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CONNER, M.; NORMAl<, P. (eda.) (1998), «Special issues Social cogoition modele lo
Psychology», Psychology and Healtb, 13, pp. 179-185. COGNiÇÕES
Este número especial apresenta a investigação recente no
campo dos modelos da co
social. O editorial oferece-nos uma panorâmica deste campo.
DE DOENÇA
'
ScHwARZER, R. (1992), «Self effícaey in the adoption and maintenance of health hcha
Theoretical approaches and a new model», in R. Schwarzer (ed.), Self
Efficacy,
Control of Adi"". Washington, De, Hemisphere, pp. 217-243.
Este capitulo dá-nos uma panorâmica interessante dos diferentes modelos e .
·
Coping
·
Cognições de saúde e resultados de saúde .
9'95)afirmou que a
comer às consripaç maioria das pessoas demonstrava r:r un;'a d fini-
mata a febre à fome», e defendendo que os de saúde (não só como a ausência da doença) q e rncl mais do
construtos leigos pod
conceptualizar-se de acordo com as dimensões
factores físicos e psicológicos. Sugeriu que a samdade e o estahdo
,
tou 80 franceses e categorizou os por exemplo, ent uma forma multidimensional. Isto 10 dica ai guma
'"'o en e
«saúde como vazio», o
seus modelos de saúde em três dimen as perspectivas de saúde dos profissionais ( ?MS) e os
que implica ausência de
relacionada com a força física e a
doença; <reserva da saú perspectiva multidimensiooal que implica factores fíSICOS e pSICO-
resistência à doença; e <equílíbrío», o
indica a consciência plena da
reserva de saúde do indivíduo.
pediu igualmente a 9000 sujeitos Blaxter (19
que descrevessem alguém que considerass.
saudável e que ponderassem «o que o
leva a dizer que a pessoa é saudáv
e
<quando está saudável, como é? Foi feita significa estar doente?
uma análise qualitativa a
amostra desses sujeitos. Para
alguns, saúde significava simplesmente não e.l
doente. Todavia, para muitos a saúde estudo sobre as crenças dos jovens adultos, Lau (1 95) também
era olhada em termos de
vida saudável cheia de reserva, u tou: -O que significa estar doenteê» As respostas indicaram as
comportamentos de saúde, boa forma física, ter que usam para conceptnalizar a doença:
e
vitalidade, relações sociais com os Cner
outros, ser capaz de funcionar com eí
da uma expressão de bem-estar
e
A é errado.
questão de eo que saúde? também foi dimensões acerca do «que significa estar doente. têm sido descritas
explorada de um ponto de v'
psicológico, com especial incidência
nas cognições de saúde e doença. Por o das
cognições de doença (também denominadas crenças ou repre-
plo, Lau (1995) verificou que, ex de doença).
quando era pedido a adultos jovens e
que descrevessem pelas suas saudá
próprias palavras «o que significa
dável? o, as crenças de saúde para si ser s
poderiam ser compreendidas dentro
das seguin
dimensões:
e são cognições de doença?
·
Fisiológica/física: por exemplo, boa /entbaI e
·
condição física, ter energia. colaboradores (LeventbaI et ai., 1980, 1997; LeventbaI e Nerenz,
Psicológica: por exemplo, feliz,
·
enérgico, sentir-se bem psicologicament definiram cognições de doença como «crenças implícitas do enso co-
Comportamental: por exemplo, comer, .
.
dormir bem.
