A gravidez pode acarretar várias modificações endócrinas no organismo. O que provoca esses eventos é a implantação da placenta e sua atividade de sustentar a vida do feto. Ocorre a sintetização através da placenta em dois tipos de hormônios, sendo os peptídicos e os esteróides. Entre os peptídicos estão o hormônio gonadotropina coriônica (HCG), o hormônio somatotropina placentária e a tireotropina placentária. Os hormônios esteróides desenvolvidos são o estrógeno, a progesterona e os andrógenos. O HCG leva a estimulação do corpo lúteo, causador por produzir estrógeno e progesterona. Adimais, interrompe a rejeição do tecido fetal. A somatotropina placentária possui propriedades lactogênicas. Associado ao HCG, ajuda na manutenção da integridade anátomo-funcional do corpo lúteo. Promove o crescimento fetal e age sobre o metabolismo de glicose e gordura da mãe, diminuindo a utilização materna da glicose para desviar essa substância para o bebê, levando a um aumento da mobilização dos ácidos graxos, para que a progenitora utilize-os como reserva de energia ao invés de usar a glicose. Durante a gravidez, a progesterona inibe a musculatura uterina, impedindo a expulsão do feto, inibe respostas de linfócitos T (impedindo a rejeição tissular), além de promover depósito de nutrientes nas mamas para a formação do leite. Sendo essa a que leva a um decrescimento do tônus de músculos lisos, podendo acontecer uma redução de náuseas, constipação, peristaltismo, aumento do calibre das veias, estase de urina, redução da pressão diastólica e diminuição da tensão que acaba acontecendo na pressão entre os alvéolos e arterial. Os estrógenos são causadores pelo crescimento da musculatura e aumento da vascularização uterina, pelo relaxamento dos ligamentos pélvicos e dilatação dos órgãos sexuais externos, pelo aumento no tamanho das glândulas mamárias e pelo aumento nos níveis de prolactina. Os andrógenos são hormônios com ligação à steroid-binding-globulin não tendo, ou seja, ação metabólica. Já cortisol produzido pela supra-renal é o glicocorticóide de maior relevância. Durante a gestação ocorre uma formação maior de glicose, fazendo com que o pâncreas produza ainda mais insulina e então manter o metabolismo dos carboidratos de forma normal. Apesar do crescimento da insulina, não há aumento de receptores, o que provoca uma resistência periférica, ou seja, diminui seu aproveitamento. Verificou-se que 25% das mulheres apresentavam sobrepeso ou obesidade, associadas com maior risco de desenvolver diabetes gestacional, que aumenta a probabilidade da gestante desenvolver complicações e a incidência de mortalidade perinatal. O hormônio glucagon é catabólico e é formado pelo pâncreas, com grande ação glicogenolítica, gliconeogênica e lipolítica, contrapondo-se à ação da insulina. Conforme acontece o desenvolvimento da gestação, ocorre uma diminuição da concentração plasmática quando a mãe está em jejum. A glândula tireóide sofre algumas alterações durante o período gestacional. A glândula tireóide recruta dois hormônios, a triiodotirosina e tetraiodotirosina e têm grande influência pelo TSH. Observa-se aumento no metabolismo basal do feto e da mãe (juntos aumentam em até 25%), que recorre em gasto médio de 300 quilocalorias por dia. Isso pode acontecer a partir do final do primeiro trimestre, até o último. Quando se estuda as alterações da tireóide na gestação é importante lembrar-se do eutireoidismo ou hipertireoidismo fisiológico da gravidez. Acontece que as modificações hormonais podem levar a um aumento na velocidade da circulação do sangue, taquicardia, diminuição da tolerância ao calor, falta de ar, ansiedade e alguns outros sintomas bem parecidos ao do hipertireoidismo não fisiológico. Doenças tireoidianas afetam 10% das mulheres e podem causar alto risco materno. O hipertireoidismo acomete 0,2% das gestantes. Já o hipotireoidismo durante a gestação é mais incomuns (1/1600-2000) partos já que está associado à infertilidade. As glândulas paratireoides são de grande importância para o metabolismo do cálcio e de fosfato nos tecidos e fluidos orgânicos, tendo ação em paralelo nos sistemas digestório e urinário. Durante a gravidez elas tornam-se hiperplásicas e hiperfuncionantes, aumentando a concentração plasmática do paratormônio, já que há feedback com o cálcio circulante. Se ocorrer insuficiência das paratireóides, pode levar a uma maior excitação muscular e assim, a mãe pode acarretar em câimbras. Ocorre que se a progenitora tem hipoparatireoidismo pode levar a uma hiperplasia das paratireóides do feto, e o contrário também. Assim sendo, se um bebê em seus primeiros dias aparentar algum distúrbio nas glândulas paratireoides, no caso de uma hiperfunção, que levaria a uma hipofunção no bebê, onde não há um suprimento correto de cálcio para formar o esqueleto. Há um aumento de até cinco vezes de prolactina maior nos primeiros três meses de gestação, podendo ser dobrado conforme passam os meses seguintes. Entre suas funcionalidades estão induzir e manter a lactação, fazendo a promoção da secreção de leite das glândulas mamárias. Durante o parto acontece uma diminuição de prolactina e em seguida ocorre um aumento rapidamente. A ocitocina é um hormônio secretado pela hipófise posterior, e que tem como uma de suas funções provocarem contrações uterinas. Estudos em animais mostraram que irritando ou distendendo o colo uterino, como ocorre no final da gestação, ocorre produção de um reflexo neurogênico pela glândula hipófise posterior que aumenta a eliminação de ocitocina, levando a um acréscimo considerável das contrações uterinas. Podendo ter outra função a ocitocina que seria a promoção da ejeção ou um “abaixamento” do leite. As mamas têm em sua formação gordura e tecido glandular. Vinte lóbulos são encontrados que fazem a secreção do leite, sendo cada um com uma abertura na área mamilar e um ducto. Bem próximo a cada abertura há uma ampliação do ducto (canal lactífero) que armazena leite temporariamente quando este está sendo produzido.
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