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LICENCIATURA EM GESTÃO
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A teoria Keynesiana em economia aberta – as suas limitações
John Maynard Keynes escreveu, em 1935, a George Bernard Shaw: "Acredito estar a escrever um
livro sobre teoria económica que revolucionará em grande medida – suponho que não de imediato,
mas ao longo dos próximos dez anos – a forma como o mundo pensa os problemas económicos". E,
de facto, a grande obra de Keynes, “A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda”, publicada em
1936, transformou a economia e a política económica.
Dois elementos do legado de Keynes parecem estar assegurados. Em primeiro lugar, Keynes
inventou a macroeconomia - a teoria da produção como um todo. Chamou a sua teoria de "geral"
para distingui-la da teoria pré-keynesiana, que assumia um nível único de produção – o pleno
emprego.
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A teoria Keynesiana em economia aberta – as suas limitações
Ao mostrar como a economia poderia permanecer presa num equilíbrio de "subemprego", Keynes
desafiou a ideia central da economia ortodoxa da sua época: que os mercados de todas as
mercadorias, incluindo o trabalho, se equilibram de forma simultânea e automática pelos preços. E o
seu desafio implicou uma nova dimensão para a formulação de políticas: os governos podem
precisar de défices para manter o pleno emprego.
As equações agregadas que sustentam a "teoria geral" de Keynes estão, ainda, amplamente
presentes nos livros de economia e dão forma à política macroeconómica. Mesmo aqueles que
insistem que as economias de mercado gravitam na direção do pleno emprego, são forçados a
defender a sua posição no quadro que Keynes criou. Os banqueiros centrais ajustam as taxas de juro
para garantir um equilíbrio entre a procura total e a oferta, porque, graças a Keynes, sabe-se que o
equilíbrio pode não ocorrer automaticamente.
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A teoria Keynesiana em economia aberta – as suas limitações
O segundo grande legado de Keynes é a noção de que os governos podem e devem prevenir as
depressões. A aceitação generalizada deste ponto de vista é visível na diferença entre a forte
resposta, em termos de políticas, ao colapso de 2008-2009, e a reação passiva à Grande Depressão
de 1929-1932. Como o Prémio Nobel Robert Lucas, um adversário de Keynes, admitiu em 2008:
"Acho que todo o mundo é keynesiano numa trincheira".
Dito isto, a teoria do equilíbrio do "subemprego" de Keynes não é mais aceite pela maioria dos
economistas e responsáveis pela formulação de políticas. A crise financeira global de 2008 confirma
isso mesmo. O colapso desacreditou a versão mais extrema da economia autoajustável de forma
otimizada.
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A teoria Keynesiana em economia aberta – as suas limitações
Há três razões principais para este retrocesso. Primeiro, nunca se invalidou completamente a
crença no poder dos preços para equilibrar o mercado laboral numa economia capitalista. Por isso,
muitos economistas chegaram a ver o desemprego persistente como uma circunstância extraordinária
que acontece, apenas, quando as coisas estão a correr muito mal, e não certamente como o estado
normal das economias de mercado.
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A teoria Keynesiana em economia aberta – as suas limitações
Desde a década de 1960 até ao final dos anos 1970, tentou aplicar-se esta política em muitos países. Na
melhor das hipóteses, houve sucessos temporários, mas as políticas fracassaram sempre. Milton Friedman
apresentou uma razão que ia ao encontro do desencanto crescente com os controlos de preços e salários, e
que reafirmou a visão pré-keynesiana sobre o funcionamento das economias de mercado. A inflação, disse
Friedman, foi o resultado das tentativas dos governos keynesianos de reduzirem o desemprego para
um nível abaixo da sua taxa "natural". A chave para recuperar a estabilidade dos preços era abandonar o
compromisso do pleno emprego, enfraquecer os sindicatos e desregulamentar o sistema financeiro.
