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Instituto Superior de Ciências de Saúde de Maputo

Licenciatura em Serviço Social 3ª Edição 2022


1º Semestre, do 2º Ano

Disciplina : Metódos e técnicas de Serviço Social I

Tema:
1. Intervenção participada com individuo, grupo e comunidade
.1.1 Organização em parceria ou partenariado;
1.2 Intervenção em rede.
:
VIº Grupo

Discentes :
1. Armando Pedro Jonas
2. António Marcos Matica
3. Eduardo Lázaro
4. Marta Suburane

Docente : dr Joana de Almeida

Maputo,Julho de 2022
Instituto Superior de Ciências de Saúde de Maputo
Licenciatura em Serviço Social 3ª Edição 2022
1º Semestre, do 2º Ano

Disciplina : Metódos e técnicas de Serviço Social I

Tema:
1. Intervenção participada com individuo, grupo e comunidade;
.1.1 Organização em parceria ou partenariado;
1.2 Intervenção em rede.

Trabalho de pesquisa bibliografica


apresentado ao regente da cadeira
para avaliação sumativa.

Docente : dr Joana de Almeida

Maputo,Julho de 2022
Indíce

Introdução ....................................................................................................................................... 4
1 Objectivos trabalho .................................................................................................................. 5
1.1 Objectivo geral: ................................................................................................................ 5
1.2 Objectivos especificos: ..................................................................................................... 5
2 Metodologia ............................................................................................................................. 5
3 Intervenção social participada com individuo, grupo e comunidade. ..................................... 5
3.1 Conceitos Básicos ............................................................................................................ 5
4 Intervenção participada com comunidade. .............................................................................. 7
5 Tabela 1: Tipos de intervençao participada (Arnstein, 1969). ................................................. 8
6 As dimensões da intervenção social participacipada. .............................................................. 9
7 Organização em Parceria ou partenariado ............................................................................. 10
8 Pressupostos para a organização em parceria ou partenariado. ............................................. 11
9 A intervenção em rede ........................................................................................................... 13
9.1 Modelo de intervenção de rede de Bélanger & Rousseau. ............................................. 15
9.2 Fases da intervenção em rede ....................................................................................... 15
10 A intervenção em Rede no Serviço Social ......................................................................... 16
10.1 Princípios da intervenção em Rede no Serviço Social ................................................... 17
10.1.1 O princípio de integração: ....................................................................................... 17
10.1.2 O princípio de articulação: ...................................................................................... 17
10.1.3 O princípio de participação: .................................................................................... 17
10.1.4 O princípio de subsidiariedade: .............................................................................. 17
10.1.5 O princípio de inovação: ......................................................................................... 17
11 Funções de sistema interventor na intervenção em rede .................................................... 18
Conclusão...................................................................................................................................... 19
Referencias bibliograficas ............................................................................................................. 20
Introdução

O presente trabalho tem como tema a intervenção social participada com individuo, grupo e
comunidade, parceria e partenariado e a intervenção social em redes,ao longo do capítulo pretende-
se enquadrar a intervenção social enquanto estratégia de desenvolvimento de mecanismos de
participação cidadã no processo de resposta a necessidades sentidas.
Primeiramente vai ser desenvolvido o tema da intervenção social com individuo e, seguindo-se do
aprofundamento da intervenção comunitária como estratégia de promoção da participação cidadã
e por último a promoção da participação cidadã como uma prática de empowerment.

As parcerias constituem uma estratégia de intervenção social emergente num contexto de


transformações nas modalidades de relacionamento entre o Estado e o sector nao-lucrativo na
promoção de bem-estar social. Esta forma de inter-relacionamento produz efeitos sobre os arranjos
institucionais formados para lidar com os problemas sociais e sobre as praticas de intervenção
social. Amplamente identificada como boa pratica, a intervenção social em parceria nao pode ser
considerada panaceia, nem constitui um acontecimento. É um processo e nao se define por
regulamentação mas tem que lidar com um conjunto de factores anteriores a implementação e
desenvolvimento.
Melhorar a qualidade de vida das pessoas é um dos propósitos da intervenção participada, que
decorre de estratégias que podem promover uma maior qualidade e legitimidade da Política Social,
ou seja, de uma resposta adequada às necessidades e interesses da população. Neste sentido a
intervenção surge como estratégia de promoção de participação cidadã enquadrada numa prática
emancipatória.

