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VIOLENCIA JUVENIL
JUSTIÇA - ESCOLA
IMPORTÂNCIA DA PRODUÇÃO DE ESTEREÓTIPOS
NO CONTEXTO EDUCATIVO
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ESCOlA SEC!NlAlIJA/JEAI. YfSRllJIJl- VFX
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Luis Leandro Dinis --- ......
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fora da sérle-
Maio 93
preço: 75$00
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RESULTADOS PRELIMINARES
A. OBJECTIVOS
B. METODOLOGIA E AMOSTRAS:
1) METODOLOGIA
2) INDIViDUOS INQUIRIDOS
~ . -
Alunos: responderam ao quest.ionário 74 alunos distribuídos ,la segulllLe
forma:
ANOS alunos alunas TOTAL
lOQ ano 13 25 38
12Q ano 19 17 3b
TOTAL 32 42 74
C. RESULTADOS
1) UNIDADES DE REGISTO
Uma leitura muito rápida dos quadros permite verificar diferenças nas
extensões (médias) quantitativas e qualitativas das produções simbólicas de
alunos e professores sujeitos aos estímulos representados pelos te1~O' inciu-
tores. Se essas diferenças entre alunos e professores sao até certo ponto ex-
plicáveis por factores exógenos aos próprios estímulos (o domínio lexical dos
professores é maior por razões óbvias), já nas diferenças intra-amostras devem
procurar - se razões que têm a ver com a representaçao social que alunos e pro -
fessores fazem do real. É curioso, por exemplo verificar que os alunos
respondem "mais" sobre a Escola (7,75 contra 7,00 e 6,47 - quadro 1c) mas é
sobre a Violência Juvenil que produzem um campo de significados maior (2,e
contra contra 2,2 e 2,6 - quadro 1d). Por seu lado nos professores a produção
de signif i cados vai "pari passu" com a indicaçao de significantes. Como seria
de esperar quer os alunos, quer os professores respondem em menor intensidade
ao estímul o "Justiça" quer quantitativa quer qualitativamente.
Poder-se-á adiantar a proximidade sociológica (sócio-etária) do fenómeno
da violência juvenil relativamente aos alunos como uma primeira tentativa de
explicação do comportamento verificado naqueles indicadores. Fica por explicar,
por enquanto, o compo rtamento dos mesmos indicadores, em relaçao aos profes-
sores .
A anális e dos quadros 2a1 e 2a2 permitem-nos desde logo extrair algumas
conclusoes sobre os estereótipos de Violência Juvenil produzidos pelos alunos e
professores.
Relativamente aos alunos verifica-se a associação muito forte do fenó-
meno de Violênc ia Juvenil aos consumos de DROGA e áLCOOL, e à prática de actos
de força (VIOLAÇÃO, AGRESSÃO, BRIGA). Só a um nível de associação mais inferior
(abaixo dos 10%) aparecem termos que configuram as condiçoes, causas e ambien-
tes da Violência Juvenil (INCOMPREENSÃO sao, MAUS TRATOS, EDUCAÇÃO, POBREZA,
PAIS, ESCOL4, PROBLEMAS e CONFLITOS FAMILIARES, etc.) A sensibilidade própria
dos adolescentes e a sua permeabilidade à dramaticidade simbólica do fenómeno
poderá ser uma explicação da identificação da Violência Juvenil com a ItORTE,
GUERRA, SANGUE, óDIO, VINGANÇA. Repare-se que, por exemplo nenhum destas pala-
vras é indicada pelos professores
Nos professores, mais até do que nos alunos, a DROGA (86,3%) aparece
como dominante na associação com a Violência Juvenil. A MARGINALIDADE e o ROU-
BO, como consequência lógica da primeira, referem a prática de actos necessá-
rios à continuidade do consumo da Droga, não configurando necessarÍament.e act.os
de força, diferentemente do referido pelos alunos. Num terceiro nível de asso-
ciação (mas com valores acima dos 10%) aparecem as condíçoes e causas do fenó -
meno (ABANDONO e PERSPECTIVAS[-], 18,2%; AMOR[- ], APOIOS INSTITUCIONAIS, CA -
RêNCIAS ECONóMICAS, FAMíLIA, EDUCAÇÃO[-], OCUPAÇÃO[ - ], PROBLEMAS FAMILIARES,
etc) .
Não obstante haver uma certa semelhança nas respostas de alunos e pro-
fessores, quanto às causas e condições, parece poder concluir-se existirelu duas
diferenças fundamentais na representação social que alunos e professores fazem
ela Violência Juvenil. A primeira tem a ver com o tipo de manifestações que a
concretizam, isto e, o nível de manifestação da violência. A segunda que de-
corre, de certa forn,3 da primeira, relaciona-se com o período em que oc.)rre. Os
alunos parece referirem-se mais à a.dolescência, estrito senso, enquanto os
professores a localizam mais na passagem ela fase final da adolescêncíapa~a a
adultez.
