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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS


FACUDADE DE DANÇA
DISCIPLINA: TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E CORPORAL

Tainã Xavier de Araújo

DRE: 110090386
Rio de Janeiro, 18 de abril de 2013

A primeira aula da disciplina foi ilustrada por um poema do escritor Fernando


Pessoa e se referiu à individualidade do ser humano.

Porém um fato que aconteceu no final das dinâmicas gerou mais discussão e
reflexão do que a própria aula em si. Uma cesta de canetas que foi “violentada” por
alguns alunos “imaturos” e “ínvoluidos”, conforme um grupo de “civilizados” da turma
disse.

Confesso que eu também fui uma da turma dos “bárbaros” que avançou em cima
da cesta pra disputar a cor de caneta preferida. Porém foi como um impulso, um
regresso prazeroso às brincadeiras “bobas” da infância, um momento de liberação de
energias.

Isso me trouxe muitas reflexões sobre os limites e regras de comportamento no


qual somos condicionados a ter. E consequentemente, essa reflexão se estendeu às
repressões impostas sobre o nosso corpo, nosso prazer e nossa individualidade.

Vários alunos riam como forma de amenizar o desconforto da aproximação


excessiva que as atividades exigiam. Na verdade, ainda não estamos preparados para
lidar com interações tão íntimas com o corpo alheio.

Sei que desviei do tema referente à aula, que é a identidade de cada homem e
mulher. Porém não podia deixar de falar em individualidade, sem tocar nessas questões
referentes à censura dos nossos comportamentos instintivos.

Rio de Janeiro, 09 de maio de 2013

Nessa aula, a questão da individualidade ficou mais objetiva pra mim Foi uma
experiência muito inesperada.

Fomos divididos em dois grupos; um aguardava fora da sala e os outros


caminhavam aleatoriamente dentro dela. Fiz parte desse segundo grupo e no início não
consegui compreender bem a finalidade daquela ação.

Depois de alguns minutos paramos de andar e os outros alunos entraram. A


partir daí eles exporiam a nossa forma de andar, ou seja, cada um deles faria uma
mimese de um de nós, e a nossa tarefa era identificar quem nos estava “imitando”.
Portanto o objetivo era identificar o nosso “espelho”, através das características
nossas que eles julgaram mais notáveis. Posso dizer que achar as nossas características
no outro, às vezes se torna uma tarefa um tanto difícil Sim, difícil, pois poucos possuem
a consciência de como realmente é visto pelo outro.

Detemos vários conceitos sobre nós próprios, porém não sabemos se esses
conceitos são traduzidos pelos outros do jeito que imaginamos.

Depois de ser observada, tinha chegado a minha hora de observar A função dos
grupos foi trocada e feito um novo sorteio. A minha “missão” era observar uma das
meninas, Keren.

Ela tinha uma caminhada bem equilibrada, um porte rígido, mais delicado e
elegante apesar de mexer demais apenas um dos braços. Sua postura era ereta,
formando uma linha reta da coluna vertebral. Acho que o corpo dela também me ajudou
a chegar nessa concussão, já que a menina era bem proporciona de medidas, o que
transmitia uma sensação de equilíbrio melhor.

Incorporar o andar dela foi uma experiência muito interessante, pois me fez
observar melhor a minha própria forma de andar. Além disso, essa atividade foi bem
produtiva, porque passei a “corrigir” o meu jeito bruto de caminhar, erguendo os
ombros caídos e adotando uma postura mais ereta, assim como a colega que eu observei
Posso dizer que, analisar a caminhada das pessoas na rua virou o meu passatempo nos
momentos de tédio.

Rio de Janeiro, 16 de maio de 2013

Conforme eu disse num dos textos anteriores, ainda não estamos preparados para
lidar com o corpo alheio de forma mais íntima, fora de um contexto erótico.