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1 Objectivos trabalho
1.1 Objectivo geral:
Compreender a pratica da intervenção participada com os individuos, grupos e comunidades.

1.2 Objectivos especificos:


i. Identificar tipos e dimensões de intervenção paricipada;
ii. Descrever os tipos e dimensões da intevenção participada;
iii. Explicar a forma de organização de parcerias e partenariado;
iv. Concetuar a intervenção em rede.

2 Metodologia

Para a realização do trabalho , foi usado a metodologia de pesquisa bibliográfica com vista a
alcançar os objectos pré-estabelecidos . Pesquisa bibliografica é desenvolvida a partir de material
já elaborado, constituido principalmente de livros, artigos ciêntifico (Gil, 2008).

3 Intervenção social participada com individuo, grupo e comunidade.


3.1 Conceitos Básicos
Intervenção: é acto de intervir, mediar, assistir ,de exercer influência em determinada situação
na tenativa de alterar o seu resultado.

Individuo : consiste num ser individual, conhecido pela sua existencia única e indivisível. Em
termos técnicos simboliza tudo aquilo que não pode ser dividido.

Grupo a palavra grupo deriva do conceito italiano que grupoo e refere apluralidade de seres ou ou
coisas que formam um subconjunto de cultura ou de sociedades com valores, principios e
intereeses comum.

Comunidade : a palavra comunidade tem origem no termo latim communitas, . Pode-se dizer que
uma comunidade é um grupo de seres humanos que partilham elementos em comu, como o idioma,
os costumes, a localização geografica limitada (Carmo, 2015).

É uma interação entre o sistema-cliente e sistema interventor num dado ambiente, que proporciona
as condições favoráveis ou desfavoráveis ao desenvolvimento da acção.

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O sistema-cliente é construído por um indivíduo ou grupo de pessoas que têm um conjunto de
necessidades e o sistema-interventor é o recurso que vai responder às necessidades do sistema-
cliente. Desta forma, o sistema-interventor pode ser considerado como um recurso social para
responder às necessidades sociais do sistema-cliente, potenciando estímulos à mudança social
(Carmo, 2015).

A intervenção participada pode ter significados diferentes, mas essencialmente está relacionada
com o envolvimento de vários atores em processos de decisão, na implementação desses processos
e na sua monitorização.

Através da participação, os atores com interesse nesses processos partilham poder e o controlo
sobre esses processos, e têm ainda a capacidade de influenciar as decisões e os recursos que os
afetam (Warburton, 1997).
Outros autores enfatizam ainda o carácter educativo da intervenção participada, uma vez que, ao
confiar a responsabilidade do indivíduo,grupo e comunidade para definirem o seu próprio
caminho, a participação atua como um processo empoderador em que os próprios actores do
processo são ao mesmo tempo os agentes da mudança sobre os assuntos que afetam as suas vidas
(Jennings, 2000).

Esta perspectiva mais humana sobre a intervenção participada com indivíduo , grupo e
comunidade é também partilhada por Oakley (1991), citado por Warburton (1997), que refere que
“a participação preocupa-se com o desenvolvimento humano e aumenta o sentimento de controlo
das pessoas sobre os assuntos que afetam as suas vidas” (Warburton, 1997).

Rui Marques (2017), define a intervenção participada como um processo colaborativo e universal,
onde as várias partes interessadas (parceiros e beneficiários) são aprendizes e construtores de
soluções conjuntas. Nesta perspetiva a participação é indissociável da colaboração.

A intervenção social surge neste contexto como uma estratégia de mudança que deve ter em conta
os princípios e valores fundamentais como: a justiça social e os direitos humanos.
Segundo Malcolm Payne (2014), a intervenção participada com individuo, grupo e comunidade,
pode ser fundamentada na perspetiva do empowerment, na perspetiva da mudança social e na
perspetiva da resolução de problemas:

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I. A perspetiva do empowerment: nesta perspetiva a intervenção social tem como objetivo
melhorar a qualidade de vida dos indivíduos, grupos ou comunidades, através do
desenvolvimento das suas competências e consequente o controlo sobre as suas vidas.
II. A perspetiva da mudança social: de acordo com esta perspetiva a intervenção social foca-
se na ideia da cooperação e apoio mútuo na sociedade, na justiça social e na igualdade.
Pode ser considerada uma abordagem emancipatória que, que liberta as pessoas oprimidas
e implica uma transformação da sociedade.
III. A perspetiva da resolução de problemas: tal como a perspetiva do emporwerment, é
centrada no indivíduo e procura responder às necessidades sentidas, a fim de ultrapassar as
situações de instabilidade, ajudando os indivíduos a adaptarem-se à forma de organização
da sociedade para manter a ordem social.

