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Farmacologia e Terapêutica

Terapêutica Medicamentosa
O utente deve…
o Preparação
o Respeitar os direitos de outros utentes o Administração
o Respeitar os direitos dos profissionais de saúde com os quais se o Vigilância
relacione o Ensinos sobre medicação
o Respeitar as regras de organização e funcionamento dos e efeitos
serviços e estabelecimentos de saúde o Incentivar a
o Colaborar com os profissionais de saúde em todos os aspetos adesão\autogestão do RT
relativos à sua situação o Avaliar a capacidade do
o Pagar os encargos que derivem da prestação dos cuidados de cuidador\familiar para a
administração de
saúde, quando for caso disso
terapêutica

O uso não terapêutico de medicamentos


o Muitas pessoas dão uso indevido a medicamentos – excessos, pressão de pares, curiosidade, busca
de prazer, automedicação
o O Enfermeiro tem o dever moral e legal de compreender e alertar as pessoas que fazem usos
indevidos
o É importante o enfermeiro conhecer as alterações decorrentes do abuso (ou do uso) dos
medicamentos, sejam elas de nível psicológico, físico ou social

Vias de Administração
Para que um fármaco atue é necessário que atinja o local de ação e, para isso, terá de ser introduzido no
organismo ou aplicado superficialmente. À porta de entrada no organismo, ou local onde se aplica o
medicamento, chamamos via de administração.

Vias não parentéricas (indiretas) e Vias parentéricas (diretas)

A sua utilização não implica nenhum traumatismo A sua utilização implica uso de agulhas para
ou punção. O fármaco é absorvido através da penetrar nos tecidos
pele ou das mucosas, ou aplicado nestas
estruturas

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Princípios orientadores na preparação e administração nas diversas vias

Vias não parentéricas


Princípios Gerais
• Conhecer as normas da instituição/serviço
• Verificar a integridade das soluções a administrar (transparência, partículas em suspensão) e dos
recipientes onde estão contidas, bem como as datas de validade
• A preparação, administração e o respetivo registo devem ser efetuados pelo mesmo enfermeiro
• Os medicamentos devem manter-se dentro dos invólucros/embalagens em que se encontram,
abrindo-se apenas imediatamente antes da sua administração
• Quando o medicamento necessita de conservação em frigorífico, deverá ser administrado quando
estiver à temperatura ambiente
• Administrar só os fármacos e a dose prescrita
• Conferir sempre que existam duvidas
• Identificar a pessoa com o Folha terapêutica/prescrição
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• Conferir o rótulo do fármaco com a prescrição
• Lavar as mãos sempre, antes da preparação e da administração do fármaco
• Respeitar as normas de assepsia
• Respeitar a privacidade do cliente
• A avaliação do cliente antes, durante e após a administração, bem como o ensino são fundamentais
para garantir a segurança física e psicológica
• O respeito ao direito dos clientes de conhecer a razão da administração do medicamento e os
efeitos (in)desejados, bem como o direito de recusa e o direito de privacidade tem que ser tomados
em conta
• Conhecer os possíveis efeitos secundários do fármaco
• Explicar o procedimento ao cliente, tendo em conta toda a informação sobre o medicamento
• Registar a administração do fármaco (quem prepara, administra e regista)
• Avaliar a resposta do cliente à medicação

Através da: Pele • Via percutânea Mucosas • Digestiva


• Via auricular • Respiratória
• Outras (vaginal, uretral…)

Via Digestiva
o Via bucal – Efeitos tópicos
➢ Ex.: pastilhas, comprimidos, formas líquidas, formas semissólidas

o Via sublingual – Rapidamente absorvido


➢ Ex.: eps, formas líquidas

o Via oral – Rápida ou lenta absorção, pode


ser tópico (raro)

o Via retal – Efeito tópico ou sistémico


➢ Ex.: supositórios, clisteres, f.
semissólidas ou líquidas

Outras
o Via genitourinária
• Via uretral – Efeito tópico
➢ Ex.: Comprimidos uretrais
• Via vaginal – Efeito tópico
➢ Ex.: Comprimidos vaginais, óvulos, pomadas, soluções, suspensões

o Via ocular ou conjuntival – Efeito tópico ou regional


➢ Ex.: gotas, colírios

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Via Oral
Finalidade (e vantagens):
• Utilizar uma via simples de administração
• Administrar uma terapêutica com o mínimo de desconforto e complicações
• Manter a continuidade terapêutica no domicílio
• Proporcionar uma via económica, segura, simples
• Aproveitamento da permeabilidade da mucosa do tubo digestivo para obter efeito sistémico

Desvantagens:
• Sabor desagradável
• Desadequada para clientes que apresentam náuseas, vómitos e diminuição da motilidade intestinal
• Possível irritação da mucosa oral e/ou gastrointestinal
• Contraindicado em: jejuns, estados de inconsciência, dificuldades de deglutição

Fatores que condicionam a biodisponibilidade:

Material:
• Prescrição terapêutica
• Tabuleiro
• Medicamento prescrito
• Recipiente para o medicamento (se necessário)
• Copo com água (se necessário)
• Copo graduado, colher ou seringa (se necessário)
• Toalhetes/lenço de papel (se necessário)
• Saco ou recipiente para sujos/resíduos hospitalares

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Administração de medicamentos via oral (comprimidos, drageias e cápsulas):
• Manipular o medicamento sem o contaminar
o Utilizar a tampa da embalagem (como intermediário) para o passar para o recipiente
próprio (se não for unidose)
o Abrir a unidose junto da pessoa
o Quando necessário triturar o comprimido e diluir em água

• Preparação de medicamentos em pó
o Dissolver em quantidade adequada de líquido e assegurar a completa diluição
o Deve ser assegurada a toma, logo após a preparação (se assim não for é considerado
contaminado

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Administração de medicamentos via oral (medicamentos líquidos):
• Utilizar recipientes transparentes e graduados
• Agitar a embalagem garantindo a homogeneidade
• Colocar o copo/recipiente à altura dos olhos para efetuar a leitura correta (superfície plana)
• O frasco que contém o líquido deve manter-se com o rótulo voltado para cima

Administração de medicamentos via oral (ampolas bebíveis):


• Proteger cada extremidade com algodão ou compressa antes de quebrar
• Adicionar água ao medicamento
• Medicamentos em gotas
o Geralmente prescritas em numeração romana
o Geralmente quantidades pequenas, pelo que se devem juntar a um líquido

Via Sublingual
O medicamento, geralmente na forma de comprimidos sublinguais, aplica-se sob a língua, de modo a
contatar com o pavimento da boca e a face inferior da língua
• Carateriza-se por rápida absorção
o Pequena espessura do epitélio de revestimento da mucosa da cavidade oral
o Ricamente vascularizado (→ veia cava superior, s/ metabolismo de 1ª passagem)
• Útil para autoadministração
• É uma via usada em situações de urgência para medicamentos potentes - como nitroglicerina para
a angina de peito

Procedimento:
• Colocar o medicamento debaixo da língua
• Esperar que o medicamento seja completamente absorvido, para proporcionar o efeito terapêutico
pretendido

Finalidades:
• Utilizar uma via simples de administração dado que proporciona uma fácil aprendizagem
• Manter a continuidade terapêutica no domicílio
• Proporcionar uma absorção rápida e sistémica (indicada em algumas situações de emergência; não
passa pelo fígado)
• Proporcionar uma via económica, segura, simples

