado, Gordon e Hugues, de outro,
demonstraram que as preparações à base de vírus morto eram incapazes de conferir
imunidade ativa contra a febre amarela. Cf. FINDLAY G. M. & MacKENZIE, R. D.
Attempts to produce i m m u n i t y against yellow fever with killed virus. Journal of
Pathology and Bacteriology, 4 3 : 2 0 5 - 2 0 8 , 1 9 3 6 ; GORDON J . E. & HUGHES, T.P.A study of
inactivated yellow fever virus as immunizing agent. Journal of Immunology, 30:221-
234, 1936.
5
Soper a Russel, 2 8 de janeiro de 1 9 2 9 ; Russel a Connor, 14 de fevereiro de 1 9 2 9 ; Soper
a Russel, 6 de março de 1 9 2 9 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 0 , dossiê 1 6 0 .
6
Soper a Russel, 2 de abril de 1 9 2 9 ; Soper a Russel, 18 de abril de 1 9 2 9 , RAC, RG 1.1, série
3 0 5 , caixa 2 0 , dossiê 1 6 0 .
7
Carlos Chagas, citado por PETTIT, A. Rapport sur la valeur immunisante des vaccins
employés contre la fièvre j a u n e et la valeur thérapeutique du sérum anti-amaril, op.
cit., p . 5 2 3 - 5 2 4 . Pettit é categórico: "Concluindo: a vacinação antiamarílica ainda não
está pronta no que concerne à espécie humana", Idem, p.524. Aragão foi o primeiro
pesquisador brasileiro a estudar a febre amarela no macaco. Sua vacinação, realiza-
da em condições emergenciais, pode ser comparada às tentativas de Freire no fim do
século XIX, que distribuiu uma vacina às populações sem que sua eficácia ou sua
inocuidade tivessem sido testadas rigorosamente; além disso, n e n h u m desdobra-
m e n t o regular estabeleceu o grau de proteção obtido. Em artigo ulterior, Aragão
explica que é essencial que o vírus esteja vivo para que ele imunize contra a febre
amarela, sem no entanto fazer menção a suas campanhas de vacinação em larga
escala, com um vírus morto, Cf. ARAGÃO, H. de B. Emploi du virus vivant dans la
vaccination contre la fièvre jaune. CR de la Société de Biologie, 1 1 2 , p . 1 . 4 7 1 - 1 . 4 7 3 , 1 9 3 3 .
8
Soper relatou que o laboratório da IHD em Nova York manteve duas cepas de vírus de
febre amarela originárias do Brasil: a cepa FW (de Francisco Weiss, paciente húnga-
ro), isolada no início da epidemia do Rio na primavera de 1 9 2 8 , e a cepa BB (de
Bernardo Bragg, j u d e u russo), de 2 de setembro de 1 9 2 8 . Em ambos os casos, o
sangue dos doentes foi injetado no macaco, e os tecidos de u m macaco infectado
foram enviados a Nova York, cf. Soper a Hackett, 6 de outubro de 1 9 5 1 , RAC, RG 3 . 1 ,
série 9 0 8 , caixa 1, dossiê 8.
9
THEILER, M. Susceptibility o f white mice to the virus of yellow fever. Science, 71:367-
369,1930.
10
SAWYER, W. Α.; KITCHEN, S. F. & LLOYD, W. Vaccination against yellow fever with
i m m u n e serum and virus fixed for mice. Proceedings of the Society for Experimental
Biology and Medicine, 2 9 : 6 2 - 6 4 , 1 9 3 1 - 1 9 3 2 ; dos mesmos autores, Vaccination against
yellow fever with immune serum and virus fixed for mice. The Journal of Experimental
Medicine, 5 5 ( 1 ) : 9 4 5 - 9 6 9 , 1 9 3 2 .
11
THEILER, M. A n n a l s of Tropical Medicine and Parasitobgy, 24:249-256, 1930.
12
SAWYER, W. Α.; KITCHEN, S. F. & LLOYD, W. Vaccination against yellow fever with
immune serum and virus fixed for mice, op. cit. Em sua primeira série de experiências,
Sawyer, Kitchen e Lloyd utilizaram 3 2 macacos; todos foram periodicamente san-
grados para se acompanhar a evolução da taxa de anticorpos no sangue.
13
Notas de Hackett sobre a entrevista c o m Sawyer, RAC, RG 3 . 1 , série 9 0 8 , caixa 3,
dossiê 1 9 .
14
Notas de Hackett sobre a febre amarela, RAC, RG 3 . 1 , série 9 0 8 , caixa 8, dossiê 8 6 - 1 3 2 ;
Wilson a Hackett, 6 de setembro de 1 9 5 1 , RAC, RG 3 . 1 , série 9 0 8 , caixa 1, dossiê 8. As
q u a t r o primeiras pessoas vacinadas receberam u m a preparação não-centrifugada
de cérebro infectado; após terem sido constatadas reações dolorosas no local da
injeção, o protocolo de preparação da vacina foi modificado, e os pacientes seguintes
receberam u m a vacina centrifugada e filtrada.
15
SAWYER, W. Α.; KITCHEN, S. F. & LLOYD, W Vaccination against yellow fever with
immune serum and virus fixed for mice, op. cit.
16
ROUBAUD, E. & STEFANOPOULO, G. J . Recherches sur la transmission par la voie
stégomyenne du virus neurotrope murin de la fièvre j a u n e . Bulletin de la Société de
Pathologie Exotique, 2 6 : 3 0 5 - 3 0 9 , 1 9 3 3 . Ver também MOLLARET, P. Le Traitement de la
Fièvre Jaune. Paris: J . - B . Ballière et fils, 1 9 3 6 , p. 1 1 8 . Essa avaliação teve que ser modi-
ficada ulteriormente. O relatório dos trustees da IHD para 1 9 3 8 revela que mosquitos
podiam disseminar o vírus 1 7 D , "um outro golpe de sorte na luta contra a febre
amarela", Manuscrito, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 4 , dossiê 1 8 8 . Em 1 9 3 3 e em
1 9 3 6 Stefanopoulo recebeu u m a bolsa da Fundação Rockefeller para realizar pesqui-
sas sobre a febre amarela no Institut Pasteur, Paris.
17 ΡΕΤΤΓΓ, A. & STEFANOPOULO, G. J . Utilisation du sérum antiamaril d'origine animale
pour la vaccination de l'homme. Bulletin de l'Académie de Médecine, 1 1 0 , 3ª série, p . 6 7 -
76, 1 9 3 3 ; A R A G Ã O , H. de B. Emploi du virus vivant dans la vaccination contre la
fièvre jaune, op. cit.; STEFANOPOULO, G. J . Sur la vaccination contre la fièvre j a u n e .
Bulletin de l'Académie de Médecine, 1 9 3 5 , 1 1 3 , p. 7 8 - 9 6 ; Τ. Ρ. Hughes e W. Uoyd, resulta
dos não publicados, citados em SOPER, F. L. & SMITH, Η. Η. Yellow fever vaccination
with cultivated virus and hyper immune serum. American Journal of Tropical Medicine,
1 8 : 1 1 1 - 1 3 4 , 1 9 3 8 , à página 1 1 4 . A morte de Lloyd em 1 9 3 6 desacelerou as pesquisas
sobre a vacinação c o m u m soro hiperimune de origem animal em Nova York, Cf.
SOPER, F. L. & SMITH, H. H., Idem, p.112.
18
LLOYD, W. Lemploi d'un virus cultive associe à l'immunité dans la vaccination contre la
fièvre jaune. Bulletin de l'Office International d'Hygiène Publique, 2 7 ( 2 ) : 2 . 3 6 5 - 2 . 3 6 8 , 1 9 3 5 .
19
M O U L I N , A . - M . T h e P a s t e u r I n s t i t u t e s b e t w e e n the t w o W o r l d W a r s : the
t r a n s f o r m a t i o n o f the i n t e r n a t i o n a l s a n i t a r y order. In: WEINDLING, P. (Ed.)
International World Organizations and Movements, 1918-1939. Cambridge: Cambridge
University Press, 1 9 9 5 , p . 2 4 4 - 2 6 5 ; PELIS, K. Prophet for profit in French North Africa:
Charles Nicolle and the Pasteur Institute of Tunis, 1 9 0 3 - 1 9 3 6 . Bulletin of the History of
Medicine, 7 1 : 5 8 3 - 6 2 2 , 1 9 9 7 .
20
THEILER, M. Susceptibility of white mice to the virus of yellow fever, op. cit.
21
SELLARDS A. W. & LAIGRET, J . Comptes Rendus de l'Académie des Sciences (Paris),
1 9 4 : 1 . 0 6 9 - 1 . 0 7 0 ; 2 . 1 7 5 - 2 . 1 7 7 , 1 9 3 2 ; LAIGRET, J . Archives de l'Institut Pasteur de Tunis,
2 1 ( 3 ) : 1 1 1 - 1 1 5 , 1 9 3 3 ; Idem, 2 2 ( 2 ) , p . 1 9 8 - 2 0 7 , 1 9 3 3 ; LAIGRET J . Bulletin de la Société de
Pathologie Exotique, 2 6 ( 4 ) : 8 0 6 - 8 1 7 , 1 9 3 3 .
22
LAIGRET, J . Sur la vaccination contre la fièvre j a u n e par le virus de Max Theiler.
Bulletin de l'Office International d'Hygiène Publique, 2 6 ( 1 ) : 1 . 0 7 8 - 1 . 0 8 2 , 1 9 3 4 .
23
Segundo Mollaret, as primeiras vacinações feitas em Túnis foram conduzidas por
Sellards com a assistência de Laigret; depois, Sellards partiu, deixando Laigret condu-
zir suas pesquisas sozinho; o erro teria ocorrido nesse momento. Cf. MOLLARET, Ρ. Le
Traitement de la Fièvre Jaune, op. cit., p.114.
24
LAIGRET J - Sur la vaccination contre la fièvre jaune par le virus de Max Theiler, op.
cit., p . 1 . 0 7 9 - 1 . 0 8 0 .
25
Haffkine, outro pasteuriano que aplicou fielmente o método de Louis Pasteur para
elaborar uma vacina (anticólera), também propôs duas vacinações sucessivas, urna
com um "vírus" atenuado e depois outra com um "vírus" ativo, mas teve que renun-
ciar a esse procedimento em razão das dificuldades inerentes à dupla vacinação em
campo. Cf. LÕWY, I. From guinea pigs to man: the development of Haffkine's anti-
cholera vaccine. Journal of the History of Medicine and Allied Sciences, 4 7 : 2 7 0 - 3 0 6 , 1 9 9 2 .
26
MATHIS, C.; LAIGRET J . & DURIEUX, C. Trois mille vaccinations contre la fièvre j a u n e
en Afrique Occidentale Française au moyen d'un virus vivant de souris, atténué par le
vieillissement. Comptes Rendus de l'Académie des Sciences (Paris), 1 9 6 : 7 4 2 - 7 4 4 , 1 9 3 4 . Os
poderes coloniais franceses envolveram-se diretamente na pesquisa de u m a vacina
contra a febre amarela: assim, o relatório do Dr. Pettit sobre o valor imunizante das
vacinas contra a febre amarela, escrito em 1 9 3 1 , foi preparado a pedido do ministro das
Colônias, que, em carta enviada à Académie des Sciences, cobrava a avaliação das
vacinas existentes. Cf. PETTIT, A. Rapport sur la valeur immunisante des vaccins
employés contre la fièvre jaune et la valeur thérapeutique du sérum anti-amaril, op. cit.
27
Grifo do original. MATHIS, C.; LAIGRET J . & DURIEUX, C. Trois mille vaccinations
contre la fièvre j a u n e en Afrique Occidentale Française au moyen d'un virus vivant
de souris, atténué par le vieillissement, op. cit., p.744.
28
NICOLLE, C. & LAIGRET, J . La vaccination contre la fièvre j a u n e par le virus arnaril
vivant, desséché et enrobé. Comptes Rendus de l'Académie des Sciences (Paris), 2 0 1 : 3 1 2 -
314,1935.
29
NICOLLE, C. & LAIGRET J. La vaccination contre la fièvre j a u n e par le virus amaril
vivant, desséché et enrobé, op. cit., p . 3 1 3 .
30
MOLLARET, Ρ. Le Traitement de la Fièvre Jaune, op. cit., p . 1 1 5 .
31
Idem.
32
ROUBAUD, Ε. & STEFANOPOULO, G. Recherches sur la transmission par la voie
stégornyenne du virus neurotrope murin de la fièvre jaune, op. cit., p . 3 0 9 .
33
ARAGÃO, H. de B. Emploi du virus vivant dans la vaccination contre la fièvre jaune.
Comptes Rendus de la Société de Biologie (Paris), 1 1 2 : 1 . 4 7 1 - 1 . 4 7 3 , 1 9 3 3 .
34
Em seu primeiro artigo, Laigret descreve a filtragem da solução-mãe glicerinada, não
a das vacinas dessecadas e reconstituídas. LAIGRET, J . L. Sur la vaccination contre la
fièvre j a u n e par le virus de M a x Theiler, op. cit., p . 1 . 0 8 0 ; do m e s m o autor, Les
vaccinations contre la fièvre jaune. Annales de Médecine, 4 2 : 4 6 3 - 4 7 7 , 1 9 3 7 , à página
4 6 8 . A diferença entre os resultados de Theiler e os de Laigret pode ser explicada pela
diferença de resistência das cepas virais: as cepas vacinadoras desenvolvidas n o
laboratório da IHD em Nova York revelaram-se, finalmente, mais frágeis do que as
utilizadas pelos pesquisadores franceses na África.
