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Fernanda Robert
de Mello
Açúcares, mel e adoçante
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
O açúcar é um termo genérico para carboidratos simples cristalizados
comestíveis, principalmente sacarose, obtido a partir da cana-de-açúcar
ou da beterraba. O mel é considerado um fluido viscoso, aromático e
doce elaborado a partir do néctar das flores e de secreções de partes
vivas de determinadas plantas. Já os adoçantes são os produtos que
tem por finalidade conferir o sabor doce aos alimentos e às bebidas, em
substituição à sacarose.
Existem diversos tipos de açúcares, mel e adoçantes que podem ser
analisados por diferentes métodos analíticos capazes de identificar e
quantificar a presença desses compostos em alimentos. Neste capítulo,
você vai conhecer os principais tipos de açúcares, mel e adoçantes, os
principais métodos utilizados para análise desses compostos e suas es-
truturas químicas.
Açúcar
De acordo com Castro (2013), o açúcar é produzido por todos os vegetais
clorofilados, por meio de um processo conhecido como fotossíntese. A com-
2 Açúcares, mel e adoçante
Mel
Segundo o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA),
mel é o produto alimentício produzido pelas abelhas melíferas, a partir do
néctar das flores ou das secreções procedentes de partes vivas das plantas ou
de excreções de insetos sugadores de plantas que ficam sobre partes vivas de
plantas, que as abelhas recolhem, transformam, combinam com substâncias
específicas próprias, armazenam e deixam madurar nos favos da colmeia.
O mel é classificado de acordo com as plantas utilizadas na sua elaboração.
Portanto, este pode ser monofloral, ou seja, produzido a partir do néctar de
uma única flor, ou polifloral, ou seja, produzido a partir do néctar de diversas
espécies florais. Na hora de fazer o rótulo do mel, citando a origem botânica,
é necessário que essa planta esteja em pelo menos 80% de dominância no mel.
Tipos de mel
Mel mais fluido porque, em geral, tem 70% de açúcares. As abelhas sem
ferrão costumam visitar diversos tipos de plantas ao mesmo tempo, por isso,
a característica do mel é influenciada mais pelo tipo de abelha produtora do
que pela espécie de planta visitada.
Adoçantes
Os adoçantes são aditivos alimentares de sabor extremamente doce, utilizados
em alimentos e bebidas industrializados com o objetivo de substituir total ou
parcialmente o açúcar.
De acordo com Torloni et al. (2007), os adoçantes são substitutos naturais
ou artificiais do açúcar que conferem o sabor doce com menor número de
calorias por grama. Os adoçantes são compostos por substâncias edulcorantes
(que adoçam) e por um agente de corpo, que confere boa aparência, textura e
durabilidade ao produto final. São classificados em dois grupos conforme a
origem: os naturais e os artificiais.
Segundo Ortolani et al. (2008), as substâncias naturais são normalmente
extraídas de frutas e vegetais e os artificiais são produzidos em laboratório.
Ou, ainda, são classificados de acordo com o valor nutricional: em nutritivos,
os quais fornecem energia e textura aos alimentos, e não nutritivos, sendo
aqueles que têm elevado poder de doçura e não têm calorias, com exceção
do aspartame, que, embora tenha calorias, seu elevado poder de doçura as
torna desprezíveis.
Tipos de adoçantes
Análise de açúcares
A análise dos açúcares nos alimentos tem alta importância no controle de
qualidade dos produtos finais. Os açúcares são classificados como carboidra-
tos, tendo subclassificações de acordos com suas características químicas.
Bruice (2014) esclarece que os carboidratos são classificados de duas for-
mas: os carboidratos simples, que são os monossacarídeos, e os carboidratos
complexos, que são compostos por dois ou mais monossacarídeos ligados
entre si. Os complexos que têm apenas dois monossacarídeos ligados entre si
são classificados como dissacarídeos. Entre 3 a 10 monossacarídeos ligados
entre si, classificam-se como oligossacarídeos, acima disso, os carboidratos
complexos são classificados como polissacarídeos.
Dentre os carboidratos classificados como monossacarídeos, encontram-se
principalmente a glicose, a frutose e a galactose. A sacarose, a maltose e a
lactose são exemplos de dissacarídeos e o amido é um exemplo de polissa-
carídeo (BRUICE, 2014). A sacarose, açúcar proveniente da cana-de-açúcar,
é composta por uma molécula de glicose ligada a uma molécula de frutose,
ambos monossacarídeos (BRUICE, 2014).
