A Ciência é a pedra fundamental das sociedades modernas. O respaldo científico
acerca de um determinado assunto lhe dá peso e confiabilidade. Isso se deve à crença popular de que a Ciência está comprometida com a verdade e, para muitos, é a única fonte disponível de certezas acerca desta vida material. Será mesmo?
A dinâmica própria da Ciência parece não combinar com verdades absolutas em
muitas situações. Tomar vinho tinto, por exemplo, já fez bem, pois ajuda a prevenir alguns tipos de câncer; também já fez mal, pois está positivamente correlacionado com outros tipos de câncer; voltou a fazer bem, pois previne doenças do sistema cardiovascular. É possível que, em breve, o vinho cure o Alzheimer. Vamos aguardar… Este é apenas um exemplo da incerteza que a Ciência traz – e, numa sociedade que quer respostas imediatas, o menor indício de verdade já é uma verdade plenamente satisfatória (ainda que incompleta, ou parcialmente falsa). A verdade, para a tristeza dos cientificistas, é que no mundo material as possibilidades são imensas e, provavelmente, não há e não haverá respostas claras e decisivas para toda e qualquer situação.
Parece que voltamos à Idade Média
A Idade Média, ou ainda Idade das Trevas – seu apelido carinhoso – é
amplamente conhecida como um período sombrio e arcaico de dominação religiosa. Esta ideia iluminista permanece e, para muitos, é um símbolo de como seria a vida sem progresso. Posicionar-se contra pesquisas com embriões? – Parece que voltamos à Idade Média. Posicionar-se contra o aborto? – Parece que voltamos à Idade Média. Eutanásia? – Parece que voltamos à Idade Média. Testes em animais? – Parece que voltamos à Idade Média. A falácia – ligar a Idade Média ao obscurantismo – já é bem conhecida. E mais: o compromisso com a descrição da realidade observada não foi menor antes do que agora. Talvez aconteça o contrário. A Filosofia Natural e a Teologia geravam conhecimentos que, longe de serem excludentes entre si, estavam altamente integrados. Edward Grant, professor de História da Ciência nas Universidades de Indiana, Maine e Harvard (EUA), reflete em seu livro The Foundations of Modern Science in the Middle Ages sobre a ignorância do senso comum a respeito da Ciência na Idade Média, e ilustra como a Europa Medieval lançou as bases de diversas áreas do conhecimento humano – como a Física, Astronomia e Biologia – durante o conturbado período entre a queda de Roma e aquela de Constantinopla [1].
A Ciência moderna, com esta base, teve a possibilidade de expandir suas
fronteiras, isto é um fato. O cientista contemporâneo médio, porém, parece viver em um limbo onde busca aquilo que ele pessoalmente acredita ser a verdade – algo, porém, que mais tarde se mostrará não ser a realidade. Ele deve estar disposto a tudo – seja ético ou não – para levar adiante seus experimentos e afirmar perante a comunidade científica suas certezas e brilhantismo.
Sincronicidade e entrelaçamento quântico. Campos de força. Não-localidade. Percepções extra-sensoriais. As surpreendentes propriedades da física quântica.