A prática da intervenção participada deve então ser promotora de resiliência, de competências e


do capital social, respeitando o princípio da participação no processo de definição de objetivos e
métodos, a construção de redes e reciprocidade entre membros da comunidade e/ou entidades e/ou
pessoas chaves e também a redução “de desigualdades na comunidade e entre comunidades,
promovendo a diversidade e a redução de conflitos” (Payne, 2014).

4 Intervenção participada com comunidade.

Assumindo que a intervenção comunitária pode incentivar mecanismos de participação cidadã


democrática emancipatória, parece relevante aprofundar a importância do empowerment enquanto
estratégia fundamental neste processo.

O conceito de empowerment foi abordado pela primeira vez nos anos de 1970 por Barbara
Solomon no livro Black empowerment: social work in oppressed communities, e desde então tem
estado cada vez mais presente na área das ciências sociais (Esgaio, Pinto e Carmo, 2015; Pinto,
1998).

O facto de ser um conceito “atractivo, intuitivo e positivo” é usado com muita frequência na prática
da intervenção social, através de “técnicas de auto-ajuda, assistência mútua e participação no
planeamento e gestão de serviços, bem como a participação dos clientes e seus cuidadores na
tomada de decisões que os afectam” (Payne, 2014).

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Por outras palavras, Carla Pinto (1998) define o conceito de empowerment como: Um processo de
reconhecimento, criação e utilização de recursos e de instrumentos pelos indivíduos, grupos e
comunidades, em si mesmos e no meio envolvente, que se traduz num acréscimo de poder –
psicológico, sociocultural, político e económico – que permite a estes sujeitos aumentar a eficácia
do exercício da sua cidadania.

Almeida (2000), refere que a participação indica uma prática emancipatória, que envolve a
partilha de saberes, a cooperação e a valorização da cidadania. A participação enquanto dimensão
do empowerment de uma comunidade implica valorizar a própria comunidade, o trabalho em
equipa e a negociação e a discussão conjunta sobre um determinado problema.

Almeida (2000), defende que “um processo de mudança nunca é inequívoco ou unidirecional”,
pressupõe a participação de toda a comunidade e o reconhecimento da participação cidadã como
um processo de cidadania. Através da promoção da participação é possível construir redes sociais
com consciência política capazes de desenvolver ações para melhorar a sua qualidade de vida.

Uma estratégia de intervenção social promotora da participação cidadã numa comunidade deve ser
enquadrada em práticas emancipatórias. Assim, defende-se que a partir da prática do empowerment
é possível promover um processo de mudança que envolva a comunidade, ou seja, que seja
fundamentada nas reais necessidades e interesses da comunidade.

5 Tabela 1: Tipos de intervençao participada (Arnstein, 1969).

Tipos de Niveis de Carateristicas de intervenção


participação participaçao

O objetivo é informar as pessoas sobre os seus direitos, responsabilidades e


Informativo opções;
Não existe poder para os influenciar ou comentar;
Comunicação unilateral.
O objetivo é ouvir as inquietações e ideias das pessoas, mas não é garantido
que sejam tidas em conta no processo de decisão;
Consulta A participação é medida de forma quantitativa (número de participantes);
Métodos: questionários, encontros e audiências públicas.
O objetivo é envolver as pessoas, que foram selecionadas intencionalmente,
no processo de decisão;

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Conciliação/ As pessoas selecionadas podem aconselhar e planear, mas o poder de decisão
Intervenção apaziguamento recai sobre os power holders( detentores de poder).
participada
simbólica O objetivo é ouvir as inquietações e ideias das pessoas, mas não é garantido
Diagnostico que sejam tidas em conta no processo de decisão.