35
THEILER, M. & LORING, W. Le danger de la vaccination par le virus amaril neurotrope
Seul. Bulletin de l'Office International de l'Hygiène Publique, 2 7 : 1 . 3 4 2 - 1 . 3 4 , 1 9 3 5 7 . Poderia
parecer que o sucesso da vacina havia sido, em parte, fruto do acaso: uma verificação
adequada no macaco teria desqualificado qualquer uso no homem; mas, os humanos
são, provavelmente, menos sensíveis aos efeitos secundários do que os m a c a c o s .
U m a versão modificada foi empregada em larga escala na África até os anos 1 9 6 0 .
Estudos realizados ulteriormente demonstraram, entretanto, que - c o m o Theiler e
W h i t m a n haviam prognosticado - a vacina neurotrópica francesa era mais perigosa
para as crianças novas do que o 1 7 D . MONATH, T. P. Yellow fever vaccines: the
success o f empiricism, pitfalls of application and transition to molecular vaccinology.
In: PLOKT1NE, S. & FANTIN1, B. (Eds.) Vaccinia, Vaccination and Vaccinology: Jenner,
Pasteur and their successors. Paris: Elsevier, 1 9 9 6 , p . 1 5 7 - 1 8 2 .
36
MOLLARET, P. Le Traitement de la Fièvre Jaune, op. cit., p. 1 1 3 - 1 2 2 . O método de vacina-
ção de Laigret foi também aplicado no Instituto Pasteur de Paris, no serviço do Dr.
René Martin. Idem, p . 1 1 9 .
37
Diário de Soper em 1 9 3 6 , anotações de 3 de j u l h o de 1 9 3 6 , RAC, RG 1.2, Diários, caixa
5 5 . Sawyer anotou em seu diário que suspeitava que Laigret fosse incapaz de respon-
der ao pedido de testar o sangue das pessoas vacinadas. Ε t a m b é m registrou que
Stefanopoulo, insatisfeito com o salário recebido no Instituto Pasteur, havia pleiteado
um cargo na IHD. S a w y e r não incentivou seu ato, por a c h a r que o trabalho de
Stefanopoulo teria mais valor na França e em suas colônias.
38
SOREL, F. La vaccination anti-amarile em Afrique Occidentale Française. Mise en
application du procede du vaccin Sellers-Laigret. Bulletin de l'Office International d'Hygiène
Publique, 2 8 : 1 . 3 2 5 - 1 . 3 5 6 , 1 9 3 6 .
39
LAIGRET, J . De l'interprétation des troubles consécutifs a u x vaccinations par des
virus vivants, en particulier à la vaccination de la fièvre j a u n e . Bulletin de la Société de
Pathologie Exotique, 2 9 : 2 3 0 - 2 3 4 , 1 9 3 6 .
40
LAIGRET, J . Les vaccinations contre la fièvre jaune, op. cit., p. 4 7 7 .
41
Soper a Russel, 4 de setembro de 1 9 3 1 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 6 7 .
42
Sawyer a Uoyd, 9 de outubro de 1 9 3 1 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 6 8 .
43
Soper a Davis, 2 3 / 0 9 / 1 9 3 1 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 6 8 .
44
Soper a Russel, 3 0 de novembro de 1 9 3 1 , RAC, RG 1.1, série 3θ5, caixa 2 1 , dossiê 1 6 8 .
45
A partir de 1 9 3 5 , Soper sustentou que, em caso de epidemia de febre amarela silvestre,
a Fundação Rockefeller deveria organizar campanhas de vacinação c o m o 17E e com
soro de cabra. Uoyd se opôs à idéia. Cf. diário de Soper, 14 de outubro de 1 9 3 5 , RAC,
RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 9 , dossiê 2 1 0 .
46
ΡΕΤΤIΤ, A. & STEFANOPOULO, G. J . Utilisation du sérum antiamaril d'origine animale
pour la vaccination de l ' h o m m e , op. cit. STEFANOPOULO, G. S u r la vaccination
contre la fièvre jaune, op. cit; FINDLAY, G. M. Immunisation contre la fièvre j a u n e au
moyen du virus neutrotrope vivant et d'immunserum hétérologue, op. cit.
47
SOPER, F. L. & SMITH, Η. Η. Yellow fever vaccination w i t h cultivates v i r u s and
immune and hyper immune serum. American Journal of Tropical Medicine, 1 8 : 1 1 1 - 1 3 4 ,
1 9 3 8 , às páginas 1 1 4 - 1 1 5 .
48
O soro de macaco foi testado no homem em 1 9 3 5 por Theiler e Smith. Cf. THEILER M.
& SMITH, Η. Η. L'emploi du sérum hyper i m m u n de singe dans la vaccination contre
la fièvre j a u n e . Bulletin de l'Office International d'Hygiène Publique, 2 8 : 2 . 3 5 4 - 2 . 3 5 7, 1 9 3 6 .
O preço de u m a dose de soro de macaco foi avaliado em u m dólar; o de u m a dose de
soro h u m a n o c o m u m , em 0 , 5 7 dólar; o de soro hiperimune - que tem u m a taxa
especialmente alta de anticorpos - , em 3 , 7 0 dólares.
49
Diário do laboratório do Rio de 1 9 3 6 - 1 9 3 7 , anotações de 5 de fevereiro de 1 9 3 6 , RAC,
RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 4 4 , dossiê 2 5 0 ; Diário de Rickard (que dirigiu o escritório da
Fundação Rockefeller no Rio de Janeiro na ausência temporária de Soper), anotações
de 11 de fevereiro de 1 9 3 6 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 3 0 , dossiê 2 1 2 . Rickard a
Sawyer, 18 de fevereiro de 1 9 3 6 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 1 , dossiê 1 7 8 .
50
Rickard a Sawyer, 12 de março de 1 9 3 6 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 2 , dossiê 1 7 9 .
51
Diário de Rickard, anotações de 2 0 de fevereiro de 1 9 3 6 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa
3 0 , dossiê 2 1 2 . Não encontrei registro dos debates sobre a possibilidade de se utilizar
a vacina neurotrópica de Laigret. Essa vacina foi considerada perigosa demais pelos
dirigentes da Fundação Rockefeller. Cf. Diário de Sawyer em 1 9 3 6 , anotações de 3 de
julho, RAC, RG 1 2 . 1 , Diários, caixa 5 5 .
52
Rickard a Sawyer, 1 9 de março de 1 9 3 6 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 2 , dossiê 1 7 9 .
Indivíduos imunizados também foram sangrados para se obter soro imune h u m a n o
para futuras vacinações.
53
Diário de Rickard, anotações de 5 de março de 1 9 3 6 , 6 de maio de 1 9 3 6 e 15 de março
de 1 9 3 6 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 3 0 , dossiê 2 1 2 .
54
Diário de Rickards, anotações de 5 de março de 1 9 3 6 e 15 de março de 1 9 3 6 , RAC, RG
1.1, série 3 0 5 , caixa 3 0 , dossiê 2 1 2 .
55
Diário do laboratório do Rio dos anos 1 9 3 6 - 1 9 3 7 , anotações de 11 de março de 1 9 3 6 ,
RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 4 4 , dossiê 2 5 0 .
56
Diário de Rickard, anotações de 5 de março de 1 9 3 6 , 6 de maio de 1 9 3 6 e 15 de março
de 1 9 3 6 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 3 0 , dossiê 2 1 2 . Diário de Soper (de volta ao Rio
a partir de abril), anotações de 4 de maio de 1 9 3 6 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 3 0 ,
dossiê 2 1 2 . Wilson a Sawyer, 5 de dezembro de 1 9 3 6 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 3 ,
dossiê 1 8 0 . A permissão para vacinar soldados no Mato Grosso foi obtida após longos
prazos burocráticos.
57
Diário de Soper, anotações de 11 de abril de 1 9 3 6 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 3 0 ,
dossiê 2 1 2 .
58
Diário de Soper em 1 9 3 7 , anotações de 14 de fevereiro, 16 de fevereiro, RAC, RG 1.1,
série 3 0 5 , caixa 3 0 , dossiê 2 1 3 .
59
SOPER F. L. & SMITH Η. H. Yellow fever vaccination with cultivates virus and immune
and hyper immune serum, op. cit., p . 1 3 1 .
60
Soper a Sawyer, 2 de abril de 1 9 3 7 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 3 , dossiê 1 8 1 . Wilson
a Sawyer, 2 de j u n h o de 1 9 3 7 , RAC, RG 1.1, caixa 2 3 , dossiê 1 8 3 .
61
Diário do laboratório do Rio dos anos 1 9 3 6 - 1 9 3 7 , anotações de 13 de abril de 1 9 3 7 ,
RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 4 4 , dossiê 2 5 0 ; Diário de Soper em 1 9 3 7 , anotações de 17
de j u l h o , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 3 0 , dossiê 2 1 3 . Smith se lembra do caso dos dois
funcionários da Panair, que não o surpreendera além da medida, pois Findlay o havia
informado da existência de casos semelhantes. Muitos deles não foram detectados.
provavelmente porque as pessoas vacinadas c o n t r a febre amarela antes de u m a
viagem aos trópicos que desenvolveram icterícia alguns meses mais tarde atribuíram
sua doença às conseqüências dessa estada, mais do que à vacinação.
62
Carta de Smith a Hackett, de 4 de fevereiro de I 9 6 0 , RAC, RG 1.1, série 9 0 8 , caixa 2 ,
dossiê 1 8 . 2 .
63
Soper l e m b r o u - s e de que Findlay havia assinalado a presença dessa doença por
ocasião de u m congresso de microbiologia realizado em Londres, no verão de 1 9 3 6 .
Soper a Hackett, 1 8 de outubro de 1 9 5 5 , RAC, RG 1.1, série 9 0 8 , caixa 3, dossiê 1 4 .
64
FINDLAY, G. M . & MACCALLUM, F. O. Note on acute hepatitis and yellow fever
immunization. Transactions of the Royal Society for Tropical Medicine and Hygiene, 3 1 : 2 9 7 -
3 0 8 , 1 9 3 7 ; dos mesmos autores, Hepatitis and jaundice association with imunization
against certain virus diseases. Proceedings of the Royal Society of Medicine, 3 1 : 7 9 9 - 8 0 8 ,
1 9 3 8 . Findlay relatou a Taylor que havia observado 17 casos de icterícia pós-vacinal
em 1 . 0 0 0 pessoas vacinadas. Cf. Diário do laboratório do Rio nos anos 1 9 3 6 - 1 9 3 7 ,
anotações de 13 de abril de 1 9 3 7 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 4 4 , dossiê 2 5 0 . A
publicação de Findlay e MacCalum (de 2 3 de março de 1 9 3 8 ) menciona 8 7 casos em
3 . 1 0 0 pessoas vacinadas. Cf. Hepatitis and jaundice associated w i t h i m u n i z a t i o n
against certain virus diseases, op. cit., p . 7 9 9 .
65
Sir Arnold Theiler, "5th and 6th reports o f the Director o f the Veterinary Research",
Department of Agriculture, Union of South Africa, 1 9 1 8 , p . 1 - 1 6 4 .
66
Diário de Soper em 1 9 3 8 , anotações de 2 9 de setembro de 1 9 3 8 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 ,
caixa 3 1 , dossiê 2 1 4 . Hoje, poderíamos concluir que ambos, Findlay e Soper, tinham
razão. A icterícia transmitida pelo soro (hepatite B) pode sê-lo também por contato,
porém mais dificilmente; ela supõe, com efeito, contatos íntimos (relações sexuais,
troca de saliva, mordida, grande proximidade): a transmissão pode ocorrer em famí-
lia, principalmente entre cônjuges, ao passo que u m a interação menos próxima, tal
c o m o a coabitação nas mesmas cabanas militares, não ocasionará c o n t a m i n a ç ã o .
Em 1 9 3 8 , os pesquisadores não consideraram a existência de vários agentes infecciosos
capazes de induzir as mesmas manifestações clínicas de icterícia infecciosa.
67
Diário de Soper em 1 9 3 8 , anotações de 6 de outubro, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 3 1 ,
dossiê 2 1 4 . Soper observa que Findlay não levou em consideração a possibilidade de
u m a epidemia independente de icterícia infecciosa entre as crianças às quais havia
sido administrado o soro contra o sarampo.
68
DURIEUX, C. Mass yellow fever vaccination in French Africa, south o f Sahara. In:
SMITHBOURNE et al. Yellow Fever Vaccination: Genève: WHO, 1 9 5 6 , p . 1 1 5 - 1 2 1 .
