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DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR DE
CRIANÇAS
(home)
NASCIDAS A TERMO E PRÉ-TERMO
ELISA BEATRIZ BRAGA DELL’ ORTO VAN EYKEN
CRISTIANE SOUSA NASCIMENTO BAEZ GARCIA
■ INTRODUÇÃO
O acompanhamento ambulatorial do desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM) de crianças nascidas a termo (entre 37 e 41 semanas e 6
dias de gestação) e pré-termo requer um trabalho multiprofissional e multidisciplinar, com a inter-relação dos diversos atores envolvidos –
profissionais da saúde, família e escola. Essa visão estendida é necessária em razão da multifatorialidade do desenvolvimento, que
comporta componentes intrínsecos (biológicos, genéticos) e extrínsecos (ambientais, socioeconômicos) à criança.1
O acompanhamento do desenvolvimento das aquisições motoras típicas diz respeito a observações cinesiológicas e da qualidade do
movimento, bem como das informações sensoriais – visual, auditiva, vestibular, tátil e proprioceptiva – as quais o movimento está atrelado.2
Nesse caso, a avaliação será um processo de coleta de dados, que incluirá testes específicos para subsidiar o diagnóstico e o prognóstico e,
quando necessário, nortear o tratamento fisioterapêutico.
Os fatores que determinam as possíveis dificuldades na aquisição e no aprimoramento das funções sensório-motoras, cognitivas, sociais e
comportamentais, e a relação destas com a capacidade funcional, devem compor a avaliação do fisioterapeuta. A tomada de decisão levará
em conta o máximo desenvolvimento das potencialidades da criança, que determinará o seu grau de independência para a vida social
típica dos seres humanos.3
Como o desenvolvimento é contínuo, e as mudanças que ele provoca dizem respeito às diversas funções que a criança exerce ao longo da
vida, acompanhá-las, tanto na criança nascida a termo quanto na pré-termo, é primordial para minimizar interferências das possíveis
alterações detectadas no desenvolvimento da independência funcional.4
■ OBJETIVOS
Ao final da leitura deste artigo, espera-se que o leitor seja capaz de:
■ ESQUEMA CONCEITUAL
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Embora, no primeiro ano de vida da criança, haja uma intensa atividade do sistema nervoso central (SNC),7 é importante recordar
que o desenvolvimento do SNC tem começo por volta da terceira semana de gestação, com a formação da placa neural e do tubo
neural, seguida da proliferação e da migração neurais iniciadas por volta da oitava semana de gestação.5,6
A organização neural, com diferenciação neuronal e conexões específicas, que se inicia a partir da quinta semana de gestação, perdura,
em média, até o quarto ano pós-natal. A mielinização tem começo por volta da 25ª semana de gestação e segue até cerca dos 20 anos de
idade. Os primeiros movimentos típicos do feto acompanham essa modificação do SNC e podem ser observados por meio da
ultrassonografia tridimensional (US3D) e de quarta dimensão (US4D). Esta última possibilita a percepção de movimentos faciais quanto à
expressão e à duração.5,6
O Quadro 1 apresenta os movimentos relacionados com a idade gestacional (IG) e a maturação do SNC.
Quadro 1
17-20ª Interferência das estruturas supraespinhais; Aumento do número de movimentos fetais generalizados até
semanas Início da organização das colunas do córtex cerebral a 32ª semana com consequente diminuição em decorrência
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semanas Início da organização das colunas do córtex cerebral. a 32 semana, com consequente diminuição em decorrência
da redução do espaço intrauterino.
19ª Início da atividade elétrica cortical.
semana
33-35ª Conexão neuronal corticotalâmica e do tronco cerebral. Sono REM e sono não REM.
semanas
MARCADORES DO MOVIMENTO
Desde o período gestacional até por volta do quinto mês de vida, os bebês típicos tendem a repetir movimentos espontâneos, desenvolvendo
um estado de atenção às sensações e aos movimentos.
O repertório de movimentos espontâneos do bebê a termo depende da idade e é bastante variado em qualidade, podendo ser
denominado de movimentos generalizados (GMs, do inglês, general movements).
Os GMs são marcadores iniciais do movimento dos bebês nascidos a partir de 37 semanas e apresentam-se de forma variada quanto
à amplitude, à velocidade e à direção (podendo ser elípticos ou contorcionais).
Os GMs, até por volta da nona semana pós-natal, são grosseiros e envolvem uma sequência variável de movimentos de extensão e flexão
de grande amplitude, do corpo todo – braços, pernas, pescoço e tronco – com rotações, mudanças de direção, aumento e diminuição de
intensidade, força e velocidade, com início e término graduais.8 Por ocasião da 9ª até por volta da 20ª semana de idade, os movimentos
predominantes são denominados irregulares (fidgety), em fluxo constante, pequenas amplitudes e variada direção, podendo ser vistos em
todo o corpo. Esses movimentos desaparecem quando o bebê chora ou é estimulado.9
Seguindo o processo do desenvolvimento motor típico, a criança deve ser capaz de realizar padrões de movimentos controlados no tronco,
membros superiores e inferiores, necessários para o desempenho das habilidades funcionais – aquelas que vão permitir a execução de
tarefas específicas.
O alinhamento biomecânico e a ativação muscular nos primeiros meses de vida são componentes essenciais para a transição dos
movimentos espontâneos e aleatórios para a aquisição das funcionalidades do rolar, sentar e andar independente, por exemplo.3
Assim, uma característica importante do movimento é a habilidade de fazer a transição de uma postura para outra.2
As transições e as funcionalidades são dependentes da distribuição do peso corporal, da direção e do resultado das mudanças da
localização da pressão gerada pelo peso do corpo na superfície de apoio, que fornecem estímulo sensorial para as reações posturais.2
Essas reações são um mecanismo composto por:10
reações de retificação (endireitamento), que possibilitam o alinhamento postural – alinhamento do corpo, levando em conta a postura
que permite o equilíbrio frente à gravidade (incidência do centro de massa corporal no centro da base de sustentação do corpo);
reação de equilíbrio – tentativa de retorno à posição de equilíbrio por meio de contrações musculares tônicas e movimentos
automáticos;
reação de proteção – uso dos segmentos (membros superiores e/ou inferiores) para proteção corporal contra um impacto com a
superfície de apoio quando as reações de equilíbrio não fazem o corpo retornar à estabilidade inicial.
