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VALENTIM, Tábatha da Silva.

A objetificação da mulher na publicidade cervejeira:


uma análise do Skol Reposter. Orientadora: Mariana Ramalho Procópio. 2017.
Dissertação apresentada para obtenção do título de bacharel em Jornalismo - UFV,
Viçosa, 2017.
RESENHA CRÍTICA
Thayná Barboza

Tábatha Valentim, aluna da Universidade Federal de Viçosa, defendeu sua


tese para obter o título de bacharel em Jornalismo com a sua obra “A objetificação
da mulher na publicidade cervejeira: uma análise do Skol Reposter”, que será o
objeto da presente resenha crítica. Skol Reposter foi o assunto analisado na sua
obra, cujo objetivo se delimitou em analisar a comunicação usada neste comercial
no que diz respeito à representação da mulher não apenas como produto mas
também como consumidora. Tal comercial foi veiculado nas redes sociais no dia 8
de março de 2017, no Dia Internacional da Mulher, com a intenção de realizar um
reposicionamento da marca, de forma a deixar a ideia da objetificação da mulher
para trás. Para isso, convidou mulheres ilustradoras para recriar antigos posters
usados pela marca, que mostravam as mulheres objetificadas e com apelação
sexual.
Com isso, a proposta da dissertação foi analisar em que medida o comercial
Skol Reposter atribui novos papéis à mulher contemporânea, retirando-a do foco de
produto e colocando-a na posição de consumidora, sob a perspectiva da Análise do
Discurso proposta por Patrick Charaudeau. (VALENTIM, 2017, p.12). As ideias e
argumentos principais da obra de Tábatha se dá na contextualização sobre a mídia
possuir um papel importante na divulgação dos debates que estão em alta - como o
de gênero que ela cita estar ganhando cada vez mais espaço -, já que as
representações da sociedade são influenciadas por ela e vice versa. Então, quando
os comerciais de cerveja retratam a mulher de maneira sexualizada, isso influencia
o público-alvo da campanha que acaba incorporando os pensamentos,
posicionamentos e atitudes para si. No entanto, a autora também cita que tais
discursos só têm espaço e são aceitos dentro da publicidade porque o público, de
alguma forma, também já possui esse pensamento. Além disso, a autora escreve
que: “É importante pensar também que a publicidade é uma forma de comunicação
mantida por interesses privados e financeiros, o que quer dizer que seu discurso é
construído com base nas intenções e convicções de quem paga por ele. Assim, ele
não tem a pretensão de agradar a todos que não fazem parte do seu público alvo. O
objetivo final é apenas alcançar a venda, ainda que isso inclua também a veiculação
de um valor moral. “ Tendo em consideração esse raciocínio, a comunicação dos
comerciais e das marcas mudam conforme percebe a reação do consumidor e do
público – afinal, a venda parte deles e, caso contrário, teriam prejuízos financeiros –
. Então, ao invés de um interesse para com as ideias feministas e um auxílio na
propagação dos pensamentos para transformar a lógica patriarcal, a maioria das
ações são moldadas, antes de tudo, nos interesses financeiros. Além do mais, a
confirmação desse pensamento dá-se quando analisada a entrevista da atriz Aline
Campos, garota propaganda dos comerciais da marca Itaipava. Ao receber críticas
e ataques devido ao apelo sexual nas mensagens, Aline diz: "(...) nunca foi essa a
nossa intenção, de transformar o corpo da mulher em um objeto ou para vender
mais cerveja por ela estar gostosa.3” No entanto, fica clara a contradição na fala
dela, já que os comerciais transpareciam justamente o oposto e, ainda, indo contra
as comprovações que foram realizadas por diversas pesquisas nesse meio,
inclusive a tese da Tábatha. Assim como o tema dessa pesquisa, a dissertação da
Tábatha trilha por um mesmo viés, porém com uma marca de cerveja diferente. A
partir disso, é possível observar e afirmar que a problemática não gira em torno de
uma marca específica, mas sim de uma questão que abrange diversas esferas da
formação da sociedade.

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