.. Os autores sugenram que
o paciente tem sobre as suas doenças
66 PSICOLOGIA DA SAÚDE
COGNIÇÕES DE DOENÇA 67
<;ibilidade de os sujeitos
,
ficarem de sobreaviso. Por exemplo, per-
·
Identidade: refere-se à etiqueta dada a sujeito _Até que ponto pensa nas suas doenças em termos das
uma doença (o diagnóstico
dica) e aos sintomas sentidos (por
.
exemplo, eu tenbo uma constip consequências? irá obviamente encorajá-lo a ver essas conse-
..:0 diagnóstico»,
eu nariz a pingar, «os sintomas»], nio uma dimensão importante do problema. No entanto, de acor-
,-
-
·
Causa percepcionada da doença: estas causas tha1, as entrevistas encorajam os sujeitos a expressar as suas
podem ser biol
(vírus ou lesões) ou psicossociais (stress ou l!nç'lS e não aquelas que o entrevistador desejava ouvir.
comportamentos lig
saúde). Além disso, os pacientes podem ter representações da d
que reflectem diversos modelos causais (por
exemplo: -A minba .
tipação foi causada por um vírus»; -A minha constipação foi ção quantitativa
cau
pelo cansaço»), -
No. também que a dimensão das consequências (os 1l.jíud,J.!a perceber quaisquer sintomas em desenvolvimento. Estas
entanto,. de comportamento de
efeitos) dimensao temporal (quanto tempo irá durar) eram as menos ,d,JeliLça foram incorporadas num modelo
e a
,órtamento
por um
)
e a gra'7dade é
uma combinação da dimensão magnitude'
onsequenC1as J?l:cepClonadas e das
e que a doença
crenças sobre a dimensão temporal (c.'
ira ectar a minha vida e quanto tempo irá durar), o que '"
pÇil de Leventhal
encontro do descrito por Leventbal e colaboradores. íncorporou a sua descrição de cognições de doença no modelo
-
número ,de sujeitos. De modo a investigar com maior precisão' normalidade. Os modelos tradicionais descrevem a resolução de
crenças
. t do
individuaisde doença, investigadores da Nova Zelàndia e do -, ,;;;. três fases: 1) interpretação (tornar o problema compreensível);
Uni.do desenvolveram o lidar com o problema de modo a voltar ao estado de equilíbrio);
Illness Perception Questionnaire (por exem'
199 ). --,i (estimar quanto a fase de coping foi bem-sucedida]. De acordo
We et
": Este questionário pede aos sujeitos para classificá,
ser!e de açoes sobre a sua doença, afirmações essas que reflect .- .
estas três fases continuarão até
los de resolução de problemas,
de bem-sucedidas e o estado de equilíbrio seja
dimensoes da identidade (por exemplo, um conjunto de sintomascomo d ,égias coping sejam
de saúde e doença, se o ser saudável é o estado normal do
cansaço), das consequências (por exemplo, «A minha doença teve importar .termos
consequências na minha vida»), da dimensão temporal (por exemplo .A '. então qualquer início de uma doença será interpretado como um
nba doença irá durar pouco rempo»), das causas (por e o indivíduo estará motivado para restabelecer o seu estado de
exemplo, .0 ess
um factor importantíssimo para o surgimento da minha doença») e da ClI doente não é o seu estado normal).
à
Icontr lo (por exemplo, «Há muita coisa que eu posso fazer sesrio modelo de auto-regulaçãotêm sido aplicadas saúde através
para controlar' do
meus sintomas»]. Este questionário tem sido utilizado para estudar as '. ,de auto-regulaçãodo comportamento de doença seguinte modo
cr
de doenças como, por exemplo, a sindrome de fadiga .3.1).
cróuica, diabetes e a
te, e vem dar mais apoio às dimensões das cognições de doença (Welnman
Petrie, 1997). Na mesma linba, Home e colaboradores (1999) desenvolverão
um uestionário para avaliar as crenças sobre a medicina e que foi conce
íi Il'!terpretação
..