69
M. Peletier (diretor do Instituto Pasteur de Dacar) a Pasteur Vallery-Radot (delegado
na direção dos Institutos Pasteur de U l t r a m a r ) , 13 de fevereiro de 1 9 3 9 ; Pasteur
Vallery-Radot a Peletier, 2 1 de fevereiro de 1 9 3 9 ; Pasteur Vallery-Radot a Peletier, 2 de
fevereiro de 1 9 3 9 , Arquivo do Instituto Pasteur de Dacar, Correspondência geral,
1 9 3 7 - 1 9 5 4 (há cópias no Arquivo do Instituto Pasteur, Paris, Dossiê Dacar). PELETIER,
M.; DURIEUX, C.; JONCHÈRE, H. & ARQUIÉ, E. Vaccination mixte contre la fièvre
j a u n e et la variole sur les populations indigenes du Senegal. Bulletin de l'Académie de
Médecine, 1 2 3 : 1 3 7 - 1 4 7 , 1 9 4 0 . A vacina mista varíola-febre amarela foi administrada
em larga escala na Africa Oriental Francesa (AOF). Aproximadamente 1 0 0 . 0 0 0 doses
de vacina foram distribuídas em 1 9 4 0 , aproximadamente 4 0 0 . 0 0 0 em 1 9 4 1 , quase 11
milhões de doses entre 1 9 4 2 e 1 9 4 4 . Pasteur Vallery-Radot a Peletier, 3 0 de j u n h o de
1 9 4 0 ; Durieux (diretor do Instituto Pasteur de Dacar após 1 9 4 0 ) a Pasteur Vallery-
Radot, 19 de abril de 1 9 4 0 ; Durieux ao médico-chefe Sorel, 12 de fevereiro de 1 9 4 1 ;
Durieux a Pasteur Vallery-Radot, 1 6 de novembro de 1 9 4 4 , Arquivo do Instituto
Pasteur de Dacar, Correspondência geral, 1 9 3 7 - 1 9 5 4 .
70
U m estudo realizado em 1 9 4 5 pela UNRRA (United Nations Relief and Rehabilitation
Administration) comparou a eficácia da vacina francesa (vírus neurotrópico origi-
nário do cérebro do camundongo introduzido por escarificação) c o m a do 17D, de-
senvolvido pelos especialistas da Fundação Rockefeller, em soldados franceses. A
vacina francesa provocou u m a taxa de anticorpos mais alta, mas a taxa de complica-
ções e sua gravidade foram mais consideráveis, sem que no entanto tenham atingido
um nível que justificasse a interrupção da vacinação. Notas de Hackett sobre a febre
amarela, RAC, RG 3 . 1 , série 9 0 8 , caixa 8, dossiê 8 6 - 1 3 2 . A vacina francesa produziu
irrupções de encefalite pós-vacinal em Brazzaville ( 1 9 4 4 ) , na Costa Rica ( 1 9 5 1 ) , e na
Nigéria. Durieux a Noèl Bernard (vice-diretor do Instituto Pasteur de Paris), 17 de
março de 1 9 5 2 , 11 de abril de 1 9 5 2 , Arquivo do Instituto Pasteur de Dacar, Correspon-
dência geral, 1 9 3 7 - 1 9 5 4 . Estudos ulteriores revelaram u m a taxa de 0,4% de casos de
encefalite grave em crianças vacinadas, dos quais 4 0 % levaram à morte. A vacina
neurotrópica francesa - que tem a vantagem de ser mais estável, mais fácil, portanto,
de ser empregada nos países subdesenvolvidos - continuou a ser administrada na
Africa francófona, mas estudos (especialmente ao fim de u m a campanha de vacinação
em massa no Senegal, em 1 9 6 5 ) revelaram alta porcentagem (1 a 2%) de casos de
encefalite entre as crianças. A doença foi atribuída ao próprio vírus, não a uma reação
alérgica ao tecido de camundongo. Esses dados concorreram para a passagem gradual
à vacinação exclusivamente com o 17D (a fabricação da vacina neurotrópica foi inter-
rompida em 1 9 8 2 ) . A vacinação sistemática contra a febre amarela, instaurada pelos
poderes coloniais franceses, desapareceu com o fim da colonização. STUART, G. Reactions
following vaccination against yellow fever. In: SMITHBOURNE et al. Yellow Fever
Vaccination, op. cit., p. 1 4 3 - 1 8 9 ; MONATH, Τ P. Yellow fever vacines: the success of
empiricism, pitfalls o f application and transition to molecular vaccinology, op. cit.
71
Carta de Soper a Morgan, 5 de abril de 1 9 3 8 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 3 , dossiê
1 8 4 . Soper não menciona mais casos de icterícia pós-vacinal com soro imune h u m a -
no, talvez descartados c o m o "anomalias".
72
Sawyer a Soper, 8 de abril de 1 9 3 8 ; Sawyer a Soper, 2 9 de abril de 1 9 3 8 , RAC, RG 1.1,
série 3 0 5 , caixa 2 3 4 , dossiê 1 8 4 ; Sawyer a J . A. O'Brien (responsável pela campanha
contra a febre amarela na Guiné britânica), 16 de setembro de 1 9 3 8 , RAC, RG 1.1,
série 3 0 5 , caixa 2 3 , dossiê 1 8 5 . Sawyer estava convencido de que os problemas en-
contrados pelos ingleses eram conseqüência da contaminação das cepas virais 17E e
17C durante sua transferência para o laboratório na Inglaterra. Ele ficou surpreso
com o fato de alguns colegas ingleses ainda acreditarem que a contaminação provi-
nha do soro.
73
THEILER, M. &. SMITH, Η. Η The use o f yellow fever virus modified b y in vitro cultivation
for human immunization. Journal of Experimental Medicine, 6 5 : 7 6 5 - 8 0 0 , 1 9 3 7 .
74
Notas de Hackett sobre a vacinação contra a febre amarela, RAC, RG 3 . 1 , série 9 0 8 ,
caixa 8, dossiê 8 6 - 1 3 2 ; Carta de Smith a Hackett de 4 de fevereiro de 1 9 6 0 , RAC, RG 3 1 ,
série 9 0 8 , caixa 2 dossiê 1 8 . 2 .
75
Diário de Sawyer em 1 9 3 6 , anotações de 2 de novembro de 1 9 3 6 , RAC, RG 1.2, Diários,
caixa 5 5 .
76
THEILER, M. & SMITH, Η. Η. The use o f yellow fever virus modified b y in vitro
cultivation for h u m a n immunization, op. cit., p . 7 9 8 - 7 9 9 . Esse artigo, que descreve o
17D, relata os resultados obtidos em oito voluntários, dois imunes e seis não-imunes.
77
Diário do laboratório do Rio de Janeiro nos anos 1 9 3 6 - 1 9 3 7 , anotações de 1 9 de
janeiro de 1 9 3 7 , 8 de abril de 1 9 3 7 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 4 4 , dossiê 2 5 0 .
78
Diário de Smith, anotações de 15 de fevereiro de 1 9 3 7 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 3 6 ,
dossiê 2 2 3 .
79
SMITH, Η. Η.; PENNA, Η. Α. & PAOLIELLO, Α. Yellow fever vaccination with cultured
virus (17D) without immune serum. American Journal of Tropical Medicine, 1 8 : 4 3 7 -
468,1938.
80
Diário de Smith, anotações de 2 5 de maio de 1 9 3 7 , 8 de j u n h o de 1 9 3 7 , 2 2 de agosto de
1 9 3 7 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 3 6 , dossiê 2 2 3 .
81
SMITH, Η. Η.; PENNA, Η. Α. & PAOLIELLO, Α. Yellow fever vaccination with cultured
virus (17D) without immune serum, op. cit., p . 4 4 9 - 4 6 0 , citação à página 4 5 7 .
82
Diário de Soper em 1 9 3 7 , anotações de 1 9 de outubro de 1 9 3 7 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 ,
caixa 3 0 , dossiê 2 1 3 .
83
Diário de Soper em 1 9 3 8 , anotações de 1 9 de janeiro, 1 de fevereiro, RAC, RG 1.1, série
3 0 5 , caixa 3 0 , dossiê 2 1 4 .
84
Sawyer a A. J . O'Brian, 2 9 de setembro de 1 9 3 8 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 3 ,
dossiê 1 8 5 .
85
Soper a Sawyer, 18 de abril de 1 9 3 8 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 3 , dossiê 1 8 4 .
Quando u m a epidemia de febre amarela eclodiu no Sudão em 1 9 4 0 , os poderes coloniais
ingleses i m p o r t a r a m vacinas para imunizar o conjunto da população nas regiões
atingidas. Cf. Heather Bell, "Medical Research and medical practice in the A n g l o -
Egyptian Sudan, 1 8 9 9 - 1 9 4 0 " , PhD Thesis, University o f Oxford, 1 9 9 6 . Da mesma
forma, os esforços empreendidos pelos poderes coloniais para imunizar o conjunto
da população da AOF contra a febre amarela testemunham u m a estratégia de con-
trole da doença diferente, e não u m a indiferença ao destino das populações locais.
Durieux a Pasteur Vallery-Radot, 1 6 de novembro de 1 9 4 4 , Arquivo do Instituto
Pasteur de Dacar, Correspondência geral, 1 9 3 7 - 1 9 5 4 .
86
SMITH, Η. Η.; PENNA, Η. Α. & PAOLIELLO, Α. Yellow fever vaccination with cultured
virus (17D) without immune serum, op. cit., p . 4 6 5 - 4 6 8 ; entrevista de José Fonseca da
Cunha, médico brasileiro empregado pelo Serviço da Febre Amarela, realizada em
1 9 8 7 no âmbito do projeto de história oral "Memória de Manguinhos", dirigido por
Nara Britto e Wanda Hamilton, Acoc.
87
Os testes de viabilidade da vacina realizados em c a m p o foram interrompidos em
j u n h o de 1 9 3 8 , por causa da dificuldade de deslocamento com as gaiolas de c a m u n -
dongos. Os testes restringiram-se ao laboratório do Rio, Acoc, documento RF 3 8 . 0 4 . 0 9 ,
Relatório anual da Fundação Rockefeller para 1 9 3 8 .
88
Idem. Normalmente, cada mililitro de vacina permite imunizar u m a centena de pessoas.
89
Warren (vice-diretor da IHD) a Soper, 3 de março de 1 9 3 8 , RAC , RG 1.1, série 3 0 5 ,
caixa 2 3 , dossiê 1 8 4 .
90
Soper a Sawyer, 11 de março de 1 9 3 8 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 3 , dossiê 1 8 4 .
91
Soper a Sawyer, 2 1 de fevereiro de 1 9 3 8 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 3 , dossiê 1 8 4 ;
Diário de Sawyer em 1 9 3 8 , RAC, RG 1 2 . 1 , caixa 5 5 , Diários.
92
Warren a Soper, 3 de março de 1 9 3 8 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 3 , dossiê 1 8 4 .
93
Diário de Sawyer em 1 9 3 8 , RAC, RG 1 2 . 1 , caixa 5 5 , diários; Diário de Soper em 1 9 3 8 ,
anotações de 2 1 de março de 1 9 3 8 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 3 0 , dossiê 2 1 4 . Soper
observou paralelamente que algumas pessoas se queixavam de fortes reações febris
à vacinação. Ele considerou essas queixas exageradas e contentou-se em constatar
que boatos atribuíam tais reações ao fato de que as pessoas bebiam escondidas. Esses
boatos lhe pareceram capazes de impedir que as pessoas solicitassem u m a licença
médica após a vacinação.
94
Soper a Sawyer, 16 de abril de 1 9 3 8 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 3 , dossiê 1 8 4 .
95
Diário de Soper em 1 9 3 9 , anotações de 2 7 de janeiro, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 3 0 ,
dossiê 2 1 5 .
96
Diário de Soper em 1 9 3 8 , anotações de 13 de abril, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 3 0 ,
dossiê 2 1 4 .
97
Soper a Sawyer, 3 de março de 1 9 3 9 e 3 de abril de 1 9 3 9 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa
2 3 , dossiê 1 8 6 ; Acoc, Relatório da IHD, 1 9 3 9 , documento RF 4 0 . 0 2 . 0 7 .
98
Diário de Soper em 1 9 3 9 , anotações de 1 de março, 13 de março e 2 6 de junho, RAC, RG
1.1, série 3 0 5 , caixa 3 0 , dossiê 2 1 5 ; Diário de Soper em 1939, anotações de 12 de setembro,
RAC, RG 1 2 . 1 , caixa 5 6 ; Acoc, relatório da IHD para 1 9 3 9 , documento Fundação Rockefeller,
4 0 . 0 2 . 0 7 . SOPER, F. L. SMITH Η. Η. & PENNA, Η. A. Yellow fever vaccination: field results
as measured by the mouse protection test and epidemiological observations. Proceedings of
the Third International Congress of Microbiology, 1 9 3 9 , p. 3 5 1 - 3 5 3 .
99
Soper a Sawyer, 2 3 de maio de 1 9 3 9 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 3 , dossiê 1 8 5 .
100
Diário de Soper em 1 9 3 9 , anotações de 5 de dezembro, 12 de dezembro e 16 de
dezembro, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 3 0 , dossiê 2 1 5 . Diário do laboratório do Rio de
Janeiro, anotações de 12 de dezembro de 1 9 3 9 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 3 6 , dossiê
2 2 3 . FOX, J . P; MANSO, C.; PENNA, H. A. & PARÁ, M. Observations on the ocurrence
o f icterus in Brazil, following vaccination against yellow fever. The American Journal
of Hygiene, 3 6 ( 2 ) : 6 8 - 1 1 6 , 1 9 4 2 .
