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Tecnicas cirurgicas
Aula 1 - Unidade de centro cirúrgico Sala de recuperação
“Conjunto de ambientes devidamente localizados, Sala para qual o paciente é encaminhado após a
dimensionados e dotados de instalações e cirurgia, para que haja uma recuperação do
equipamentos, com pessoal qualificado e treinado procedimento. Muitas vezes localiza-se junto com
para a realização de procedimentos cirúrgicos, de a sala de recepção.
forma a oferecer o máximo de segurança aos
Corredores
pacientes e às melhores condições de trabalho em
O corredor do centro cirúrgico é extremamente
equipe”. Deveria ser um espaço de absoluto
importante, por representar a chegada dos
respeito, o que nem sempre é garantido pelos
médicos, dos pacientes, dos auxiliares e dos
trabalhadores dessa localidade, inclusive por parte
enfermeiros. O ideal é que possua uma largura
dos médico. Ele pode ser dividido em três áreas:
mínima de 2,5 metros, um corredor interno (por
Ø Zona de proteção – área representada
onde o paciente entra) e um corredor externo (por
pelos vestiários e transferência de macas.
onde o paciente sai), para evitar o cruzamento
Ø Zona limpa – não é estéril, mas deve ser
entre pacientes recém-chegados e pacientes já
limpa. É constituída pelos corredores, pela
operados. Por receber todas as pessoas que
sala de recepção dos pacientes, pela sala
adentram no centro cirúrgico, representam o local
de recuperação, sala de equipamentos,
mais crítico de infecção.
depósito de materiais e secretaria-
administração. Lavabos
Ø Zona asséptica ou estéril – incluem os Local onde a equipe médica faz a assepsia. À rigor,
lavabos, a sala de sub-esterilização e a sala deveria estar em uma sala fechada ao lado e em
de cirurgia. contato com a sala de cirurgia, mas isso nunca
ocorre, sendo encontrado nos corredores.
Vestiários
É preciso que haja vestiários masculinos e Sala de cirurgia
femininos, mas nem todos hospitais respeitam Deve possuir uma medida adequada, sendo:
isso. Dentro destes vestiários, existem armários Ø Para pequenas cirurgias – 20 metros
individuais com chaves, sanitários completos e quadrados.
chuveiros. Os cirurgiões, enfermeiros e auxiliares Ø Para médias cirurgias – 25 metros
devem trocar-se nesses vestiários, colocando quadrados
uniformes apropriados (diferentes cores), gorros, Ø Para grandes cirurgias – 30 a 35 metros
máscaras e propés. quadrados.
Para cada 15 leitos cirúrgicos, é necessário que
Área de transferência das macas
haja uma sala adequada de cirurgia. O piso deve
Local onde as macas provenientes das unidades de
ser liso e não poroso. Dentro dessa sala, deve-se
internação devem ser trocadas por macas próprias
encontrar:
do centro cirúrgico. Muitas vezes essa área não
Ø Mesa cirúrgica
existe, sendo a maca que saiu da sala de
Ø Mesa instrumental
internação a mesma que entra no centro cirúrgico.
Ø Mesa de anestesia
Sala de recepção dos pacientes Ø Mesa auxiliares
Sala para qual o paciente vai antes de ir para a Ø Focos cirúrgicos – uma boa iluminação é
cirurgia, para que haja alguma revisão de seu essencial
estado ou algum exame que antes não fora feito. Ø Aparelho anestésico
Muitas vezes localiza-se junto da sala de Ø Monitor cardiovascular com desfibrilador
recuperação. Ø Armários, cestas de lixo e hampers
Ø Bisturi elétrico
Ø Frasco para aspiração
Ø Redes de O2, ar comprimido e N2O
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Ø Palma da mão para baixo e dedos Em situações com pouco atrito, é possível
semifletidos – fio solto realizar múltiplos nós simples, sem que o
Ø Palma da mão para cima dedos esticados primeiro seja duplo. Para realiza-lo, deve-
- compressa se cruzar os fios e segurá-los como a rédea
de um cavalo (com o indicador e o
polegar). O fio que passou por debaixo do
outro será o que dará a primeira laçada,
devendo ficar espalmado sobre a mão
dominante (direita no destro, esquerda no
canhoto). Em seguida, deve-se passar o
outro fio (que está por cima) por cima dos
dedos médio, anelar e mínimo, de forma
que esses dedos se mantenham dentro da
laçada. Prosseguindo, é necessário buscar,
com o dedo médio, o fio que estava
espalmado na palma da mão, passando-o
pelo meio da laçada. Para prosseguir com
o nó duplo, deve-se inserir o dedo
indicador da mão contralateral à que o fio
ficou espalmado (no caso do destro, a mão
esquerda e no caso do canhoto, a direita)
na laçada, buscando o outro fio (o que se
apoiou sobre os dedos médio, anelar e
mínimo). Feito isso, o primeiro nó duplo
está pronto. Os demais nós simples são
Aula 3 - Nós cirúrgicos realizados da mesma forma, mas de
a. Nó do cirurgião clássico (Pauchet; nó da maneira alternada, ou seja, o fio que dará
corujinha) - composto por 3 nós, sendo a 2º laçada ficará espalmado na mão não
que o primeiro aproxima as bordas, o dominante e o fio da 3º laçada ficará
segundo fixa o nó e o terceiro é de espalmado na mão dominante. Em todos
segurança. Esses nós precisam ser os momentos é necessário aproximar o nó
cruzados, para que não desmanchem com o dedo até o local da sutura,
sozinhos (1º e 3º são iguais e o 2º é deixando-o entre os dedos e puxando-o
contrário). Para que o primeiro não corra, sempre com o indicador e de forma
ele deve ser duplo, enquanto os demais correta. (da mesma forma com ambas as
são simples. É importante evitar que ele mãos, sem invertê-las e sem puxar para
solte, ajustar as bordas corretamente, cima).
considerar o tipo do fio (existem fios https://www.youtube.com/watch?v=PPn
absorvíveis e não absorvíveis, fios finos = Cx0kzZhw
quanto mais zeros, fios resistentes, etc). b. Nó do sapateiro – deve-se cruzar os fios,
de forma que a mão dominante segure o
fio que passou por cima com os dedos
médio, anelar e mínimo (dedos indicador
e polegar ficam “soltos”). Com o polegar
livre, deve-se buscar o outro fio e, com o
indicador, passa-lo por dentro da laçada.