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A teoria Keynesiana em economia aberta – as suas limitações
E, assim, renasceu a velha ortodoxia. A meta de pleno emprego foi substituída por uma meta de
inflação, e o desemprego foi largado para que encontrasse a sua taxa "natural", qualquer que
ela fosse.
A última razão para a queda do keynesianismo foi a mudança ideológica para a direita, que
começou com a primeira-ministra britânica Margaret Thatcher e o presidente dos EUA Ronald
Reagan. A mudança deveu-se mais à hostilidade contra o alargamento do Estado, que surgiu após a
Segunda Guerra Mundial, do que propriamente à rejeição da política keynesiana. A política keynesiana
foi apanhada no fogo cruzado, com muitos à direita a condená-la como uma manifestação da
intervenção "excessiva" do governo na economia.
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• Mm A teoria Keynesiana em contexto democrático – James McGill Buchanan
– Teoria da Escolha Pública
Conhecida como Escola da Public Choice, tem a sua origem no conjunto de reflexões que alguns
autores, entre os quais se destaca a figura de James M. Buchanan, desenvolveram, a partir dos anos
60, visando a adoção de uma perspetiva económica de análise dos fenómenos políticos, notadamente
das decisões em situações de não mercado ou de mercado político. Esta escola desdobra-se na
investigação de temas clássicos da ciência política, tais como as estruturas das decisões nas
sociedades democráticas, o papel do legislativo na produção das escolhas coletivas, através da
ótica da uma teoria económica, onde a especificidade da política submete-se, integralmente, às
categorias e à lógica da análise económica.
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• Mm A teoria Keynesiana em contexto democrático – James McGill Buchanan
– Teoria da Escolha Pública
O político é aquele indivíduo que pede dinheiro aos ricos e votos aos pobres, prometendo, se eleito,
defender uns dos outros.
(James McGill Buchanan)
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• Mm A teoria Keynesiana em contexto democrático – James McGill Buchanan
– Teoria da Escolha Pública
De acordo com Toneto (1996), James M. Buchanan viveu num ambiente em que dominava o
keynesianismo (pós-Segunda Guerra), com a sua defesa da intervenção do Estado na economia em
virtude das falhas de mercado.
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• Mm A teoria Keynesiana em contexto democrático – James McGill Buchanan
– Teoria da Escolha Pública
1) A primeira dizia respeito à excessiva matematização que, cada vez mais, assumia um papel
central na formulação teórica da época e da qual a teoria das expetativas racionais é um ótimo
exemplo. Para James M. Buchanan, ao se preocuparem em elaborar modelos de análise, com enorme
sofisticação matemática, os economistas estavam a esquecer-se daquilo que, para ele, deveria se
constituir no essencial da análise teórica: compreender as motivações que explicam as decisões
dos agentes económicos.
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• Mm A teoria Keynesiana em contexto democrático – James McGill Buchanan
– Teoria da Escolha Pública
2) A segunda preocupação dizia respeito à acentuada politização das decisões económicas, que
era decorrência direta da enorme influência das políticas económicas de inspiração keynesiana, como
já mencionado anteriormente. A transferência para o âmbito da política, muitas vezes, fazia com que a
racionalidade económica fosse suplantada pelos interesses dos políticos envolvidos na tomada de
decisões.
Como observou James M. Buchanan, o economista e o político trabalham com vetores distintos,
onde o primeiro tem por parâmetro fundamental, nas suas tomadas de decisão, a eficiência,
procurando sempre a alocação ótima dos recursos escassos; enquanto o segundo tem por
parâmetro a conquista e a manutenção do poder, o que só pode ser alcançado, no regime
democrático, através do voto.
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• Mm A teoria Keynesiana em contexto democrático – James McGill Buchanan
– Teoria da Escolha Pública
Daqui surgem duas letais armadilhas; a primeira é o Estado entrar em todas as áreas da
sociedade, sufocando as liberdades individuais, conforme pressupõe os ensaios sobre a liberdade
de Stuart Mill. A segunda, e não menos letal, é os políticos utilizarem os bens públicos para atingir os
seus fins privados: a corrupção.