O objetivo é curar as patologias e ajustar as atitudes e valores dos/as


Tratamento participantes;
Participação em terapias de grupo, mas o foco do problema está no indivíduo.
O objetivo é a partilha das responsabilidades de planeamento e de decisão
entre cidadãos/ãs e detentores de poder (ex. comissões conjuntas);
Parceria De forma geral, a parceria é mais eficaz quando já existe uma base de poder
na comunidade e, muitas vezes, a redistribuição de poder é reclamada pelas
Intervenção pessoas.
participada Elaboração de O objetivo é que as pessoas detenham a maioria do poder de decisão de um
de poder políticas e plano ou programa em particular;
tomada de A negociação é essencial neste processo, desde que promova a delegação de
decisão
responsabilidades à população.
conjunta

A participação cidadã passa pela elaboração de políticas e tomada de decisão,


Implementação até à implementação conjunta de projetos comunitários;
conjunta Nesta abordagem, a sociedade civil no geral envolve-se na implementação e
colabora com as autoridades locais, através da alocação de recursos humanos
e financeiros.

Nota : Todos os niveis de intervenção são importantes para o exercício da participação de forma
efetiva no processo de intervençao ao individuo, grupo e comunidade. Efetivamente, os primeiros
dois niveis não promovem a participação das pessoas no processo de intervenção social , mas têm
benefícios para o desenvolvimento e bem-estar individual, do grpo e da comunidade.

6 As dimensões da intervenção social participacipada.

Rui Marques (2017), definiu as dimensões da intervenção participada no contexto de governação


integrada. Partindo desta ideia de governação, foram desenvolvidas quatro dimensões de análise
da participação caraterizadas na tabela seguinte.

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Dimensão da Caraterização
participação
Participação real;
Não existe simulação de participação;
Participação efetiva
Existe colaboração entre as partes envolvidas;
Responsabilização das organizações.
Contributos dos membros da rede colaborativa para a resolução do
Participação eficaz
problema/necessidade.
Gestão eficiente de recursos.
Combater o desperdício e otimizar a sua utilização;
Participação eficiente Potenciar sinergias;
Partilha de recursos.
Promover a apropriação afetiva do processo participativo;
Participação afectiva
Afastamento da frieza burocrática;
Resultados mais significativos e sustentáveis.

Promover a participação efectiva do individuo, do grupo e da comunidade na intervenção social é


um processo complexo. Por um lado, os mecanismos de participação deparam-se com desafios ao
nível do sistema interventor por outro, também existem barreiras ao nível do benefeciario.
Promover mecanismos de participação activa requer a colaboração entre todas as partes
interessadas, para que a participação não seja uma forma de validar as ideias que já existem e que
não se torne num acto simbólico, apenas centrado na componente da consciência do conceito de
participação.

Assume-se que, tal como foi referido por Marques (2017), para que a participação seja efetiva,
eficaz, eficiente e afetiva a colaboração entre as partes, ou seja, entre o sistema interventor e o
sistema é fundamental.

7 Organização em Parceria ou partenariado

Uma parceria e urn processo de construção de relaçõs entre pessoas que expressam a sua vontade,
disponibilidade e empenho para encetar transformações nas formas de actuar na intervenção social;

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nas formas de organizar a resposta a violencia dos seus direitos; e na abordagem ao problema
social valorizando a etica da intervenção social na promoção e na condução de mudança social.
Na pática, com as parcerias formam-se sistemas de ambito comunitário entre organizações de
vários sectores (envolvendo principalmente o sector público e o sector privado com fins não
lucrativos e muito raramente o sector lucrativa ou os actores sociais no mercado nesta área dos
serviços sociais) e entre os profissionais dessas organizações que lidam com os problemas sociais
de forma directa ou indirecta, prestando serviços sociais e humanos e de proximidade assentes
numa dinamica de interacção relacional. Representam um tipo de resposta compreensiva
(envolvendo todos os interessados) e coerentes (com respostas articuladas entre si) transformando-
a num sistema, o qual é usado ao nivel comunitário, dedicado a um ambito de acção local (Mauret
2003).

A meta consiste em estabelecer uma rede de apoio que esteja disponivel e seja acessivel a vitimas
directas e as suas familias (com destaque para as crianças); que aproveite o sistema legal na sua
maxima capacidade de proteção; que reforce a intolerância social na comunidade em relação a
violência doméstica (Pence e Shepard, 1999).

As parcerias correspondem a uma forma de organizar a resposta a problemas sociais. Este tipo de
resposta normalmente tem inicio corn uma identificação de falta de coordenação nos sistemas e
que investe na reuniao e na conjugação de esforços dos diversos interessados, os quais na maior
parte das situações já estão envolvidos e empenhados na promoção de respostas.