Desvantagens:
• Permanece debaixo da língua até ser absorvido

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Via (Per)cutânea, Tópica ou Transdérmica
Finalidades:
• Promover a hidratação/lubrificação da pele
• Proteger a superfície cutânea
• Aliviar a irritação cutânea
• Promover a cicatrização
• Promover a analgesia
• Produzir vaso constrição ou vaso dilatação local
• Obter ação antisséptica ou antimicrobiana
• Obter efeito terapêutico sistémico por via transdérmica

Desvantagens:
• Mancha a roupa
• Produzir efeitos não desejados se for colocado em soluções de continuidade
• Pobre absorção
• Efeitos tóxicos após absorção
• Desenvolvimentos de alergias
• Irritação da pele

Material:
• Prescrição terapêutica
• Tabuleiro
• Recipiente para o medicamento (se necessário)
• Medicamento prescrito
• Cuvete (se necessário)
• Material para higiene (se necessário)
• Ligadura ou manga tubular (se necessário)
• Adesivo e compressas (se necessário)
• Luvas (se necessário)
• Saco ou recipiente para sujos/resíduos hospitalares

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Aplicação Transdérmica:
• Antes de aplicar novo fármaco, remover sempre o anterior
• Na administração e remoção, evitar tocar na zona impregnada com o medicamento (se necessário,
usar luvas)
• Promova rotatividade de locais, para evitar irritação

Via Oftálmica
o A pressão direta sobre o globo ocular está contraindicada
o Aconselhar os clientes que tenham feito dilatação da pupila a usarem óculos escuros para reduzir a
fotofobia
o Aconselhar a pessoa a não conduzir ou exercer atividades que necessitem de visão apurada,
sempre que se apliquem medicamentos que alteram a acuidade visual
o Utilização de uma embalagem de medicamentos para cada pessoa e, assim, evitar a infeção

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Finalidades:

• Promover ação antisséptica e antimicrobiana


• Aliviar a irritação local
• Proporcionar tratamento local (ex. dilatação pupila; lubrificação da córnea e conjuntiva)
• Permitir a realização correta de exames auxiliares de diagnóstico
• Promover anestesia local

Desvantagens:
• Pode provocar alteração da acuidade visual
• Desconforto

Material:
• Prescrição terapêutica
• Tabuleiro
• Medicamento prescrito
• Cuvete, se necessário
• Penso oftálmico, se necessário
• Adesivo, se necessário
• Compressas
• Luvas, se necessário
• Solução estéril para lavagem, se necessário
• Saco ou recipiente para sujos/resíduos hospitalares

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Pomadas:

Gotas:

Via Nasal
Advertir a pessoa para a possibilidade de existir elevação da pressão arterial e aumento da congestão nasal
no caso da utilização prolongada de fármacos vasoconstritores
Informar a pessoa de que poderá vir a sentir o sabor do medicamento uma vez que as narinas drenam para
a porção posterior da cavidade oral e da orofaringe.
Finalidades:
• Aliviar o desconforto
• Aliviar a congestão nasal
• Obter ação antialérgica, anti-inflamatória e/ou antimicrobiana
• Facilitar drenagem secreções

Desvantagens:
• Possível ação sistémica

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Material:
• Folha terapêutica
• Tabuleiro
• Medicamento prescrito
• Cuvete, se necessário
• Lenços de papel
• Compressas, se necessário
• Luvas, se necessário
• Solução estéril parar lavagem, se necessário
• Saco ou recipiente para sujos/resíduos hospitalares

Via Inalatória
Finalidades:
• Introduzir medicamentos pela árvore respiratória
• Obter uma ação rápida e eficaz

Desvantagens:
• Riscos decorrentes de ação sistémica

Formas farmacêuticas gasosas:


• Para administração pela via traqueobrônquica e pulmonar (ou alveolar)

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o Utilizam-se dispersões finas de um líquido ou sólido num gás (aerossóis)
ou a mistura dois líquidos imiscíveis ou emulsionáveis e um
vapor, normalmente de um dos líquidos (sprays)
Também as nebulizações são dispersões
de gotas para aplicação na via respiratória
Dispersão fina de um líquido ou sólido
num gás que é aplicado na forma de
“nevoeiro”
Sistemas de 3 fases – 2 líquidos não miscíveis ou
Administração:
emulsionáveis e 1 vapor (normalmente de um dos líquidos)
- Inalação pela árvore respiratória
- Aplicação local na pele ou numa mucosa

Via Auricular
Finalidades:
• Aliviar o desconforto
• Obter ação anti-álgica, anti-alérgica, anti-inflamatória e\ou anti-microbiana
• Amolecer o cerúmen do canal auditivo externo

Desvantagens:
• Possível ação sistémica e desconforto

Material:
• Prescrição terapêutica e medicamento prescrito
• Tabuleiro
• Cuvete e luvas (se necessário)
• Lenços de papel \compressas
• Saco ou recipiente para sujos\resíduos hospitalares

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Via vaginal
Óvulos, irrigações, cremes, espuma ou gel

Consistência mole, forma oval, peso ~ 8 a 15 g


Destinam-se a ser introduzidos na vagina
Excipiente: glicerina solidificada

Finalidades:
• Prevenir e\ou tratar infeções vaginais
• Aliviar a irritação ou o prurido localizado

Desvantagens:
• Pode interferir com a intimidade e privacidade
• Desconforto

Material:

• Folha terapêutica e medicamento prescrito


• Tabuleiro
• Aplicador, material para higiene, penso perineal, compressa e cuvete (se necessário)
• Luvas
• Saco ou recipiente para sujos\resíduos hospitalares

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➢ Deve-se evitar a utilização de tampões uma vez que podem irritar a mucosa, impedir a drenagem
de exsudados e absorver o medicamento
➢ As irrigações vaginais não devem ser executadas, após a administração de um fármaco, uma vez
que podem comprometer a eficácia terapêutica

o Duche Vaginal
• Utilizar irrigador próprio e individual
• Preparar a solução
• Colocar arrastadeira sob as nádegas
• Afastar os grandes lábios e introduzir a cânula adaptada ao irrigador cerca de 5 cm
• Após limpar e secar a zona genital e peri-genital

Via Retal
Finalidades:
• Facilitar a eliminação intestinal

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• Proporcionar uma via alternativa que permita efeito sistémico, quando via oral contra-indicada
(vómitos, sabor, pessoas inconscientes, ...)
• Evita a ação metabolizadora do fígado
• Obter ação local ou sistémica

Desvantagens:
• A dose de medicamento que é absorvida não é conhecida
• Possível irritação mucosa retal
• Desconforto
• Contra-indicada: Diarreia, patologias Intestinais, lesões ânus

Material:
• Prescrição terapêutica e medicamento prescrito
• Tabuleiro
• Material para higiene, se necessário
• Gel lubrificante hidrossolúvel
• Resguardo
• Compressas, se necessário
• Luvas
• Saco ou recipiente para sujos/resíduos hospitalares

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Vias Parentéricas
A terapêutica parentérica, uma vez administrada, não se pode retirar!