É especialmente importante, para a aquisição dos movimentos funcionais, o controle do sinergismo dos grupos musculares
antagônicos do eixo corporal (tronco) – o equilíbrio entre a ação dos músculos antigravitários flexores e extensores – a fim de
alcançar o alinhamento corporal e a estabilidade para as ações das extremidades.
A sinergia dos músculos do tronco influencia o desenvolvimento do controle de cabeça e dos membros. O controle do tronco do bebê é
progressivo: inicialmente, dá-se no plano sagital, depois, no frontal e, por último, no transversal. Verifica-se que:11
no plano sagital, a flexão e a extensão do tronco facilitam a flexão e a extensão dos membros;
no plano frontal, as flexões laterais do eixo corporal facilitam os movimentos de abdução e adução dos membros;
no plano transversal as rotações do tronco facilitam as rotações dos membros 2
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no plano transversal, as rotações do tronco facilitam as rotações dos membros.2
É necessário reconhecer que o controle postural envolve contribuições sensoriais dos sistemas visual e vestibular que são determinantes
para o desenvolvimento motor típico.
Da mesma forma que a observação da movimentação espontânea e da aquisição de atividades funcionais, como controlar a cabeça, rolar,
sentar, ficar de quatro apoios, ficar de pé e caminhar, a presença, a ausência, a diminuição ou a modificação da resposta reflexa ou a
persistência de algumas atividades reflexas podem ser indicadores importantes do desenvolvimento neuromotor. Os reflexos primitivos
neonatais são respostas normais a estímulos ambientais (ou provocados) ao neonato que tendem a desaparecer com a maturidade do SNC.
Alguns são associados à sobrevivência, pois se relacionam com a alimentação (busca e sucção) e a liberação das vias áreas superiores,
como a rotação da cabeça em posição prona.12
Além dos reflexos primitivos de busca, como a sucção e a liberação das vias aéreas, são esperados para o neonato:
o reflexo de preensão dos dedos das mãos – movimento de flexão dos dedos em resposta ao dedo do examinador na palma da mão – e
dos artelhos – movimento de flexão dos artelhos em resposta a um objeto colocado na base dos artelhos;
o reflexo de Moro – que consiste na extensão-abdução dos membros, principalmente os superiores, seguida de flexão-adução
desencadeada por estímulos sonoros, visuais ou cinestésicos;
a reação positiva de suporte – em que se nota a extensão dos membros inferiores quando o bebê é colocado de pé sobre uma
superfície de apoio;
a marcha reflexa ou automática – que pode ser vista quando o neonato é colocado de pé e inclinado anteriormente;
o reflexo tônico cervical assimétrico (RTCA) – que pode ser observado quando a cabeça do bebê posicionado em supino é rodada
para um dos lados, tendo como resposta a extensão do cotovelo com abdução do ombro no membro superior do lado da face e a
manutenção do cotovelo fletido no membro superior do lado occipital; a mesma resposta pode ser vista nos membros inferiores;
o sinal de Babinski – extensão do hálux com abertura em leque dos demais artelhos.
Por volta do sexto mês de vida, a maioria dos reflexos primitivos desaparece. A persistência e/ou o reaparecimento desses reflexos
primitivos são discutidos como indicadores patológicos.13
O acompanhamento do DNPM dos bebês a termo, portanto, leva em consideração os marcadores relativos à motricidade, à postura e à
atividade reflexa para cada período de vida. Esses marcadores representam o que a maioria dos bebês típicos adquire em cada época de
vida.
A) V – F – V – F.
B) V – F – F – V.
C) F – V – V – F.
D) F – V – F – V.
Confira aqui a resposta
A) No primeiro ano de vida da criança, há uma intensa atividade do sistema nervoso central.
B) O desenvolvimento do sistema nervoso central tem começo por volta da terceira semana de gestação com a formação da
placa neural e do tubo neural.
C) A proliferação e a migração neurais iniciam por volta da oitava semana de gestação
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C) A proliferação e a migração neurais iniciam por volta da oitava semana de gestação.
D) A organização neural, com diferenciação neuronal e conexões específicas, iniciada a partir da quinta semana de gestação,
perdura até o final do primeiro ano pós-natal.
Confira aqui a resposta
A) 3 – 4 – 5 – 1 – 2.
B) 5 – 4 – 2 – 3 – 1.
C) 4 – 5 – 1 – 2 – 3.
D) 2 – 1 – 3 – 4 – 5.
Confira aqui a resposta
5. Diferencie os movimentos generalizados observados até por volta da nona semana pós-natal, daqueles observados por ocasião da
nona até por volta da vigésima semana de idade, que são denominados irregulares (Fidgety).
A) Seguindo o processo do desenvolvimento motor típico, a criança deve ser capaz de realizar padrões de movimentos
controlados em tronco, membros superiores e inferiores necessários para o desempenho das habilidades funcionais.
B) O alinhamento biomecânico e os movimentos espontâneos e aleatórios dos primeiros meses de vida não influenciam a
aquisição das funcionalidades do rolar, sentar e andar independente.
C) Uma característica importante do movimento é a habilidade de fazer a transição de uma postura para outra.
D) As transições e as funcionalidades são dependentes da distribuição do peso corporal, da direção e do resultado das mudanças
da localização da pressão gerada pelo peso do corpo na superfície de apoio.
Confira aqui a resposta
A) é essencial o controle do sinergismo dos grupos musculares antagônicos do eixo corporal (tronco).
B) é essencial o equilíbrio entre a ação dos músculos antigravitários flexores e extensores para alcançar o alinhamento corporal e
a estabilidade para as ações das extremidades.
C) o equilíbrio sinérgico dos músculos do tronco influencia o desenvolvimento do controle de cabeça e dos membros.
D) o controle do tronco do bebê é progressivo: inicialmente se dá no plano frontal, depois, no sagital e, por último, no transversal.
Confira aqui a resposta
(1) Reflexo de ( ) Extensão-abdução dos membros, principalmente os superiores, seguida de flexão-adução desencadeada por
preensão estímulos sonoros, visuais ou cinestésicos.
(2) Reflexo de ( ) Observado quando a cabeça do bebê posicionado em supino é rodada para um dos lados, tendo como
Moro resposta a extensão do cotovelo com abdução do ombro no membro superior do lado da face e a manutenção
(3) Reação do cotovelo fletido no membro superior do lado occipital; a mesma resposta pode ser vista nos membros
positiva de inferiores.
suporte ( ) Movimento de flexão dos dedos em resposta ao dedo do examinador na palma da mão ou movimento de
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suporte ( ) Movimento de flexão dos dedos em resposta ao dedo do examinador na palma da mão ou movimento de
(4) Reflexo flexão dos artelhos em resposta a um objeto colocado na base dos artelhos.
tônico ( ) Passos dados quando o neonato é colocado de pé e inclinado anteriormente.
cervical ( ) Extensão dos membros inferiores quando o bebê é colocado de pé sobre uma superfície de apoio.
assimétrico
(5) Marcha
reflexa
A) 2 – 4 – 1 – 5 – 3.