8 Pressupostos para a organização em parceria ou partenariado.

i. A promoção de um trabalho em colaboração;


ii. Na partilha de recursos;
iii. Na coordenação de serviços para se atingir determinados beneficios comuns a todos os
interessados;
iv. Na coordenaçãno de pessoas (profissionais e cidadaos);
v. Na acção de intervenção propriamente dita (em que todos participam com o seu contributo
e todos são co-responsaveis não só por uma quota-parte no processo e intervenção mas por
toda a intervenção (ornelas e moniz, 2007).

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A implementação desta estratégia configura diferentes formatos e arranjos inter- institucionais que
são considerados como modelos de implementação da estratégia e situados ao nivel das práticas
de intervenção.
Um dos objectivos das parcerias é estabelecer uma estrutura, que se traduz em diferentes arranjos
organizacionais, através da qual se pretende facilitar mudanças directas no sistema de respostas as
necessidades e problemas dos cidadãos e indirectas ao nivel social sobre a concepção dominante
de determinado problema social.

Melhorar a eficiência do sistema de respostas as situações de violência doméstica que


afectam as famflias;
Garantir que as vitimas tenham acesso a bens e serviços capazes de aumentar a sua
protecção e de tornar efectivos direitos sociais garantidos;
Minimizar a revitimização decorrente da necessidade de a vitima ter que relatar a sua
situação a cada um dos profissionais que vai sendo envolvido no processo de intervenção;
Aumentar a segurança da vitima através da activação e do envolvimento efectivo dos varios
orgãos e mecanismos de contenção do risco e de protecção da sua segurança e que estão
ao seu dispor ;
evitar que a vitima caia entre as falhas do sistema;
E estimular a prossecução do processo de ajuda até estarem asseguradas as condições de
segurança e promovido o bem-estar da vitimas;
Aumentar a responsabilização do agressor em relação ao seu comportamento de vio!ência.
As parcerias definem o problema social como tendo origens na comunidade (sociedade) e não nas
famflias. Esta concepção do problema tem como fundamento retirar o onús de responsabilidade
pela situação da vitima da mesma e situar o problema como questão estrutural decorrente das
formas como as sociedades se organizam.

Enquanto estratégia de intervenção, a parceria pode ter diversas origens. As Naçõees Unidas, com
base num critério de classificação de ambito territorial, distinguem as parcerias quanto a iniciativa
considerando:

i. A acção de grupos situados na comunidade, dando lugar a uma coordenação de ambito


local;

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ii. A acção de grupos interorganizacionais, que tendem a ser intersectoriais também,
desenvolvendo trocas no ambito regional; e
iii. A acção governamental, originando coordenação ao nivel nacional.
A coordenação de base comunitária (com origem e integrada por grupos e/ou organizações
situados na comunidade) é identificada com o reconhecimento da dimensão pública do fenómeno,
implicando o Estado no combate ao problema.
É desta forma que os actores sociais institucionalmente organizados e implementados nas
comunidades são considerados.

De acordo com os princípios expressos, o partenariado repousa sobre trés condinções: o


reconhecimento pelos próprios parceiros da sua complementatidade; a conservasáo da funçâo
especifica de cada um, a necessidade de um consenso sobre objectivos e meios, independentemente
de possíveis benefícios distintos, assim como divergências em outros níveis de actividade.

9 A intervenção em rede
A intervenção em rede consiste em mobilizar os recursos da rede primária de um individuo a fim
de que a dificuldade que ele apresenta, objecto da acção e do recurso ao assistente social, possa
ser solucionado na totalidade ou em parte pelas pessoas que compõem essa rede primaria”. Este e
um modelo centrado na situacao-problema apresentado por um sujeito e baseia-se na expectativa
da sua superação através da mobilização dos recursos proprios da sua rede, isto é, parte do
postulado de que o sujeito que procura ajuda não se encontra sem recursos, mas que apresenta
dificuldades em mobiliza-las, (Guadalupe, 2016).

