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Universidade Rovuma
Extensão de Niassa
2022
Joaquim Witinesse Mare Andrassone
Universidade Rovuma
Extensão de Niassa
2022
Índice
1. Introdução ................................................................................................................................ 3
2. Diferenciação Celular............................................................................................................... 4
4. Conclusão ............................................................................................................................... 13
1. Introdução
O estudo dos seres vivos mostra que o processo evolutivo produziu uma imensa diversidade de
formas. Existem cerca de 4 milhões de espécies diferentes de bactérias, protozoários, plantas e
animais que diferem em sua morfologia, função e comportamento. Quando os organismos são
estudados a nível molecular e celular, entretanto, percebe-se que existe apenas um único plano
geral de organização. A Biologia Celular tem precisamente por finalidade conhecer esse plano
unificador, através do estudo das células e moléculas que constituem os blocos de construção de
todas as formas de vida do planeta.
Dentro deste contexto, o presente trabalho tem como objectivo falar da diferenciação celular e de
células tronco. O corpo humano é formado por cerca de 200 tipos distintos de células, que se
juntam de diversas maneiras a fim de constituir nossos tecidos. Assim, temos células tão
diferentes como as células musculares, com a capacidade de se contraírem e de realizar trabalhos
mecânicos; as células nervosas, que geram e transmitem os impulsos nervosos; as células do
fígado, responsáveis pela desintoxicação do organismo; certas células do pâncreas, que produzem
insulina; e outras.
1.1.Objectivos
1.1.1. Geral
Falar da diferenciação celular e de células tronco
1.1.2. Específicos
Definir o conceito de diferenciação celular e células tronco;
Identificar as características básicas das células tronco;
Classificar e descrever os tipos de células tronco.
1.2.Metodologia
O presente trabalho realizou-se com base na leitura de livros, artigos e revista que abordam
assuntos relacionados com o tema em questão. Como não basta-se recorreu-se também ao uso da
internet.
2. Diferenciação Celular
Algumas células se diferenciam porque passam a ter acesso a determinadas informações, que as
demais não possuem, ou não recebem. De acordo com Zatz (2002), diferenciação celular, é um
processo por meio do qual as células gradualmente se tornam estrutural e funcionalmente
diferentes umas das outras, como linhagens ou tipos celulares específicos, a exemplo de célula do
sangue, dos músculos, da pele ou do sistema nervoso. Segundo o autor, refere-se que:
Quando uma célula passa por seu último estágio de decisão o seu destino está fixado e se diz que
ela está determinada. No entanto, a determinação implica em que a célula (multipotente) ainda
passa por certas fases de evolução, antes de atingir o estado maduro, mas, normalmente, ela não é
mais capaz de “saltar” para outra linhagem de desenvolvimento. De acordo com Zatz (2002):
Esta condição restritiva das potencialidades está ausente em algumas linhagens celulares,
definidas genericamente como células tronco (a exemplo das células tronco
mesenquimais). Células tronco podem conservar a capacidade de alterar ou mesmo
reverter o seu curso de desenvolvimento fenotípico (destino), ao retroagirem nas etapas de
diferenciação, sofrendo desdiferenciação, ou mantendo, potencialmente, uma
multiplicidade de destinos, e viabilizando, assim, transdiferenciação (p. 166).
O processo de comprometimento considerado acima pode ainda ser dividido em dois estágios. O
primeiro é uma fase transitória chamada especificação. O destino de uma célula é dito
especificado quando ela é capaz de se diferenciar autonomamente ao ser colocada em um meio
neutro (ambiente isento de sinais orientadores de destino celular), como uma placa de Petri. Neste
estágio, o comprometimento é ainda capaz de ser revertido (Zatz, 2002).
Zatz (2002) afirma que, três modelos básicos de especificação têm sido descritos: (1)
especificação autónoma, (2) especificação condicional e (3) especificação sincicial.
2.1.Especificação autónoma
Zatz (2002) diz que, a especificação autónoma é o processo que envolve a segregação
citoplasmática de moléculas determinativas (também denominadas de determinantes
citoplasmáticos, essas moléculas são produtos génicos com potencial para induzir modificações
quanto ao destino celular) durante a clivagem embrionária, através da qual os planos de clivagem
acabam separando em células filhas diferentes, regiões qualitativamente distintas do citoplasma
do zigoto. Zatz (2002) expressa que:
Assim, cada célula se torna específica em função do conteúdo ou tipo de citoplasma que ela
adquire durante a clivagem, de modo que o destino da célula é determinado sem nenhuma
referência (ou influência) às células vizinhas. Esse mecanismo de comprometer o destino das
células faz surgir um padrão de embriogênese referido como desenvolvimento em mosaico, uma
vez que o embrião parece ser formado por um mosaico de células autodiferenciadas. Esse modelo
é comum em grupos de moluscos, vermes anelídeos e cordados tunicados. Nesses embriões,
determinantes morfogenéticos estão distribuídos em diferentes regiões do citoplasma do ovo e
repartidos entre diferentes células, quando o ovo inicia o processo de clivagem (p. 167).