B) 1 – 5 – 3 – 4 – 2.
C) 3 – 1 – 5 – 2 – 4.
D) 4 – 3 – 2 – 1 – 5.
Confira aqui a resposta
Neonato
O neonato (recém-nascido até o 10º dia de vida) a termo mantém a postura intrauterina típica, em flexão, com a predominância de
contração tônica dos músculos flexores, que são resistentes ao alongamento passivo. A posição elevada da pelve faz com que as
extremidades superiores e a cabeça recebam a maior parte do peso corporal do bebê. Dessa forma, quando em supino, os músculos
peitorais são alongados, pela ação da gravidade, expandindo a parte superior do tórax. A rotação da cabeça e os chutes alternados dos pés
promovem a mobilização da porção superior da coluna torácica, estimulando a atividade escapular. Quando em prono, o suporte de peso
ativa os músculos do manguito rotador, favorecendo a estabilidade da articulação glenoumeral. Em decúbito lateral, as mãos se juntam na
linha média, abduzindo a escápula e alongando os músculos interescapulares.2
Em relação ao desenvolvimento da motricidade da mão, esta é dotada de sensibilidade tátil, capaz de desencadear atividades reflexas,
como o reflexo de preensão palmar. Na maior parte do tempo, as mãos ficam fechadas, com o polegar aduzido, abrindo-se com a
movimentação espontânea aleatória.13,14
Além da sensação tátil, os neonatos respondem a variações de temperatura, textura, umidade, pressão e dor. Eles enxergam bem de perto,
mas mantêm a atenção visual por pouco tempo. Essa atenção é preferencialmente para a face humana e objetos que se assemelham a ela
– curvos e pontiagudos – e para o contraste entre cores claras e escuras. No entanto, possuem menor acuidade visual do que auditiva.13,14
Em relação à audição, os neonatos diferenciam os sons familiares dos estranhos, sendo mais responsivos às vozes humanas, e preferem
vozes agudas e femininas, principalmente a voz da mãe. Eles podem distinguir sons de diferentes tipos, altura e intensidade e respondem
aos estímulos auditivos por meio de tremor das pálpebras, movimentos de cabeça, franzimento da testa, choro e despertar do sono.13,14
Além das percepções visual e auditiva, os neonatos podem identificar a mãe pelo cheiro e possuem o paladar altamente desenvolvido,
fazendo a distinção dos quatro sabores básicos:13,14
doce;
salgado;
azedo;
amargo.
Em relação à motricidade nas diversas posturas de observação, os movimentos espontâneos incluem rodar a cabeça de um lado para o
outro, trazer a cabeça até a linha média do corpo e o chutar. A marcha automática pode ser observada quando o neonato é colocado de pé e
inclinado anteriormente.14
Os principais marcadores da motricidade do neonato podem ser vistos no Quadro 2.
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Primeiro trimestre
A partir de 4 semanas até os 6 anos de vida, as observações da motricidade da criança seguem, basicamente, o comportamento esperado
para elas desde a década de 40 do século passado. São observadas as aquisições motoras, como sustentar a cabeça, rolar, sentar,
engatinhar, ficar de pé e andar, bem como as atividades motoras das mãos (motricidade fina), como segurar e manipular objetos.15
Seis marcos motores – aquisições motoras grossas – adquiridos entre os 4 e os 24 meses de idade cronológica foram revisados por
um estudo multicêntrico da Organização Mundial da Saúde (OMS) – Multicentre Growth Reference Study – para estabelecer uma
janela ou período para a aquisição. São eles:
1. sentar sem apoio;
2. engatinhar em mãos e joelhos;
3. ficar de pé com assistência;
4. andar com assistência;
5. ficar de pé sozinho;
6. andar sozinho.
Os marcos motores foram escolhidos por serem considerados universais e fundamentais para a aquisição da postura ereta antigravitacional
e da locomoção, além de serem facilmente observados.
A sequência das aquisições observadas foi similar ao já estabelecido anteriormente e exposto na literatura:16
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Fonte: Bly (2011);2 Silva e colaboradores (2011);15 WHO Multicentre Growth Reference Study Group (2006).16
Durante os 3 meses iniciais de vida, o desenvolvimento cognitivo, social e comportamental inclui a comunicação por meio do olhar, da
expressão facial e corporal. A criança presta atenção aos sons e palavras e, geralmente, acalma-se ao ouvir a voz materna. A vocalização é
automática, com emissão de gritos e balbucio. O choro e o sorriso também fazem parte desse conjunto de comportamentos relacionados à
comunicação.13,17,18
Segundo trimestre
O segundo trimestre é caracterizado pela simetria e pelo controle dos músculos flexores e extensores, o que promove o total controle da
cabeça: o bebê pode fletir, estender e fletir lateralmente a cabeça contra a gravidade no sexto mês. Esse controle muscular também promove
o alinhamento das articulações em posição neutra, assim como a movimentação independente das articulações.2,11,13,14,19
Seguindo a teoria de controle craniocaudal e próximo-distal do desenvolvimento, no segundo trimestre, o bebê inicia o controle e a
movimentação do tronco, com deslocamento do peso corporal lateralmente. O rolar de supino para lateral e para prono ainda é acidental,
sem o controle, mas pelo deslocamento excessivo do peso para um dos lados do corpo. O deslocamento lateral do peso corporal facilita a
dissociação dos movimentos dos membros superiores e a dissociação dos movimentos dos membros inferiores. A manutenção do sentar
sem apoio pode ser conquistada no sexto mês.2,11,13,14,19
As principais mudanças motoras do segundo trimestre estão resumidas no Quadro 4.