Sanguíneas
o Via endovenosa – Solução aquosa ou hidroalcoólica

o Via intra-arterial – Solução aquosa ou hidroalcoólica

o Via intracardíaca – Solução aquosa ou hidroalcoólica Serosas


o Via intrapleural – Pouco absorvido
o Via intraperitoneal – Absorvido
Medula Óssea
o Via sinovial – Pouco absorvido
o Via intramedular (óssea) – Rapidamente absorvido

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Via Intramuscular
Finalidades:
• Administrar fármacos irritantes para o tecido celular subcutâneo (Diminui a dor)
• Permitir a absorção mais rápida dos fármacos (do que pela via subcutânea)
• Possibilitar a administração de doses superiores à via subcutânea
• Ultrapassar as dificuldades da via oral

Desvantagens:

• Perda de continuidade do tecido e da pele


• Técnica asséptica e necessidade de técnicos qualificados
• Pode produzir estado de ansiedade ao utente e dor

Região de Administração:
• Deltoide
o A correta localização do músculo, previne a lesão do
nervo radial e artéria braquial. O deltoide é um
músculo pequeno em que a quantidade máxima de
medicamento possível de ser administrada são 2ml,
tem a absorção mais rápida relativamente aos outros
Músculos. Ângulo de 90º

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• Região Dorsoglútea
o A determinação correta do local previne a lesão do
nervo ciático e artéria glútea superior. A
quantidade máxima a administrar são 5ml. Ângulo
de 90º
o Localização - Quadrante Superior Externo
o Melhor posição – Decúbito ventral
o Vantagem – Suporta grande quantidade de líquido
o Desvantagem – Risco de lesão do nervo ciático e
artéria glútea
o Contra-indicações – Crianças < 2 anos

• Região Ventroglútea
o Mão no grande trocanter, dedo médio formando um
V com a crista ilíaca. Administração no meio do V até
5ml
o Vantagens – Local isento de nervos e vasos
sanguíneos importantes, Suporta grandes
quantidades de líquidos, Fácil acesso em decúbito
dorsal, ventral e lateral, Menos dolorosa
o Desvantagens – Ansiedade do utente por
desconhecimento

• Reto Anterior
o O recurso a este músculo para administração de
qualquer medicamento, deve ser MUITO cautelosa
pelo fato de estar próximo do nervo ciático, artéria e
veia femural

• Vastolateral
o Nas crianças, este músculo, está habitualmente
bem desenvolvido e tem a vantagem de estar
afastado de nervos e vasos sanguíneos
importantes. Permite nos adultos, com massa
muscular bem desenvolvida, a administração de
uma quantidade de medicamento até 5 ml.
Ângulo de 45º em direção ao pé
o Localização – terço médio da coxa
o Vantagens - Músculo grande e bem desenvolvido,
Acessível, Facilidade de autoaplicação
o Desvantagens – Risco de lesão do nervo cutâneo lateral da coxa, mais doloroso

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Via Intravenosa\Endovenosa
Finalidades:
• Proporcionar um efeito mais rápido do que por outras vias (rápida biodisponibilidade)
• Permitir a administração de maior quantidade de solução
• Ser uma via alternativa (quando o medicamento não é possível de ser administrado por outras vias)

Desvantagens:

• Limitada a fármacos muito solúveis


• A administração do fármaco pode estar desaconselhada devido a alterações circulatórias
• Exige técnicos qualificados
• Exige técnica asséptica

Medicamentos administrados: Antibióticos, estupefacientes, anti-heméticos, antipiréticos, depressores do


S.N.C., tranquilizantes, soros

Indicações para terapêutica IV:


• Situações de risco de vida - correção volémia (hemorragias, queimaduras graves, choque)
• Dieta zero
• Incapacidade ingestão líquidos (vómitos, náuseas, diarreia)
• Necessidade administrar medicamentos degradáveis pelas secreções gástricas
• Manutenção níveis séricos constantes (ex. potássio)
• Alterações anatómicas do trato gastrointestinal

Riscos associados à terapêutica IV:


• Inflamações/infeções locais (flebites) e infeções sistémicas
• Sobredosagem
• Efeitos de instalação rápida de efeitos indesejáveis
• Lesões dos vasos e dos nervos

Considerações gerais:
• A reconstituição dos injetáveis de preparação extemporânea, deve ser feita com água para
preparação de injetáveis, cloreto de sódio a 0,9% ou outro solvente compatível
• A mistura de medicamentos na mesma seringa ou na mesma solução de diluição deve ser evitada,
devido a possíveis problemas de incompatibilidade
• A manipulação de medicamentos e todo o restante material deve ser feita em condições assépticas
de forma a evitar o risco de contaminação
• Após a preparação, as soluções devem ser imediatamente administradas
• Devem ser examinadas as misturas durante a perfusão. Se ocorrer alteração da cor, cristalização ou
qualquer outro sinal a perfusão deve ser interrompida

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• Se conservadas no frigorífico, as soluções reconstituídas ou diluídas devem atingir a temperatura
ambiente antes de serem administradas e decorridas 24 horas sobre a sua preparação deverão ser
inutilizadas

Critérios para a escolha da veia:

• Procurar uma veia que não esteja endurecida ou inflamada


• Quando possível, a primeira opção deve recair numa veia distal dos membros superiores esquerdo
(se o doente é dextro) optando sequencialmente:
1. Dorso da mão - veias metacarpianas: Têm a vantagem de permitir a mobilidade do membro
e de se ocorrer alguma complicação, se poder utilizar uma veia mais proximal
2. Antebraço veias cefálicas ou basílicas
3. Face interna do cotovelo - veias cefálicas ou basílicas: São indicadas para infusões rápidas
ou para colher sangue Não devem ser utilizadas em perfusões prolongadas pois limitam a
mobilização do membro
4. Excecionalmente pode ser puncionada uma veia dos membros inferiores (veia safena plexo
venoso do pé)
5. Em algumas situações recorre se a uma veia central. A sua cateterização é sempre realizada
por um médico e está indicada nas seguintes situações:
▪ Na administração de soluções hipertónicas ou muito irritantes, que necessitam de
diluição rápida em grande volume de sangue para não danificar as veias (ex.:
nutrição parenteral, administração de alguns citostáticos)
▪ Quando não é possível puncionar nenhuma veia periférica - doentes em choque,
obesos, doentes com a rede venosa destruída
▪ Quando há necessidade de avaliar a Pressão Venosa Central
▪ Quando o doente necessita de tratamentos muito prolongados

Cuidados com a administração de medicação IV:


• Atenção à limpidez das soluções
• Excetua-se a insulina de ação intermédia e prolongada que apresenta aspeto turvo
• Atenção à precipitação e à floculação
• Atenção à homogeneização das soluções reconstituídas
• Atenção ao calibre do cateter (hemoderivados)

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• Venopunção\Venipunção
o Indicações:
▪ Administração de terapêutica
▪ Transfusão de sangue e seus derivados
▪ Colheita de amostras de sangue

o Locais de Venopunção:

Reflexão
Sobre o antisséptico que deve ser utilizado: atribui-se maior eficácia e redução das taxas de infeção,
quando se utiliza uma solução aquosa de clorhexidida a 2% em vez de iodopovidona a 10% ou álcool a 70º.
Contudo, o antisséptico a utilizar deve estar de acordo com a política da instituição. Não obstante o CDC
sugere o uso da clorhexidida a 2% e do álcool a 70%. Independentemente do antisséptico utilizado, a pele
deve estar bem seca antes da punção. No caso da desinfeção com álcool, o tempo de secagem não deve
ser inferior a 30 segundos