101
Diário de Soper em 1 9 4 0 , anotações de 2 2 de janeiro, 2 5 de julho, 17 de j u n h o , RAC, RG
1.1, série 3 0 5 , caixa 3 2 , dossiê 2 1 6 .
102
Diário de Soper em 1 9 4 0 , anotações de 12 de j u l h o , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 3 2 ,
dossiê 2 1 6 .
103
Diário de Fox em 1 9 4 0 , anotações de 15 de maio, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 3 2 ,
dossiê 2 1 5 . Mais tarde, pesquisadores observaram que o vírus da hepatite Β era muito
resistente à inativação por calor.
104
Diário de Fox em 1 9 4 0 , anotações de 16 de maio, 17 de maio, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 ,
caixa 3 2 , dossiê 2 1 5 .
105
Diário de Fox em 1 9 4 0 , anotações de 11 de j u n h o , 13 de j u n h o , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 ,
caixa 3 2 , dossiê 2 1 6 .
106
Diário de Fox em 1 9 4 0 , anotações de 15 de j u n h o , 16 de j u n h o , 18 de j u n h o , RAC, RG
1.1, série 3 0 5 , caixa 3 2 , dossiê 2 1 6 .
107
Diário de Fox em 1 9 4 0 , anotação de 2 1 de j u n h o , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 3 2 ,
dossiê 2 1 6 .
108
Diário de Fox em 1 9 4 0 , anotação de 3 de setembro, Idem.
109
Diário de Fox em 1 9 4 0 , anotação de 3 de setembro, Ibidem.
110
Diário de Soper em 1 9 4 0 , anotação de 2 de outubro, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 3 2 ,
dossiê 2 1 6 .
111
Diário de Fox em 1 9 4 0 , anotação de 2 0 de agosto, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 3 2 ,
dossiê 2 1 6 .
112
Soper a Sawyer, 3 0 de dezembro de 1 9 3 8 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 3 , dossiê 1 8 5 ;
Bauer a Soper, 2 0 de abril de 1 9 3 9 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 2 3 , dossiê 1 8 6 . A
"goma da Arábia" foi utilizada para suspender a vacina neurotrópica utilizada pelos
pesquisadores franceses na África.
113
Diário de Soper em 1 9 4 0 , anotações de 13 de novembro, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa
3 2 , dossiê 2 1 6 ; Diário de Fox em 1 9 4 0 , anotações de 2 8 de outubro, 3 0 de setembro e
1 0 de dezembro, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 3 2 , dossiê 2 1 6 .
114
Idem, anotação de 5 de outubro de 1 9 4 0 . FOX, J . P.; MANSO, C.; PENNA, H. A. & PARÁ,
M . Observations on the ocurrence o f icterus in Brazil, following vaccination against
yellow fever, op. cit., p . 1 0 2 - 1 0 4 . Pode-se avançar várias hipóteses para explicar re-
trospectivamente a distribuição inabitual dos casos de icterícia pós-vacinal no Brasil:
tratou-se da presença de u m co-fator ambiental ou infeccioso, o u de u m a epidemia
mista de vários tipos de hepatite? Poderia ter sido realizada u m a enquete epidemiológica
para verificar se a epidemia foi induzida pelo vírus da hepatite Β (candidato mais
plausível). U m a enquete desse tipo foi realizada em 1 9 8 7 entre os veteranos do
Exército americano que sofreram de icterícia após terem sido vacinados contra a
febre a m a r e l a . Ela c o n f i r m o u a suposição. Curiosamente, m u i t o poucas pessoas
entre as registradas c o m o infectadas pela vacina em 1 9 4 2 continuaram portadoras
do vírus por muito tempo o u sofreram seqüelas tardias, sem dúvida para grande
alívio dos responsáveis pelos serviços de saúde do Exército. Os autores da enquete não
consideram a possibilidade, mencionada por outros virologistas, de os soldados te-
rem sofrido de infecção subclínica e, por isso, não terem sido consignados nos regis-
tros do Exército americano. Eles poderiam ter se tornado portadores do vírus e sofri-
do efeitos a longo prazo dessa infecção (hepatite, câncer do fígado). Cf. SEFF, L. B . ;
BEEBE, G. W ; HOOFNAGLE J . H. et al. A serologic follow up o f the 1 9 4 2 epidemics o f
post-vaccination hepatitis in the United States Army. New England Journal of Medicine,
3 1 6 ( 1 6 ) : 9 6 5 - 9 7 0 , 1 9 8 7 . As questões levantadas pelos pesquisadores brasileiros sobre
a epidemiologia da icterícia pós-vacinal foram mencionadas para justificar os fatos
de os responsáveis pela produção da vacina contra a febre amarela no laboratório da
IHD em Nova York não terem observado as conclusões práticas de seus colegas do Rio
e de o soro h u m a n o não ter sido subtraído da cadeia de produção da vacina contra a
febre amarela. SAWYER, W. Α.; MEYER, Κ. Ε ; EATON, Μ. D.; BAUER, J . Η. PUTNAM P.
& SCHWENTEKER, F. F. Jaundice in the A r m y personnel in the Western region o f the
United States and its relation to vaccination against yellow fever. The American Journal
of Hygiène, 4 0 : 3 5 - 1 0 7 , 1 9 4 4 , à página 4 0 .
115
FOX, J . R; LENNETTE, Ε. H.; MANSO, C. & AGUIAR, J . R. S. Encephalitis in man following
vaccination with 1 7 D virus. The American Journal of Hygiene, 3 6 ( 2 ) : 1 1 7 - 1 4 2 , 1 9 4 2 .
116
Diário de Soper em 1 9 4 1 , anotações de 17 de j u l h o , 2 2 de julho, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 ,
caixa 3 3 , dossiê 2 1 7 ; Diário do laboratório do Rio de Janeiro, RAC, RG 1.1, série 3 0 5 ,
caixa 3 6 , dossiê 2 2 2 .
117
Diário do laboratório do Rio de Janeiro, anotações de 8 de outubro de 1 9 4 1 , 13 de
outubro de 1 9 4 1 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 3 6 , dossiê 2 2 2 .
118
Diário do laboratório do Rio de Janeiro, anotações de 13 de outubro de 1 9 4 1 , 2 0 de
outubro de 1 9 4 1 , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 3 6 , dossiê 2 2 2 .
119
SOREL, S. La vaccination anti-amarile em Afrique Occidentale Française. Mise en
application du procede du vaccin Sellers-Laigret, op. cit.
120
FOX, J . R; LENNETTE, Ε. H.; MANSO, C. & AGUIAR, J . R. S. Encephalitis in m a n
following vaccination with 1 7 D virus, op. cit., p. 1 4 0 .
121
Diário de Sawyer em 1 9 3 8 , anotações de 2 3 de março, RAC, RG 1 2 . 1 , Diários, caixa 5 5 .
122
Diário de Sawyer em 1 9 4 0 , anotações de 1 0 de j u n h o , RAC, RG 1 2 . 1 , Diários, caixa 5 5 ;
SAWYER, W. A. et al. Jaundice in the A r m y personnel in the Western region o f the
United States and its relations to vaccination against yellow fever, op. cit., p . 4 2 - 4 4 .
123
Notas de Hackett sobre a febre amarela, RAC, RG 3 . 1 , série 9 0 8 , caixa 3, dossiê 1 9 . 1 b .
124
BELL, Η. Medical research and medical practice in the Anglo-Egyptian Sudan, 1 8 9 9 -
1 9 4 0 , op. c i t . A epidemia do Sudão atingiu u m a região afastada dos centros urbanos.
Os doentes eram praticamente todos nativos, e não colonos. Contaram-se mais de
1 5 . 0 0 0 casos, e a mortalidade foi de aproximadamente 10%.
125
Diário de Sawyer em 1 9 4 0 , anotações de 5 de outubro, 14 de dezembro, 2 6 de dezem-
bro, RAC, RG 1 2 . 1 , Diários, caixa 5 5 .
126
Diário de Sawyer e de Warren em 1 9 4 1 , anotações de 1 0 de janeiro, 18 de janeiro,
RAC, RG 1 2 . 1 , Diários, caixa 5 6 .
127
Idem, anotações de 2 0 de janeiro e 2 9 de janeiro de 1 9 4 1 .
128
Idem, anotações de 31 de janeiro, 7 de fevereiro, 13 de fevereiro de 1 9 4 1 .
129
Diário de Fox em 1 9 4 1 , anotação de 9 de maio, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 3 5 , dossiê 2 2 2 .
U m a ampola reconstituída era suficiente para vacinar u m a centena de pessoas, o que
raramente levava mais de três horas. Os restos de suspensão do vírus reconstituído
eram sempre jogados fora.
130
Notas de Hackett sobre a febre amarela, RAC, RG 3 . 1 , série 9 0 8 , caixa 8, dossiê 8 6 - 1 3 2 .
Hackett relata o ponto de vista de seus colegas de Nova York. Também teria sido
possível desenvolver o argumento oposto, e sugerir que a passagem a u m a produção
em larga escala multiplica os risco de acidentes e torna ainda mais imperativa a
aplicação do princípio de precaução.
131
SAWYER, W. A. et al. Jaundice in the A r m y personnel in the Western region o f the
United States and its relations to vaccination against yellow fever, op. cit., p. A3.
132
Soper a Sawyer, 7 de novembro de 1 9 4 1 , RAC, RG 1, série 1 0 0 , caixa 1 6 , dossiê" 1 2 9 ;
Notas de Hackett sobre a febre amarela, RAC, RG 3 . 1 , série 9 0 8 , caixa 8, dossiê 8 6 . 1 3 2 ;
Soper a Hackett, 18 de outubro de 1 9 5 5 , RAC, RG 3 . 1 , série 9 0 8 , caixa 3, dossiê 1 4 .
Segundo Smith, os pesquisadores do laboratório de Nova York tendiam a não levar
em consideração as informações provenientes de outros países quando elas contra-
diziam sua própria experiência. Smith a Hackett, 4 de fevereiro de 1 9 6 0 , RAC, RG 3 . 1 ,
série 9 0 8 , caixa 2 , dossiê 1 8 . 2 .
133
A reação enraivecida de Sawyer foi relatada a Soper por Kerr. Cf. Soper a Hackett, 2 3
de março de 1 9 6 0 , RAC, RG 3 . 1 , série 9 0 8 , caixa 2 , dossiê 1 8 . 2 .
134
Entrevista de Hackett com Soper, 6 de j u n h o de 1 9 5 1 , RAC, RG 3 . 1 , série 9 0 8 , caixa 1,
dossiê 8 6 .
135
Soper a Sawyer, 3 0 de j u n h o de 1 9 4 1 , RAC, RG 1, série 1 0 0 , caixa 1 6 , dossiê 1 2 9 ; Diário
de Soper em 1 9 4 1 , anotações de 2 0 de j u n h o , RAC, RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 3 3 , dossiê
217.
136
Dr. G. L. Dunahoo, do PHS, a Bauer, 2 6 de j u n h o de 1 9 4 1 , RAC, RG 1, série 1 0 0 , caixa
16, dossiê 1 2 9 .
137
Sawyer a Soper, 1 6 de dezembro de 1 9 4 1 , RAC, RG 1, série 1 0 0 , caixa 1 6 , dossiê 1 2 9 .
138
Diário de Soper em 1 9 4 2 , anotações de 2 0 de março, 2 2 de março, RAC, RG 1 2 . 1 ,
Diários, caixa 5 6 .
139
Telegrama de Sawyer a Strode, 2 3 de março de 1 9 4 2 , RAC, RG 1, série 1 0 0 , caixa 1 6 ,
dossiê 1 3 0 .
140
Strode a Sawyer, 2 3 de março de 1 9 4 2 , RAC, RG 1, série 1 0 0 , caixa 1 6 , dossiê 1 3 0 .
141
Sawyer a Strode, 2 5 de março de 1 9 4 2 ; Strode a Sawyer, 2 8 de março de 1 9 4 2 , RAC,
RG 1, série 1 0 0 , caixa 1 6 , dossiê 1 3 0 .
142
Carta de Mayer a Hackett, 18 de março de 1 9 6 0 , RAC, RG 3 . 1 , série 9 0 8 , caixa 2 , dossiê
18.2.
143
Diário de Sawyer em 1 9 4 2 , anotações de 3 0 de março, RAC, RG 1 2 . 1 , Diários, caixa 5 6 .
144
Diário de Sawyer em 1 9 4 2 , anotações de 1 de abril, 6 de abril, RAC, RG 1 2 . 1 , Diários,
caixa 5 6 .
145
Sawyer a Strode, 3 de abril de 1 9 4 0 , RAC, RG 1, série 1 0 0 , caixa 1 6 , dossiê 1 3 1 .
146
Theiler reconheceu o risco que podia haver em abandonar u m procedimento de
produção j á testado, mas desde o anúncio do surgimento de casos de hepatite ligados
à vacinação, ele achou que seria mais sensato mudar o modo de fabricação da vacina.
Diário de Soper em 1 9 4 2 , anotações de 6 de abril, RAC, RG 1 2 . 1 , Diários, caixa 5 6 .