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Fonte: Bly (2011);2 Gajewska e colaboradores (2013);11 Dosman e colaboradores (2012);13 Sheldrick e colaboradores (2013);14 Neelon e colaboradores (2012).19
Em relação ao desenvolvimento das habilidades das mãos, o bebê inicia a preensão palmar, apoiando o objeto na palma da mão e
fechando os dedos sobre ele. Passa um objeto de uma das mãos para a outra e pega um objeto com as duas mãos.20 O bebê também
apresenta coordenação olho-mão, e sua acuidade visual se aproxima à do adulto. Reconhece e emite sons de tonalidades diferentes. Faz
associação das diferentes percepções, identificando o que é agradável.14
As modificações cognitivas, sociais e comportamentais do período incluem:13,17,18
Terceiro trimestre
O terceiro trimestre é um período marcado pela constante mudança de decúbitos. A postura em prono é a preferida, uma vez que dela a
criança consegue partir para novas ações e deslocamentos que permitem experimentar novas sensações. Existe um aumento considerável
da dissociação dos movimentos entre os membros contralaterais e o início da dissociação dos movimentos dos membros inferiores dos
movimentos do tronco. Essa dissociação facilita o sentar e a postura de quatro apoios a partir de prono e o ficar de pé a partir da posição de
quatro apoios.2,11,13,14,19
Com maior controle do tronco, a criança libera as mãos para segurar e manusear objetos, apontar e bater palmas. Inicia a extensão, a
abdução do polegar e a oposição do polegar contra o indicador, o que determina a preensão em pinça. A criança segura objetos pequenos
entre a polpa do polegar e a face externa distal do dedo indicador.20
As reações de retificação, equilíbrio e proteção (reações posturais) estão presentes nas posturas prono, supino, decúbito lateral, de quatro
apoios e sentada. A presença das reações posturais permite o deslocamento: a criança inicia o arrastar em prono, gira (pivoteia) ao redor
do próprio eixo e pode evoluir até o engatinhar. Quando de pé, ela será capaz de se deslocar lateralmente com apoio dos membros
superiores.2,14
Durante o desenvolvimento do terceiro trimestre de vida, as atividades manuais incluem:14
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Fonte: Bly (2011);2 Gajewska e colaboradores (2013);11 Dosman e colaboradores (2012);13 Sheldrick e colaboradores (2013);14 Neelon e colaboradores (2012).19
As modificações cognitivas, sociais e comportamentais do terceiro trimestre seguem as modificações do trimestre anterior, com
maior período de atenção da criança em relação aos novos sons, imagens, objetos, pessoas e ambientes. Ela pode começar a dizer palavras
com significados e emite som o tempo todo, tentando obter a atenção das pessoas.13,17,18
A) A criança mantém a postura intrauterina típica, ou seja, em flexão, com rotação da cabeça para um dos lados.
B) Há predominância de contração tônica dos músculos flexores, que são resistentes ao alongamento passivo.
C) A posição abaixada da pelve faz com que as extremidades superiores e a cabeça recebam a menor parte do peso corporal do
bebê.
D) As mãos ficam fechadas com o polegar aduzido na maior parte do tempo, abrindo-se com a movimentação espontânea
aleatória.
Confira aqui a resposta
A) Quando em prono, predomina a postura extensora com a pelve elevada e a cabeça em rotação.
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B) Quando sentado, a postura é mantida por um breve período, com a coluna estendida, a pelve verticalizada e a cabeça para
frente.
C) Com a suspensão ventral, há ativação dos músculos extensores o suficiente para vencer a gravidade.
D) Quando de pé, há apoio plantar com extensão de joelhos e manutenção da postura ereta por alguns segundos; porém, com
posterior retorno à flexão.
Confira aqui a resposta
12. Quais são os seis marcos motores a serem observados na análise do desenvolvimento de um bebê com idade cronológica entre
4 e 24 meses segundo a Organização Mundial da Saúde?
A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a I e a III.
C) Apenas a II e a III.
D) A I, a II e a III.
Confira aqui a resposta
A) V – F – V – F.
B) V – V – F – F.
C) F – F – V – V.
D) F – V – F – V.
Confira aqui a resposta
A) A criança ainda não muda muito de decúbitos, nem se desloca, permanecendo constantemente na postura supina e
explorando objetos.
B) Há um aumento considerável da dissociação dos movimentos entre os membros contralaterais e o início da dissociação dos
movimentos dos membros inferiores do movimento do tronco, facilitando o sentar.
C) Durante o desenvolvimento do terceiro trimestre de vida, as atividades manuais incluem transferir objetos de uma das mãos
para a outra, manuseá-los, tentar segurar dois objetos com a mesma mão e largar e pegar os objetos.
D) As modificações cognitivas, sociais e comportamentais do terceiro trimestre seguem as modificações do trimestre anterior com
maior período de atenção da criança em relação aos novos sons, imagens, objetos, pessoas e ambientes.
Confira aqui a resposta
Quarto trimestre
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Durante o quarto trimestre de vida, a criança aumenta a dissociação dos movimentos entre os membros contralaterais e entre os membros
inferiores e o tronco. Com isso, ela muda facilmente de postura, inicialmente adotando posturas intermediárias, com a decomposição do
movimento, como, por exemplo:
Fonte: Bly (2011);2 Dosman e colaboradores (2012);13 Sheldrick e colaboradores (2013);14 Neelon e colaboradores (2012).19
Em relação à motricidade fina, a preensão em pinça agora acontece entre as polpas do polegar e do dedo indicador, permitindo a precisão
para pegar pequenos objetos pelos quais a criança tem grande interesse.20 Nas investidas de exploração de objetos e lugares, a criança
começa a executar ações conhecidas para situações novas. Dessa forma, pode chegar até novos resultados e estabelecer uma relação de
coincidência entre o resultado e a ação praticada.13
Ao final do primeiro ano de vida, a criança fala algumas palavras com significado e, a partir daí, se o convívio social se dá em ambiente
comunicativo e de interação, seu vocabulário aumenta progressivamente.13,17,18
Entre 12 e 24 meses
Após 12 meses de vida, o ritmo de aquisição motora diminui, mas o desenvolvimento motor continua bastante intenso. Entre os 12 e os 24
meses, a criança é capaz de adotar todas as posturas, passar por posturas intermediárias cada vez mais complexas e explorar os
ambientes andando. Ao ficar de pé a partir do chão, no início desse período, a criança apoia as mãos e os pés com os joelhos e cotovelos
em extensão e eleva o tronco com as mãos para cima, caracterizando o levantar de urso. Mais tarde, ela utiliza a postura intermediária de
agachamento para ficar de pé.13,14,19
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As reações de retificação, de equilíbrio e de proteção de pé serão estabelecidas por volta dos 18 meses, fazendo com que a marcha
se torne o modo principal de locomoção da criança.