Material para acesso venoso

• Cateter de várias marcas e modelos (diferentes comprimentos e calibres)


• Agulhas epicraneanas ou buterfly (venipunção de pequenas veias)
• Sistemas IV – câmara de gotejamento, tubo de plástico com espigão e filtro (170 micra)

Possíveis complicações decorrentes da administração da terapêutica endovenosa

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Reações de Hipersensibilidade
• Quase todas as drogas têm a capacidade de produzir reações de hipersensibilidade (alergia)
ocorrendo mais rapidamente quando a via de administração utilizada é a via endovenosa

• Indicadores de uma reação anafilática (dificuldade respiratória, urticária com prurido, rush cutâneo,
hipotensão, pulso filiforme)
• Podem ser ligeiras (rubor cutâneo, alterações gastrointestinais) ou graves (reação anafilática)

Medidas de urgência
❖ Interrompa a administração
imediatamente
❖ Mantenha um acesso venoso permeável
❖ Monitorize os sinais vitais
❖ Contate com o médico
❖ Observe os sinais que o doente apresenta
❖ Mantenha o doente em semifowler para
facilitar a respiração
❖ Prepare terapêutica de urgência
❖ Inicie ressuscitação cardiopulmonar, em
caso de paragem

Incompatibilidades físico-químicas
• São reações que ocorrem aquando da mistura de dois ou mais medicamentos, ou de um
medicamento com um soro, durante o período de administração, dando origem a alteração da cor
ou precipitação
• Podem ocorrer, ainda, no sistema de perfusão e devem-se, essencialmente, à solubilidade
intrínseca e ao pH das soluções
• Na administração de mais do que um medicamento por via endovenosa deve, no intervalo das
administrações, lavar-se a veia, administrando 5cc de soro fisiológico
• Caso se encontre a perfundir uma solução simples (sem medicamento adicionado), pode realizar-se
a lavagem da veia aumentando temporariamente o ritmo da perfusão

Soluções intravenosas
• Hipotónicas - Soluções que apresentam uma pressão osmótica menor que a solução de referência
(sangue, plasma, líquido intersticial)
• Isotónicas - Soluções que apresentam a mesma
pressão osmótica que a solução de referência
• Hipertónicas - Soluções que apresentam uma
pressão osmótica maior que a solução de
referência

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Não esquecer que a injeção IV de uma solução não adequada a essa via pode ter consequências graves ou
até fatais para o doente
• As substâncias não miscíveis, NÃO devem ser administradas pela via IV (risco de embolia)
• O material utilizado não pode conter ar no seu interior (risco de embolia gasosa)
• Perante qualquer dúvida – consulte a prescrição médica e\ou recorra aos serviços farmacêuticos
• Se cometeu um engano – NUNCA o omita
• Os solutos para perfusão devem estar à temperatura ambiente. Solutos refrigerados podem ter
mais dificuldade em fluir e provocar vaso espasmo

Vigilância e cuidados de manutenção das perfusões

• Controlar o ritmo da perfusão de acordo com a prescrição

Cálculo da perfusão
❖ A relação do número de gotas por mililitro varia com os equipamentos
parenterais (20 ou 60 gts\ml). Geralmente utilizam se sistemas de 20
gts /ml e sistemas de microgotas a 60 gts /ml
❖ A maioria das prescrições é feita em volume/hora. É necessário
determinar o nº de gts\mn para perfundir esse volume

Taxa de infusão (gotas\min)

• Estar atento a fatores que podem afetar a velocidade da perfusão: Verificando o equipamento de
administração regularmente no sentido de despistar alterações como por exemplo - doseador do
sistema a funcionar mal, obstrução do filtro do ar, sistema dobrado, pouca quantidade se soluto na
câmara, ponta do cateter encostada à parede da veia e inclusivamente manipulação pelo doente do
doseador do sistema
• Despistar sinais de sobrecarga circulatória ou de sobredosagem medicamentosa. Neste sentido, é
importante a vigilância dos sinais vitais, do volume de urina e caraterísticas da mesma, podendo
estar indicada a realização de balanço hídrico
• Verificar regularmente o local de punção, despistando sinais de infiltração ou flebite. É importante
que os dados desta observação sejam registados nas notas de evolução, em cada turno
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• Com o objetivo de diminuir o risco de infeção recomenda-se em adultos a substituição do cateter a
cada 72-96 horas e em crianças a não substituição de cateteres periféricos, exceto se ocorrer
alguma complicação (ex. flebite ou infiltração)
• Contudo, as Guidelines internacionais (CDC, 2011) dão recomendações similares para adultos - não
substituição de cateteres periféricos, exceto se ocorrer alguma complicação (ex. flebite, infiltração
ou outra), reforçando que se os acessos venosos são limitados e não são evidentes sinais de flebite
(isto é calor, rubor, eritema) ou infeção, o cateter poderá permanecer por períodos de tempo mais
longos
• Os sistemas de soros, incluindo torneiras e prolongadores deverão ser substituídos a cada 72 horas. Porém,
os sistemas de administração de sangue e derivados, ou de emulsões lipídicas deverão ser substituídas a
cada 24 horas após o início da infusão
• O penso deverá ser substituído diariamente, só quando não é possível a visualização do local de inserção e
sempre que este se encontre solto, repassado ou húmido. As últimas Guidelines (CDC, 2011) reforçam a
utilização e fixação com penso estéril transparente

Via Intradérmica
o Medicamentos administrados na pele (na derme) com ângulo de 10º
o Via muito restrita, usada para pequenos volumes (de 0,1 a 0,5 ml)
o Exige técnico qualificado

o Indicada para:
▪ Testes de reações de hipersensibilidade, como provas de tuberculina (tuberculose), e alguns
tipos de alergias
▪ Aplicação de BCG (vacina contra tuberculose)
▪ Administrar anestésicos localmente

o Material:
▪ Folha terapêutica
▪ Tabuleiro
▪ Cuvete riniforme
▪ Contentor para cortantes e perfurantes e recipiente para sujos
▪ Seringa de 1ml “de insulina”
▪ Agulha de calibre 25G ou 26G e com comprimento 9,5 a 16mm
▪ Luvas se necessário
▪ Material para desinfeção da pele
▪ Medicamento prescrito

o Notas:
▪ Antes da administração, avaliar o estado da pele nomeadamente irritações, descolorações
ou edemas, áreas com grande pigmentação ou muito pilosas para melhor avaliar a reação
existente
▪ Está contra indicada a massagem local após a administração do medicamento, uma vez que
pode alterar a leitura
▪ Injetar o medicamento lentamente formando uma pequena pápula. Poderá ser útil
demarcar local com lápis dermográfico (A demarcação do local perante a utilização de mais
do que um alérgeno ou consoante algumas caraterísticas dos utentes, poderá facilitar a
leitura posterior do resultado)
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▪ ALERTA - observar o cliente durante os 20 minutos subsequentes à administração avaliando
a frequência respiratória, ruídos respiratórios anormais e frequência cardíaca
▪ Substituir a agulha depois da preparação do medicamento
▪ Desinfetar a pele e deixar secar respeitando os tempos de atuação do antisséptico