Claude Brodeur (1984), parte da contextualização das grandes tendências politicos ideologicas na
sociedade contemporanea para enquadrar o seu “projecto de acção socio-politica”. O autor situa
as “práticas de redes” nos movimentos culturais que se ocupam da qualidade de vida, considera
ser fundamental que qualquer tipo de projecto de acçâo social esteja inscrito num projecto global
de sociedade, sendo que a sua matriz ideologica nos remete para o Socialismo na sua concepcao
originaria. Considera que estas praticas tem por objectivos libertar as pessoas da alienacao
associada ao sistema de producao de bens e servicos, inscrevendo-as na sua dimensão colectiva,
sendo o seu objecto as “pequenas comunidades humanas que constituem a base e o alicerce da
nossa sociedade.

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Nesta óptica, Brodeur concebe o interventor como um agente comunitário que transforma “as
solicitaões, inicialmente alienadas, de individuos junto dos serviços em projectos de existencia
absolutamente livres e auténticos. Para tal, o interventor tem de cumprir uma dupla tarefa:
I. Em primeiro lugar deve compreender e desmontar a dimensão colectiva da solicitação;
II. Em segundo, inscrever esta solicitação “num processo de autonomização radical perante
o sistema económico de produção e distribuição de serviços.

O autor considera os conceitos de rede primária e secundária como fundamentais na definição do


processo de acção. São estes dois conceitos que traçam o campo da intervenção em rede,
integrando um sistema global, onde os interventores integram as redes secundárias e a população-
alvo da intervenção as suas respectivas redes primárias.
Brodeur (1984) equaciona as trocas entre estes sistemas a luz da lei da oferta e da procura, num
jogo de condicionamentos reciprocos. Por exemplo, um bem ou um serviço que, inicialmente pode
ser concebido por uma entidade individual ou colectiva, entra no mercado, vai ter influência na
procura; por outro lado, a procura (ou solicitação, como lhe chamei anteriormente), que pode ser
a expressão livre de necessidades e desejos, a partir do momento em que os individuos procuram
satisfaze-la no mercado, vai ajustar-se a oferta. Neste contexto, a intervenção em rede tera um
duplo objectivo:
A colectivização/ pôr os meios ao serviço da comunidade;
Autonomizacão das redes primárias na sua relação com as redes secundárias.

Brodeur sublinha que a sua definição de autonomização e colectivização não comporta um


conteúdo, apenas as considera como dois objectivos “na perspectiva de um movimento que segue
uma certa trajectoria, para formar dois eixos: individuo/ colectivo e dependencia/autonomia” ou
seja, as prácticas de rede não tem como pretensão determinar a natureza ou qualidade da
colectivização e autonomização, mas sim im primir o movimento no seio do contexto do sistema
formado pela tensão permanente entre os eixos, o que obriga a pensa-lo como um processo
dialéctico, (Guadalupe, 2016).

No primeiro eixo, reflecte-se a solicitação de ajuda a uma instituição que é, quase sempre,
formulada a titulo individual. As instituições, por seu lado, respondem de forma análoga através
de respostas centradas no individuo, tido como paciente identificado. No entanto, encontramos

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tambem uma vertente de respostas comunitárias nestas redes secundárias, abrindo distintas
possibilidades de intervenção social. Os proprio individuos (e redes primárias que integram) que
vivenciam os problemas tem destes, geralmente, um concepção meramente individual, sendo
fundamental que a intervencao faca o seu reenquadramento num quadro de problema que extravasa
esta dimensão para uma dimensão colectiva, da mesma forma como é proposto pelo modelo de
Mony Elkaim 1995).

No segundo eixo, inscreve-se a tendência contraditória verificada nas instituições que se revela
na forma como estruturam e implementam a oferta dos seus serviços. O poder de responder as
necessidades identificadas pode ser utilizado de forma distinta, por um lado, pode favorecer a
criação de dependência do utente face a instituição, e por outro, pode potenciar a autonomia dos
sujeitos e das suas redes sociais se apostar em reforçar as competencias existentes no seu seio de
forma a fazer emergir um conjunto de saberes e competencias, reforcando, assim, a sua autónomia.

Sintetizando, Brodeur (1984) afirma que “o projecto de uma intervenção em rede consiste em
devolver a rede primaria a sua dimensão colectiva e o seu poder de conhecer e regular os seus
proprios problemas” havendo a necessidade de uma postura por parte dos interventores que
favoreça, no processo de intervenção social, uma metamorfose da procura de bens e serviços
inscrita na sua dimensão colectiva e autónoma.