tualizado em duas dimensões: «necessidade» (para reflectir se a medicina
considerada importante) e «preocupações» (para reflectir se o ílldi.víduo pode ser confrontado com o problema de uma potencial
indivíduo'
p eocup: co os ,efeitossecundários). Os autores
argumentaram que os inç jílravés de dois canais: percepção dos sintomas (tenho uma dor no
víduos tem nao so crenças sobre a sua saúde como também sobre os medi mensagens sociais (o médico diagnosticou esta dor como sendo angi-
'
mentos que tomam ou que se lbes pede que tomem. írl). De acordo com as teorias da resolução de problemas, a partir do
e1D que, através destes canais, o indivíduo tenha recebido informa-
_. a
Em resumo, parece que os indivíduos podem ter crenças consistentes sol"
a doença,
crenças estas que podem ser usadas para atribuir sentido às SUO _" a possibilidade de ter urna doença, estará então motivado para voltar
PSICOLÕG!A DASAOoB
COGNIÇOES DE DOENÇA 71
ReprBll6lltaçOes
duas amplas categorias de coping que incorporam a multipli-
da!llllllllÇll urras estratégias: coping de aproximação (por exemplo: tomar
para li. saúde tbiS',ir ao médico, descansar, falar com amigos sobre as suas emo-
·
.-
'Causa
·
ConsequênclaB
El'llluçAo
CuralcontroIo
tllg de evitamento (por exemplo: negação, crença na realidade do
-do depara com o problema da doença, o individuo desenvolve
l!lli<l' de coping numa tentativa de voltar ao seu estado de norma-
1
lÍivel.
ponderação
emocIooaJ -' fase do modelo de auto-regulação é a ponderação. Isto envolve a
à!llllllllÇll
par8asaúda
'ividual da eficácia da estratégia de coping e a resolução de conti-
.
Medo
ou, pelo contrário, optar por uma estratégia alternativa .
.--
.
Depressão
d mensagem social in dicand o que indivíduo optar por usar a negação como estratégia de coping,
I'
-
em pormenor. No enmJI'
72 PSICOLOGIA DA SAúDE COGNIÇOES DE DOENÇA 73
anos.
Testar uma teoria lento experimental O estudo envolveu um delineamento transver-
Representações de doença , do todos os sujeitos preenchido o questionário urna vez.
Foi enviado um questionário aos sujeitos composto pelas seguin-
e
coplng dídas:
Um estudo
para analisar a relação entre as represenlaçlies Illness Perception Questionnaire. Este questionário mede as repre-
de doença, o cop/ng e a adaptação psicológica nos IndlvfdlJ .
!§lresentações:
Jderttidade: consiste num conjunto de 12 sintomas principais (por
Este estudo analisou a inter-relação entre
as representações de doença
coping e aadaptação psicológica, no contexto da síndrome de fadiga plo,
a dor) e de 13 sintomas
específicos da síndrome de fadiga
g6nica (por exemplo, cansaço). Foi pedido aos sujeitos
que classifi-
nica, O objectivo do estudo consisria em testar directamente os compo
,cassem cada sintoma, numa escala que ia ao «nunca» ao «sempre»,
tes do modelo de auto-regulação de Leventhal e analisar se o modo'
-
disfunção. Ildo
,,'
b':cias.).
Por fim, os resultados que a
demo
doença iria durar milito tempo (a representaçao d: doen )
-da com o coping, nomeadamente através da supressao de aer-
Resultados
, .
e
descomprometimento comportamental (por exemp '
ílea ::a doença
é crónica e lido com ela não tendo
outras acn-
A
.
d
}
relação entre os componentes bstãncías-), e a crença de que a doença era causada
das representações de doença relacionada
Os resultados estava
com o descomprometiment? com-
demorlStraram que uma forte identidade I
de doença '(po'
relacionada com a
crença de que esta iria ter .
rexemp 0,..: Acredito que foi o
stress que levou ao surgunento
consequências graves @epça e lido com ela bebendo álcool»),
J'
sequências graves tempo, que têni ente com as m edidas de funcionamento. Isto sugeriu que
na minha vida e que não pode
da. l. Além disso, a ser controlada nem tiobam tido mais sintomas, que acredi que a doença
tav
crença de que a síndrome de
por factores psicológicos
crença nas consequências
fadiga crónica era ca
(por exemplo, stress) foi relacionada
graves da mesma (por exemplo,
com urna mostraram mve
: controlo,
que esta era causada pelo stress tinha onsequen-
'IS' baixos de adaptação psicológica e bem-
,
Relação entre as
stress e tem consequências
-A minha d
graves na minha vidas],
/0
entre
_ como níveis mais elevados de disfunção.