Via Subcutânea (ou hipodérmica)


o O volume a administrar não deve exceder 1,0 ml (exceto na hipodermóclise)
o Administração no tecido subcutâneo (por baixo da pele)
▪ Menos vascularizado do que o tecido muscular
▪ A absorção é lenta, através dos capilares, de forma contínua e segura < que a IM e IV e é >
que a via oral

o Os medicamentos mais irritantes podem produzir dor

o Usada/utilizada para:
▪ Administração de vacinas (ex: anti-sarampo)
▪ Anticoagulantes (heparina) Não aspirar, existem riscos de lesão nos tecidos
▪ Hipoglicemiantes (insulina)

o Fazer a rotação dos locais de administração, para prevenir a lipodistrofia e a excessiva formação de
tecido cicatricial, o que dificulta a absorção do medicamento

o Está contra-indicada e massagem local apos a administração do medicamento, uma vez que
aumenta a velocidade de absorção

o Substituir a agulha depois da preparação do medicamento de um frasco hermético ou de uma


ampola
o Desinfetar a pele, deixar secar, respeitando os tempos de atuação do antisséptico utilizado

o Prega cutânea – executar uma prega na pele com a mão não dominante, mantendo-se a mesma
até à remoção da agulha

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Tribuna 2021\2022
Técnicas de administração
o Técnica simples
o Tamponamento de ar
▪ Útil quando o medicamento utilizado, é agressivo para o tecido celular subcutâneo. Uma
pequena quantidade de ar é aspirada para a seringa, visando “empurrar” todo o
medicamento que permaneceu na agulha após a administração e impedindo a sua saída do
tecido muscular (selando-o com uma pequena bolha de ar)
▪ Aspirar o medicamento seguido a 0,2 – 0,5 ml de ar; seringa tem de estar perpendicular
o Técnica em Z
▪ A utilização desta técnica, consiste em fazer deslocar os tecidos que estão acima do tecido
muscular antes da inserção da agulha, por forma a após a administração e a libertação dos
mesmos, estes poderem funcionar como “tampa” impedindo a saída do medicamento
agressivo para o tecido celular subcutâneo
▪ Aspirar o medicamento seguido a 0,2 – 0,5 ml de ar; ângulo de 80-90º; injetar lentamente

Reconstituição de fármacos
• A reconstituição dos injetáveis de preparação extemporânea, deve ser feita com água para
preparação de injetáveis cloreto de sódio a 0,9% ou outro solvente compatível (ver instruções do
fabricante)
• A mistura de medicamentos na mesma seringa ou na mesma solução de diluição deve ser evitada
devido a possíveis problemas de incompatibilidade
• A manipulação de medicamentos e todo o restante material deve ser feita em condições assépticas
de forma a evitar o risco de contaminação
• Após a preparação as soluções devem ser imediatamente
administradas
• Se conservadas no frigorífico as soluções reconstituídas ou
diluídas devem atingir a temperatura ambiente antes de
serem administradas e decorridas 24 horas sobre a sua
preparação deverão ser inutilizadas
• Devem ser examinadas as misturas durante a perfusão. Se
ocorrer alteração a cor, cristalização ou qualquer outro sinal a
perfusão deve ser interrompida

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Tribuna 2021\2022
Agulhas

Considerações sobre o material:


• A escolha das Agulhas - comprimento e calibre é consoante a viscosidade do medicamento, massa
muscular, gordura subcutânea e local de administração
• O tamanho da seringa é em função da quantidade de medicamento a administrar
• Outro material poderá ser utilizado de modo a possibilitar a identificação do utente e medicamento

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Tribuna 2021\2022
Efeitos
Existem 2 tipos de efeitos resultantes da administração de medicamentos: local ou sistémico

Local Sistémico

- Administração oral e retal


- Aplicação na pele
- Administração sublingual
- Aplicação na membrana mucosa
- Administração parenteral
• Boca
• Nariz • Intradérmica
• Vagina • Subcutânea
• Reto • Intramuscular
• Intravenosa

Formas farmacêuticas sólidas


Granulados
• Resultante da incorporação de um ou vários princípios ativos (fármacos) com um açúcar
• Aspeto de pequenos grãos mais ou menos irregulares
• Frascos de vidro ou plástico
• Podem ingerir-se: Diretamente ou Dissolvidos em suspensão aquosa (granulados efervescentes)

Pílulas
• Formas farmacêuticas sólidas, esféricas (“comprimidos” esféricos)
• Destinados a deglutir sem mastigar
• Constituídas por uma massa de consistência especial formada por um ou vários princípios ativos
incluídos num excipiente

Comprimidos
• Geralmente em forma de disco
• Obtidos por compressão da substância ativa c/ um excipiente (podem ser obtidos por compressão
de um pó ou granulado com a adição de coadjuvantes inócuos)
• Peso e forma variável
• Quando são revestidos e de forma convexa designam-se por drageia ou grageia
• Vantagens:
o Dosagem precisa
o Facilmente conserváveis
o Preparação rápida
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o Boa apresentação
o Volume reduzido
o Fácil deglutição
o Múltiplas aplicações
• Podem ser:
o Para absorção gastrointestinal
o Sublinguais\Orodispersíveis
o Efervescentes
o Mastigáveis Junção de um ácido (cítrico, ascórbico, etc) com
o Para implantação bicarbonato ou carbonato – Liberta gás carbónico
o Para aplicação local
o Para preparar desinfetantes

Cápsulas
• Preparações constituídas por um invólucro (amiláceo ou gelatinoso) contendo substâncias
medicamentosas (Sólidas, Líquidas, Pastosas)
• Em alguns casos os revestimentos são gastrorresistentes permitindo a libertação a nível intestinal

• Cápsulas gelatinosas:
o Duras: para fármacos sólidos (até 500mg), constituídas por 2 opérculos
o Moles: para fármacos líquidos (até 5ml), formadas por uma gelatina, se forem pequenas
(até 1ml) – pérolas

Hóstias
• Cápsulas fabricadas com amido ou farinha sem fermento (pão de azimo)
• Constituídas por 2 partes achatadas que encaixam uma na outra, contendo medicamentos sólidos
• Perigo: higroscópicas

Capacidade que um medicamento tem de absorver água do ambiente onde está


Pastilhas
• De forma circular alongada
• Formadas por fármacos unidos a um excipiente constituído por um açúcar e uma mucilagem
destinada a dissolver-se lentamente na boca
• Ao contrário dos comprimidos, as pastilhas são moldadas
• Peso ~ 1 g
• Alteram-se facilmente com o calor e humidade

Colutórios
• Consistência viscosa
• Excipiente: glicerina ou mel rosado
• São semelhantes as formas líquidas utilizadas para gargarejos para orofaringe

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Supositórios
• Forma cónica ou em bala
• Destinam-se a ser introduzidos no reto, fundem-se ou dissolvem-se à TºC do corpo
• Excipiente: manteiga de cacau, gelatina glicerinada, potietilenoglicóis hidrossolúveis
• Guardar em lugar fresco e ao abrigo da luz - Peso: 2,5g para adultos e 1,5g para crianças

Formas Farmacêuticas Líquidas


Clisters ou Enemas
• Preparações líquidas destinadas a ser introduzidas no cólon
por via retal