Por fim, deve-se empurrar o nó até o local
da sutura, com o indicador. Para deixa-lo
duplo, basta cruzar novamente os fios, de
forma que a mão dominante segure o fio
que passou por baixo, da mesma forma
que anteriormente. Em seguida, ao invés
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do polegar buscar o outro fio, ele deve Os nós devem sempre ser feitos do mesmo lado,
empurrar o fio que está segurando e, com sendo que a largura do fio e a distância dos pontos
o indicador, que passa por dentro da deve ser semelhante. No cotidiano, os nós
laçada, buscar o outro fio, trazendo-o para geralmente ficam escondidos no centro (nó
dentro da laçada. Da mesma forma, deve- invertido é bastante utilizado em crianças).
se empurrar o nó até o local da sutura com a. Ponto U horizontal – apresenta um
o indicador. formato de U que segue horizontalmente.
https://www.youtube.com/watch?v=4z8 Gera uma pior cicatriz, mas segura as
_UPQSBQI bordas.
c. Nó com porta-agulha – é o nó mais feito
no pronto socorro, a fim de gastar menos
fios, já que com o porta agulha é possível
realizar inúmeros nós com o mesmo fio.
Suturas
Ato de unir as bordas de uma ferida ou incisão,
com agulha e fio especial, grampos ou cola, para
promover uma melhor e mais rápida cicatrização.
É importante sempre que possível acompanhar as
linhas de tensão da pele (linhas de Kraissl), para
melhorar a cicatrização final.
para o lado esquerdo. A clavícula hemodiálise (cateter com dois lúmens, um mais
atrapalha a visão venosa do ultrassom. curto por onde o sangue é aspirado e um mais
distal, por onde o sangue é injetado),
monitorização hemodinâmica e estimulação
elétrica. Como o cateter é longo, não é muito
utilizado para dar sangue para o paciente.
Técnica de Seldinger
Não existe somente para a punção de vaso. Sua
sequência é:
1. Punção
2. Fio guia – é bastante fino, sendo colocado
no local de punção até o alvo. É o último
que é retirado, por orientar a passagem.
Ø Femoral – caso não seja possível pela
Assim, só é retirado após inserção do
jugular, pela subclávia ou pela cefálica.
cateter.
3. Dilatador – dilata o orifício para permitir a
passagem do cateter.
4. Cateter – possuem diferentes lúmens.
Tipos de cateter
Ø Lúmen simples
São indicados par infusão de fluidos,
administração de drogas, nutrição parenteral
(hiperosmolar – rica em proteína e gordura),
infusão de quimioterápicos (Portcath – na ponta
do cateter tem uma ponta saliente, com uma
tampa de silicone que pode ser puncionada para
que haja a inserção do quimioterápico),
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Complicações:
Ø Pneumotórax – cateter passa perto da
costela, podendo perfurar a pleura.
Aula 5 - Videolaparoscopia:
Procedimento endoscópico, minimamente
invasivo, para realização de cirurgias ou
Ø Cateter de Swan-Ganz – possui um cateter procedimentos diagnósticos ou terapêuticos, em
de pressões cavitárias, que passa pelo átrio diversas cavidades do organismo. Todas cirurgias
direito (tem orifício para medir a PA direita podem ser realizadas por scopia (visão), mas
- baixa), pelo ventrículo direito (tem algumas não apresentam grandes vantagens por
orifício de pressão - alta) e pela artéria serem muito grandes. Assim, é um método
pulmonar, onde possui um orifício para moderno, pouco traumático e excelente para
pressão (média) e um balão que pode ser algumas cirurgias, como:
insuflado. É possível que ele seja inserido Ø Abdominais – colecistectomia, hérnias,
mais distalmente, sendo possível aferir bariátrica, colectomias, apendictomia
uma outra pressão, que é igual à do átrio Ø Ginecológicas – mioma, endometriose.
esquerdo (quando elevada, pode significar Ø Urológicas – litíase renal, próstata
insuficiência esquerda). Nesse cateter, é Ø Torácicas
possível colocar um marca-passo, medir o Ø Cirurgia pediátrica
débito cardíaco e realizar monitorização Ø Oncológica – impacta a vida do paciente,
hemodinâmica. No choque cardiogênico, a sendo necessário analisar se a via
pressão capilar wedge está elevada (do VE minimamente invasiva é segura. A
está elevada), o DC diminuído e a maioria dos tumores pode ser retirado
resistência circulatória aumentada. Diante por essa via, mas alguns não, como o de
disso, pode-se orientar uso de droga colo uterino. Deve-se tomar cuidado para
inotrópica (dopamina ou dobutamina), não partir o tumor ao meio, utilizando-se
diurético e balão intra-aórtico (aumenta de endobags (saquinho).
perfusão coronariana, diminui resistência Ø Urgências – gravidez ectópica,
periférica) apendicite, lise de bridas, cisto ovário
hemorrágico.
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2. Sala cirúrgica
Há uma torre de equipamentos, com monitor de
TV, fonte de luz, câmera, insuflador de ar e bisturi
elétrico. O cabo de luz pode ou não vir esterilizado,
sendo necessário protegê-lo com um plástico
quando não esterilizado.
Aula 6 - Drenos:
Dreno é um tubo para remover pus, sangue ou
fluídos de uma cavidade cirúrgica qualquer. É
PS: Diagnóstico diferencial de apendicite
indicado para:
Ø Adenite mesentérica
Ø Tratar infecções - abcesso, por exemplo
Ø Diverticulite de Meckel
Ø Tratar certas condições clínicas
Ø Doença de Crohn
Ø Eliminar espaço morto
Ø Cálculo uroteral
Ø Drenar pus, sangue, exsudato e bile
Ø Hematoma da bainha do reto abdominal
Ø Prevenir o acúmulo de líquido ou gás –
Ø Doença inflamatória pélvica
evita formação de seromas, por exemplo.
Ø Gravidez ectópica
Ø Vigiar fístulas (comunicação entre duas
Ø Torção ovariana
superfícies epiteliais) urinárias, intestinais
Ø Infecção urinária
e linfáticas
Ø Cisto ovariano
Ø Vigiar o pós-operatório – as deiscências
Caso clínico – sexo masculino, 70 anos, há 5 dias ocorrem do 5º até o 12º dia quando a
sem evacuações ou flatos. Ao exame físico, exame anastomose é feita de forma correta. Em
distendido, com timpanismo. Deve-se pedir raio-x falhas técnicas, a deiscência ocorre no 1º
de abdômen agudo, no qual nota-se distensão e dia.
níveis hidroaéreos – sub-oclusão intestinal. Ø Terapeuticamente - drenagens de fístulas,
que podem ser quilosa (lesões dos vasos
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2. Quando utilizar?
Os drenos deixam os pacientes presos na cama,
diminuindo a mobilidade pós-operatória. Por esse
PS: Dreno de Kher – possui um formato de T, motivo, ele não deve ser utilizado rotineiramente
utilizado em drenagens de vias viliares. e em qualquer cirurgia.
3. Caso clínico
a. Paciente, 54 anos, com adenocarcinoma
de retosigmoide a 20 cm da borda anal.