Durante a marcha, a criança mantém leve rotação interna dos membros inferiores, com uma boa base de suporte, sem a dissociação dos
movimentos das articulações dos pés e com o tronco ereto. Ela consegue andar carregando ou puxando um objeto e andar para trás. Inicia o
subir/descer escadas de quatro apoios, subindo de frente e descendo de costas, passa para subir/descer de pé com duplo apoio dos pés e
de, pelo menos, uma das mãos no corrimão. Corre desordenadamente e sobe em móveis e brinquedos.13,14,19
Em relação aos movimentos finos, a criança come com colher sozinha, utilizando a preensão com punho em pronação e rotação interna,
rabisca, põe e tira objetos de dentro de recipientes, pega objetos atrás de si e tenta arrumar os objetos.13
As modificações cognitivas, sociais e comportamentais durante o período de 12 a 24 meses incluem:17,18
brincar sozinha;
brincar de esconder;
lembrar onde estão escondidos os objetos;
organizar e posicionar figuras corretamente;
explorar ambientes andando;
fazer torre de dois até cinco cubos.
A criança, no período de 12 a 24 meses, diferencia texturas, cores, formas e tamanho. Emparelha e separa objetos semelhantes e aponta
figuras quando nomeadas. Reconhece e mostra partes do corpo. Fantasia nas brincadeiras, conta experiências imediatas e refere a si
própria pelo nome. Além disso, passa de um vocabulário composto por quatro a cinco palavras para mais de vinte palavras com
significado.17,18
O Quadro 7 apresenta as principais modificações neuropsicomotoras que acontecem entre 12 e 24 meses de idade.
Fonte: Bly (2011);2 Dosman e colaboradores (2012);13 Sheldrick e colaboradores (2013);14 Neelon e colaboradores (2012).19
Entre 2 e 5 anos
Após os 24 meses de vida, as aquisições cognitivas, sociais e comportamentais sobrepõem-se às motoras. Esse é um período de
aprimoramento das atividades motoras conquistadas nos anos iniciais de vida.13,14
O aprimoramento motor após os 24 meses está disposto no Quadro 8.
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Sabe-se que crianças biologicamente saudáveis, quando expostas à condição socioeconômica desfavorável, podem apresentar
alteração do DNPM.4 De acordo com Neelon e colaboradores,19 doenças ou disfunções, ingestão insuficiente de nutrientes, dormir
em supino, um ambiente pobre de estímulos e experimentação, bem como baixo nível socioeconômico colocam o desenvolvimento,
principalmente durante o primeiro ano de vida, em risco. É possível que esse último fator tenha efeito causal sobre os demais1 ou
aumente as chances de as alterações biológicas acontecerem.11
Gill e colaboradres21 indicaram, como fator de risco intrínseco ao DNPM, o baixo peso (BP) ao nascer, (< 2.500g). Os recém-nascidos com
BP podem ser classificados como muito baixo peso (MBP – < 1.500g) e extremo baixo peso (EBP – < 1.000g).
Deve-se atentar principalmente para os bebês pequenos para a idade gestacional (PIG) – peso abaixo do percentil 10 da curva de
crescimento intrauterino.22 Esses bebês têm maior risco de adoecimento, e, quanto menor o peso, maior o risco.
As complicações associadas aos bebês de BP são:21
hipotermia;
hipoglicemia;
asfixia perinatal;
alteração respiratória;
anemia;
carência nutricional;
infecções;
alterações neurológicas;
deficiência auditiva.
Em relação ao desenvolvimento motor, podem-se considerar como preditores de comprometimentos neurológicos e, por isso, risco para o
desenvolvimento típico do bebê:9
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A) A criança aumenta a dissociação dos movimentos entre os membros contralaterais e entre os membros inferiores e o tronco,
mas ainda muda de postura com dificuldade.
B) A criança é capaz de deslocar o membro inferior anteriormente na marcha com apoio até alcançar a marcha sem apoio, não
necessitando mais manter a base alargada e os membros superiores em abdução e flexão.
C) No 10º mês, a criança fica de pé sem apoio dos membros superiores, passando por ajoelhada e semiajoelhada, transferindo o
peso para a perna da frente e ficando agachada para levantar com a extensão simétrica dos membros inferiores.
D) A preensão em pinça agora acontece entre as polpas do polegar e do dedo indicador, permitindo a precisão para pegar
pequenos objetos pelos quais a criança tem grande interesse.
Confira aqui a resposta
A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a I e a III.
C) Apenas a II e a III.
D) A I, a II e a III.
Confira aqui a resposta
19. Assinale V (verdadeiro) ou F (falso) considerando o desenvolvimento neuropsicomotor da criança entre 2 e 5 anos.
( ) Entre 24 e 36 meses, a criança apresenta boa mobilidade do pé, com balanço natural dos membros superiores, visão similar à do
adulto e vocabulário mínimo de 50 palavras.
( ) Entre 36 e 48 meses, a criança é capaz de ficar sobre um pé só, saltar de pequenas alturas e colaborar com outras crianças nas
brincadeiras.
( ) Entre 4 e 5 anos, a criança consegue andar de costas em linha reta, ficar em apoio unipodal por cerca de 30 segundos e realizar a
preensão palmar como a de um adulto.
( ) Após os 5 anos, a criança é capaz de passar para sentada a partir de supino com a necessidade da realização da rotação de
tronco, fazer laço e cooperar nas tarefas de casa.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
A) V – F – V – F.
B) F – F – V – V.
C) V – V – F – F.
D) F – V – F – V.
Confira aqui a resposta
20. Os riscos relacionados com o desenvolvimento neuropsicomotor das crianças nascidas a termo incluem fatores intrínsecos e
extrínsecos. Cite pelo menos dois de cada.
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21. Em relação ao desenvolvimento motor, o que se pode considerar como preditores de comprometimentos neurológicos?