Prescrição
Consideram-se interdependentes as ações realizadas pelos enfermeiros de acordo com as respetivas
qualificações profissionais, em conjunto com outros técnicos, para atingir um objetivo comum, decorrentes
de planos de ação previamente definidos pelas equipas multidisciplinares em que estão integrados e das
prescrições ou orientações previamente formalizadas.
Procedem à administração da terapêutica prescrita, detetando os seus efeitos e atuando em
conformidade, devendo, em situação de emergência, agir de acordo com a qualificação e os
conhecimentos que detêm, tendo como finalidade a manutenção ou recuperação das funções vitais.
A prescrição de medicamentos é responsabilidade médica e nenhum fármaco pode ser administrado
sem prescrição

Enfermeiro: responsabilidade pelas intervenções interdependentes


Direito a prescrição terapêutica em suporte que constitua prova documental

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Tribuna 2021\2022
• Prescrição telefónica
- Difícil validar a compreensão e provar a informação transmitida
- Invisibilidade dos intervenientes (questão da confiança)
- Boa prática: basear o início da atividade interdependente num registo escrito de prescrição

Eletrónica
o Desmaterialização do circuito (prescrição, dispensa e
conferência de receituário)
o Dotar o prescritor de instrumentos de suporte à decisão
clínica
o Evitar erros (de dispensa e outros)
o Agilizar o processo de prescrição – automatizar,
normalizar a rastrear o fornecimento e administração
medicamentosa

Informação adicional
detalhada com
orientações para
pessoa e\ou cuidador
(in)formal

Tipos de Prescrição
• Permanentes (padronizada ou fixa) – prescrição até que o médico cancele ou termine nº de dias
Ex.: Furosemida 20mg, via oral, 8 horas | Ibuprofeno 400mg, via oral, 8\8 horas, 3 dias
• SOS - são estabelecidos intervalos mínimos para o tempo de administração. Implica avaliação
pormenorizada e prudência na determinação da necessidade da pessoa. O enfermeiro deve registar
além dos dados referentes à prescrição, a avaliação efetuada, hora de administração e avaliação da
eficácia.
Ex.: Paracetamol 1000mg, via oral, 8\8 horas em SOS (obs: se dor ou TºC superior a 38ºC)
Definição de dose máxima diária

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• Toma única – uma só vez
Ex.: Profilaxia antibiótica cirúrgica, antes de exames complementares de diagnóstico, toma única

• Urgente\imediata – a administração de qualquer prescrição urgente tem prioridade sobre as


outras intervenções de enfermagem. O enfermeiro deve efetuar o registo pormenorizado do
episódio.

Prescrição deve incluir:


• Prescrição protocolada
• Identificação completa da
• Políticas institucionais pessoa
Ex.: Interrupção automática de medicação do pré- • Nome do fármaco
operatório, antibioterapia (sistema de alerta e interrupção • Dosagem
automática após determinado número de dias) • Forma farmacêutica
• Posologia (dose, frequência,
duração)
• Horário de administração
• Via de administração
• Data e hora de prescrição e
assinatura

Abreviaturas

As abreviaturas devem ser evitadas! Podem ser confundidas

O que devemos verificar sempre…


• A prescrição é legível? É clara a leitura?
• A dose prescrita encontra-se dentro dos intervalos normais? É comparável às prescrições
anteriores?
• A via prescrita é adequada?
• O fármaco é apropriado para a pessoa? (ex. anti hipertensor para pessoa hipotensa)
• A pessoa é alérgica ao fármaco?
• O horário de administração é adequado?

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Tribuna 2021\2022
Se considerar que a prescrição está incorreta ou se tiver dúvidas na preparação e administração…

Independentemente do tipo de intervenção, os Enfermeiros têm autonomia para decidir sobre a sua
implementação, tendo por base os seus conhecimentos técnico‐científicos, a identificação da problemática
da pessoa, os benefícios, os riscos e problemas potenciais que da implementação podem advir, atuando
sempre no melhor interesse da pessoa assistida.

Horários de Administração Ter em conta:

• Nº de doses prescritas de medicamento/dia


• Maximização do efeito terapêutico
• Interações entre medicamentos e alimentação
• Tipo e quantidade de outros fármacos a
administrar
• Execução de exames
complementares/intervenções cirúrgicas
• Necessidades da pessoa

Dosagens
Dose certa – fundamental na preparação\administração de medicação
É necessário garantir a quantidade exata de medicamento e calcular a dosagem pois erros de cálculo ou
medição podem ser fatais

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Sistemas de medição

Insulina
Existem um conjunto de alterações metabólicas resultantes da secreção inadequada de insulina ou da
incapacidade dos tecidos para responder à insulina – Hiperglicemia e Hipoglicémia
A administração pode ser feita por seringa, agulha, caneta e recentemente através de perfusão subcutânea
Insulina: Hormona produzida pelo pâncreas – Ilhotas de Langerhans (células beta)
▪ Controla o nível de glicose no sangue, regulando a sua produção e armazenamento
▪ Diminui o nível de açúcar (glicose) no sangue através:
o Promoção do transporte intracelular de glicose para dentro das células
o Inibição da conversão de glicogénio em glicose

Valores ideais – podem ser variáveis, dependem de pessoa para pessoa, da ingestão de alimentos,
atividade física e\ou situações de doença
Horário – em jejum, antes das refeições, sempre que surjam manifestações de hipo\hiperglicemia

HC Alimentação

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Tribuna 2021\2022
Especificidades
o Para as células do SNC, a glicose é a única fonte de energia possível
o As células do SNC são permeáveis à glicose sem necessitarem, para isso, da intervenção de insulina
o Em repouso, ou com baixa atividade, o músculo não utiliza glicose como fonte de energia, mas
ácidos gordos
o Em períodos de exercício moderado a intenso, o músculo utiliza glicose
o Em períodos de exercício moderado a intenso, a membrana celular do músculo torna-se permeável
à glicose, sem exigir, para isso, grandes quantidades de insulina

Complicações da Insulinoterapia
• Hipoglicémia – situação mais comum e grave

• Reação Alérgica Local – aparecem numa fase inicial da insulinoterapia ou se não deixar secar o
álcool da pele antes de injetar

• Reação Alérgica Sistémica – são raras

• Resistência à insulina – com o tempo de tratamento os indivíduos podem desenvolver anticorpos


que se ligam à insulina diminuindo assim a insulina disponível

• Lipodistrofia Insulínica – perda de gordura subcutânea e surge no local das injeções de


insulina, a pele apresenta-se em depressão tanto em extensão como profundidade,
desde pequenas placas a profundas escavações, intensamente deformantes

• Hipertrofia - Formação de nódulos no local da injeção

• Necrose local – Morte das células

• Fenómeno de arthus – O Fenômeno de Arthus é uma reação provocada por injeções


repetidas no mesmo local, caracterizada pela não absorção do medicamento,
ocasionando infiltração, edema, hemorragia e necrose no ponto de inoculação

De acordo com o tempo de ação as insulinas podem ser agrupadas em quatro categorias:
▪ insulina de ação rápida ou prandiais: administradas antes das principais refeições, inicio de ação 5-
10min sendo que diminui concentrações de açúcar no sangue 10 a 20 minutos após a sua
administração; aparência translúcida, duração de ação 3-5h

▪ insulina de ação intermédia: começa a atuar ao fim de 1 a 4 horas, atingindo a sua máxima
atividade num período de 4 a 12 horas e dura de 18 a 26 horas

▪ Ação prolongada – início de ação 1-3h, duração da ação 24h

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▪ insulina de ação lenta ou basais – administradas 1\2x por dia, aparência translucida ou leitos, inicio
de ação 25-35 min com duração da ação 6-8h com atividade máxima durante 3-5h, efeito muito
reduzido durante as 6 primeiras horas, mas oferece uma cobertura de 28 a 36 horas

▪ Pré-misturas ou bifásicas - Na mesma caneta estão misturadas insulina “rápida” e “lenta”. São
administradas antes das refeições e têm sempre aparência leitos. Depende da composição. Início
de ação 30-60min ou 15-30 min. Atividade máxima de 2 8h. Duração de ação de 18h.