Por essa distância não ser tão perto do
sigmoide, é possível realizar uma
anastomose (menos de 2cm não é
possível). Assim, a paciente realizou uma
retosigmoidectomia com anastomose. Até
o 4º dia pós-operatório, os resultados
estavam adequados, mas a partir do 5º
PS2: drenos de curativo à vácuo – são pouco passou-se a notar uma drenagem mais
usados, mas funcionam bem quando existem escurecida, indicando perfuração
partes moles muito extensas, escaras, etc. intestinal com drenagem de fezes. Diante
disso, deve-se realizar uma laparotomia
exploradora com ressecção
b. Sexo masculino, 30 anos. Encaminhado ao
pronto-socorro trazido pelo SAMU após
acidente de moto. Apresenta-se com
palidez cutânea-mucosa, PA 70/50mmHg
e FC 120bpm. Abdômen não doloroso,
mas murmúrio vesicular ausente e
macicez em hemitórax direito. Faz-se a
drenagem do tórax, sendo retirado
PS3: os drenos torácico (pigtail) ou em selo d’água
2500ml de sangue. Diante disso, deve-se
são os mais utilizados para drenagem torácica. O
realizar uma toracotomia.
pigtail é rígido para entrar na cavidade torácica,
mas após isso, assume outra forma (parecida com Aula 7 - Incisões abdominais
rabo do porco). Ele é bastante usado em indivíduos Representam as vias de acesso para as cirurgias,
com acesso venoso central ou pneumotórax ou seja, são locais preparados para dar início a
isolado (incomoda menos). Hemotórax e empiema uma cirurgia. Foram idealizadas em uma época
são tratados mais com selo d´água. A inserção dos com técnicas mais precárias, objetivando incisões
drenos torácicos é feita entre o 4º-5º espaço exatamente nos locais onde ocorreria a operação
intercostal, na linha axilar média.
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1. Técnicas
Além da paramentação cirúrgica, é preciso realizar
a antissepsia, colocar campos operatórios que
restrinjam a área de contato com a pele e realizar
a incisão.
2. A parede abdominal
A parede abdominal possui a linha arqueada de
Douglas (arco de Douglas – na altura da cicatriz A inervação dessa parede se faz da porção lateral
umbilical). para a medial, o que justifica o motivo de todas
lesões laterais lesarem as raízes nervosas. Caso
haja lesão de 2 raízes, não existem grandes
problemas. No entanto, acima de 3 lesões, há
possibilidade de atrofia muscular. Por esse motivo,
a incisão mediana é a melhor escolha, uma vez que
ela representa o local de decussação de fibras
musculares. Entretanto, incisões nesse local
trazem preocupação em relação à possibilidade de
afastamento da linha alba ao realizar mínima força
(tosse – utiliza musculatura acessória da
respiração, músculos laterais forçam para lateral).
PS: a incisão universal do trauma é a mediana,
desde o processo xifoide até a púbis (linha
branca/alba). Como a cicatriz umbilical está entre
esses locais, é possível realizar uma incisão
transumbilical ou, como é mais feito, contorna-la
pela esquerda, para evitar que haja uma
Acima dessa linha, há formação da bainha anterior
recanalização (síndrome e/ou uma lesão da veia
do músculo reto-abdominal por meio da
porta.
aponeurose do músculo oblíquo externo (fibras de
cima para baixo) e por metade da aponeurose do 3. Histórico laparotomias
músculo oblíquo interno (fibras de baixo para A anestesia iniciou-se em 1946, Em seguida surgiu
cima). Abaixo dessa linha, a bainha anterior do a lancepsia (conceitos de Pasteur – diminuiu
músculo reto-abdominal, por sua vez, é formada infecções) e, na metade da década passada, as
pela musculatura da parede anterolateral, ou seja, penicilinas foram descobertas. Na década de 70,
pelas aponeuroses dos músculos obliquo externo, cirurgiões perceberem que seria possível realizar
interno e transverso (mantém o formato da incisões menores, desde que essas não
cavidade abdominal), não existindo bainha comprometessem o paciente. Assim, nessa
posterior. década, forma realizadas cirurgia tubária. Na
década de 90, a colecistectomia passou a ser
realizada com incisões menores (atualmente é
feita endoscopicamente, com trocarteres). Em
1999, os primeiros robôs surgiram.
4. Incisões longitudinais
São mais usadas, mas apresentam maior risco de
deiscência e mais dor. Ao descrever a cirurgia, é
necessário indicar o tipo de incisão, o local onde
ela foi feita – supraumbilical, infraumbilical ou
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supra e infraumbilical – e o tamanho que ela Entretanto, utiliza-se mais incisões longitudinais.
possui. Incluem: Incluem:
Ø Mediana/janela do abdome – universal. Ø Pfannenstiel – incisão pélvica muito usada
na obstetrícia. É transversa e realizada em
cima do púbis.
5. Incisões transversais
Fisiologicamente, incisões transversas são
melhores, devido ao afastamento da linha alba
diante de esforços (tensão é muito menor do que
a tensão das incisões longitudinais). São mais
difíceis tecnicamente, mas apresentam menor
chance de eviscerações e hérnias intersticiais.
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1. Fisiopatologia
A inflamação ocorre, provavelmente, por uma
obstrução da luz do órgão por fecalito ou por
hiperplasia linfoide que vai gerando um aumento
da pressão intraluminal. Nas primeiras 12 horas
desse evento, o paciente, passa a apresentar uma
perda de apetite, com náuseas e dor na boca do
estômago. Após 24h, o aumento da pressão foi tão
intenso, que gera uma congestão venosa (impede
que o sangue saia), o que faz com que a dor migre
para a fossa ilíaca direita. Com o tempo, o sangue
PS: cirurgia vídeo-assistida é aquela cirurgia não consegue nem entrar mais no apêndice,
convencional que se utiliza de auxílio da causando isquemia. Após 48h, pode haver invasão
videolaparoscopia. bacteriana, gerando febre. Se não tratado, todo
esse quadro pode levar à necrose e à perfuração
PS2: a dor torácica após cirurgia afeta a do intestino, causando extravasamento de fezes
respiração, podendo causar uma restrição na cavidade abdominal, consequentemente,
ventilatória. abdômen agudo.
PS: Hoje, utiliza-se bastante incisões transversas 2. Diagnóstico
supraumbilicais para inserir o trocarter maior Em geral é feito rapidamente, mas existem
(10mm) com a ótica e depois os trocarteres inúmeros diagnósticos diferenciais, uma vez que
menores (5mm) para utilizar o material de qualquer dor abdominal pode simular uma
trabalho. apendicite, como:
Ø Pielonefrite
9. Criança
Ø Colecistite
Na criança, o diâmetro latero-lateral é maior do
Ø Torção de ovário
que o anteroposterior, sendo a incisura clássica a
Ø Cisto de ovário
transversa.
