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Anarcocapitalismo

"O anarcocapitalismo advoga uma forma particular de capitalismo, sem regulação do Estado.
Apresenta um projeto de sociedade em que as relações sociais sejam reguladas pelo livre
mercado. É essencialmente contrário ao controle estatal sob a forma de impostos, políticas de
preços, monopólio de serviços, controle na produção e circulação de moedas, subsídio a algumas
empresas em detrimento de outras etc."

Princípios do anarcocapitalismo
O anarcocapitalismo remonta ao jusnaturalismo, isto é, uma teoria que afirma que existe um
conjunto de direitos naturais com os quais o homem já nasce, a saber, o direito à vida e à
sua manutenção. Ao direito à vida, os anarcocapitalistas acrescentam o direito à
propriedade privada como sendo um direito natural no qual todos os direitos individuais
estariam contidos e pagos.

Sendo assim, o ser humano teria o direito ao seu próprio corpo (autopropriedade) e ao
recurso sem proprietário anterior em que produzisse alguma forma de trabalho (apropriação
original), o qual poderia ser trocado voluntária ou comercialmente, bem como doado ou
destinado como herança, em um sistema de títulos construído a partir de uma sociedade de
livre mercado."

A apropriação original se daria por meio do trabalho, ou seja, não bastaria cercar uma terra,
mas trabalhar nela antes de qualquer outra pessoa para considerá-la uma propriedade sua.
As trocas de propriedade também só seriam consideradas legítimas se feitas
voluntariamente, sem nenhum tipo de coerção.

A base ética do anarcocapitalismo é o princípio da não agressão à vida e à propriedade de


outrem. O Estado é considerado ilegítimo em virtude de seu caráter coercitivo e soberano
que se impõe a todos sob a forma de leis, impostos e monopólio do uso da violência, sem
que os indivíduos possam separar-se (secessão) ou se negar a cumprir suas determinações
sem sofrer sanções.

Os impostos, bem como toda e qualquer intervenção estatal, são considerados uma
agressão pelos anarcocapitalistas, logo, para eles, o Estado em si mesmo representaria
uma violação ao princípio da não agressão, e a livre iniciativa seria a única possibilidade de
plena aplicação desse princípio. Conforme os anarcocapitalistas, os serviços ofertados pelo
Estado, tais como defesa, segurança e justiça, não têm um caráter essencialmente público,
por isso poderiam ser ofertados pela iniciativa privada.

O caminho para uma sociedade livre seria o capitalismo de livre mercado, no qual as trocas
comerciais seriam voluntárias e pacíficas, em contraste com o capitalismo de Estado, em
que há monopólios, privilégios, cartelização, compadrio, entre outros desvios, que, para os
anarcocapitalistas, são inerentes e restritos a intervenções estatais, ou seja, não ocorreriam
se houvesse somente a livre iniciativa, cuja dinâmica de oferta e demanda propicia uma
concorrência equilibrada, diversificação produtiva, preços e qualidade acessíveis sem a
necessidade de regulação ou ações direcionadas por um comando central.
A ideologia anarcocapitalista é individualista. Admite trocas e associações voluntárias entre
as pessoas, mas parte da premissa da ação individual e auto interessada. Portanto, em
uma sociedade anarcocapitalista, as trocas econômicas seriam marcadas pela
individualização, privatização e descentralização.

O mentor intelectual do anarcocapitalismo é o economista norte-americano Murray Newton


Rothbard, um dos expoentes da Escola Austríaca de Economia, que, na segunda metade
do século XX, procurou revitalizar os princípios liberais anteriores ao liberalismo clássico de
Adam Smith.

Características do anarcocapitalismo
O anarcocapitalismo, também conhecido como anarquismo capitalista, capitalismo libertário
ou simplesmente Ancap, idealiza um sistema de propriedade privada em que haja
empreendedorismo, lucro, mas sem a existência do Estado, que, para os anarcocapitalistas,
impede o pleno desenvolvimento do capitalismo.