Tipos de canetas de insulina:


• Pré-cheias – depois de vazias são descartáveis
• Recarregáveis – a caneta vem à parte da ampola com insulina para colocar no interior da caneta

Etapas e passos de administração de insulina:

➢ Se houver sangue no local da injeção, após a administração, deve ser feita compressão (sem
massajar) durante 10\15 segundos

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➢ De forma a minimizar a dor na
administração:
o Insulina à TºC ambiente
o Relaxamento da área de
injeção
o Penetração rápida da agulha,
sem mudanças de direção
➢ Pode ser necessário durante a preparação de insulina injetar ar no frasco de insulina em
quantidade equivalente ao número de unidades de insulina a ser aspirado, para impedir a formação
de vácuo dentro do frasco

Horário de administração de insulina:


• O horário de administração depende do esquema prescrito pelo médico - elaborado em função dos
• valores de glicémia capilar e de acordo com as caraterísticas e atividade de cada pessoa/utente
• As insulinas de ação rápida (efeito + imediato) devem ser administradas 15 a 30 minutos antes da
refeição
• Relativamente aos outros tipos de insulina, o enfermeiro deve conhecer os tempos de ação para
proporcionar ao indivíduo uma refeição coincidente com a hora de início/pico de ação da insulina
• Atualmente existem dezenas de tipos de insulina distintos com tempos de atuação distintos -
validar sempre através da consulta da bula do medicamento

Conservação de insulina:
• Normalmente deve ser conservada no frigorifico (consoante o tipo de insulina–confirmar…)
• Evitar picos de temperatura – evitar que congele e exposição prolongada à luz ou em local quente
• Antes da administração a mesma deve estar à temperatura ambiente (necessário retirar
atempadamente do frigorífico ou simples fricção de mãos)
• Verificar validade (antes e após o seu uso) e aspeto (as insulinas de ação rápida são transparentes e
as de ação longa apresentam um aspeto branco e leitoso, devendo ser misturada para
homogeneizar a solução antes do seu uso)
• Deve ser registada a data de abertura do frasco

Material:
• Tabuleiro de inox
• Frasco de insulina adequada
• Seringa de 1 ml = 100 unidades e agulha\caneta de insulina
• Algodão ou compressas
• Clorhexidina a 2% em base solução alcoólica\álcool a 70º
• Luvas não esterilizadas para proteção (se aplicável)
• Contentor para material perfurante
• Saco para sujos

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Locais de administração:
• A velocidade de absorção é maior no abdómen e diminui progressivamente no braço e coxas
• A rotação sistemática dos locais de injeção é recomendada para impedir alterações localizadas no
tecido gorduroso
• Os indivíduos que praticam autoadministração devem ser encorajados a utilizar todos os locais
possíveis de injeção dentro de uma área e não mudar aleatoriamente de áreas
• A insulina não deve ser administrada num membro que vai ser sujeito a exercício pois pode
provocar uma absorção inadequada da mesma

A eficácia terapêutica da insulina depende, entre outros fatores, no que concerne à equipa de
saúde:
a) Do esclarecimento da necessidade da terapêutica insulínica tendo em conta a história natural da
doença
b) Da desmontagem dos falsos mitos e receios e da educação terapêutica
c) Do ensino da administração de insulina
d) Da informação dos sinais e sintomas da hipoglicemia, sua prevenção e tratamento
e) Da capacitação das pessoas com diabetes na titulação da dose de insulina, de forma a atingir os
alvos terapêuticos definidos
f) Da disponibilidade do atendimento
g) Da prescrição adequada do tipo de insulina, com atenção à necessidade da sua intensificação de
acordo com os valores de HbA1c

Ensinar
O local:
• Limpeza e desinfeção - desinfetar com álcool ou lavar a zona anatómica (depende da capacidade
funcional da pessoa para o autocuidado “lavar se”)
• Colocar a lanceta e a tira em recipiente para resíduos tóxicos ou outro
O registo: dia, hora e valor
A conservação do material (ex.: não estar ao pó)
Insulinoterapia\Auto-administração – Intervenção de enfermagem
• Instruir a pessoa e/ou prestador de cuidados sobre a administração de insulina
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• Treinar a pessoa e/ou prestador de cuidados sobre a administração de insulina
• Facilitar/Incentivar a relação com pessoas com adaptação eficaz
• Trabalhar com a pessoa o conhecimento sobre:
o Ação da insulina (início, pico de atuação e duração da ação)
o Coloração (leitosa - ação prolongada; límpida - ação curta)
o Cuidados de manutenção (Insulina armazenada - guardada no frio; em uso - ao ambiente)
o Horários de administração e a relação entre a ingestão de alimentos e a administração
o Material necessário – insulina; seringa ou caneta; agulhas
o Local de injeção:
▪ Abdomen – maior velocidade de absorção
▪ Braço – face posterior
▪ Coxas – face anterior
▪ Quadris
o Técnica de injeção – prega, rotação, dimensão da agulha (26 a 29 G)
Ângulo de aplicação: espaço formado entre a agulha e a pele no momento da injeção. Assim como a prega
subcutânea, o ângulo serve para prevenir a aplicação no músculo. O ângulo recomendado no momento da
aplicação poderá ser de 90 ou 45 graus e será definido de acordo com o comprimento da agulha e
quantidade do tecido subcutâneo no local de aplicação.

Diabetes Mellitus
Diabetes Mellitus é alteração crónica do metabolismo da glucose, com aumento da taxa de glicose no
sangue (glicemia) associada a uma diminuição da glicose intracelular disponível, devido a défice ou a uma
diminuição da sensibilidade á insulina

Hiperglicemia – Glicose sanguínea superior aos valores normais

Classificação da diabetes

• Diabetes Tipo 1- Resulta da destruição das células β, do pâncreas, com insulinopenia absoluta,
passando a insulinoterapia a ser indispensável para assegurar a sobrevivência
• Diabetes tipo 2 – É a forma mais frequente de Diabetes, provocada predominantemente por um
estado de resistência à ação da insulina associada a uma relativa deficiência da sua secreção

Controlo da glicémia\diabetes
Terapêutica – Administração de Insulina
• Situações em que o corpo não produz insulina suficiente, pelo que a insulina tem de ser
administrada indefinidamente - Diabetes Mellitus tipo 1
• Situações em que a insulina pode ser necessária a longo prazo para controlar os níveis de glicose se
a dieta e a terapêutica antidiabética oral não for eficaz, ou temporariamente durante uma situação
de doença, infeção, cirurgia ou gravidez (Diabetes Gestacional) - Diabetes Mellitus tipo 2

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Tribuna 2021\2022
Tipos de Antidiabéticos Orais - Controlo da DM Tipo 2
o Secretagogos da insulina – Insulinotrópicos: Aumentam a sensibilidade das células β estimulando a
secreção da insulina e inibindo a secreção de glucagon

o Sensibilizadores da Insulina: Diminuem a glicogenólise e aumentam a sensibilidade das células


recetoras ao estímulo insulínico

o Inibidores das α-glucosidades: Inibem a formação de dissacarídeos, atrasando a sua digestão e


transformação em monossacarídeos passíveis de absorção.