Ø Diverticulite
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1. Classificação
Aula 9 – Fios de Sutura Os fios podem ser classificados quanto a origem, a
São materiais flexíveis, de secção circular, com estrutura e a absorção. Quanto à origem, podem
diâmetro muito reduzido em relação ao ser:
comprimento, utilizados para aproximar tecidos Ø Biológicos – tem origem animal e
incisados cirurgicamente, lacerados em vegetal
traumatismos ou para ligar vasos sanguíneos (fio Ø Metálico – tem origem mineral
de algodão, geralmente). As suturas favorecem a Ø Sintético
cicatrização e, quando feitas, diz-se existir uma Quanto à estrutura, podem ser:
cicatriz de primeira intenção, que diminui o espaço Ø Monofilamentar – cada fio é composto por
morto e diminui o tempo de melhor. Tem como único filamento compacto.
objetivo manter a aproximação das bordas de Ø Multifilamentar – conjunto de fios
tecidos seccionados com materiais que resistam as trançados entre si. Possui maior
tensões e trações da ferida, até pelo menos a resistência, mas apresentam desvantagens
segunda fase de cicatrização. Quanto mais tempo em tecidos infectados, pois a bactéria pode
a sutura manter os tecidos aproximados, menor a se agrupar a ele.
chance de abertura. Assim, os fios necessitam: Quanto à absorção:
Ø Alta resistência Ø Absorvíveis – podem ser de origem animal
Ø Flexibilidade ou sintética. São reabsorvidos por
Ø Facilidade de manuseio fagocitose ou hidrólise.
Ø Boa segurança do nó – fio de algodão trava o Origem animal – catgut simples e
bem, mas os fios monofilamentares não, cromado
sendo necessária uma quantidade maior o Origem sintética – ácido
nós. poliglicólico (dexon), poliglactina
Ø Baixa reação tecidual (Vicryl), poligliconato (maxon),
Ø Não provocar reações alérgicas poliglecaprona (monocryl) e
Ø Boa visualização, mesmo quando polidiaxanona (PDS).
molhados de sangue
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3. Agulha de sutura
Existem inúmeros tipos, sendo elas classificadas
quanto a ponta, o formato e o fundo. Quanto à
ponta, podem ser:
Ø Cilíndrica – somente a ponta é cortante.
4. Os fios
Possuem um código de cores, que em geral não
tem relação com a cor do fio.
Ø Catgut simples – amarelo. Feito a partir de
fitas de colágeno da submucosa do
intestino delgado de carneiro, sendo
Ø Ácido poliglicólico – embalagem dourada.
biológico, absorvível e multifilamentar.
O nome comercial é dexon. Obtido pela
Possui força tênsil de 7 dias e absorção de
polimerização do ácido glicólico, sendo
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possuir uma camada mucoide. Assim, as úlceras ázigo-portal (comunicação entre a porta e
pépticas surgem em pacientes que apresentam a ázigo).
aumento da secreção de ácido ou diminuição da o Ruptura das varizes
camada mucoide. Dessa forma, pode ser causada esofagogástricas – 95% dos casos
por:
Ø Hipercloridia sem o devido tratamento –
aumento as secreção de ácido.
Ø Exposição a AINES – os AINES (diclofenaco)
diminuem a camada mucoide, além de
atuarem negativamente nos rins.
Ø Stress
Ø Infecção por H. pylori
Além disso, pode ser causada por:
Ø Síndrome de Mallory-Weiss – laceração da
mucosa na junção gastresofágica associada
ao grande esforço para vomitar e por
repetidas vezes, ocorrendo sangramento
quando envolve o plexo venoso ou arterial
esofágico. Ocorre mais em grávidas e 3. Sinais e sintomas
etilistas. Diante de uma HDA, o paciente apresenta
hematêmese, melena ou até mesmo enterorragia
(sangue catártico e muito rápido, não sendo
digerido), podendo muitas vezes chegar em
choque hipovolêmico. Assim, é importante
sempre investigar fatores de risco, seja com o
próprio paciente ou com um acompanhante,
indagando:
Ø Uso de medicamentos – AINES e
anticoagulantes
Ø Uso de drogas – cocaína, principalmente.
Essa droga é vasoconstritora, levando a
uma grande isquemia, além de acabar com
a proteção mucoide e aumentar a secreção
ácida do estômago.
Ø Etilismo
Ø Gastrite
Ø Dispepsia
Ø Esofagite
Ø Neoplasia
Ø Neoplasias
É importante descobrir o local de sangramento e
Ø Fístula aortoentérica
cessá-lo, a fim de evitar a morte do paciente.
Ø Lesão de Dieulafoy – erosão de vaso
arterial submucoso aberrante gástrico que 4. Exame físico
está relacionada com várias EDAs normais. Deve-se realizar o exame físico geral e os
É uma lesão do fundo gástrico, sendo difícil específicos, preocupando-se com o nível de
de diagnosticar. consciência do paciente, sinais hemodinâmicos
Ø Hipertensão portal – 20% dos pacientes (PA, FC, pulsos distais) e extremidades. Além disso,
podem tem HDA por essa patologia, que é importante realizar o toque retal para pesquisar
surge devido à doença hepática (cirrose – a presença de melena ou enterorragia, e aspiração
varizes esofagianas, do plexo com sonda nasogástrica.
hemorroidário e da região periumbilical).
Na cirrose, há uma destruição do 5. Exames complementares
parênquima hepático, que leva à Ø Endoscopia digestiva alta – visualiza é a
obstrução da comunicação entre a porta e 1º/2º porção do duodeno. É o primeiro
a cava, levando à dilatação do sistema exame que deve ser realizado e, caso
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3. Exame físico
Deve-se realizar o exame físico geral e os
específicos, percebendo um abdome doloroso,
uma defesa muscular em andar superior do
abdome e o sinal de Murphy, que é uma dor
intensa à compressão do hipocôndrio direito que
interrompe a inspiração. Esse sinal de Murphy
pode, inclusive, ser buscado durante o ultrassom.
4. Diagnóstico
É feito pela história clínica, pelo exame físico e
pelo ultrassom, que demonstra uma parede
espessada e os cálculos (sombra acústica). Caso
não tratado, uma colecistite crônica é
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desenvolvida. Além disso, pode-se realizar exames artéria hepática comum sai a artéria cística, que é
laboratoriais, observando: retirada na cirurgia. Deve-se fechar o ducto cístico,
Ø Leucocitose leve para evitar que haja extravasamento da bile e
Ø Transaminases TGP e TGO – só aparecem consequente quadro peritônico pós-operatório. É
se ocorrer lesão do hepatócito. importante atentar-se à veia porta, que passa por
Ø Fosfatase alcalina – aumenta diante de trás das estruturas que serão operadas e com as
colestases. Pelo inchaço da vesícula, há variações anatômicas.
compressão da via biliar, dificultando a
liberação da bile.
