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Definição de hipóxia e hipoxemia

O O2 é essencial para que as várias reações químicas das vias metabólicas disponibilizem
energia aos diversos órgãos e tecidos do organismo. Quando o aporte de O2 do ar atmosférico
é restringido e a resposta fisiológica não é suficiente para compensar a diminuição da PiO2, a
oxigenação dos tecidos pode ficar comprometida e as vias metabólicas deixam de funcionar
normalmente, o que afeta todo o funcionamento do organismo.

A via energética aeróbia permite a resintese de moléculas de adenosina trifosfato (ATP), a


fonte de energia para o nosso organismo, a partir das moléculas de adenosina difosfato, dos
fosfatos inorgânicos e dos substratos energéticos (glúcidos, aminoácidos ramificados e
moléculas de oxigénio). O processo de transporte das moléculas de O2 do ar ambiental para a
mitocôndria, realiza-se mediante uma cadeia de transporte designada como cascata de
oxigénio. A cascata de oxigénio é compreendida por uma série de barreiras com diferentes
gradientes de pressão, que diminuem desde que o ar ambiental é humidificado nas vias aéreas
(156 mmHg), até à mitocôndria (5 mmHg). Este diferencial de pressões é o fenómeno que
permite a difusão das moléculas de O2 para os diversos tecidos. A diminuição da PiO2 irá
reduzir esta capacidade de transporte de O2 do ar ambiente para a mitocôndria. As alterações
da oxigenação tecidual são consequência de uma deficiente oxigenação arterial, seja por
hipóxia ou anoxia. Em ambas as condições, a pressão parcial de oxigénio (PO2) diminui ou é
reduzida a zero, mantendo-se uma perfusão normal. Em hipóxia o aporte de O2 às células e
tecidos é deficitário, por exemplo, no caso de uma hipóxia hipóxica o ar inalado contém uma
quantidade menor de O2, e mesmo com uma perfusão normal a quantidade de O2 entregue é
menor do que as necessidades reais do organismo; outro exemplo, é a hipóxia por isquemia
em que a PO2 se mantém elevada ou normal e o fluxo de perfusão de O2 para os tecidos se vê
restringido. No caso da anoxia existe um deficitário aporte de nutrientes necessários ao
funcionamento adequado dos tecidos e uma insuficiente remoção de metabólitos
provenientes das reações químicas metabólicas. As alterações da oxigenação tecidual podem
ainda ser devidas à disoxia, uma condição em que existe uma utilização inadequada do O2
fornecido, independentemente da concentração arterial de oxigénio (CaO2) .

Efeitos da exposição à hipóxia aguda nas trocas e transporte dos gases

As trocas gasosas são essenciais para a homeostasia do organismo e servem como meio para
transportar o O2 do ar ambiente para a mitocôndria, onde será utilizado para produzir AΤP,
por meio da fosforilação oxidativa e para transportar o dióxido carbono (CO2) para o ar
ambiente. Este transporte é possível devido ao sistema circulatório e de transporte de
moléculas que os animais vertebrados possuem, sendo o papel da hemoglobina (Hb) crucial
para aumentar a fixação das moléculas de O2 (Silva, J. M. e., 1984). As trocas gasosas são
possíveis devido a três ações distintas que se coordenam entre si: a ventilação, que serve para
transportar o ar da atmosfera para os alvéolos; a perfusão, processo pelo qual o sangue
venoso procedente do coração chega aos alvéolos capilares; e a difusão, processo que permite
ao O2 que está nos alvéolos passar para o sangue e o inverso para o CO2. O transporte dos
gases pelos fluídos é possível devido a uma cascata de barreiras em série caraterizadas por
gradientes de pressão específicos e decrescentes em cada uma dessas fases, usualmente
conhecido como cascata de transporte de oxigénio e inclui cinco fases essenciais: a
humidificação do ar atmosférico, as trocas gasosas pulmonares, o gradiente de difusão
alvéolo- arterial de O2, a difusão de O2 para os tecidos e a respiração mitocondrial. A
exposição a uma hipoxemia tem um impacto direto nos diferentes gradientes de pressão das
várias fases das cascata de o2, promovendo um decréscimo da CaO2, do débito cardíaco ( 𝑄̇) e
do O2 disponível, o que irá afetar a capacidade de difusão e perfusão de O2 do ar ambiente
para a mitocôndria, diminuindo o consumo máximo de oxigénio (V̇ O2máx) e limitando a
capacidade de gerar energia pela via aeróbia. Em suma, a diminuição da PiO2 (e.g. hipóxia
aguda ou crónica) apresenta-se como um fator perturbador da homeostasia do organismo
(Essop, 2007) e limita a capacidade de realizar trabalho aquando de uma exposição à altitude
simulada.

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