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“O ideal da objetividade, por sua vez, pretende que as teorias científicas, como
modelos teóricos representativos da realidade, sejam construções conceituais que re-
presentem com fidelidade o mundo real, que contenham imagens dessa realidade que sejam
“verdadeiras”, evidentes, impessoais, passíveis de serem submetidas a testes experimentais e
aceitas pela comunidade científica como provadas em sua veracidade. Esse é o mecanismo
utilizado para avaliar a verdade semântica. A objetividade do conhecimento científico se
fundamenta em dois fatores, interdependentes entre si: (a) a possibilidade de um enunciado
poder ser testado através de provas fatuais e (b) a possibilidade dessa testagem e seus
resultados poderem passar pela avaliação crítica intersubjetiva feita pela comunidade
científica.” (p. 32)
“Popper (1977, p. 93) nos fornece essa interpretação ao afirmar que um enunciado
científico é objetivo quando, alheio às crenças pessoais, puder ser apresentado à crítica, à
discussão, e puder ser intersubjetivamente submetido a teste. Para ele (1975, p. 46), objetivo
significa que “o conhecimento científico deve ser justificável, independentemente de capricho
pessoal; uma justificativa será `objetiva’ se puder, em princípio, ser submetida à prova e
compreendida por todos. Ao contrário do senso comum, portanto, o conhecimento científico
não aceita a opinião ou o sentimento de convicção como fundamento para justificar a
aceitação de uma afirmação.” (p.33)
“Como conseqüência, pode-se constatar que a ciência desenvolve testes mais rigorosos
do que os do senso comum para aceitar uma teoria. Essas provas rigorosas, além de
proporcionar condições mais confiáveis para a localização e correção dos possíveis erros, lhe
permitem também estabelecer maior confiabilidade nas predições, tais como as de terremotos,
eclipses, percurso e localização de planetas, cometas e outros fenômenos astrofísicos, reações
químicas, efeitos na biosfera, reações no comportamento humano e tantas outras em todas as
áreas do conhecimento. No entanto, esse elevado poder de teste que está presente no
conhecimento científico não lhe confere maior estabilidade ou dogmatismo de suas teorias.”
(p. 34)
“Se observarmos a história do fazer científico – não apenas a história dos seus
produtos – veremos que os critérios de cientificidade estão atrelados à cultura das diferentes
épocas. São históricos os critérios utilizados para julgar que procedimentos são ou não
corretos para serem encarados como métodos ideais. Não há uma racionalidade científica
abstrata, autônoma, que independa dos fatores culturais de cada época. Observa-se,
principalmente entre os indutivistas, empiristas e justificacionistas em geral, a proposta de
uma caricatura de método científico apresentada como uma seqüência de regras prescritivas
ou como um conjunto de técnicas de investigação disponíveis para serem aplicáveis a
qualquer problema, uma espécie de fórmula mágica e garantida de eliminar o erro e garantir a
verdade” (p. 35)
“Não há regras padronizadas para a descoberta científica de suas teorias, como não as
há para a sua justificação confirmadora que lhes garanta a veracidade. Em relação à
descoberta, a ciência se assemelha à arte, pois trabalha no nível da imaginação e da
criatividade para produzir suas teorias e modelos explicativos. O conhecimento científico se
orienta conscientemente na direção da localização e eliminação do erro, através da discussão
objetiva (intersubjetiva) de suas explicações, dos seus enunciados, e de suas teorias. Por isso,
na ciência, a explicação será sempre provisória reconhecendo o caráter permanentemente
hipotético do conhecimento científico” (p. 35)