O status do DNPM precisa ser levado em conta para que seja oferecido o devido cuidado em saúde: prevenção de alterações, promoção
do desenvolvimento típico ou tratamento das alterações – desvantagens, deficiências e incapacidades – que as crianças prematuras
possam vir a apresentar.25
De forma geral, o bebê pré-termo pode apresentar alterações do DNPM relacionadas com as funções cognitiva, motora e comportamental
em qualquer período da infância até a adolescência ou fase adulta jovem. Essas funções podem ser consideradas em atraso quando
comparadas com o desenvolvimento dos bebês a termo típicos, principalmente no primeiro ano de vida. No entanto, comparando-se os
bebês pré-termo entre eles, também haverá uma diferente relação de desenvolvimento associada à IG e ao peso ao nascer. Portanto, a
trajetória de desenvolvimento desses bebês precisa ser monitorada a fim de detectar alterações o mais precocemente possível.26
As características motoras do prematuro estão associadas ao grau de hipotonia: quanto maior a hipotonia, maior a amplitude de
movimento das articulações, menor a resistência ao estiramento passivo dos músculos flexores, menor a resposta reflexa e menor a
quantidade de movimentos espontâneos. Há, ainda, a ação da gravidade sobre as estruturas hipotônicas, favorecendo uma postura
predominantemente em extensão.8,27
Como as aquisições motoras são sequenciais e interdependentes, a ausência da postura flexora e do maior tônus fisiológico inicial do grupo
muscular flexor dificultam o alinhamento e o controle da cabeça na linha média, por exemplo. A falta do equilíbrio entre a ação dos músculos
extensores e a resistência imposta pelos músculos flexores promove um atraso na aquisição do controle da cabeça, que, por sua vez,
dificultará as aquisições motoras subsequentes (controle do tronco e dos segmentos até as habilidades motoras finas, a postura
ortostática e a marcha), caracterizando o atraso do desenvolvimento motor dos prematuros, quando comparados com os bebês a termo e
entre eles, de acordo com a IG.8,27
Em relação à IG, bebês prematuros extremos têm maior chance de apresentar alterações motoras, assim como lesões graves do
SNC, logo no primeiro ano de vida, enquanto os prematuros limítrofes tendem a ter um desenvolvimento motor inicial compatível com
o desenvolvimento típico e a apresentar alterações cognitivas e comportamentais, assim como de coordenação motora e equilíbrio
mais tardiamente. Essas alterações podem estar associadas a alterações sensoriais não detectadas no período inicial do
desenvolvimento.8,27
Em bebês prematuros extremos, o alinhamento postural em flexão, orientado para a linha média, e a manutenção no decúbito lateral podem
facilitar as aquisições motoras. Dessa forma, os prematuros apresentarão um aumento gradativo das aquisições motoras no decorrer do
desenvolvimento, caracterizando uma diminuição do atraso em relação aos bebês a termo. Em alguns casos, a aquisição dos marcos
motores pode ser compatível com a janela de tempo proposta pela ONU,3,16,25 principalmente quando as observações do prematuro forem
feitas a partir de idade corrigida (como manter-se sentado sem apoio entre 6 e 7 meses de idade corrigida).
A idade corrigida é um ajuste da idade cronológica referente ao número de semanas que seriam necessárias para o prematuro
alcançar as 40 semanas de desenvolvimento intrauterino.27
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Idade corrigida = idade cronológica - número de semanas que faltaram para completar 40 semanas de gestação ao nascer
As principais características motoras do prematuro apresentadas pela literatura de referência podem ser observadas no Quadro 9.
Quadro 9
< 32 Hipotonia muscular generalizada: em tronco e membros. Tendência à diminuição da hipotonia com o desenvolvimento.
semanas Postura predominante: extensão completa. Na comparação com bebês a termo ou com prematuros
de IG Ausência de resistência aos movimentos passivos de adução limítrofes:
do ombro, extensão do cotovelo e do joelho; grande Dificuldade na aproximação dos membros superiores à linha média
mobilidade das articulações proximais. do tronco: atraso na integração visomotora e na possibilidade de
Suspensão horizontal: cabeça, braços e pernas pendentes exploração do próprio corpo, de objetos e do ambiente.
com curvatura cifótica total da coluna. Atraso no desenvolvimento do controle da cabeça e da postura
Puxado para sentar: cabeça tombada em extensão completa. sentada, pela falta do equilíbrio entre a ação dos músculos
Sentado: cabeça tombada em flexão sem nenhuma tentativa flexores e extensores.
de elevar. Baixo repertório de GMs.
Reflexos primitivos ausentes. Manutenção do atraso na aquisição dos marcos motores até o final
Movimentos espontâneos: tremores musculares, movimentos do primeiro ano de vida por grande número de bebês.
aleatórios, lentos e globais com alguns movimentos rápidos.
≥ 32 Hipotonia predominante em membros superiores e menor em Tendência à diminuição da hipotonia com o desenvolvimento.
semanas membros inferiores. Em comparação com bebês a termo:
de IG Postura predominante: extensão dos membros superiores e Atraso comum do desenvolvimento do controle da cabeça e da
flexão dos membros inferiores. postura sentada, pela falta do equilíbrio entre a ação dos músculos
Resistência parcial aos movimentos passivos de adução do flexores e extensores.
ombro, extensão do cotovelo e do joelho, com maior Presença moderada de GMs.
mobilidade das articulações proximais dos membros Diminuição do número de crianças com atraso por volta dos 6-9
superiores. meses com o início da aquisição dos marcos motores relacionados
Suspensão horizontal: braços e pernas pendentes com à descarga de peso em membros inferiores.
tentativa de horizontalizar a cabeça e diminuir a curva cifótica
completa da coluna.
Puxado para sentar: tentativa de trazer a cabeça em flexão,
mas parcialmente.
Sentado: cabeça tombada em flexão, mas com tentativa de
levantar.
Reflexos primitivos parciais ou fracos.
Predominância dos movimentos espontâneos no tronco e
diminuição dos tremores musculares.
O nascimento prematuro interrompe a evolução normal dos eventos intrauterinos, gerando um risco para o desenvolvimento
extrauterino.5
A literatura de referência considera que as alterações funcionais do prematuro, na ausência de patologia ou afecção, são decorrentes da
interrupção da maturação intrauterina do SNC e/ou da exposição do prematuro ao ambiente externo e seus múltiplos estímulos. Essas
alterações funcionais podem ser evidenciadas no desenvolvimento pós-natal do primeiro ano de vida, mas também em outro período do ciclo
da vida do prematuro, mesmo quando o desenvolvimento inicial é considerado normal.1,9,22,28
Alguma luz sobre o desenvolvimento do SNC dos prematuros tem sido oferecida a partir de exames complementares. Zomignani e
colaboradores,5 em um estudo de revisão, concluíram que a interrupção do período de desenvolvimento intrauterino pode determinar
alterações encefálicas. Com isso, determinadas funções que são esperadas para o bebê/a criança podem não encontrar a sua correlação
com o desenvolvimento necessário do SNC.
Zomignani e colaboradores6 encontraram como métodos usados para avaliar o desenvolvimento do SNC de prematuros: ressonância
magnética (RM), ultrassonografia transcraniana e eletroencefalografia.
O Quadro 10 resume os achados da revisão de Zomignani e colaboradores6 em relação aos estudos do encéfalo.