2.2.Especificação condicional
Especificação condicional é o que requer interacção entre células durante o desenvolvimento. É
característico de poucos invertebrados e de todos os vertebrados. Esse modelo faz surgir um
conceito padrão na embriogénese referido como desenvolvimento regulativo, que permite
flexibilidade no comprometimento celularquanto ao seu destino, sendo crítico para o surgimento
de desenvolvimento de gémeos idênticos (univitelinos), assim como, de anomalias congénitas
(Zatz, 2002).
2.3.Especificação sincicial
De acordo com Zatz (2002) Grandes partes das decisões quanto aos destinos das células são
tomadas antes mesmo que elas tenham sido formadas. Muitos insectos exibem essa terceira via
para a determinação do destino celular. Nesses casos, interacções entre componentes maternos
dentro do blastoderma sincicial ocorrem antes que tenham-se formado as membranas celulares
que separam os núcleos. Segundo o autor acima citado, refere-se que:
Esses modelos foram alvo de grandes discussões entre embriologistas a partir de meados
do século XVIII. Duas teorias surgiram inicialmente, referidas como pré-formação
(destinos celulares predeterminados) e epigénese (toda série de interacções entre células
e/ou produtos celulares, que leva à morfogénese e à diferenciação). Essas duas teorias
estão relacionadas principalmente aos modelos de especificação autónoma e condicional,
explicados acima (p. 167).
Para o autor, o processo pelo qual uma célula se torna estrutural e funcionalmente especializada é
comummente denominado de diferenciação, e envolve desde a regulação da expressão génica até
as etapas de transcrição, tradução e subsequente modificação, além do armazenamento e/ou
liberação de seus produtos génicos.
3. Células Tronco
3.1.Conceito
De acordo com Gomes (2007), as células-tronco (CT) são células primordiais indiferenciadas,
encontradas em tecidos embrionários (CTE) e também em tecidos adultos (CTA) como o
hematopoético, muscular, epitelial, nervoso e hepático. O potencial ilimitado de auto-renovação e
a capacidade de originar linhagens celulares com diferentes funções impulsionaram pesquisas
sobre as aplicações terapêuticas dessas células. Os principais alvos têm sido as doenças crónicas,
o acidente vascular cerebral, as doenças hematológicas, as imunodeficiências, e traumas da
medula espinhal, onde o objectivo mais imediato é reparar ou reconstituir o tecido afectado pela
doença. Para o autor acima citado, refere-se que:
Segundo o autor à medida que ocorre essa multiplicação celular, as células-filhas vão tomando
diferentes decisões, adquirem uma morfologia própria e se especializam numa função específica,
participando dessa forma da construção do organismo. Somos então levados à surpreendente
conclusão de que o zigoto deve conter, em suas instruções genéticas, todas as informações
necessárias à formação de todas essas células. Gomes (2007) afirma que:
E de facto, o zigoto pode ser considerado a célula-tronco prototípica, isto é, uma célula
totipotente, capaz de dar origem a todos os tipos celulares existentes num organismo
adulto. Uma célula-tronco é, portanto, uma célula não especializada, ou seja, que ainda
não se diferenciou em nenhum tipo celular específico. Nesse sentido, o termo tronco (ou
haste, que é o significado da palavra stem na língua inglesa) é muito adequado (p. 15).
Imagine uma árvore na qual o tronco principal, único, se ramifica em vários galhos, e cada galho
em outros ainda mais delgados, e assim por diante até chegarmos às folhas. Essa árvore
representaria então o desenvolvimento embrionário de um animal: desde o zigoto até a efectiva
formação de todos os diferentes tipos celulares presentes no corpo do adulto.
3.2.Características
De acordo com Eitelven, et al. (2017) as células-tronco mostram três propriedades fundamentais:
auto-renovação, proliferação e diferenciação.