9.1 Modelo de intervenção de rede de Bélanger & Rousseau.

Belanger e Rousseau (1984) amplamente influenciados por Brodeur (1984), também inscrevem a
pratica de intervenção em redes nos eixos do individual versus o colectivo e da dependência versus
autonómia. Os autores apresentam uma intervenção faseada que pretende implementar um
processo de acção susceptivel de favorecer um movimento espontaneo no seio das redes primarias
(Belanger & Rousseau, 1984).

9.2 Fases da intervenção em rede

1. A fase de introdução;
2. A Fase de transição;
3. A fase de consciencialização e ;
4. A fase de acção.

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A fase da introdução: Inicia-se com o primeiro contacto do interventor com a pessoa que faz o
pedido de ajuda, no qual se estabelece uma dinamica relacional baseada numa escuta activa com
abertura a dimenção colectiva do problema.
Esta é uma fase exploratória caracterizada pela escuta e recolha de informação e contém uma certa
euforia (de curta duracao) que os autores associam a possibilidade de verbalização da solicitação
de forma muito completa e a exploração que se faz do meio social, interpretada como uma
intensificação da escuta, (Guadalupe, 2016).

A fase de transição: Nesta fase, verifica-se uma certa resistência, já que a proposta de
intervenção não é a tradicional e esperada pelo utente, a rede acede a proposta do interventor,
inicia-se um periodo de mobilização. Este é um periodo determinante para que a rede assuma o
“projecto colectivo para resolver os seus problemas, assumindo o que os autores apelidam de um
“discurso do meio”, enquanto produção colectiva que resulta das interacções entre os membros da
rede. Este discurso é entendido como um “produto cultural contendo uma interpretação dos
problemas, uma análise e hipóteses de soluções e reflecte uma tomada de consciência das suas
tensões internas e o reconhecimento dos seus processos, (Guadalupe, 2016).

A fase de consciencialização: Que confirma o processo de colectivização da rede e marca o inicio


de uma nova etapa dominada pela autonomia, (Guadalupe, 2016).

A fase de acção: Constitui o momento de operacionalizar as decisões tomadas. A rede encontra-


se, nesta fase, num estado avançado “na arte de definir as suas próprias necessidades e de produzir
as suas proprias soluções, (Guadalupe, 2016).
Claro que os recursos que encontramos no seio das redes primárias não são ilimitados
e capazes de responder a todas as necessidades dos seus membros. E por isso fundamental
equacionar a relação com as redes secundárias formais. Apos uma intervencao, e frequente a
solicitacao ja assumir um caracter de soli citação gerada por uma definição autónoma que se afasta
da solicitação de dependência que se verifica antes deste tipo de intervenção. É também possivel
que algumas redes primarias mobilizadas se transformem em redes secundarias informais .

10 A intervenção em Rede no Serviço Social

A intervenção em rede no serviço social é uma forma de pensar e de fazer ,que consiste em observar
os problemas da sociedade como problemas gerados pelas relações sociais e aspira a resolvê-los

16
não sobre os factores puramente individuais ou pelo contrário puramente colectivos ou estruturais,
mas através de novas relações sociais e de novas organizações destas relações”, (Guadalupe,
2016).

10.1 Princípios da intervenção em Rede no Serviço Social


O princípio integração;
O princípio articulação;
O princípio de participação;
O princípio subsidiariedade e;
O princípio inovação.
10.1.1 O princípio de integração:

Apela ao desenvolvimento de ações integradas e multissectoriais de forma a responder à


multidimensionalidade dos problemas sociais.

10.1.2 O princípio de articulação:


Que traduz a necessidade de articular as intervenções com os vários atores do território em causa,
apostando no trabalho em parceira, na cooperação e na partilha de responsabilidades.
10.1.3 O princípio de participação:
Que define que o combate aos problemas sociais é tanto mais eficaz quanto maior for a participação
dos atores locais e da população intervenientes no processo. Este princípio pressupõe que haja uma
maior tomada de consciência destes intervenientes relativamente aos problemas sociais e que a
mobilização dos mesmos dê origem a soluções concretas que visem à resolução dos problemas
existentes;
10.1.4 O princípio de subsidiariedade:
Que postula a necessidade de resolver os problemas sinalizados com os recursos existentes
localmente, encaminhando-os para níveis de resolução mais abrangentes (regionais ou nacionais)
quando se constata a impossibilidade de os resolver localmente.