Quadro 10
Alterações no volume da substância branca e da substância cinzenta. Maior alteração cognitiva em meninas.
Desenvolvimento atrasado dos giros cerebrais.
Alteração do desenvolvimento e da maturação da substância branca cerebral. Possibilidade de comprometimento da cognição referente à
lateralização e à transferência inter-hemisférica.
Em relação aos estudos de neuroimagem5 referentes a outras áreas do SNC, os achados mostraram:
IG;
presença de lesões;
eventos de hipóxia ou anoxia;
infecções;
doenças pulmonares;
uso de ventilação;
nutrição;
hipoglicemia;
hipotireoidismo;
hiperbilirrubinemia.
Ball e colaboradores29 analisaram o desenvolvimento espacial e temporal das microestruturas do córtex de 65 bebês utilizando o exame de
RM, corroborando os achados de Zomignani e colaboradores.5 Os autores revelaram que o desenvolvimento seguiu a hipótese de que a
maturação inicial da conexão de longa distância do córtex estabelece os sulcos e que os giros se desenvolvem depois. Tal ocorrência implica
a diminuição da difusão e da anisotropia (passagem molecular do local de maior concentração para o de menor concentração e tendência
de variação direcional, respectivamente, utilizadas na RM para o mapeamento das fibras dos tratos cerebrais) de forma localizada no sulco
quando comparada com a superfície do giro e com sulcos anteriormente formados.5,29
A não identificação do declínio da anisotropia no exame dos bebês foi relacionada com a prematuridade, que tornou a maturação mais lenta,
predizendo, por isso, um pior desenvolvimento funcional aos 2 anos. As principais alterações funcionais que os autores encontraram ao
avaliar os prematuros foram dificuldade de atenção e de aprendizagem (principalmente da matemática), bem como alterações de linguagem,
visomotoras, de planejamento, de orientação espacial, da coordenação motora e do equilíbrio. Essas alterações funcionais, assim como as
alterações do SNC às quais se relacionam estão, também, na dependência de outros fatores denominados fatores de risco.5,29
A extrema prematuridade favorece a inadequada nutrição pós-natal, o adoecimento e o estresse gerado pelo ambiente extrauterino.
Esses fatores estão relacionados à maior frequência de lesão encefálica e às infecções pós-natais graves. O peso ao nascer também
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q ç p g p
pode configurar risco para o desenvolvimento.
Em relação aos recém-nascidos de BP (< 2.500g), como já comentado anteriormente, existem os com MBP (menos de 1.500g) e EBP
(menos de 1.000g). Complicações neonatais, como a hemorragia intracraniana, a anoxia, as doenças que necessitam de suporte ventilatório,
a hiperbilirrubinemia e as infecções, estão associadas à maior prematuridade e ao menor peso ao nascer. Essas complicações, assim como
as convulsões nas primeiras semanas de vida, também podem levar a desfechos com danos permanentes ao encéfalo.3,7
Beccaria e colaboradores9 reconhecem que cerca de 15% dos prematuros extremos podem desenvolver paralisia cerebral e que
cerca de 50% deles desenvolverão algum grau de comprometimento motor.
Em relação aos fatores do ambiente neonatal, os riscos dizem respeito principalmente ao tempo de internação na UTIN. Essencialmente,
os bebês críticos intubados experimentam uma quantidade de estímulos nociceptivos que pode contribuir para o desenvolvimento atípico do
encéfalo e a consequente alteração do desenvolvimento desses prematuros. Em relação ao ambiente familiar, há fatores de risco conhecidos
para a prematuridade em si, que continuam a manter em risco o desenvolvimento, principalmente pela desnutrição e baixa qualidade de
estímulos oferecidos à criança, como:22
a baixa escolaridade;
a desvantagem socioeconômica;
a fragilidade dos vínculos das famílias.
Embora o primeiro ano de vida seja determinante em relação às aquisições motoras, as consequências a longo prazo no desenvolvimento
dos prematuros também podem ser encontradas, principalmente associadas às condições socioeconômicas desfavoráveis. Por volta dos
3 anos, predominam as dificuldades de atenção, enquanto alterações comportamentais e cognitivas, de memória, planejamento e execução,
são mais frequentes após esse período. Também se reconhece que, até a idade escolar (por volta dos 6 anos de idade), os prematuros,
mesmo aqueles que tiveram desenvolvimento normal no primeiro ano de vida, têm maior risco para:28
incapacidades motoras;
alterações das habilidades cognitivas verbais e não verbais;
déficit de atenção;
hiperatividade;
alterações neuropsicológicas.
■ ACOMPANHAMENTO DO DESENVOLVIMENTO
Apesar de a tecnologia de imagens disponível para estudar o SN dos neonatos acompanhar o DNPM e detectar precocemente possíveis
desvios nas crianças típicas, ainda é um desafio, principalmente nas nascidas a termo.9
A observação dos movimentos espontâneos, das atividades funcionais ou dos marcos motores é uma ferramenta importante para
acompanhar o DNPM dos neonatos. Uma vez padronizada e sistematizada, a observação permite comparar o DNPM da própria
criança em diferentes momentos da vida, entre as crianças de um mesmo grupo e entre diferentes grupos.9
Segundo Silva e colaboradores,15 as aquisições motoras no primeiro ano de vida são marcadores relevantes do prognóstico do
desenvolvimento global da criança.
O período compreendido entre o nascimento e o final do primeiro ano de vida é considerado como um dos mais críticos para o
desenvolvimento infantil pela grande atividade de plasticidade do SNC.7
Nos primeiros anos de vida, os atrasos motores são as primeiras manifestações observáveis de possíveis desordens do desenvolvimento. A
criança em risco, quando tem identificação precoce de alteração do DNPM, também tem, pelas intervenções planejadas, possibilidade de
melhor prognóstico.15,27
Para o período neonatal, assim como para a primeira infância (até o terceiro ano de vida), têm sido bem estabelecidos não só os
instrumentos, mas também a frequência de acompanhamento para a identificação de alterações no desenvolvimento. Pode-se considerar
que a escolha de um instrumento de avaliação deve levar em conta a especificidade e a sensibilidade desse instrumento para responder às
perguntas feitas.