Ø Elevação discreta de bilirrubina
em víscera previamente normal ou não. Qualquer sintomas associados (se a dor foi ou não o
dor abdominal pode ser considerada um abdômen primeiro sintoma), etc.
agudo, principalmente quando se prolonga por
PS2: uma úlcera gástrica maciça pode se
mais de 6 horas. O diagnóstico precoce é essencial
manifestar como enterorragia, pois a digestão
para diminuir a morbimortalidade e uma
completa não é possibilitada.
anamnese e um exame físico minuciosos são
extremamente importantes. A primeira avaliação PS2: dor visceral é o começo do quadro de dor,
clínica é a mais importante, pois a administração sendo mau localizada na linha média (onde
de analgésicos pode prejudicar a segunda. Além encontra-se o plexo mesentérico e o celíaco) e
disso, as avaliações seriadas pelo mesmo médico causada pelo acometimento apenas da víscera
são a melhor forma de avaliar a progressão e/ou a abdominal, ou seja, pela distensão, inflamação e
evolução da doença. isquemia. À medida que o quadro inflamatório
evolui, a dor localiza-se no local do órgão, passando
1. Classificação:
a ser chamada de dor parietal (irrita o peritônio da
Pode ser classificado por localização, sendo em
parede abdominal próxima ao órgão), que é mais
quadrante superior direito, superior esquerdo
intensa. A dor referida, por sua vez, é uma dor que
(diverticulite aguda), inferior direito, inferior
se manifesta em área distante do local real, por
esquerdo ou difusa. Existem 5 tipos de abdomens
compartilhar do mesmo mecanismo central (dor no
agudos, sendo o vascular, o inflamatório, o
ombro direito causada por inflamação da vesícula
obstrutivo, perfurativo e o hemorrágico.
ou pro inflamação do diafragma).
2. Conduta
4. Causas
Deve ser sistematizada, seguindo uma sequência
Ø Cólica de vesícula – crise de dor forte
lógica, uma vez que existem inúmeras causas para
em hipocôndrio direito. Pode causar
o abdômen agudo. O início se da por meio da
abdômen agudo inflamatório.
anamnese minuciosa, seguida do exame físico e,
Ø Úlcera duodenal perfurada
por fim, exame de imagem, que geralmente inicia-
Ø Divertículo de Meckel – divertículo do
se por um raio-x de abdômen (é simples, apesar de
intestino delgado, mais comumente no
não ser o que mais gera diagnósticos).
íleo. Causa Pode causar abdômen
3. Sintomatologia agudo inflamatório.
O sintoma mais comum e característico é a dor Ø Obstrução intestinal aguda – dobra do
abdominal, que pode iniciar-se de forma intestino.
imprecisa, mas além desta, o paciente pode Ø Diverticulite aguda – dor na fossa ilíaca
apresentar inúmeros outros sintomas, como direita.
febre, sintomas associados que levam a entender Ø Torção de ovário – vascular.
o órgão comprometido, sendo: Ø Salpingite aguda
Ø Fígado – icterícia, colúria e acolia fecal
5. Tratamento
Ø TGI alto – hematêmese e melena
O tratamento adequado para um paciente com
Ø TGI baixo – hematoquezia (misturado com
dor abdominal aguda necessita de uma decisão
as fezes) e enterorragia (independente das
em tempo hábil, avaliando a necessidade ou não
fezes, vermelho vivo).
de cirurgia, o que varia muito conforme a
Ø Sintomas urinários – disúria, hematúria
etiologia. Muitas vezes pode ser iniciado somente
Ø Sintomas ginecológicos
com o diagnóstico sindrômico, antes mesmo do
É sempre bom atentar-se às características da dor,
diagnóstico etiológico (brida, etc). O tratamento
como tipo (em cólica e em “surtos” é sugestivo de
definitivo, por sua vez, deve ser em prol da
abdômen obstrutivo), local (começa imprecisa e
etiologia. Em geral, tem-se:
localiza depois), irradiação, intensidade, evolução
Ø Apendicite aguda – cirurgia
(quando muito rápida, é sugestivo do
Ø Colecistite – antibioticoterapia ou cirurgia
inflamatório), aparecimento (quando súbito, em
Ø Pancreatite – jejum, hidratação e
facada, é sugestivo de abdômen agudo
sintomático
perfurativo), duração, fatores de melhora e piora,
Ø Úlcera perfurativa – cirurgia
Ø Trombose mesentérica – anticoagulação
Gabriella La Salvia Caropreso T26
Ø Medicamentos – AINES, corticoides e PS: O ultrassom não é bom pois esse exame não
opiáceos gera boa análise de vísceras ocas. Ele poderia
Ø Obstrução do divertículo ajudar a puncionar abcessos, por exemplo.
Ø Estase
Ø Alteração da flora bacteriana 7. Evolução
Ø Isquemia local Em geral, o tratamento clínico é suficiente para
tratar a diverticulite, mas cerca de 10%-25% dos
4. Complicações pacientes sofrem perfuração livre e necessitam de
A doença diverticular pode complicar com a cirurgia. Essa é a complicação mais comum e mais
diverticulite (inflamação aguda), com perfuração, grave da diverticulite e, muitas vezes pode ser a
com obstrução, com hemorragia ou com primeira manifestação da doença. Após o quadro
peritonite. Acredita-se que a perfuração ocorra inicial, o paciente pode apresentar crises
pelo processo inflamatório somado às altas recorrentes em 1 ano. Como essas crises
pressões intraluminais sobre a parede fragilidade aumentam o risco de complicações, a cirurgia
do divertículo. pode ser considerada.
5. Sintomatologia 8. Classificação Hinchey
Pode ser assintomática (doença diverticular) ou Classifica a diverticulite em 4 etapas, sendo que
sintomática, apresentando dor, distensão, quanto maior a classificação, pior o prognóstico:
alteração do hábito intestinal. Na diverticulite em Ø Hinchey 1 – possui abcesso pericólico,
si, o paciente apresenta dor em quadrante inferior mas doença não complicada.
esquerdo, febre, náuseas, massa abdominal, Ø Hinchey 2 – peritonite localizada
constipação (se tiver componente de estenose) ou Ø Hinchey 3 – peritonite purulenta e
diarreia, disúria (pode ter fístula colovesical, generalizada
cólon-ureteral, colocutâneo, coloentérico). Ø Hinchey 4 – peritonite fecal (perfuração
livre). É muito grave, tendo mortalidade
6. Diagnóstico de até 40%.
Pode ser feito pela colonoscopia (insufla ar para
passar o aparelho), pelo enema opaco ou pela 9. Obstrução e perfuração
tomografia. A colonoscopia mostra os óstios Sinal do cálice invertido – obstrução total do cólon
diverticulares, mas não pode ser feita quando há sigmoide
inflamação, pois, se há inflamação pode haver Sinal de Jobert
obstrução. A tomografia, por sua vez, é o exame
de escolha para a inflamação aguda. Ela mostra se 10. Fístulas internas
há inflamação, abscessos, tumores, fístulas, Podem ser cólovesival, coloentérica, colovaginal,
presença de ar ou alterações vesicais, etc. colouterina, colocólica (fistuliza o cólon
ascendente; menos frequente, por sigmoide deve
ser muito grande para encontrar no cólon
ascendente).