QUADRO 281
FREQUÊNCIA DE TERMOS INDUZIDOS (%)
TERMO INDUTOR: VIOLÊNCIA JUVENIL - RESPOSTAS DOS AlUNOS
141
~ ~A
~ MAUS·
8.1'" MORTE
7 6 .6
E~~C~C;;-,~ ln PAIS POBREZA
e CRIANÇA MALTRATADA
FSCOI A GUERRA ÓDIO
DO,","' e ... o FAMILIARES REVOlTA ROUBO
CONFLITOS F"'" IARFS
I"e, ; ,.·~,~ .. o
ESPANCAMENTO GRUPOS
LUTAS DEGANGS MUSICA
....r."e
QUADRO 202
FREQU ~NC IA DE TERMOS INDUZIDOS (%)
TERMO INDUTOR : VIO L~N CIA JUVENIL · RESPOSTAS DOS PROFESSORES
r=A ROUBO
4 ot
:'n ECONOMICAS ~~~~~ , .......
DO "R' . .. . . . ... " ,." • •
APO IOS I ,,~
FAMiLIA
TELEVISÃO
I
QUADRO 21>1
FREOUÉNCIA DE TERMOS INDUZIDOS (%)
TERMO INDUTOR: JUSnçA - RESPOSTAS DOS AlUNOS
,, ( ", Wij7
, I~'~ ~NAL .
2. (JUSTICA/. LEI
~e', ~: ~~
16.2 m
~ 9, cÃo
l ,n 6.8 IBE~ DIREITO MENTIRA
QUADRO 2b2
FREOUÉNCIA DE TERMOS INDUZIDOS (%)
TER MO IN DUTOR: JUSTIÇA· RESPOSTAS DOS PROFESSOR ES
1 36.4
JUSTIcAi:) TRIBU NAL
2 27.3
LEI PRISÃO
3 >2.7
CASTIGO
4 18.2
CORRUPÇAO IGUALDADE JUIZ
LIBERDADE MOROSIDADE RESPEITO
5 13.6 ADVOGADO BALANCA PENA
6 9.1 AUTOR IDADE CRIME DEMOCRACIA
DEUS DINHEIRO DIREITOS
FAlTA DE MEIOS HONESTIDADE IDEAIS
IGUALDADE(·) PAZ REGRA
SENTENCA SOCIEDADE VERDADE
2c) Termo indutor "ESCOLA" (Quadros 2c1 e 2c2)
QUADRO 2<:1
FREQUÉNCIA DE TERMOS INDUZIDOS (%)
TERMO INDUTOR: ESCOLA· RESPOSTAS DOS ALUNOS
59 .
41. IAL o
27 .
120.3 FUTURg
5 DROGA
117.
I
e
9 112.
~URA
lADE
~ Ps1 y:; SALA
~HO
, 12 6,- EDIFIC IO
LIVRO NAMORO
I~~~~~"'"
QUADRO 2c2
FR EQU ~ NCIA DE TERMOS INDUZIDOS (%)
TERMO fNDlJTOR: ESCOLA - RESPOSTAS DOS PROFESSORES
'" CulTURA
"4 li8. ENSINO
FUlURO
e ~1 Ai.iiGO ~ APRENDER
COt.EG-. COMPETIçÃO
I~~';'-;'i;" 0ISCPlJN.t. ENSINO lIVRESCO
FALTA OE WEJOS I1oIPOSlÇÃO
IlNRO ., liIOõlIIAÇÁO{-J ~ÃO
3) INTERSECÇXO DE DICIONáRIOS
Não deixa de ser paradoxal que, pelos result.ados obtidos, se conclua ser
a propósito da Escola que a intersecçao nos crunpos representacionais de alunos
e professores é menor. Significa isto que em termos de representação soci31 os
alunos e professores se "entendem melhor" acerca da Violência e Just.iça do que
acerca da Escola. Parece ser, inevitave lmente, uma das conclusões a tirar des-
tes resultados. Eles ,'e., aliás, comprovar o que os índices anteriores (3a) já
deixavam prenunciar, principalmente ao nível da associação entre Violência Ju-
venil e Escola.
D. CONCLUSÕES
Uma boa parte das conclusoes j á ficaram expressas ao longo da exposiçao dos
resultados .
Importa aqui, fazer, ainda que de forma breve, alguma reflexao sobre a im -
portânc ia do estudo e conhecimento dos fenómenos de representaçao socia l em
cont exto escolar . Precavendo - nos sempre sobre a utilizaçao perve rsa da enge-
nharia social, importa em benefício das pessoas, individual e colectivamente
consideradas, incentivar o conhecime nto mútuo e o diálogo, no sentido do es -
clarecimento das expectativas dos diversos actores em presença na Esco l a .
A procura de explicaçao de algumas interpretações realizadas ao longo de ste
estudo, nao poderá nunca ser feita sem a participaçao dos alunos e professores .
Des de a descoincidência de scobe rta ~opósito da DROGA e da DISCIPLINA[-l,
pela c lara dominância da ESCOLA c.omo campo semântico de posit.ividade suficiente
para contrar i a r a da VI OLeNCI A JUVENIL, até à menor similitude verificada ent~'e
dicionários de Alunos e professores sobre a ESCOLA, estende-se um conjlmto fIe
questoes que, dificilmente sao perceptíveis a olho nu, porque relevam da pró-
pria cultura e clima da escola, e aperU1S se manifestam no domínio do simbólico.
Por serem menos perceptíveis, nao deixam no entanto de existir e de condicionar
em profundidade os comportamentos, atitudes e valores que a escola como reali-
dade compósita a todo o momento realiza.
16 de Maio de 1993
Vila Franca de Xira
LUIS LEANDRO DINIS
bibliografia:
- Análise de Conteúdo
Laurence Barrlin
Ediçoes 70 - "Persona" , 1991, Lisboa