3.3.Classificação
a) Quanto a sua classificação, podem ser:
Segundo Eitelven, et al. (2017), as células tronco podem ser:
Totipotentes, aquelas células que são capazes de diferenciarem-se em todos os 216 tecidos
que formam o corpo humano, incluindo a placenta e anexos embrionários. As células
totipotentes são encontradas nos embriões nas primeiras fases de divisão, isto é, quando o
embrião tem até 16 - 32 células, que corresponde a 3 ou 4 dias de vida;
Pluripotentes ou multipotentes, aquelas células capazes de diferenciar-se em quase todos
os tecidos humanos, excluindo a placenta e anexos embrionários, ou seja, a partir de 32 -
64 células, aproximadamente a partir do 5º dia de vida, fase considerada de blastocisto.
As células internas do blastocisto são pluripotentes enquanto as células da membrana
externa destinam-se a produção da placenta e as membranas embrionárias;
Oligotentes, aquelas células que se diferenciam em poucos tecidos;
Unipotentes, aquelas células que se diferenciam em um único tecido.
b) Quanto a sua natureza, podem ser:
Segundo Eitelven, et al. (2017), as células tronco podem ser:
Adultas, extraídas dos diversos tecidos humanos, tais como, medula óssea, sangue,
fígado, cordão umbilical, placenta etc. (estas duas últimas são consideradas células
adultas, haja vista a sua limitação de diferenciação). Nos tecidos adultos também são
encontradas células-tronco, como medula óssea, sistema nervoso e epitélio. Entretanto,
estudos demonstram que a sua capacidade de diferenciação seja limitada e que as maiorias
dos tecidos humanos não podem ser obtidas a partir delas.
Embrionárias, só podem ser encontradas nos embriões humanos e são classificadas
como totipotentes ou pluripotentes, dado seu alto poder de diferenciação. Estes embriões
descartados (inviáveis para a implantação) podem ser encontrados nas clínicas de
reprodução assistida ou podem ser produzidos através da clonagem para fins terapêuticos.
3.4.Obtenção
De acordo com Eitelven, et al. (2017), as Células-Tronco podem ser obtidas de duas grandes
fases do indivíduo: Fase Adulta: Sangue de cordão umbilical, medula-óssea e sangue periférico
mobilizado. Fase Embrionária: Células contidas no blastocisto, estrutura formada nos primeiros
dias após a fecundação. São aquelas potencialmente aptas a regenerar tecidos do corpo humano.
Essas células são responsáveis pela manutenção funcional do organismo por meio da substituição
das células que vão morrendo ou perdendo a função. É justamente por causa dessa capacidade de
regeneração e reparação, que as células-tronco podem ser utilizadas no tratamento de diversas
doenças. Podem ser obtidas:
3.5.Aplicação
As primeiras aplicações terapêuticas de células tronco ocorreram com o uso de células
multipotentes derivadas de tecidos adultos, tanto em transplantes autólogos como em alogênicos,
enquanto o uso de células tronco embrionárias ainda está limitado aos experimentos com modelos
animais. A maior experiência está no uso de células-tronco derivadas do tecido hematopoético, as
CTH, que já são largamente empregadas como alternativa ao transplante de medula óssea no
tratamento de leucemia aguda e leucemia mielóide crónica com excelentes resultados (Eitelven,
et al., 2017).
Em cardiologia as CTH autólogas (colectadas da medula óssea do próprio paciente) são ainda as
células de escolha para uso em procedimentos que visam a regenerar o músculo cardíaco afectado
por enfarto. Insuficiências cardíacas causadas por perda ou disfunção de células musculares no
coração atingem cerca de 4.8 milhões de pessoas nos EUA, com cerca de 400.000 novos casos
por ano, e uma taxa de mortalidade superior a 50% dentro dos cinco primeiros anos após o
diagnóstico inicial (Eitelven, et al., 2017).
Uma célula-tronco é, portanto, uma célula não especializada, ou seja, que ainda não se
diferenciou em nenhum tipo celular específico. Nesse sentido, o termo tronco (ou haste, que é o
significado da palavra stem na língua inglesa) é muito adequado. Imagine uma árvore na qual o
tronco principal, único, se ramifica em vários galhos, e cada galho em outros ainda mais
delgados, e assim por diante até chegarmos às folhas. Essa árvore representaria então o
desenvolvimento embrionário de um animal: desde o zigoto até a efectiva formação de todos os
diferentes tipos celulares presentes no corpo do adulto.
5. Referências Bibliográficas
Eitelven, T. et al. (2017). Aplicações Biológicas de Células-tronco: Benefícios e Restrições.
Revista interdisciplinar de ciência aplicada. Universidade de Caxias do Sul/CARVI. Vol.
2. No. 3. ISSN: 2525-3824.
Iglézias, J. C. R. (2004). Célula-Tronco. Rev. Fac. Ciência. Méd. Sorocaba, v. 6, n. 2, p. III – IX.