-estar d<=:.
psicológico estavam r el aClOnados com o descomprome-
.
doença) e as
estratégias de copin
"
é nan:r= . _
uma relação negativa com o reinterpretação positiva;, ça que causam as mu danças nas estratégias de copmg e nos resulta-
descomprometimento comportamental ( tal como concluíram os autores, -apenas um delineamento experi_
exemplo, -Acredito que posso : '
doença, lidar com po Vl[ a clarifi car alguns destes pro emas ..
76 PSICOLOGIA DA SAtlDE COGNIÇOES DE DOENÇA 77
Problemas da avaliação ,:!J111cLlliç:ade sintomas e não numa visão mais precisa de tais
Este processo dinâmico e
auto-regulador sugere um modelo de c
complexo. e e evidente
bom-senso, no entanto, coloca
alguns proble
que respeita as tentanvas de rntervenção e
avaliação. Por exemplo:
inlç:õBi5, ambiente e percepção de sintomas
l!n! baket (1982) tambémsugeriram que a percepção dos sinto-
1. Se os
'!llerentes componentes do modelo de auto-regulação i".1.' por factores como o humor, as cognições e o ambiente
entre SI, devenam eles ser medidos separadamente? Por
exemplo ' do humor na percepção dos sintomas é particularmente claro
ça de que uma doença não tem consequências
..
um processo linear. Pennebaker (198 estímulos do ambiente podem resultar numa descrição exagera-
ou que existem diferenças individuais
no nível de atenção que as .
as, ao passo que a distracção
e o desvio da atenção
para outros
dispensam aos seus estados internos. Por de levar a subestimá-los (Penuebaker, 1983).
isso, enquanto alguns indiv
podem, por vezes, estar atentos ao seu interior e :
.
"
mais sensíveis aos sinr que vem corroborar a teoria de Pennebaker. Sessen-
do recente
utros podem estar mais atentos ao exterior e menos sensíveis às
mu ulheres hospitalizadas por parto pré-termo receberam, a1eatoria-
internas. No entanto, Pennebaker sugeriu que
estas diferenças não são ação, distracção ou nada (van Zuuren, 1998). Os resultados
tentes c m as diferenças no
grau de precisão com que os indivíduos id ..
que distracção tinha
a o efeito mais benéfico nas medidas de sinto-
cam os s tomas. um estudo que avaliava a precisão e psicológicos, o que sugere que a percepção de sintomas é influen-
na detecção de mu
ças do ritmo cardíaco, Pennebaker (1983) afirmou que os
indivíduos atençâo. Os diferentes factores que contribuem para a percepção
atentos ao estados internos
tinham tendência a sobrestimar as mudanç. são ilustrados por uma condição que denominamos: «ioença
ntrno cardíaco, quando comparados com os sujeitos
tes de Medicina», descrita por Mechanic (1962). Grande parte
c
focalizados no
Também se demoustrou que o (o,do
estar focalizado internamente estava rela . de Medicina envolve a aprendizagem dos sintomas asso-
do com a percepção de e-: a curso
uma recuperação mais lenta da doença (Miller .
vel que outros colegas tllnç as entre as estratégias adaptativas e não adaptativas, de coping e
sofram modelagem do seu comporta ,e1]
a -
naL Estas mensagens socials irão influenciar o m,põe, o illdivíduo começa a enfrentar a doença. Por isso, este
o
modo como o mdivíduo
iIlter ing centra-se nas mudanças ÍI1>ediatas que se seguem ao diag-
«problema. da doença.
ij;lgl.rirldo que o resultado desejado de qualquer processo de coping é