Existem diversos métodos analíticos capazes de identificar e quantificar
a presença de açúcares em alimentos, sendo os principais deles:
Análise de mel
O mel é uma solução aquosa concentrada de açúcares, geralmente com pre-
dominância de frutose e glucose, e de pequenas quantidades de dextrinas,
enzimas, ceras, óleos voláteis, ácidos orgânicos, éteres, substâncias gomosas,
albuminoides e minerais. A principal forma de falsificação do mel é pela
adição de açúcar comercial, glucose e dextrinas. Além disso, pode ocorrer no
comércio mel artificial, que é constituído por açúcar com adição de substâncias
aromáticas e/ou de mel natural. A análise do mel tem por finalidade descobrir
se o produto é genuíno, artificial ou falsificado.
Os métodos de análise que permitem detectar as adulterações, determinar
o estado de conservação ou submissão a processos de aquecimento baseiam-
-se essencialmente em determinações usuais, tais como hidroximetilfurfural
(HMF), atividade diastásica, acidez total e reações de Lund e Fiehe.
10 Açúcares, mel e adoçante
Acidez total: a acidez do mel, para além de contribuir para o seu sabor,
também é responsável por conferir estabilidade, impedindo a degradação
microbiana e, assim, influenciar a sua conservação. Este parâmetro depende
de vários fatores, destacando-se a origem floral (KÜÇÜK et al., 2007) e a
época de colheita (OJEDA DE RODRIGUEZ et al., 2004). Estudos sobre a
acidez no mel e o seu pH indicam que este está compreendido entre 3,5 e 4,5
(BOGDANOV; RUOFF; ODDO, 2004).
A acidez no mel é proveniente da variação dos ácidos orgânicos, em que
a enzima glicose-oxidase, ao agir sobre a glicose, origina o ácido glicônico.
Essa enzima mantém sua ação mesmo após processamento e armazenamento,
portanto, esses ácidos permanecem dissolvidos na solução aquosa do mel e
produzem íons de hidrogênio que promovem a acidez, sendo possível indicar
as condições de armazenamento e fermentação (SILVA; QUEIROZ; FIGUEI-
12 Açúcares, mel e adoçante
Análise de adoçantes
De modo a assegurar a segurança do consumidor, é, não só necessário, mas
essencial controlar o conteúdo de edulcorantes nos alimentos. A utilização
de métodos analíticos baseados em diferentes princípios de aplicação estão
disponíveis para a obtenção de informação do conteúdo dos alimentos, per-
mitindo verificar se os limites máximos de utilização definidos por lei são
cumpridos (WASIK; MCCOURT; BUCHGRABER, 2007).
De acordo com Zygler Wasik e Namieśnik (2009) e Wasik, Mccourt e
Buchgraber (2007) o processo de desenvolvimento de um determinado método
analítico para a determinação de adoçantes depende de uma série de fatores,
Açúcares, mel e adoçante 13
CH2OH CH2OH
OH O O
OH OH
OH OH CH2OH
OH OH
Glicose Frutose
CH2OH CH2OH
O O
H2O H
OH OH
O CH2OH
OH OH
Sacarose
H 6
CH2OH
4
HO O
5 H
HO H
3 2 1 H
H OH
H+ ou enzima invertase
6
HOCH2 O
O H2O
5 H HO 2
1
H 4 3 CH2OH
OH H
Sacarose
H
CH2OH HOCH2 OH
O
HO O
H H HO
HO H
H H CH2OH
H OH
OH OH H
Glicose Frutose
Açúcar invertido
adoçante e não são calóricos, com exceção do aspartame, embora seu poder
de adoçamento torne suas calorias desprezíveis.
Os edulcorantes aprovados no Brasil para uso em adoçantes dietéticos são:
sacarina, ciclamato, aspartame, esteviosídeo, acessulfame-K e sucralose. Os
edulcorantes apresentam características físico-químicas diferenciadas, de
acordo com a sua origem. O Quadro 1 apresenta as características de alguns
tipos de edulcorantes.
Calorias 0 0 4 0 0 0
(unidade)