147
Telegrama de Sawyer à Fundação Rockefeller, 9 de abril de 1 9 4 2 , RAC, RG 1, série 1 0 0 ,
caixa 1 6 , dossiê 1 3 1 .
148
Diário de Sawyer em 1 9 4 2 , anotações de 7 de abril, 8 de abril, 9 de abril, RAC, RG 1 2 . 1 ,
Diários, caixa 4 6 .
149
Strode a Sawyer, 1 0 de abril de 1 9 4 2 ; Strode a Crawford, 1 0 de abril de 1 9 4 2 , RAC, RG
1, série 1 0 0 , caixa 1 6 , dossiê 1 3 1 .
150
Bauer a Sawyer, 11 de abril de 1 9 4 2 , RAC, RG 1, série 1 0 0 , caixa 16, dossiê 1 3 1 .
151
Sawyer a Strode, 11 de abril de 1 9 4 2 , RAC, RG 1, série 1 0 0 , caixa 1 6 , dossiê 1 3 1 .
152
Diário de Sawyer em 1 9 4 2 , anotações de 31 de abril, RAC, RG 1 2 . 1 , Diários, caixa 5 6 . Carta
de Mayer a Hackett, 18 de março de 1 9 6 0 , RAC, RG 3 . 1 , série 9 0 8 , caixa 2 , dossiê 1 8 2 .
153
Memorando, Comissão das Doenças Tropicais, 13 de abril de 1 9 4 2 , RAC, RG 1, série
1 0 0 , caixa 1 6 , dossiê 1 3 1 .
154
Diário de Sawyer em 1 9 4 2 , anotações de 1 4 de abril, RAC, RG 1 2 . 1 , Diários, caixa 5 6 .
155
Stephenson a Bauer, 1 5 de abril e 18 de abril de 1 9 4 2 , RAC, RG 1, série 1 0 0 , caixa 1 6 ,
dossiê 1 3 1 . Em 2 9 de abril, Stephenson afirma ainda que pretende continuar a vaci-
nação contra a febre amarela. Cf. Stephenson a Sawyer, 2 9 de abril de 1 9 4 2 , RAC, RG
1, série 1 0 0 , caixa 1 6 , dossiê 1 3 1 . Não está claramente estabelecido c o m o a Marinha
escapou da epidemia de icterícia pós-vacinal. SAWYER, W. A et al. Field studies and
statistical analyses establisching a relationship between the incidence o f j a u n d i c e
and certain lots o f yellow fever vaccine. American Journal of Hygiene, 3 9 : 3 3 7 - 4 3 0 ,
1 9 4 4 ; dos mesmos autores, Jaundice in the A r m y personnel in the Western region o f
the United States and its relations to vaccination against yellow fever, op. cit., p . 6 4 .
156
Sawyer a Simmons, 18 de abril de 1 9 4 2 , RAC, RG 1, série 1 0 0 , caixa 1 6 , dossiê 1 3 1 .
157
Sawyer ao Dr. Eaton, 4 de maio de 1 9 4 2 , RAC, RG 1, série 1 0 0 , caixa 1 6 , dossiê 1 3 1 .
Diário de Sawyer em 1 9 4 2 , anotações de 2 3 de abril, RAC, RG 1 2 . 1 , Diários, caixa 5 6 .
158
Relatório da Comission on Tropical Diseases do Exército britânico, redigido por seu
presidente, W. A. Sawyer, 2 9 de abril de 1 9 4 2 , RAC, RG 1, série 1 0 0 , caixa 1 6 , dossiê
1 3 1 . Sobre a aceleração do emprego do sangue e dos produtos sangüíneos nos Esta-
dos Unidos durante a Segunda Guerra Mundial, ver CREAGER, A. Producing molecular
t h e r a p e u t i c s f r o m h u m a n b l o o d : E d w i n C o h n ' s w a r t i m e e n t e r p r i s e . In:
CHADAVERIAN, S. de & KAMMINGA, H. Molecularizing Biology and Medicine. Harwood
Academic Publishers, 1 9 8 9 , p. 1 0 7 - 1 3 8 . A partir de meados de abril. Sawyer incenti-
vou a produção de vacina sem soro. Em maio, ele espera que a vacina esteja pronta no
fim de j u n h o de 1 9 4 2 . Relatório do Board for the Investigation o f Influenza and other
Epidemic Diseases in the Army, 1 2 - 1 3 de maio de 1 9 4 2 , RAC, RG 1, série 1 0 0 , caixa 17,
dossiê 1 4 6 .
159
Diário de Sawyer em 1 9 4 2 , anotações de 4 de maio, RAC, RG 1 2 . 1 , Diários, caixa 5 6 .
Sawyer a Stephenson, 1 9 de maio de 1 9 4 2 , RAC, RG 1, série 1 0 0 , caixa 1 6 , dossiê 1 3 2 .
160
Diário de Sawyer em 1 9 4 2 , anotações de 9 de maio, 12 de maio, 2 5 de maio, RAC, RG
1 2 . 1 , Diários, caixa 5 6 . Eaton a Sawyer, 2 9 de maio de 1 9 4 2 , RAC, RG 1, série 1 0 0 ,
caixa 1 6 , dossiê 1 3 2 .
161
Sawyer a Stephenson, 2 7 de maio de 1 9 4 2 . Stephenson a Sawyer, 2 9 de maio de 1 9 4 2 ,
RAC, RG 1, série 1 0 0 , caixa 1 6 , dossiê 1 3 2 . Diário de Sawyer em 1 9 4 2 , anotações de 2 9
de maio de 1 9 4 2 , RAC, RG 1 2 . 1 , Diários, caixa 5 6 .
162
Diário de Sawyer em 1 9 4 2 , anotações de 3 de j u n h o , 2 5 de j u n h o , 3 0 de j u n h o , RAC,
RG 1 2 . 1 , Diários, caixa 5 6 . Stephenson a Sawyer, 2 6 de j u n h o de 1 9 4 2 , RAC, RG 1,
série 1 0 0 , caixa 16, dossiê 1 3 4 .
163
Diário de Strode em 1 9 4 2 , anotações de 1 de julho, 7 de julho, RAC, RG 1 2 . 1 , Diários,
caixa 5 6 .
164
Memorando, reunião sobre a vacinação contra a febre amarela, 11 de setembro de
1 9 4 2 , RAC, RG 1, caixa 16, dossiê 1 3 0 .
165
Anotações de Hackett sobre a febre amarela, RAC, RG 3 . 1 , série 9 0 8 , caixa 3, dossiê
19.1b.
166
Diário de Sawyer em 1 9 4 2 , anotações de 19 de maio, RAC, RG 1 2 . 1 , Diários, caixa 5 6 .
167
Maxcy a Sawyer, 4 de maio de 1 9 4 2 ; Bauer a Maxcy, 6 de maio de 1 9 4 2 , RAC, RG 1 2 . 1 ,
Diários, caixa 5 6 .
168
Diário de Sawyer em 1 9 4 2 , anotações de 19 de maio, RAC, RG 1 2 . 1 , Diários, caixa 5 6 .
Em 18 de maio, Sawyer assinalou que "o Dr. Bauer, que estuda as ligações entre os
lotes da vacina e a icterícia, está mais convencido do que nunca de que o agente
iatrogênico é originário do sangue dos doadores". Cf. Sawyer a Stephenson, 19 de
maio de 1 9 4 2 , RAC, RG 1, série 1 0 0 , caixa 1 6 , dossiê 1 3 2 .
169
Eaton a Sawyer, 8 de maio de 1 9 4 2 ; Sawyer a Eaton , 18 de maio de 1 9 4 2 ; Sawyer a
Stephenson, 1 9 de maio de 1 9 4 2 ; Sawyer a Mayer, 21 de maio de 1 9 4 2 , RAC, RG 1,
série 1 0 0 , caixa 16, dossiê 1 3 2 . Mayer não estava inteiramente convencido; segundo
ele, o surgimento súbito da contaminação a partir do lote 3 1 8 não era compatível com
a hipótese de que o soro era o único culpado. Cf. Mayer a Sawyer, 2 9 de maio de 1 9 4 2 ,
RAC, RG 1, série 1 0 0 , caixa 1 6 , dossiê 1 3 2 . A dúvida persistiu para vários pesquisado-
res. Muench (da Fundação Rockefeller) escreve em 11 de j u n h o que as correlações
entre os lotes de soro suspeitos e os lotes de vacina icterogênicos não são satisfatórias
e refletiram u m a distribuição aleatória; ele não vê no soro o agente portador da
c o n t a m i n a ç ã o . Comentário de Muench sobre um memorando de Goodner, 11 de
j u n h o de 1 9 4 2 , RAC, RG 1, série 1 0 0 , caixa 1 6 , dossiê 1 3 4 .
170
Bauer ao Dr. Hargett, 21 de maio de 1 9 4 2 , RAC, RG 1, série 1 0 0 , caixa 1 6 , dossiê 1 3 2 .
171
Memorando de Bauer, 3 0 de outubro de 1 9 4 2 , RAC, RG 1, série 1 0 0 , caixa 16, dossiê 1 3 8 .
172
Bayne-Jones a Sawyer, 2 5 de fevereiro de 1 9 4 3 e 2 de março de 1 9 4 3 , RAC, RG 1, série
1 0 0 , caixa 17, dossiê 1 4 1 .
173
Diário de Strode em 1 9 4 2 , anotações de 16 de outubro, 15 de dezembro, 31 de dezem-
bro, RAC, RG 1 2 . 1 , Diários, caixa 5 6 . A categoria "doadores com histórico de icterícia"
compreendia indivíduos atingidos por "icterícia catarral" (portanto, segundo as clas-
sificações recentes, também indivíduos que tenham sofrido de hepatite A, que em
geral não é transmissível pelo soro).
174
Recortes de jornais, RAC, RG 1, série 1 0 0 , caixa 16, dossiê 1 2 9 . Sobre a avaliação do
número de casos de hepatite, ver SEFF, L. Β.; BEEBE, G. W.; HOOFNAGLE, J . H. et al. A
serological follow up of the 1 9 4 2 epidemics of post-vaccination hepatitis in the United
States army, op. cit.
175
F1SHBEIN, M. Jaundice following yellow fever vaccination. Journal of the American
Medical Association, 1 de outubro de 1 9 4 2 , p. 1.110.
176
Recortes de jornais, RAC, RG 1, série 1 0 0 , caixa 16, dossiê 1 2 9 .
177
Memorando, 12 de setembro de 1 9 4 2 , RAC, RG 1, série 1 0 0 , caixa 1 6 , dossiê 1 3 0 .
178
SAWYER, W. A. et al. Jaundice in the Army personnel in the Western region of the
United States and its relations to vaccination against yellow fever, op. cit., p . 9 1 - 1 0 1 .
179
OLIPHANT, J . W ; GILLIAM, A. G. & LARSON, C. L. Jaundice following administration
of human serum. Public Health Reports, 5 8 ( 3 3 ) : 1 . 2 3 3 - 1 . 2 4 2 , 1 9 4 3 .
180
FINDLAY, G. M. & MARTIN, Ν. H. Jaundice following yellow fever immunization. The
Lancet, 2 4 4 : 6 7 8 - 6 8 0 , 1 9 4 3 . Mais tarde, Findlay conduziu experiências realizadas em
humanos com o vírus da hepatite. STANTON, J . M. Health Policy and Medical Research:
hepatitis Β in the UK since the 1940's, 1 9 9 5 . PhD Thesis, London: London School of
Hygiene and Tropical Medicine. Mayer, que tomou conhecimento das pesquisas de
Findlay e de Martin, surpreendeu-se com o fato de não haver ocorrido uma epidemia
de hepatite no Exército americano. Mayer a Sawyer, 3 0 de outubro de 1 9 4 3 , RAC, RG
1, série 1 0 0 , caixa 17, dossiê 1 3 9 .
181
Homologous serum j a u n d i c e . M e m o r a n d u m prepared by medical officers o f the
Ministry o f Health. The Lancet, 2 2 4 : 8 3 - 8 8 , 1 9 4 3 .
182
Casos de hepatite ocorridos após uma transfusão de produtos sangüíneos (plasma
ou soro h u m a n o dessecado e reconstituído) foram descritos pelos Drs. Morgan e
Williamson, do Hospital de São Bartolomeu, em Londres. Cf. MORGAN, Η. V. &
WILLIAMSON, D. A. J . Jaundice following administration of human blood products.
British Medical Journal, 1:750,753, 1 9 4 3 .
183
Homologous serum jaundice, op. cit., citação p.88. Pode-se observar que ao reconhe-
cimento de um problema não se seguem obrigatoriamente conseqüências práticas.
Os pesquisadores e os médicos ingleses foram os primeiros a fazer explicitamente a
ligação entre a hepatite e a injeção de soro humano, mas a produção da vacina contra
a febre amarela contendo soro humano só foi interrompida em Londres em janeiro de
1 9 4 3 , ou seja, seis meses depois dos Estados Unidos. Anotações de Hackett sobre a
febre amarela, RAC, RG 3 . 1 , série 9 0 8 , caixa 3, dossiê 19.1b. A mudança de atitude dos
poderes públicos britânicos deve-se à epidemia de hepatite pós-vacinal observada a
partir de outubro de 1 9 4 2 entre os soldados britânicos.