11. Tratamento
Se for a doença diverticular assintomática, deve-se
aumentar o volume fecal com aumento de
ingestão de fibras (pão integral, trigo, aveia,
cereais, frutas, vegetais e legumes). Se o paciente
tiver diverticulite, não se pode dar dieta rica em
fibras, pois há grande chance do paciente possui
obstrução. Assim, deve-se internar o paciente,
mantê-lo em jejum e hidratação, administrar
antibiótico para anaeróbio (metronidazol ou
Diverticulite pancolônica clindamicina) e para gram negativo (cefalosporina
– exame enema opaco de 3º geração – ceftriaxona) e antiespasmódicos
(buscopan, novalgina, etc, para relaxar a
musculatura lisa do cólon). Se o paciente melhorar
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em 72h, pode-se liberar a dieta e dar alta. Caso ele dissecção abdominal e no estancamento de
piore, deve-se realizar um esquema com sangramentos.
antibioticoterapia (cefalosporina + metronidazol).
A cirurgia é indicada para pacientes que não Aula 13 - Pancreatite aguda
respondam ao tratamento clínico, que O pâncreas é um órgão retroperitoneal situado no
apresentem 2 episódios após 50 anos ou 1 andar superior do abdômen, anteriormente a T12
episódio antes dos 50 anos, que sejam e L2 (pode ser acometido em traumas fechados). É
imunodeprimidos. A cirurgia realizada é a M- uma glândula mista por produzir hormônios
colectomia do cólon doente, que geralmente é à endócrinos e exócrinos e que faz parte do sistema
esquerda (retira-se desde o cólon sigmoide até o digestivo e endócrino. Grosso modo, divide-se em
cólon descendente) e, após ela, faz-se uma cabeça, corpo e cauda e possui íntima relação com
anastomose coloretal. Em cirurgias de urgência, o duodeno. O ducto pancreático principal (ducto
pode-se fazer a ressecção primária e a anastomose de Wirsung) une-se ao ducto biliar comum por
em casos muito selecionados (sem pus em meio da papila de Vater (pode-se existir um ducto
cavidade), a resseção e derivação em casos com acessório denominado ducto Santorino). Seu
pus, a lavagem colônica intra-operatória ou a suprimento arterial se dá pelo tronco celíaco,
derivação intestinal pata proteger a anastomose. principalmente por ramos da artéria mesentérica
Pode-se fazer a cirurgia em 3 tempos, o que superior e a sua drenagem venosa se dá pelo
aumenta o risco cirúrgico e o tempo de sistema porta, que segue para o fígado. A porção
tratamento: exócrina é formada por glândulas mistas que
Ø Colostomia secretam amilases e lipases, que são enzimas
Ø Anastomose digestivas e encontram-se aumentadas na
Ø Ligação intestinal pancreatite. A porção endócrina, por sua vez, é
Pode-se fazer a cirurgia em 2 tempos, que é o mais formada pelas ilhotas de langerhans e secreta
utilizado: insulina, glucagon e somatostatina. A pancreatite
Ø Ressecção + colostomia é uma condição inflamatória aguda, na qual há
Ø Reconstrução da colostomia acometimento do pâncreas e das estruturas
Pode-se fazer a cirurgia em 1 tempo. A adjacentes, como duodeno, estômago, plexo
anastomose não pode ser realizada onde há celíaco, cólon transverso, etc. Devido à
inflamação e nem onde há divertículos. Antes de inflamação, pode ocorrer uma obstrução do ducto
realizar a ressecção é importante atentar-se ao pancreático, causando o acúmulo das enzimas
ureter, para evitar que uma anastomose seja digestivas e, consequentemente, digestão
realizada. Deve-se evitar dissecção do mesentério pancreática. Assim, na pancreatite tem-se lesão
friável, observar a vascularização, preservar enzimática, dano à microcirculação, translocação
nervos pré-sacrais, mobilizar a flexura esplênica e bacteriana e infecção e inflamação tecido peri-
realizar anastomose manual ou mecânica. A pancreático. Felizmente, a maioria das
videolaparoscopia pode ser usada e possibilita, pancreatites é leve e com baixa mortalidade, mas
inclusive, a drenagem de abscessos. Ao ser existem as graves, que podem levar a uma
comparada com a cirurgia aberta, a laparoscopia inflamação sistêmica (síndrome da resposta
gera menor tempo de hospitalizações, melhora as inflamatória sistêmica) e possuem uma
complicações e gera recuperação mais rápida. No mortalidade de 30%.
entanto, ela é limitada em casos de cirurgias
prévias, obesidade, processo inflamatório, sepses
1. Etiologia
As principais causas de pancreatite são a litíase
abdominais e limitações técnicas. É indicada em
biliar (colelitíase, coledocolitíase, colangite =
casos de doenças não complicadas (Hinchey 1 e 2),
nessa, há necessidade de elevação de bilirrubina)
pós drenagem percutânea, em Hinchey 3 pode ser
e o álcool. O cálculo mais propenso a causar
indicada em alguns casos e em Hinchey 4 e 5 é
pancreatite é o pequeno, pois possui maior
contraindicada. Além da videolaparoscopia, pode-
facilidade de cair no ducto. A pancreatite alcóolica
se fazer a cirurgia hand-assisted surgery, na qual
é relacionada à pancreatite crônica. Como outras
introduz-se um portal maior que possibilita que o
causas, tem-se hipertrigliceridemia,
cirurgião insira sua mão no paciente. A vantagem
hipercalcemia, pós-operatório, fármacos,
dessa técnica é que o cirurgião consegue ajudar na
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CASOS:
Resposta – alternativa E
Resposta – alternativa A
Resposta – alternativa D
sangue, dar reposição volêmica), e um exame de A raiz do mesentério é fixa. Caso haja uma
imagem, como a tomografia, que, em ferimentos desaceleração brusca, como ocorre em acidentes
contusos, permite o tratamento conservador. de carro, essa raiz perde sua fixação, podendo
Caso a cirurgia seja necessária, faz-se a incisão ocasionar uma isquemia mesentérica. É
mediana xifopúbica. importante deixar o cinto na crista ilíaca, para
evitar equimoses pelo cinto.