Nesse modelo de sociedade, as trocas de bens e serviços entre os indivíduos ocorreriam de


forma legítima somente por meio do mercado. Serviços que são ofertados pelo Estado e
considerados de caráter público, como justiça, segurança, educação e saúde, seriam
privatizados e teriam sua qualidade e preço acessível assegurados pela livre concorrência.

As relações sociais seriam desenvolvidas pela perspectiva do individualismo voluntarista,


isto é, a soberania da vontade individual sobrepondo-se a qualquer tipo de interesse
coletivo. Essa ideologia político-econômica propõe a dissolução do Estado e sua
substituição pelo mercado na condução das relações econômicas e provisão de serviços.

O anarcocapitalismo é um sistema ético e jurídico baseado na propriedade privada. Ele não


reduz a finalidade da vida humana ao acúmulo de propriedade, nem reduz a totalidade da
ética humana à lei da propriedade. Mas é um sistema logicamente necessário para evitar a
violação da propriedade.
As premissas básicas do anarcocapitalismo são:

1. Indivíduos existem e agem.


2. A ação humana é o uso de meios para alcançar fins.
3. Esses meios são escassos.

Para que o anarcocapitalismo faça sentido, essas premissas precisam ser irrefutáveis.
Delas, se conclui que conflitos de interesses são inevitáveis. Uma premissa secundária
seria que conflitos podem ser resolvidos de apenas dois modos: pela violência ou pela
racionalidade/ética . As leis de propriedade seriam os critérios universais para evitar o uso
da violência nesses conflitos, determinando como os meios podem ser usados do modo
mais racional/ético possível, em qualquer situação. Sem leis de propriedade logicamente
válidas em si mesmas, o que prevaleceria seria uma lei contingente, que em última
instância se torna lei do mais forte, ou seja, depende do uso da violência
Ideias defendidas pelo anarcocapitalismo

Existência de propriedade privada

O anarcocapitalismo defende a proteção da propriedade privada como uma forma de


garantir a segurança individual, ou seja, para que a propriedade de cada indivíduo não seja
violada.

Além disso, para o anarcocapitalismo, Estado e propriedade individual são conceitos que
não podem coexistir, já que muitos defensores da ideologia consideram que medidas
aplicadas pelo Estado são capazes de arruinar os patrimônios individuais. A cobrança de
impostos seria um exemplo disso.

Comércio livre

O comércio deve ser livre e autorregulado. A própria movimentação do mercado econômico


seria suficiente para garantir o funcionamento do mercado, sem a adoção de políticas
econômicas impostas pelo Estado.

Muitos anarcocapitalistas entendem que somente a livre iniciativa é capaz de proporcionar


uma sociedade em que os cidadãos sejam verdadeiramente livres.

Ausência de Estado

O Estado é entendido como um ente que concentra toda a autoridade e que a usa para
aplicar leis. A existência de um Estado com esse tipo de poder é entendida como uma
forma de violência - que é rejeitada pelo anarcocapitalismo.

Alguns adeptos também defendem que o modelo estatal já provou não ser capaz de
gerenciar bem os recursos financeiros e utilizá-los corretamente para fornecer serviços aos
cidadãos. Essa seria mais uma das razões para defender que a sociedade exista sem uma
Estado responsável por comandá-la.

Privatização de serviços

Grande parte dos adeptos do anarcocapitalismo defende que serviços básicos que
normalmente são prestados pelo Estado devem vir da iniciativa privada, isto é, devem ser
privatizados.

Os principais serviços fornecidos pelo setor privado seriam atendimentos de educação,


saúde, transporte e segurança.

Cooperação da sociedade

O anarcocapitalismo também defende que a cooperação social seja o mecanismo mais


adequado para o oferecimento de alguns serviços.
Além disso, existe a ideia de que a troca voluntária entre os indivíduos (como uma troca de
serviços, por exemplo) seja um dos pilares da sustentação das sociedades.

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