10.1.5 O princípio de inovação:


Que está relacionado com a descentralização da intervenção social, ao desenvolvimento de
parcerias estratégicas e ao recurso à democracia participativa e à introdução de metodologias de
planeamento estratégico integrado e participado. A inovação significa então caminhar para uma
descentralização dos serviços, uma desburocratização dos procedimentos, uma maior partilha e

17
circulação de informação (através da criação de um sistema de comunicação fácil e acessível a
todos os serviços e cidadãos), e formas de atuação que motivem a participação das comunidades
locais.

11 Funções de sistema interventor na intervenção em rede


Identificar as pessoas da rede primaria susceptiveis de ser mobilizadas (que disponibilizem
tempo, capacidade e vontade de trazer ajuda e suporte);
Identificar os profissionais e voluntarios das redes secundarias formais que intervem junto
da pessoa e do grupo primario (no sentido de pensar uma intervenção integrada);
Identificar as redes secundarias informais a mobilizaveis;
Estabelecer o mapa de rede;
Avaliar o dispositivo de ajuda levado a cabo, através do estabelecimento de criterios e
indicadores de avaliação para o projecto de intervenção em rede submetidos a aprovação
do grupo pelo coordenador da intervenção;
Activar e animar a rede primária, que necessita ser planeada para que seja duradoira,
devendo ser mobilizada com o compromisso das pessoas envolvidas, podendo aqui
explorar-se o manancial infinito de recursos nas redes de segundo nivel, partindo das redes
de cada pessoa que faz parte da rede identificada;
No processo devera reconhecer-se “o valor democratico deste colectivo, da sua capacidade em
fazer por si proprio as suas proprias escolhas, sendo todo este processo atravessado pela finalidade
da intervenção, que se consubstancia na mobilização da rede para uma acção mais autonoma do
colectivo.

Assim, os autores defendem que estabelecer uma relação de ajuda com o cliente, privilegiando a
mobilização dos seus próprios recursos, a partir de uma activação da sua rede primária e
eventualmente de uma rede secundária náo formal em detrimento de uma intervenção mais classica
escorada a partir da rede secundária formal, implica que o profissional balize a intervenção em 3
eixos basicos: no saber ser, no saber estar e no saber fazer.

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Conclusão

O presente trabalho procurou identificar as formas de participação do individuo, grupo e


comunidade na conceção, implementação e avaliação das intervenções sociais .
Neste sentido, o enquadramento teórico foi desenvolvido tendo em conta obras de referência nas
áreas da Política Social, da Ciência Política, da Participação Cidadã, da Intervenção Social, do
Desenvolvimento Comunitário e do Empowerment, procurando-se enquadrar as questões da
intervenção participada.
Pode-se reafirmar que a participação é parte integrante da realidade social na qual as relações
sociais ainda não estão cristalizadas em estruturas. Sua ação é relacional; ela é construção da/na
transformação social. As práticas participativas e suas bases sociais evoluem, variando de acordo
com os contextos sociais, históricos e geográficos. Os atores locais (do governo à sociedade) têm
função estratégica na renovação do processo de formulação de políticas públicas locais. A
aplicação do princípio participativo pode contribuir na construção da legitimidade do governo
local, promover uma cultura mais democrática, tornar as decisões e a gestão em matéria de
políticas públicas mais eficazes . Os governos locais, em particular, não são mais considerados
simples agências prestadoras de serviços; são chamados a garantir a articulação da "ação pública
local".
Conclui-se que num mundo onde as dinamicas dos problemas socias são frequentes para
comunidade é tão profunddo envolver e beneficiar o sistema cliente das politicas sociais
abrangentes, em decorência deste processo destacamos a organização de partenariado, intervenção
em rede e a intervenção participada com os individuos, grupos e com comunidade, este ultimo
tido como um processo colaborativo e universal, onde as várias partes interessadas parceiros e
beneficiário ou sistema cliente são aprendizes e construtores de soluções conjuntas, como bases
para atendimento ao sistema cliente e a sua autonomização.
Este processo de intervenção participada, pode ser fundamentada em três perpectivas; perpectiva
de empowerment, perpectiva de mudanca social e a perpectiva de resolucao de problemas.

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Referencias bibliograficas

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Intervenção em rede 2.ª edição 2016: serviço social, sistémica e redes de suporte social
Autor(es): Guadalupe, Sónia

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