Complicações da diabetes - Consequências do défice de insulina


• Aumenta 2,5 vezes o risco de AVC
• Aumenta 2 a 4 vezes o risco de doença cardíaca, em especial os síndromes isquémicos
• É a principal causa de cegueira no adulto
• É a principal causa de Insuficiência Renal Terminal
• É a principal causa de amputações não traumáticas dos membros inferiores (80%)
• É a principal causa de neuropatias periféricas
• 50% dos homens e 35% das mulheres diabéticos têm problemas sexuais
• A média anual de custos por doente triplica para o diabético, relativamente ao não diabético

Sistemas de Distribuição de Medicamentos


Reposição de stocks:

• Stocks nivelados de medicamentos (definição prévia)


• Reposição periódica (definida)

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Reembalagem de medicamentos:

• Identificação com: nome,


dose, lote e data de validade

Proteção de Medicamentos
Medicamentos sujeitos a Legislação Restritiva
o Psicotrópicos e Estupefacientes
▪ armazenamento em local reservado
▪ armário metálico com fechadura (double locking)
▪ prateleiras para arrumação separados e identificados
▪ registo de todas as administrações
▪ balanço em tempo real

Medicamentos termolábeis
o Garantir a manutenção da cadeia de frio
▪ frigorífico
▪ temperatura entre 2-8ºC
▪ sistema de controlo e registo de temperatura (alarme para alerta se alteração anormal)

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Tribuna 2021\2022
Citostáticos
o armazenamento em local seguro
o armário específico
o separado de outros medicamentos

Farmacovigilância (segurança do medicamento)


Sistema Nacional de Farmacovigilância
• Quando notificar?
o Sempre que suspeita de reação adversa\efeito indesejável a medicamento

• Quem pode notificar?


o Profissional de saúde ou a pessoa

gestão da segurança do medicamento


Segurança em Saúde - Ausência de danos evitáveis à pessoa doente, bem como a redução, ao mínimo
aceitável, do risco de danos desnecessários associados aos cuidados de saúde
Objetivo: administração de fármacos sem causar dano à pessoa

Processo de gestão da medicação


• Informação acerca do Doente e do Medicamento
• Seleção, Aquisição e Armazenamento
• Prescrição, validação e monitorização
• Preparação, Dispensa e Administração
• Ambiente socio-organizacional

Reconciliação da medicação
Processo de análise da medicação de um doente, sempre que ocorrem
alterações na medicação, com o objetivo de evitar discrepâncias,
nomeadamente omissões, duplicações ou doses inadequadas,
promovendo a adesão à medicação e contribuindo para a prevenção de
incidentes relacionados com a medicação
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Tribuna 2021\2022
• ↑ risco de incidentes rel/c medicação e admissões hospitalares evitáveis
▪ 10 a 70% das histórias medicamentosas contêm pelo menos 1 erro
▪ 1/3 dos erros têm potencial de causar dano à pessoa
▪ 50% dos erros de medicação ocorrem na transição de cuidados
▪ Medicamentos em falta na nota de alta ↑ 2.3x readmissões hospitalares (comparação com
doentes com informação medicamentosa correta)
▪ 85% discrepâncias resultam de falhas no processo de recolha de informação sobre
medicação dos doentes
• Abordagem sistemática para a reconciliação da medicação (equipa multidisciplinar)
• Reconciliação nos pontos vulneráveis/críticos de transição de cuidados
▪ Admissão e alta hospitalar
▪ Transferência intra/inter instituições
• Implementação simultânea em todos os pontos críticos (priorização, se necessário):
▪ Cuidados Hospitalares – 1º ponto crítico: admissão que resulte em internamento
▪ Cuidados de Saúde Primários – 1º ponto crítico: consulta após alta hospitalar
▪ Cuidados Continuados Integrados – 1º ponto crítico: admissão
• Reconciliação no máximo em 24h após transição de cuidados
• Normalizar comunicação entre profissionais e informação essencial ao doente
• Envolvimento do doente/cuidador; (In)formação útil e adequada sobre medicação
• Políticas de responsabilização individual e envolvimento dos profissionais de saúde
• Qualificação dos profissionais / formação específica em reconciliação terapêutica
• Monitorizar o processo de reconciliação da medicação

Certezas na administração de medicação


I. Doente certo A prescrição tem de estar legível, a distribuição dos
II. Medicamento certo medicamentos adequada, acesso atempado à
III. Dose certa informação e normas e procedimentos em vigor
IV. Hora (e dia) certo
V. Via de administração certa
VI. Documentação certa
VII. Indicação\motivo da prescrição certa
VIII. Forma farmacêutica cera
IX. Ação certa (monitorização)

O uso das “certezas”, per si, é insuficiente para garantir segurança

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Tribuna 2021\2022
Recomendações e boas práticas

NUNCA DELEGAR A ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS!

Erro Clínico
o Erro profissional associado aos cuidados de saúde
o Inato ao exercício das profissões nesta área
o Pode condicionar a integridade física, a saúde ou até a vida da pessoa alvo de cuidados
o Não executar a intervenção necessária/adequada (erro de omissão)
o Execução de uma intervenção errada (erro de comissão)
o Falha na execução de ação de acordo c/ planeado (erro de execução)
o Uso de um plano inadequado ao objetivo (erro de planeamento)
44 | P á g i n a
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o Intervenção não atinge resultado almejado
o Desvio no processo de cuidados

Erro clínico e falhas na segurança


Multifatoriais:
- Individuais
- Organizacionais
- Políticas\sistemas de saúde
- Sistemas económico-financeiros

Evento adverso
Lesão não intencional/complicação decorrente da prestação de cuidados de saúde e não do processo de
doença
▪ Pode condicionar um dano apreciável
▪ Impacto no estado funcional da pessoa (inclusivamente, morte)
▪ Prolongamento do período de internamento
▪ Aumento de custos

Medicamentos de alerta máximo


Medicamentos que possuem um risco aumentado de provocar dano significativo ao doente em
consequência de falhas no seu processo de utilização

Incidentes evitáveis
• Lista institucional de medicamentos atualizada
• Parametrização de Alertas (sistemas
informáticos/etiquetas alerta)
• Armazenamento correto
• Prescrição correta

45 | P á g i n a
Tribuna 2021\2022
Medicamentos LASA
Medicamentos com nome ortográfico e\ou fonético e\ou aspeto semelhante que podem ser confundidos
uns com os outros, originando troca de medicamentos

Método de inserção de letras maiúsculas – método em que se


recorre à inserção seletiva de letras maiúsculas no meio das
denominações de medicamentos ortograficamente semelhantes
para a sua diferenciação

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Tribuna 2021\2022

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