1. Classificação
Hoje em dia, o trauma é considerado uma doença. PS: a ruptura de bexiga ocorre mais quando esse
Assim, estuda-se epidemiologia, medidas de órgão está cheio.
prevenção, etc. Apresenta uma morbidade e
4. Rotina para atendimento
mortalidade significativas, além de uma
prevalência de 13% dos atendimentos de Há a avaliação primária, que consiste no exame
emergência nos EUA. Com o trauma, inúmeras físico. Essa avaliação é feita após o bombeiro
lesões surgem. Assim, é importante sempre contar a biomecânica do paciente. Para que uma
avaliar lesões extra-abdominais associadas. avaliação rápida seja feita, basta perguntar ao
paciente seu nome, por exemplo. Ao fazer isso,
2. Epidemiologia você já consegue entender o ABCDE do trauma,
Grande parte das mortes violentas no mundo que consiste em:
(75%) se dá por meio de algum veículo automotor Ø A – Vias aéreas. Deve-se observar se elas
(lesões de desaceleração). Cada tipo de colisão estão livres.
gera uma suspeita de lesão. As contusões e as Ø B – Respiração. Deve-se observar se está
quedas são as segundas causas mais atendidas em havendo trocas gasosas.
serviços de emergência. No trauma abdominal Ø C – Circulação. Deve-se avaliar PA e FC. Se
contuso, os órgãos sólidos (baço e fígado), estável, pode-se manda-lo para
costumam ser os mais afetados. Além disso, deve- tomografia. Se estiver instável, é preciso
se sempre buscar lesões no espaço mantê-lo na sala.
retroperitoneal, que contém pâncreas (difícil do Ø D – Neurológico
ponto de vista cirúrgico, por sua região Ø E – Exposição. A sala deve estar com ar
anatômica), rins, parte do cólon, duodeno desligado (para evitar hipotermia no
(funciona como alça fechada – contusão muito paciente – dar ringer-lactato e sangue;
grande pode lesá-lo) e grandes vasos (aorta e pode ter a tríade letal), é preciso descartar
ramos, veia cava). A pelve renal é muito lesões da coluna, etc.
vascularizada e, quando fraturada, pode levar à Os exames laboratoriais na fase aguda são pouco
morte precoce por hemorragia. Assim, em relevantes, mas é importante realizar beta-HCG
traumas abdominais, é sempre importante avaliar em mulheres em idade fértil. Na grávida, no 1º
essa região (a compressão do anel pélvico ajuda trimestre, o útero sai da pelve, no 2º ele chega no
muita no hemostasia). umbigo e, no 3º, ele chega perto do rebordo
costal. A placenta é uma grande reserva sanguínea
PS: Síndrome do tanque – lesão abdominal de alta e, caso a grávida possua uma grande hemorragia,
mortalidade ocasionada pela colisão de um tanque ela se utiliza do sangue placentário, fazendo com
no abdômen de uma criança. que o bebê fique sem volemia. Assim, a parada
PS2: diante de uma lesão de pelve, deve-se realizar cardíaca na grávida por hipovolemia, indica
a compressão e realizar reposição sanguínea no grande gravidade ao bebê. Além disso, o bebê se
paciente. apoia sobre a cava, sendo preciso deixar a prancha
na qual a grávida se deita, levemente virada para
PS3: as imobilizações podem ser feitas, a esquerda.
temporariamente, com lençóis.
5. Avaliação da estabilidade pélvica
PS4: fraturas do anel pélvico podem ter Existem três grandes fraturas da pelve, sendo:
sangramento para o espaço peritoneal, gerando Ø Livro aberto – há uma compressão
uma hemorragia de difícil diagnóstico. anteroposterior, na qual ocorre abertura
3. Lesões por desaceleração da sínfise púbica.
Ø Compressão lateral – lesão lateral
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Ø Obesidade grau II – obesidade moderada 65 anos não existem restrições e, acima de 65 anos
(IMC de 35-39,9) é preciso avaliar individualmente os pacientes,
Ø Obesidade grau III – obesidade grave (IMC considerado risco cirúrgico, presença de
40-49,9) comorbidades, expectativa de vida, etc. As
Ø Superobesidade - IMC > 50 contraindicações incluem:
Essa síndrome vem acompanhada de inúmeras Ø Risco anestésico classificado como ASA IV
comorbidades metabólicas, como: – paciente muito grave, com doença
Ø HAS descompensada, uso de droga vasoativa,
Ø DM 2 entubado, etc.
Ø Dislipidemia Ø Hipertensão portal e varizes
Ø Doença hepática gordurosa e não alcoólica esofagogástricas
(MASH). Ø Limitação intelectual ou falta de suporte
Ø Hipercolesterolemia familiar
Ø Cardiopatias Ø Transtorno psiquiátrico atual não
Ø IC controlado, incluindo álcool e drogas
Ø Cor pulmonale ilícitas
Ø Dispneia aos esforços Quanto aos tipos de cirurgias, tem-se:
Ø Apneia noturna Ø Restritivas
Ø Artropatias Ø Predominantemente restritivas
Ø Insuficiência venosa periférica Ø Predominantemente mal absortiva
Ø Incontinência ao esforço O método é escolhido não somente pelo cirurgião,
Ø Refluxo mas por toda equipe multidisciplinar.
Ø Hérnias da parede abdominal
Existem ainda comorbidades que pioram a Restritivas
condição da obesidade, como: Pode ser feita por meio do balão intragástrico,
Ø Amputação de membro inferior
sendo que esse também pode ser usado pré
Ø Sequela de paralisia infantil
cirurgia. É um balão inflável de silicone que é
Existem distúrbios psiquiátricos que levam à colocado dentro do estômago por via
obesidade, como: endoscópica. Logo após inserido, ele é insuflado e
Ø Transtorno da compulsão alimentar
permanece no órgão por cerca de 5-6 meses. É
periódica (TCAP) usado em pacientes superobesos (pré-cirurgia) ou
Ø Depressão
que não tenham indicação de cirurgia. Não é
Ø Medicamentos que aumentam ingesta
muito usado devido ao alto custo. Outra forma de
calórica realizar a cirurgia restritiva é por meio da banda
Ø Quadros sindrômicos que cursam com
gástrica, que consiste na colocação de uma
aumento da ingesta (Síndrome de Prader prótese de silicone em forma de anel em volta da
Willi). parte proximal (de cima) do estômago, de modo a
causar um estreitamento no estômago e criar um
1. Indicação cirúrgica reservatório de pequena capacidade, cerca de 30
É indicada para pacientes com IMC acima de 40, ml. Como desvantagens, apresenta:
independente de comorbidades. Nos pacientes Ø Necessidade de cooperação do paciente –
com IMC de 35-40, é preciso que haja alguma se ele comer carne, a banda pode entupir.