Essa aproximação ainda causa certo desconforto, talvez por nos sentirmos invadidos.
O corpo é considerado uma propriedade indivídual, e quando alguém “atravessa” a
nossa individualidade, acaba provocando inúmeras reações.
Rio de Janeiro, 06 de junho de 2013

Rio de Janeiro, 13 de junho de 2013

Acho que nós da EBA, ainda estamos muito presos na idéia de que a arte, como
experiência estética se restringe apenas em questões visuais, na técnica e na
representação da matéria.

Eu por exemplo, percebo que estou sempre preocupada em representar o melhor


do que eu vejo, mas é muito difícil exteriorizar outras formas de percepção sensorial.
Afinal, estudamos Artes Visuais e todo a nossa reflexão estética transita por este
âmbito.

A experiência dessa aula foi bem interessante. Nossos olhos foram cobertos
com tiras pretas e exploramos vários obstáculos com todos os sentidos possíveis, menos
com a nossa visão.

Rio de Janeiro, 27 de junho de 2013


Essa disciplina é uma das mais gostosas que eu já tive Nesse dia recebemos a
visita de um grupo artístico de Petrópolis, os Filhos da Terra. Eles fazem um trabalho
delicadíssimo utilizando-se de materiais brutos colhidos da natureza, como folhas, cales,
cascas de frutos como alho e cebola, flores argila, enfim são inúmeras as fontes deles.
São aqueles materiais in natura que geralmente caem das árvores e a gente observa no
chão, até acha bonita a visualidade que eles oferecem, mas não percebe a utilidade deles
para um trabalho artístico.

Esse grupo me fez lembrar do valor da palavra “ressignificar” . E eu confesso


que gosto de trabalhar com materiais mais brutos, mais jamais cogitaria em retira-os de
seus contextos e transforma-os em obras tão singelas.

Passamos um bom tempo executando nossos cartões com os materiais trazidos


por eles. Após a oficina teve um debate para expor as impressões da turma sobre a
atividade logo uma das aunas tocou em um assunto importantíssimo.

Ela falou sobre a questão do reaproveitamento de matérias como uma prática


pedagógica. Ou seja, nós como educadores deveríamos uso-o como um recurso em sala
de aula, já que os materiais oferecidos pelas escoas não são suficientes.

O desafio é sair da zona de conforto e modificar a função dos objetos, criando


novas possibilidades de utilização.

Um dos princípios do Design diz que “Forma segue função” Mas conforme eu
vi pichado numa pilastra localizada em frente à reitoria, e se adequa demais nessa
discussão, a “Forma [também ] repensa a função” .

Rio de Janeiro, 04 de julho de 2013

E se retirassem a sua ferramenta de trabalho mais importante? Foi assim que eu


me senti quando tive que moldar uma figura em argila com os olhos vendados. A
atividade desse dia me proporcionou essa experiência estranha, já que a minha visão é
um meio para medir a harmonia dos meus trabalhos.

Rio de Janeiro, 18 de julho de 2013

Hoje foi tocado num assunto que eu amo; os princípios da linguagem visual
Com o nosso corpo, representamos conceitos de ponto, linha e pano na prática. Foi
mais uma sugestão perfeita para aplicarmos como atividade pedagógica, principalmente
quando os estudantes (principalmente as crianças e adolescentes estiverem saturadas de
fazer trabalhos manuais) .
Essa atividade mostrou que também podemos apresentar esses conceitos tão
simples, porém abstrato demais e fora do contexto para muitos, de uma maneira bem
mais interativa e energética tal como os mais jovens.

Enfim, essa também foi a penúltima aula do curso e a última reatada nesse diário
Confesso que foi uma das minhas disciplinas preferidas, pois sempre tive interesse em
me aprofundar mais (e vou continuar) nessas questões de corporeidade e sua relação
com a arte .

REFERÊNCIAS DE IMAGENS

- Capa: Milton Dacosta, Roda, 1942, Acrílica s/tela

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