184
Editorial "Unexplained jaundice". The Lancet, 2 2 4 : 7 7 - 7 8 , 1 9 4 3 .
185
SAWYER, W. A. et al. Jaundice in the Army personnel in the Western region of the
United States and its relations to vaccination against yellow fever, op. cit. O artigo foi
recebido em 2 6 de novembro de 1 9 4 3 e publicado em 1 9 4 4 .
186
SAWYER, W. A. et al. Jaundice in the Army personnel in the Western region of the
United States and its relations to vaccination against yellow fever, op. cit.
187
Homologous serum jaundice, op. cit., citação à página 8 8 . Editorial "Unexplained
jaundice", op. cit. SAWYER, W. A. et al. Jaundice in the A r m y personnel in the Western
region of the United States and its relations to vaccination against yellow fever, op.
cit., p . 4 0 - 4 1 .
188
SAWYER, W. A. et al. Jaundice in the Army personnel in the Western region o f the
United States and its relations to vaccination against yellow fever, op. cit., p . 6 7 - 6 8 .
LAINER, F. Zur Frage des Infektiositat des Icterus. Wien. Klin. Wochenschr, 5 3 : 6 0 1 - 6 0 4 ,
1 9 4 0 . Em 1 9 4 0 , não se fazia distinção entre a icterícia transmitida pelos alimentos
(hoje, hepatite A) e a transmitida pelo soro (hepatite B). As circunstâncias da epide-
mia de hepatite pós-vacinal ocorrida no Exército americano não foram mais claras
do que as da epidemia brasileira; a distribuição dos casos foi, muitas vezes, conside-
rada "inexplicável": o mesmo lote de vacina contaminada provocou taxas de hepatite
muito diferentes nos vários lugares, lotes preparados com o soro incriminado não
provocaram hepatite, e a Marinha praticamente escapou da epidemia, apesar de uma
campanha de imunização em larga escala.
189
Hackett a Smith, 2 9 de janeiro de 1 9 6 0 ; Meyer a Hackett, 18 de março de 1 9 6 0 ; Hackett
a Margaret Sawyer, 1 de abril de 1 9 6 0 , RAC, RG 3 . 1 , série 9 0 8 , caixa 2, dossiê 1 8 . 2 .
190
Anotações de Hackett sobre a febre amarela, RAC, RG 3 . 1 , série 9 0 8 , caixa 4 , dossiê 2 7 .
Smith a Hackett, 4 de fevereiro de 1 9 6 0 ; Meyer a Hackett, 18 de m a r ç o de 1 9 6 0 ;
Hackett a Meyer, 2 3 de março de 1 9 6 0 , RAC, RG 3 . 1 , série 9 0 8 , caixa 2 , dossiê 1 8 . 2 .
191
Soper a Sawyer, 2 0 de abril de 1 9 4 2 (o memorando de Fox sobre a icterícia pós-
vacinal no Brasil figura em anexo), RAC, RG 1, série 1 0 0 , caixa 1 6 , dossiê 1 3 1 .
192
Soper escreve, assim, que o laboratório de Nova York empreendeu muitos esforços
para a seleção dos doadores de soro h u m a n o normal, mas o acompanhamento das
pessoas vacinadas foi estranhamente negligenciado. Soper a Hackett, 2 3 de março de
1 9 6 0 , RAC, RG 3 . 1 , série 9 0 8 , caixa 2 , dossiê 1 8 . 2 .
193
Relatório da Comission on Tropical Diseases do Exército americano, redigido por seu
presidente, W. A. Sawyer, em 2 9 de abril de 1 9 4 2 , RAC, RG 1, série 1 0 0 , caixa 16, dossiê
131.
194
Exemplos das formas utilizadas para registrar os indivíduos vacinados pelo 17D, e
depois acompanhar sua taxa de anticorpos, são reproduzidos na primeira publicação
relativa a esse ripo de vacinação no Brasil: SMITH, Η. Η.; PENNA, Η. Α. & PAOLIELLO, Α.
Yellow fever vaccination with cultured virus (17D) without immune serum, op. cit
195
Diário do laboratório do Rio de Janeiro, anotações de 12 de dezembro de 1 9 3 9 , RAC,
RG 1.1, série 3 0 5 , caixa 3 6 , dossiê 2 2 3 . FOX, J . R; MANSO, C.; PENNA, H. A. & PARÁ,
Μ. Observations on the ocurrence o f icterus in Brazil, following vaccination against
yellow fever, op. cit.
196
U m exemplar do questionário empregado pelo escritório do S u r g e o n General na
investigação dos casos de icterícia sem causa conhecida é anexado à carta de Bauer a
Sawyer de 11 de abril de 1 9 4 2 , RAC, RG 1, série 1 0 0 , caixa 1 6 , dossiê 1 3 1 .
197
É irônico constatar que os especialistas da Fundação Rockefeller no Brasil acompa-
nharam eficazmente os efeitos da vacinação em populações rurais tidas como "atra-
sadas", enquanto nos Estados Unidos a população na qual se injetou a vacina era
composta de soldados, grupo em princípio particularmente fácil de fiscalizar. Sobre
as dificuldades encontradas no estágio do desenvolvimento dos testes clínicos das
novas terapias nos Estados Unidos nesse período, ver MARKS, Η. The Progress of
Experiment: science and the therapeutic reform in the United States, 1900-1990. Cambridge:
Cambridge University Press, 1 9 9 7 .
Febre sob Controle: a medicinatropicalentre saber
universal epráticaslocalizadas
Nos a n o s 1 9 5 0 e 1 9 6 0 , as c a m p a n h a s da O M S c o n t r a as doenças
tropicais são dominadas pela luta c o n t r a a malária, que t a m b é m é t r a n s -
mitida pelos m o s q u i t o s . O p r o g r a m a de erradicação mundial da malária,
lançado o f i c i a l m e n t e e m 1 9 5 5 , era inspirado n o sucesso dos p r o g r a m a s
implementados na Europa e nos Estados Unidos. Os especialistas da O M S
e s t a v a m c o n v e n c i d o s de q u e o d e s e n v o l v i m e n t o do D D T (inseticida q u e
c o n t i n u a v a a t i v o seis m e s e s após s u a p u l v e r i z a ç ã o ) p e r m i t i r i a e l i m i n a r
d e f i n i t i v a m e n t e o s m o s q u i t o s v e t o r e s da m a l á r i a de t o d a s a s z o n a s
infectadas n o m u n d o . Os especialistas da Fundação Rockefeller (Paul Russel,
Fred Soper) estão entre os principais arquitetos da c a m p a n h a mundial c o n t r a
a m a l á r i a . Eles se a p o i a r a m n o sucesso das c a m p a n h a s regionais realiza-
das e m c o n d i ç õ e s e c o l ó g i c a s , s o c i o c u l t u r a i s e p o l í t i c a s específicas, tais
c o m o a c a m p a n h a de Soper contra o Anopheles gambiae n o nordeste do B r a -
sil o u c o n t r a os m o s q u i t o s que t r a n s m i t e m a m a l á r i a n a Sardenha, para
p r o m o v e r a a m p l i a ç ã o das estratégias desenvolvidas d u r a n t e essas c a m -
24
p a n h a s e m escala m u n d i a l .
A c a m p a n h a da O M S c o n t r a a m a l á r i a e as c a m p a n h a s de m e n o r
envergadura contra outras doenças transmissíveis realizadas nos anos 1 9 5 0
inseriram-se n o c o n t e x t o econômico, cultural e social do pós-guerra. Elas
baseavam-se n a suposição de que a aplicação da tecnologia ocidental - da
penicilina ao D D T - representava a chave do progresso h u m a n o . Os Esta-
dos Unidos defendiam u m a política de c a m p a n h a s sanitárias implementada
em larga escala nos países e m desenvolvimento. A melhoria da saúde e do
nível de vida nos países tropicais, p e n s a r a m seus dirigentes, serviria aos
interesses econômicos e políticos de seu país. O secretário de Estado George
M a r s h a l l a f i r m o u em 1 9 4 8 , em u m a conferência sobre as doenças t r o p i -
cais, que
Além disso, tal conquista poderia ser feita por meios p u r a m e n t e técnicos,
c o m o explica o h i s t o r i a d o r Randall Packard: "As n a ç õ e s industrializadas
n ã o e r a m obrigadas a se preocupar c o m as t r a n s f o r m a ç õ e s sociais e eco-
n ô m i c a s c o m p l e x a s c a p a z e s de s u s c i t a r q u e s t õ e s p o l í t i c a s difíceis. Elas
25
p u d e r a m limitar-se à pulverização de inseticidas".
A c a m p a n h a de erradicação da malária figura c o m o u m a c a m p a n h a
"vertical" clássica, o u seja, de empreendimento planejado e guiado por es-
p e c i a l i s t a s v i n d o s de f o r a , s e m l e v a r e m c o n s i d e r a ç ã o o c o n t e x t o
s o c i o e c o n ô m i c o . S e u s chefes e n f a t i z a r a m a i m p o r t â n c i a de u m a o r g a n i -
zação eficiente e a centralização das tarefas. Seu p o n t o de vista era b a s -
t a n t e a n á l o g o ao s u s t e n t a d o pelos especialistas da F u n d a ç ã o Rockefeller
ao l o n g o de suas c a m p a n h a s de erradicação dos m o s q u i t o s . S e g u n d o os
responsáveis pela O M S , na época
A l é m disso, a e x t r a p o l a ç ã o do s u c e s s o do c o n t r o l e dos v e t o r e s p a r a o s
países de c l i m a t e m p e r a d o a o s países t r o p i c a i s estaria apoiada e m dois
pressupostos errados: as idéias de que os m e s m o s métodos de controle da
doença podem ser utilizados em u m país industrializado e em u m país em
d e s e n v o l v i m e n t o , e de q u e a e l i m i n a ç ã o da m a l á r i a de regiões c o m o a
Índia o u a África tropical, onde a doença existe desde sempre, seria t ã o
fácil de realizar q u a n t o n a s zonas de i m p l a n t a ç ã o r e l a t i v a m e n t e recente
31
dessa p a t o l o g i a . Esta ú l t i m a suposição foi reforçada pela c o n f i a n ç a de-
positada na universalidade da ação letal do DDT, que dispensou - por erro
- os especialistas do estudo m i n u c i o s o da ecologia dos insetos: " E m u m
primeiro m o m e n t o , a pulverização de D D T parecia c u r t o - c i r c u i t a r a n e -
cessidade da b i o l o g i a e s u b s t i t u í - l a p o r u m a disciplina administrativa
32
meticulosa". O sucesso unívoco da c a m p a n h a de erradicação do Anopheles
gambiae do norte do Brasil (que, para Soper, provava que a eficiência de u m
p r o g r a m a de erradicação dos vetores dependia unicamente de sua excelên-
cia organizacional) c o n t r a s t o u c o m a quase impossibilidade de controlar o
Anopheles gambiae n a África Central. Tal d e s s e m e l h a n ç a foi a t r i b u í d a a o
fato de que o gambiae, m o s q u i t o africano surgido n o Brasil s o m e n t e p o r
volta de 1 9 3 0 , estava m a l adaptado a seu n o v o nicho ecológico. A partir
de 1 9 6 9 , o p r o g r a m a de "erradicação da m a l á r i a " foi r e b a t i z a d o c o m o
"programa de controle da malária", e passa ao segundo plano n a s disposi-
ções o r ç a m e n t á r i a s da O M S .
A partir dos anos 1 9 7 0 , a palavra de ordem da O M S foi o desdobra-
m e n t o das c a m p a n h a s apoiando-se n a s populações locais. A o r g a n i z a ç ã o
- s o b a d i n â m i c a direção de Halfdan M a h l e r - l a n ç o u e n t ã o u m c e r t o
n ú m e r o de " p r o g r a m a s h o r i z o n t a i s " , o u seja, p r o g r a m a s comunitários
c e n t r a d o s n o s cuidados p r i m á r i o s , dispensados p r i n c i p a l m e n t e pelas e n -
fermeiras e pelo pessoal paramédico, aos olhos dele as únicas estruturas
verdadeiramente democráticas, posto que controladas, de m o d o ideal, pela
base. O objetivo dos p r o g r a m a s sanitários passou da erradicação da doen-
ça à redução da morbidade. Os especialistas da O M S c o n s i d e r a v a m , por
exemplo, que n o s a n o s 1 9 8 0 o m a i o r p r o b l e m a da e s q u i s t o s s o m o s e n ã o
era a drástica redução da prevalência do parasito o u de seu vetor (difícil de
obter s e m m u d a n ç a s estruturais determinantes nos países atingidos pela
doença), m a s a d i m i n u i ç ã o da morbidade induzida p o r esse p a r a s i t o . O
objetivo das c a m p a n h a s de c o n t r o l e da e s q u i s t o s s o m o s e v i u - s e r a d i c a l -
mente modificado: a eliminação de seus vetores e o t r a t a m e n t o de todas as
pessoas infectadas f o r a m substituídos pela intenção de reduzir os efeitos
nocivos da infecção. U m a nova técnica de filtragem dos excrementos e da
u r i n a e a n u m e r a ç ã o dos v á r i o s o v o s de parasito p e r m i t i r a m identificar
r a p i d a m e n t e as p e s s o a s infectadas q u e p o r t a v a m u m a c a r g a m a c i ç a de
v e r m e s . Convinha, então, t r a t a r especificamente as pessoas p a r a as quais
a esquistossomose representava u m verdadeiro problema de saúde. Na prá-
tica, esse m é t o d o esbarrava e m dificuldades maiores: as análises de l a b o -
ratório n e m sempre são confiáveis, e a correlação entre o n ú m e r o de para-
sitos e o estado de saúde da pessoa infectada está submetida a variações de
pessoa p a r a pessoa. Tratava-se, entretanto, de u m a verdadeira revolução
c o n c e i t u a l : a doença n ã o era m a i s definida c o m o "a presença do agente
p a t ó g e n o " , m a s c o m o a deterioração do estado de saúde, e o objetivo da
c a m p a n h a s a n i t á r i a era enunciado e m t e r m o s de m e l h o r a do b e m - e s t a r
dos h u m a n o s , e n ã o se r e s u m i a m a i s à eliminação dos invertebrados. As
tentativas de controle dos agentes da doença n ã o f o r a m t o t a l m e n t e a b a n -
d o n a d a s , m a s s i m i n t e g r a d a s às c a m p a n h a s de c u i d a d o s : a e n t r e g a de
m e d i c a m e n t o s foi a c o m p a n h a d a de c a m p a n h a s de higiene, de m e l h o r i a
qualitativa da á g u a potável, e ligada aos esforços pontuais para limitar a
33
população dos m o l u s c o s portadores do v e r m e da e s q u i s t o s s o m o s e .