Estudos longitudinais de seguimento (follow-up) utilizando instrumentos padronizados de avaliação do desenvolvimento em crianças,
principalmente em bebês prematuros e de risco, permitem conhecer mudanças a médio e longo prazo do desenvolvimento. Além
disso, os estudos apontam a necessidade de comparar grupos específicos (como de prematuros) entre si, utilizando-se variáveis
estratificadas (como a IG).3
O estudo de revisão de Silva e colaboradores15 identificou os principais instrumentos indicados para avaliar o desenvolvimento de crianças
pré-termo, e o estudo de revisão de Zeppone e colaboradores7 identificou como é feita a vigilância do desenvolvimento infantil no Brasil. O
mapa de instrumentos ou testes para avaliar e/ou acompanhar o desenvolvimento apresenta os resultados desses estudos (Figura 11).
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22. Com relação ao desenvolvimento neuropsicomotor de crianças nascidas pré-termo, o que elas podem apresentar quando
comparadas com crianças nascidas a termo? Quando comparadas com outras crianças pré-termo, o desenvolvimento está
relacionado principalmente a que fatores intrínsecos?
A) Por ter passado menor tempo na postura flexora intrauterina, o neonato prematuro apresentará hipotonia muscular global, que
é tanto maior quanto menor a idade gestacional.
B) Quanto maior a hipotonia, maior a amplitude de movimento das articulações e menor a resistência ao estiramento passivo dos
músculos flexores.
C) Bebês prematuros extremos tendem a ter um desenvolvimento motor inicial compatível com o desenvolvimento típico e a
apresentar alterações cognitivas e comportamentais, assim como de coordenação motora e equilíbrio mais tardiamente.
D) O prematuro com menos de 32 semanas de idade gestacional apresenta ausência de resistência aos movimentos passivos de
adução do ombro, extensão do cotovelo e do joelho, bem como grande mobilidade das articulações proximais.
Confira aqui a resposta
24. Assinale V (verdadeiro) ou F (falso) considerando o desenvolvimento do sistema nervoso central dos prematuros.
( ) O nascimento prematuro interrompe a evolução normal dos eventos intrauterinos gerando um risco para o desenvolvimento
extrauterino.
( ) Os métodos usados para avaliar o desenvolvimento do sistema nervoso central de prematuros (ressonância magnética,
ultrassonografia transcraniana e eletroencefalografia) revelaram alterações como desenvolvimento atrasado dos giros cerebrais,
diminuição do volume da substância cinzenta, aumento do volume do lobo temporal e diminuição do volume de áreas pré-frontais.
( ) Eventos de hipóxia ou anóxia, doenças pulmonares e hipertireoidismo estão entre as variáveis que interferem no desenvolvimento
do sistema nervoso central e devem ser controladas.
( ) As principais alterações funcionais encontradas na avaliação dos prematuros foram dificuldade de atenção e de aprendizagem
(principalmente da matemática), bem como alterações de linguagem, visomotoras, de planejamento, de orientação espacial, da
coordenação motora e do equilíbrio.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
A) V – F – F – V.
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B) F – V – V – F.
C) V – F – V – F.
D) F – V – F – V.
Confira aqui a resposta
A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a I e a III.
C) Apenas a II e a III.
D) A I, a II e a III.
Confira aqui a resposta
27. O que é idade corrigida, como se calcula e por que é importante conhecê-la para avaliar o desenvolvimento motor?
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29. Pensando que a criança é prematura e olhando as imagens dela em supino (Figura 12A), prono (Figura 12B), sentada (Figura
12C) e de pé (Figura 12D), correlacione o desenvolvimento motor dela com o desenvolvimento de uma criança a termo típica com
a mesma idade cronológica.
Figura 2 – A) Bebê prematura em supino. B) Bebê prematura em prono. C) Bebê prematura sentada. D) Bebê prematura em pé.
Fonte: Arquivo de imagens das autoras.
30. Como se sabe que uma criança está em atraso do desenvolvimento motor e por que o atraso acontece?
31. Para o fisioterapeuta, qual é a importância dos achados das avaliações do desenvolvimento?
■ CONCLUSÃO
Estudos de segmento que avaliam o DNPM de crianças a termo têm concluído que pequenas alterações na qualidade dos movimentos no
início da vida podem predizer alterações mais evidentes do DNPM na fase escolar ou na adolescência, principalmente em crianças em
desvantagem socioeconômica.
Em relação às crianças pré-termo, as alterações do DNPM observadas no primeiro ano de vida também são preditoras de alterações nas
demais fases do desenvolvimento. Entretanto, mesmo os prematuros com desenvolvimento considerado normal no primeiro ano de vida
podem apresentar alterações cognitivas comportamentais ou motoras mais tardiamente Por isso as crianças devem ser avaliadas
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podem apresentar alterações cognitivas, comportamentais ou motoras mais tardiamente. Por isso, as crianças devem ser avaliadas
periodicamente até a idade escolar e na adolescência.
Existem vários instrumentos para triagem/avaliação de crianças com atraso ou alteração do DNPM e para acompanhamento (evolução)
desse desenvolvimento. No entanto, conhecer o desenvolvimento típico do bebê a termo e o desenvolvimento esperado para o bebê pré-
termo é condição essencial para o fisioterapeuta acompanhar uma criança e detectar alterações.
A detecção precoce de alterações do DNPM favorece a intervenção precoce para evitar alterações funcionais e promover o desenvolvimento
de habilidades que permitam o máximo de independência funcional.
Além da avaliação do DNPM da criança, é preciso conhecer as possibilidades que o ambiente no qual ela vive oferece para estimular o
desenvolvimento. Assim, conhecer a história da criança e da sua família sobre diversos aspectos – social, econômico, relacional,
educacional, etc. – é parte importante da avaliação do fisioterapeuta. Embora não tenham sido o tema deste artigo, existem instrumentos
padronizados que podem ajudar a conhecer as oportunidades do ambiente domiciliar para o desenvolvimento infantil.
Atividade 25
Resposta: O nascimento prematuro pode vir associado a uma série de fatores de risco que tornam a criança mais vulnerável a alterações do
DNPM. Dentre tais fatores de risco, destacam-se os fatores da criança e os fatores do ambiente. Em relação aos fatores da criança, quanto
menor a IG e o peso ao nascer, maior o risco para o desenvolvimento. A extrema prematuridade favorece a inadequada nutrição pós-natal, o
adoecimento e o estresse gerado pelo ambiente extrauterino. Esses fatores estão relacionados a maior frequência de lesão encefálica e
infecções pós-natais graves. Além disso, complicações neonatais, como a hemorragia intracraniana, a anóxia, as doenças que necessitam
de suporte ventilatório a hiperbilirrubinemia e as infecções estão associadas a maior prematuridade e menor peso ao nascer Essas
PRÓXIMO
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