comorbidades para que a cirurgia seja adotada. Ø Perda de peso insuficiente em longo prazo
Pacientes de IMC entre 30-35 necessitam de uma Ø Inadequada para alguns pacientes – quem
comorbidade grave (ICC descompensada, HAS come doce, tem esofagite de refluxo e
refratária, DM descompensada) e obesidade hérnia hiatal volumosa
intratável clinicamente de acordo com Ø Duração de 10-15 anos
endocrinologista. Indivíduos com menos de 16 Outra forma é a gastroplastia vertical com
anos não realizam a cirurgia bariátrica devido à bandagem, na qual faz-se uma anastomose em Y
falta de estudos. No entanto, em casos de crianças de Roux (gastrojejunal lateroterminal) e uma
com Prader-Willi ou síndromes genéticas anastomose enterro-entero lateroterminal, mas
similares, a bariátrica pode ser pensada. Entre 18- sem retirar o estômago. O paciente pode
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Ø Fatores sistêmicos – idosos, diabetes amarelas, nos jovens (células são mais ativas), nas
descompensada, uso de corticoides, fumo, regiões torácica anterior e posterior e deltoidea.
hipoproteinemia (colágeno é proteína), São raras nas pálpebras, palma das mãos, região
uso de anti-inflamatórios (são usados pós- genital e planta dos pés.
operatório, mas em doses baixas),
hepatopatia (deficiência de fatores de 6. Queloide
coagulação), oxigênio hiperbárico e É uma cicatrização excessiva, elevada,
fototerapia (estimulam cicatrização). avermelhada e muito pruriginosa. Diferentemente
da cicatriz hipertrófica, o queloide ultrapassa os
Transtornos da pigmentação limites do trauma, invadindo o tecido normal
São as patologias das cicatrizações, as quais são adjacente de forma irregular. Não regride
favorecidas por drogas (corticoides, espontaneamente e possui pobre resposta ao
quimioterápicos), desnutrição, hipóxia, idade, tratamento. É mais favorecida nas raças negras e
radiação, etc. Incluem a hiperpigmentação, amarelas, nos jovens (células são mais ativas), nas
hipopigmentação, fenômeno de Koebner, regiões torácica anterior e posterior e deltoidea.
malignização, e cicatrizações excessivas (cicatriz São raras nas pálpebras, palma das mãos, região
hipertrófica e queloide). O tratamento pode ser genital e planta dos pés.
cirúrgico (funciona mais para cicatriz hipertrófica
do que para queloide), corticoides, silicone, Aula 18 – Complicações de cirurgia
radioterapia (efeito anticicatrizante), pressão Nem sempre uma técnica adequada e um
local, etc. procedimento realizado de maneira correta
possibilitam uma cirurgia sem complicações.
1. Hiperpigmentação Assim, é sempre importante tentar minimizar que
Cicatriz mais escura do que o normal. É comum as mesmas ocorram por meio de uma avaliação
quando o indivíduo toma muito sol logo após a pré-operatória, do uso antibióticos profiláticos
lesão. (reduz infecção), de dissecções cautelosas e de
avaliação no pós-operatório constante. Algumas
2. Hipopigmentação
complicações incluem:
Cicatriza mais clara do que a pele normal.
Ø Febre – ocorre em 15-20% dos pacientes.
Geralmente ocorre quando são feitos vários
Pode significar situações de baixo risco,
ferimentos no mesmo local em diferentes
como atelectasia (principal causa de febre
momentos.
nas primeiras 24h do pós-operatório), ou
3. Fenômeno de Koebner alto risco, como sepse. É sempre
Trauma em uma área sã que, ao cicatrizar, gera o importante levar em consideração o
aparecimento de uma lesão que o paciente já quadro completo do paciente, uma vez
possui em algum outro local do corpo. Ex: paciente que inúmeras são as causas de febre, como
com vitiligo, após lesão, passa a apresentar vitiligo abscessos (gera febre por volta do 4º dia),
no local da lesão. Ocorre no vitiligo, na psoríase infecção do sítio cirúrgico, cateter central
(demora mais tempo), infecção urinária,
4. Malignização sinusite, colite, endocardite, etc. A origem
Ocorre quando a cicatrização evolui para um da febre tem relação com o momento em
tumor por algum motivo. Geralmente ocorre em que ela ocorre, sendo:
úlceras crônicas, cicatrizações de longa duração, o Intra-operatório – muito grave
etc. Há uma alteração da inibição por contato, o 24h – atelectasia. Ocorre em
gerando, mais frequentemente, o carcinoma de frequência em cirurgias do
pequenas células. abdômen superior,
videolaparoscopia e anestesia geral
5. Cicatriz hipertrófica o 24-72h – algo deve ter dado errado
É uma cicatriz um pouco maior, elevada, na técnica. Pode gerar atelectasias,
avermelhada e que causa prurido. Não ultrapassa flebites venosas superficiais,
limites do trauma, pode regredir perfurações de vísceras ocas
espontaneamente ou responder bem ao
tratamento. É mais favorecida nas raças negras e
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Hérnia lombar
São muito raras. Ocorrem nas costas, nos
triângulos lombares (Petyt – menor e inferior; e
grynfelt – maior e superior), mais comumente nos
homens de 50-70 anos. Raramente estrangulam.
Hérnia obturadora
Ocorre no forame obturatório. É mais comum em
mulheres de 60-70 anos. O paciente pode
apresentar o sinal Howship-romberg, que nada
mais é do que uma dor ou parestesia na face
medial da coxa.
Hérnia isquiática
PS: para diferenciar a inguinal da femoral, pode-se Surge um abaulamento na nádega, no meio da
palpar o púbis. Se acima dele, é inguinal. Se abaixo, musculatura.
é femoral.
Hérnia perineal
PS2: a tela não pode ser mantida em contato com
Mais comum em mulheres multíparas, devido ao
a alça intestinal, sendo necessário fechar o
desabamento do forame interno.
peritônio.
Hérnia umbilical Hérnias inguinais e femorais diferenciadas
É mais comum em mulheres e crianças, sendo Ø Hérnia de Littré – divertículo de Meckel
possível esperar para operar (até 2 anos). Nos dentro da hérnia inguinal.
adultos, em geral, relaciona-se com gestação e Ø Hérnia amyand – apêndice cecal dentro da
ascite. hérnia inguinal.
Ø Hérnia garengeot – apêndice cecal dentro
Hérnia epigástrica da hérnia femoral
Ocorre na linha alba, entre a cicatriz umbilical e o Ø Richer – buraco de hérnia muito pequeno,
processo xifoide. É mais comum nos homens e fazendo com que uma pequena parte do
cerca de 20% são múltiplas (sempre importante intestino entre.
palpar toda a linha média, a fim de achar outras).
Diferentemente das hérnias inguinais e femorais, 2. Complicações
que sempre necessitam de tela, as hérnias Ø Seromas
epigástrica e umbilical só necessitam de tela Ø Hematomas
quando maiores do que 4cm. Ø Deiscências
Ø Dor
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Ø Recidiva
Ø Hipo/hiperarestesia
Ø Missing hérnia – opera uma hérnia
inguinal, mas era uma femoral.