As novas abordagens em matéria de saúde pública consideraram u m
dever levar e m consideração as condições sociais e econômicas c a r a c t e r í s -
ticas dos países quentes. Seus p r o m o t o r e s explicaram que u m a "medicina
t r o p i c a l " n ã o devia ser u m a m e d i c i n a a j u s t a d a a o s t r ó p i c o s , m a s uma
disciplina t o t a l m e n t e nova, que se desenvolvesse integralmente nos países
que precisam t r a t a r suas populações. Segundo eles, a "medicina tropical"
tradicional, baseada na suposta universalidade do saber médico, era m u i -
tas vezes elaborada a p a r t i r de c a s o s ocidentais atingidos pelas doenças
das regiões t r o p i c a i s . Isso n ã o a d v i n h a n e c e s s a r i a m e n t e de u m a r e c u s a
deliberada a t r a t a r os problemas específicos das populações dessas regiões,
m a s antes do hábito dos médicos de t o m a r c o m o referência o "indivíduo
n o r m a l " , implicitamente ocidental; tal procedimento pode ser c o m p a r a d o
à tradição, que v i g o r o u por m u i t o tempo, de testar os novos medicamen-
tos e m h o m e n s , m a s n ã o em mulheres. Os métodos preventivos e c u r a t i -
vos que só levam e m c o n t a os indivíduos b e m nutridos, geralmente b a s -
t a n t e resistentes e beneficiários dos a v a n ç o s da m e d i c i n a t e c n i c i s t a dos
países i n d u s t r i a l i z a d o s , r e v e l a m - s e p o u c o adaptados a o t r a t a m e n t o das
pessoas subnutridas, que sofrem de patologias múltiplas e n ã o t ê m acesso
às terapias de ponta. O t r a t a m e n t o de seus problemas pressupõe soluções
práticas que só podem ser desenvolvidas l o c a l m e n t e , e que serão m u i t o
diferentes daquelas destinadas aos ocidentais em t r â n s i t o nos trópicos. O
d i s c u r s o oficial dos dirigentes da O M S p r o c l a m o u que u m a verdadeira
"medicina dos países quentes" devia ser desenvolvida p a r a o s h a b i t a n t e s
34
desses países, e c o m sua participação a t i v a .
Notas
1
Fièvre j a u n e : un programme de vaccination des populations à risque pour 1 9 9 7 . Le
Quotidien du Médecin, 1 6 de dezembro de 1 9 9 6 .
2
V á r i a s coletâneas recentes f o r a m dedicadas a esse a s s u n t o , c o m o , por exemplo:
MacLEOD, R.& LEWIS, Μ. (Eds.) Disease, Medicine and Empire. London: Routledge, 1 9 8 8 ;
ARNOLD, D. (Ed.) Imperial Medicine and Indigenous Society. Manchester: Manchester
University Press, 1 9 8 0 ; ARNOLD, D. (Ed.) Warm Climates and Western Medicine: the
emergence of tropical medicine, 1500-1900. Amsterdam Rodopi, 1 9 9 6 ; ANDREWS, B. &
CUNNIGHAM, A. (Eds.) Contested Knowledge: resistances to Western medicine. Manchester:
Manchester University Press, 1 9 9 7 .
3
Por exemplo: FARLEY, J . Bilharzia: a history of imperial tropical disease. Cambridge:
Cambridge University Press, 1 9 9 1 , p . 2 9 1 - 3 0 4 ; ARNOLD, D. Colonizing the Body: State
medicine and epidemic disease in Nineteenth century India. Berkeley: University o f California
Press, 1 9 9 3 .
4
MOULIN, A.-M. Tropical without the tropics, the turning point o f Pastorian medicine
in North Africa. In: ARNOLD, D. (Ed.) Warm, Climates, op. cit., p. 1 6 0 - 1 8 0 ; ANDERSON,
W. Where is post-colonial history o f medicine? Bulletin of the History of Medicine,
7 2 : 5 2 2 - 5 3 0 , 1 9 9 8 ; MARKS, S. W h a t is colonial about colonial medicine? And w h a t
happened to imperialism and health? Social History of Medicine, 10:205-219, 1997.
5
Para u m estudo dos diferentes casos de aceitação acrítica das abordagens importadas
do Ocidente, ver CUETO, M. Tifus viruelle e indigenismo: Manuel Núñez Butrón y el
medicina rural en Puno. In: CUETO, M. El Regreso de Ias Epidemias. Lima: Instituto de
Estudios Peruanos, 1 9 9 7 , p . 8 7 - 1 2 6 .
6
ANDERSON, W. Immunities o f Empire: race, disease and the new tropical medicine.
Bulletin of the History of Medicine, 7 0 : 9 4 - 1 1 8 , 1 9 9 6 . A segregação entre nativos e bran-
cos foi proposta como u m a medida eficaz de luta contra a febre amarela na África. Cf.
Relatório da missão sanitária no Senegal, 1 9 0 1 , Arquivo do Instituto Pasteur, Paris,
a
dossiê Simond, Sim., p . 1 9 - 2 2 ; Minutas da 4 5 reunião do Advisory Commitee for
Tropical Africa, 5 de novembro de 1 9 1 2 , dossiê Ronald Ross, C G / 5 9 / A 1 , Wellcome
Archives, Londres; C. Findlay, Memorandum on Yellow Fiever in Africa (manuscri-
to), dossiê Findlay, C G / 5 9 / A 1 , Wellcome Archives, Londres.
7
A política sanitária nas colônias francesas, inspirada no ideal da "missão civilizatória"
da França, foi, em geral, mais intervencionista do que a desenvolvida nas colônias
britânicas.
8
René Meunier sublinha o papel da filantropia na promoção dos povos ditos "atrasados"
a u m nível superior de civilização. Cf. MEUNIER, R. Sociologie Coloniale: introduction à
l'étude de contact des races. Paris: Les Éditions Domat-Montchrestien, 1 9 3 2 , p . 1 9 3 - 1 9 4 .
9
FEE, Ε. Disease and Discovery: a history of the Johns Hopkins School of Hygiene and Public
Health, 1916-1939. Baltimore: J o h n s Hopkins University Press, 1 9 8 7 ; FARLEY, J .
Bilharzia... op. cit., p . 7 2 - 9 6 .
10
STANLEY, W. M. Progress in the conquest o f virus dieases. Science, 101(2.617):185-
1 8 8 , 1 9 4 5 , citação à p. 1 8 8 .
11
MOULIN, A . - M . Patriarchal science: the network o f overseas Pasteur Institutes. In:
PETITJEAN, P.; JAMI, C. & MOUUN, A.-M. (Eds.) Science and Empires. Dodrecht: Kluwer,
1 9 2 2 , p . 3 0 7 - 3 2 2 ; MOULIN, A.-M. Tropical without the tropics, the turning point o f
Pastorian medicine in North Africa. In: ARNOLD, D. (Ed.) Warm Climates, op. cit.
12
Carta de Pasteur Vallery-Radot aos diretores dos Institutos Pasteur de Ultramar, 18
de janeiro de 1 9 3 8 , Arquivo do Instituto Pasteur de Dacar, Correspondência geral,
1 9 3 7 - 1 9 4 5 . Arquivo do Instituto Pasteur de Paris.
13
HACKETT, L. W. Once upon a time: Presidential address. American Journal of Tropical
Medicine and Hygiene, 9 ( 2 ) : 1 0 5 - 1 1 5 , 1 9 6 0 , citação p.111 e 1 1 5 .
14
The First Ten Years of the World Health Organization. Genève: OMS, 1 9 5 8 , p . 4 5 9 . Pode-se
observar que Geraldo de Paula Souza (brasileiro formado pela Fundação Rockefeller)
foi u m dos três delegados na conferência sobre as organizações internacionais de San
Francisco (abril de 1 9 4 5 ) que escreveram o primeiro documento sobre a necessidade
de u m a organização mundial da saúde. SZE, S. The Origins of World Health Organization:
a personnal memoir. Boca Raton, Florida: Lisz Publications, 1 9 8 2 .
15
SAWYER, W. A. Medicine as a social i n s t r u m e n t : tropical medicine. New England
Journal of Medicine, 2 4 4 ( 6 ) : 2 1 7 - 2 2 4 , 1 9 5 1 .
16
Idem, p . 2 2 4 .
17
A declaração de Gates é o memorando sobre a criação da Fundação Rockefeller ( 1 9 1 3 ) ,
citado por Raymond Fosdick em The Story of the Rockefeller Foundation. New York:
Harper, 1 9 5 2 , p . 2 3 .
18
TAYLOR, R. & RIEGER, A. Rudolf Virchow and the typhus epidemic in Upper Silesia: an
introduction and translation. Sociology of Health and Illness, 6 ( 2 ) : 2 0 1 - 2 1 7 , 1 9 8 4 .
19
MURAD, M . & ZYLBERMAN, P. L'Hygiène dans la Republique. Paris:Fayard, 1 9 9 6 ;
MENDELSOHN, A. From eradication to equilibrium: h o w epidemics became complex
after World W a r I. In: GAUDILLIÈRE, J.-P. & LÖWY, I. (Eds.) Transmission: diseases
between heredity and infection. Harwood Academic Publishers (no prelo).
20
WEISZ, G. A moment o f synthesis: medical holism in France between the wars. In:
LAWRENCE, C. & WEISZ, G. (Eds.) Greater than the Parts. Oxford: Oxford University
Press, 1 9 9 8 .
21
FARLEY, J . Bilharzia, op. cit., p . 1 7 4 ; HACKETT, L. W. Once upon a time: Presidential
address, op. cit., p . 1 1 1 . Sobre a Comissão da Malária da Liga das Nações, ver também
CORBELLINI, G. Acquired immunity against malaria as a tool for the control o f the
disease: the strategy proposed b y the Malaria Comission of the League o f Nations in 1933. Paras
22
Citado por FARLEY, J . Bilharzia, op. c i t . , p. 1 8 5 - 1 8 6 .
23
The Second Ten Years of World Health Organization. Genève: OMS, 1 9 8 6 , p . 1 0 4 - 1 0 5 ;
Prevention and Control of Yellow Fever in Africa. Genève: OMS, 1 9 8 6 .
24
Randall Μ . Packard, "No other logical choice": global malaria eradication and the
politics o f international health in the post-war era. Parassitologia, 40(1-2):.217-229,
1 9 9 8 . Segundo Parker, em 1 9 5 5 os dirigentes da OMS j á estavam a par do fato de que
os mosquitos desenvolvem rapidamente resistência ao DDT.
25
Citado por Randall Packard, "No other logical choice"... op. cit.
26
COTTREL, J . D. The Prevention of Tropical Disease and World Health Organization's Rural
Health Campaigns. Genève: OMS, 1 9 5 7 (brochura).
27
The Second Ten Years of World Health Organization. Geneve: OMS, 1 9 6 8 , p. 1 5 9 - 1 7 4 ;
SIDDIQUI, J . World Health and World Politics: the World Health Organization and the UN
System. London: Hurst and Company, 1 9 9 5 , p. 1 2 3 - 1 9 1 ; NELVTLLE, M. G. International
Health Organizations and Their Work. Ediburgh, London: Churchill Livigstone, p . 2 4 7 - 2 8 0 .
28
FARLEY, J . Bilharzia, op. cit.
29
MAEGRAITH, B . One World. London: Althalon Press, 1 9 7 3 ; FARLEY, J . Bilharzia, op. cit.,
p . 2 9 8 - 3 0 1 . O livro de Robert S. Desowitz, The Malaria Caper: more tales of parasites and
people, research and reality (New York, London: W. W. Norton & Company, 1 9 9 1 ) , é a
narrativa vulgarizada do fracasso do programa de erradicação da malária.
30
FARLEY, J . Bilharzia, op. cit.; SIDDIQUI, J . World Health and World Politics, op. cit., p. 1 6 3 .
31
ZULUETA, J . de. T h e end o f malaria in Europe: an eradication o f the disease b y
control measures. Parassitologia, 40, 1998.
32
BRADLEY, J . - D . The particular and the general: issues o f specificity and vericality in
the history of malaria control. Parassitologia, 40, 1998.
33
FARLEY, J . Bilharzia, op. cit.
34
SIDDIQUI, J . World Health and World Politics, op. cit
35
A expressão "fardo do h o m e m branco" é do poema de Rudyard Kipling escrito por
ocasião da conquista das Filipinas pelos Estados Unidos.
36
SIDDIQUI, J . World Health and World Politics, op. cit., p . 1 9 6 - 1 9 7 ; DESOWITZ, R. S. The
Malaria Capers, op. cit.
37
HOPKINS, J . W. The Eradication of Smallpox: organizational learning and innovation in
world health. Boulder, Colorado: Westwien Press, 1 9 8 9 . Segundo Siddiqui, o sucesso
da campanha contra a varíola pode ser atribuído ao fato de que se tratava de u m a
doença exclusivamente h u m a n a e de que no início da c a m p a n h a ela atingiu u m
número limitado de regiões, ou seja, algumas dezenas de milhares de pessoas - escala
muito distante da escala de prevalência da malária ou da tuberculose. SIDDIQUI, J .
World Health and World Politics, op. c i t . A varíola foi uma "doença demonstrativa", pois
sua erradicação demonstrou a viabilidade das campanhas de saúde verticais, mas os
especialistas estão de acordo sobre a natureza da demonstração feita desse modo.
38
As vacinas concernem à poliomielite, à difteria, à coqueluche, ao tétano, à tuberculo-
se e ao sarampo; a adição da vacina contra a hepatite Β e a febre amarela está em
discussão. Essa campanha pode ser caracterizada como "quase vertical", pois, apesar
de bem planejada e feita de cima para baixo, e utilizando técnicas "sem população",
ela ocasionalmente estimulou o desenvolvimento das estruturas de saúde pública
local, e inseriu-se em outras campanhas de saúde, especialmente naquelas que visam
à proteção materna e infantil. GOODLIFE, J . A Chance to Live: the heroic story of the global
campaign to immunize the world children. New York: Macmillan, 1 9 9 1 .
39
WRIGHT, Ρ. F. Global immunization, a medical perspective. Social Sciences and Medicine,
41:609-616,1995.
40
MURRASKIN, W. The War Against Hepatitis B: a history of the international task force on
hepatitis Β immunization. Philadelphia: University o f Pennsylvania Press, 1 9 9 5 .
41
MAHLER, H. Preface. In: WHO, Four Decades of Achievement. Genève: OMS, 1 9 8 8 .
42
ROSENBERG, C. Holism in the Twentieth century medicine. In: LAWRENCE, C. &
WEISZ, G. (Eds.) Greater than the Parts, Holism in Biomedicine, 1920-1950. Oxford,
London: Oxford University Press, 1 9 9 8 , p . 3 3 2 - 3 5 2 , citação p . 3 4 5 .
43
HOCHMAN, G. A Era do Saneamento: as bases da política de saúde pública no Brasil. São
Paulo: Hucitec, 1 9 9 8 . Hochman, entretanto, não esconde u m a certa admiração pelos
autores do projeto do DNSP que acreditavam no dever do Estado de trabalhar pela
melhoria da saúde de seus cidadãos.
44
Pesquisadores brasileiros t e n t a r a m c o m p a r a r as c a m p a n h a s de saúde pública do
passado e do presente. Cf. RIBEIRO, M. A. R. História sem Fim...: inventário da saúde
pública, São Paulo, 1880-1930. São Paulo: Editora Unesp, 1 9 9 3 ; MINAYO, M. C. S.
(Org.) Os Muitos Brasis: saúde e população na década de 80. São Paulo, Rio de Janeiro:
Hucitec, Abrasco, 1 9 9 5 .
45
Por exemplo, SAWYER, W. A. A history o f the activities of the Rockefeller Foundation
in the investigation and control o f yellow fever. The American Journal of Tropical
Medicine, 1 7 : 3 5 - 5 0 , 1 9 3 7 ; WARREN, A. J . Landmarks in conquest o f yellow fever. In:
STRODE, G. (Ed.) Yellow Fever. New York, London: MacGraw Hill, 1 9 5 1 , p . 5 - 3 7 ; THEILLER,
M. Yellow fever. In: RIVERS, Τ. M. (Ed.) Viral and Rickettsial Infections of Man. Philadelphia:
J . - B . Lippncott, 1 9 4 8 , p . 4 2 0 - 4 4 0 ; FRANCO, O. História da Febre Amarela no Brasil. Rio de
Janeiro, Ministério da Saúde, 1 9 6 9 .
46
O argumento pode ser estendido à intervenção dos pesquisadores franceses, mas seu
papel, muito breve e muito estreitamente ligado ao dos personagens-chave da medi-
cina brasileira, c o m o Oswaldo Cruz, não foi, até onde sei, objeto de pesquisas e
debates no Brasil.
4 7
GÓES DE PAULA, S.; MORAES, A. & PINTO, L. Relatório parcial de pesquisa "A campa-
nha do Anopheles gambiae no Brasil", documento da Casa de Oswaldo Cruz, 1 9 9 0 .
48
LABRA, Μ. Ε. O Movimento Sanitarista no Brasil nos Anos 1920: da conexão sanitária
internacional à especialização em saúde pública no Brasil, 1 9 8 5 . Dissertação de Mestrado,
Rio de Janeiro: Escola Brasileira de Administração Pública-FGV, p . 2 2 1 - 2 5 2 .
49
CASTRO-SANTOS, L. A. de. A Fundação Rockefeller e o Estado nacional. Revista Bra-
sileira de Estudos da População, 6 ( 1 ) : 1 0 5 - 1 1 0 , 1 9 8 9 ; FARIA, L. R. de. Os primeiros anos
da reforma sanitária n o Brasil e a a t u a ç ã o da Fundação Rockefeller, 1 9 1 5 - 1 9 3 0 .
Physis, 5 ( 1 ) : 1 0 9 - 1 3 0 , 1 9 9 5 ; FARIA, L. R. de. A Fase Pioneira da Reforma Sanitária no
Brasil: a atuação da Fundação Rockefeller, 1915-1930, 1 9 9 4 . Dissertação de Mestrado,
Rio de Janeiro: Instituto de Medicina Social, Uerj. Sobre o papel da Fundação Rockefeller
n o desenvolvimento dos serviços sanitários no Brasil, ver t a m b é m GADELHA, P.
Conforming strategies o f public health campagnes to disease specificity and national
contexts: Rockefeller Foundation's early campaigns against h o o k w o r m and malaria
in Brazil. Parassitologia, 40(1-2):159-175, 1998.
50
MARTENS, H. Technological normalization: social normalization perspectives on the
role o f forma-symbolic techniques, seminário, CRHST, 3 de dezembro de 1 9 9 6 .
51
BONNEUIL, C. Crafting and discipling in the tropics: plant science int the French
colonies. In: KRIGE, J . & PESTRE, D. Science in the Twentieth Century. Harwood, 1 9 9 7 ;
BONNEUIL, C. Ingénierie et experimentation des sociétés rurales en Afrique: quelques
remarques sur l'emergence du développement. Seminário "Les sciences et la mattrise
du 'facteur humain'", EH ESS, 1 0 de novembro de 1 9 9 8 .
52
SOPER, F. L. Ventures in World Health: the memoirs of Fred Lowe Soper. Washington DC:
Paho, 1 9 7 7 , p. 1 3 5 .
53
Carta de Ernest Hambloch, cônsul-geral da Grã-Bretanha no Rio de Janeiro, a Sir
Eduard Bart, datada de 11 de j u l h o de 1 9 1 3 . Wellcome Archive, dossiê Ronald Ross,
G C / 5 9 / / A 1 (documentos da Subcomissão da Febre Amarela).
54
FEENBERG, A. Alternative Modernity: the technical turn in philosophy and social theory.
Berkeley: University o f California Press, 1 9 9 5 ; TILES, M. & OBERDIEK, H. Living in a
Technological Culture: human tools and human values, London: Routledge, 1 9 9 5 ; LÖWY, I.
The legislation of things. Studies in the History and Philosophy of Sciences, 2 8 ( 3 ) : 5 3 3 - 5 4 3 ,
1997.
55
GÓES DE PAULA, S.; MORAES, A. & PINTO, L. Relatório parcial de pesquisa "A campa-
nha do Anopheles gambiae no Brasil", op. cit. Poderíamos acrescentar que m e s m o a
eliminação dos Aedes aegypti viria a se revelar u m a missão bem mais árdua do que o
previsto.
56
CHAUÍ, M. Cultura e Democracia: o discurso competente e outras falas. São Paulo: Moder-
na, 1 9 8 1 , p . 3 7 - 5 3 .
57
Outros conceitos, tais c o m o o socialismo ou a democracia, também aliam intenções
inicialmente generosas e potencialidades excepcionais, mas marcadas por u m passa-
do difícil.
58
Por exemplo, SHAPIN & SCHAFFER. Leviatan and the Air Pump, op. cit.; SCHAFFER, S.
The manufacture o f ohms. In: COZZNES, S. & BUDS, R. (Eds.) Invisible Connections.
Bellingham, WA: SPIE Press, 1 9 9 2 , p . 2 3 - 5 6 ; LATOUR, B. Give me a laboratory and I
will raise the world. In: KNORR-CETINA, K. & MULKAY, M. (Eds.) Science Observed.
London: Sage, 1 9 8 3 , p . 1 4 1 - 1 7 0 ; KOHLER, R. E. The Lords of the Fly. Chicago, London:
The University o f Chicago Press, 1 9 9 4 .
59
A expressão "view from nowhere" usada para descrever a ciência ocidental é de
Herbert Butterfield.
60
WALLERSTEIN, I. Historical Capitalism. London: Verso, 1 9 8 3 .
61
KUNITZ, S. Hookworm and pelagra-exemplary diseases in the New South. Journal of
the Historical of Social Behaviour, p . 1 2 9 - 1 4 8 , 1 9 8 8 , p . 1 4 5 , citado por Paulo Gadelha,
Conforming strategies o f public health campaigns, op. cit.
62
BUSH, V. Science, The Endless Frontier: a report to the president. Washington, DC: US
Government Printing Office, 1 9 4 5 .
63
O controle exercido em n o m e de u m a racionalidade científica única, universal e
imparcial, segundo Paul Forman, desempenhou papel fundamental no advento da
modernidade. Cf. FORMAN, Ρ. Recent science: late-modern and post-modern. In:
SODERQUIST, Τ (Ed.) Historiography of Modern Science and Technology. Harwood Academic
Publishers, 1 9 9 7 , p . 1 7 9 - 2 1 4 .
64
A resistência às recomendações dos especialistas é bem mais antiga. Os cidadãos
americanos que ameaçaram processar os funcionários do CDC se eles pulverizassem
DDT em seus quintais o u os habitantes das aldeias africanas que, n o dizer dos
poderes coloniais b r i t â n i c o s , poderiam se revoltar c a s o se tentasse introduzir a
viscerotomia em sua região, opuseram-se de maneira efetiva às medidas de controle
que achavam inaceitáveis.
65
Essa frase de Denis Woods está inscrita c o m o epígrafe no artigo de J a m e s Moore,
Wallace's malthusian movement: the c o m m o n context revised, em LIGHTEMAN, B .
(Ed.) Victorian Science in Context. Chicago: Chicago University Press, 1 9 9 6 , p . 2 9 1 . Moore
afirma que o malthusianismo de Wallace tem suas origens em seu trabalho c o m o
geômetra no País de Gales.
66
Também é concebível, por exemplo, que em u m mundo dominado por u m a lógica
neoliberal, a maioria dos pesquisadores científicos, financiados por fundos privados,
avaliem a legitimação de seu trabalho unicamente segundo a lógica do benefício de
seus empregadores.
67
Entrevista com o Dr. Gubler, diretor da Divisão de Doenças Transmissíveis por Vetores
n o Center o f Disease Control (CDC) de Atlanta, Estados Unidos. Gary Taubes, A
mosquito bites back, The New York Times Magazine, 2 4 / 8 / 1 9 9 7 . U m a epidemia de febre
amarela na América Latina poderia, provavelmente, ser rapidamente interrompida
combinando-se a pulverização de inseticidas potentes c o m u m a campanha de vaci-
nação de toda a população ameaçada - desde que a cidade atingida tenha c o m o
mobilizar os recursos financeiros adequados.
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Formato: 16x2 3 cm
Tipologia: Marigold e Carmina Lt BT
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Papel: Pólen BOLD 7 0 g / m (miolo)
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Cartão Supremo 2 5 0 g / m (capa)
Fotolitos: Laser vegetal, (miolo)
Engenho e Arte Editoração Gráfica Ltda. (capa)
Impressão e acabamento: Imprinta Express Gráfica e Editora Ltda.
Rio de Janeiro, agosto de 2 0 0 6 .