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Capítulo 6

A Escola Cognitiva:

a formação de
Estratégia como um
processo mental

A Escola Cognitiva:


“Eu vejo, quando acredito nele”


Anônimo

A formação de Estratégia como um processo mental

Ao analisarmos a visão estratégica, vamos precisar sondar a


mente do estrategista. Este é o trabalho da escola cognitiva: O
estudo desse campo através da psicologia cognitiva. Antes desta
onda de trabalho, o que ocorria nas mentes dos executivos era,
em grande parte, uma incógnita. Os pesquisadores estavam mais
preocupados com os requisitos para pensar e não com o
pensamento em si, por exemplo, do que um estrategista precisa
saber.

https://klebernobrega.files.wordpress.com/2011/10/imagem_111026_coruja.jpg
Mas continuamos distantes de compreender os atos complexos
e criativos que dão origem às estratégias. Assim, os estrategistas
são, em grande parte, autodidatas: eles desenvolvem suas
estruturas de conhecimento e seus processos de pensamento,
principalmente através de seu conhecimento. Essa experiência
dá forma àquilo que eles sabem, que, por sua vez, dá forma ao
que eles fazem. Mas será que estratégia é algo para qualquer
um? Ou será algo que possa se aprender?
A escola cognitiva analisa as estratégias que se
desenvolvem na mente dos indivíduos na formalização dos
processos mentais através de estruturas, modelos, mapas,
conceitos e esquemas. Podemos classificar dois tipos de
escolas: Positivistas e Subjetivista(pessoal),

A escola positivista trata o processamento e a estruturação


do conhecimento como um esforço para produzir algum
tipo de filme objetivo do mundo, interpretação dele.
https://veja.abril.com.br/ciencia/criancas-e-adultos-po
ssuem-formas-diferentes-de-ver-o-mundo/
Assim, os olhos da mente são vistos como uma espécie de câmera:
ela varre o mundo, aproximando-se e afastando-se em resposta à
vontade do seu possuidor, embora as imagens possam ser um tanto
distorcidas.

Subjetivista: Esta ala vê tudo isso como subjetivo: a estratégia é uma


espécie de interpretação do mundo. Aqui os olhos da mente
voltam-se para dentro, focalizando a maneira pela qual a mente faz
sua "tomada" sobre aquilo que ela vê lá fora- os eventos, os símbolos,
o comportamento dos clientes e assim por diante. Assim, enquanto
uma ala procura entender a cognição como uma espécie de recriação
do mundo, esta ala acredita que a cognição cria o mundo.
Tipos de Cognição:

❖ Cognição por confusão


❖ Cognição por processamento de informações
❖ Cognição por mapeamento
❖ Cognição na realização de conceito
❖ Cognição como construção
Cognição por confusão
De que forma as pessoas processam informações na tomada de decisões?

Herbert Simon, 1978 diz que o mundo é grande e complexo e o cérebro humano e
sua capacidade de pensar é limitada, assim, a tomada de decisões torna-se
menos racional e mais um esforço para melhor entendimento.

Com base nos estudos de Duhaime e Schwenk (1985) como as distorções podem
afetar as decisões de aquisição e alienação:

1. Raciocínio por analogia


2. Ilusão de controle
3. Aumentar o comprometimento
4. Cálculo de resultado único
Cognição por confusão

Citaremos a seguir algumas tendências na tomada de decisões:

Conservadorismo:Incapacidade para mudar (ou mudar lentamente) a opinião à


luz de novas informações/ evidências

Atribuição de sucesso e fracasso: O sucesso é atribuído às aptidões da pessoa e


o fracasso à má sorte ou ao erro de outra. Isto inibe o aprendizado, pois não
permite o reconhecimento dos próprios erros

Otimismo injustificado: As preferências das pessoas por futuros resultados


afetam suas previsões a respeito dos mesmos

Recentidade: Os eventos mais recentes dominam os menos recentes, que


recebem menos importância ou são ignorados.

Disponibilidade: Basear-se em eventos específicos facilmente lembrados,


excluindo-se outras informações pertinentes
Cognição por processamento de informações

Além das tendências em cognição individual, estão os efeitos de se trabalhar no


sistema coletivo para processar informações, que se denomina organização. Os
gerentes são trabalhadores da informação. Os altos executivos dispõem de tempo
limitado para supervisionar vastos números de atividades. Por isso, grande parte
das informações que recebem deve estar agregada, o que pode acumular
distorções sobre distorções. Se as informações originais estiveram sujeitas a todas
as tendências anteriormente discutidas, pense então a respeito do que acontece
quando tudo isso é combinado e apresentado ao líder. Não é de se admirar que
tantos altos gerentes se tornem prisioneiros de suas organizações no que tange o
processamento de informações.
Cognição por processamento de informações
Cognição por processamento de informações

Atenção
 Armazenagem


1
 Codificação
 3
 Decisão


2
 4


Resultado


5

Cognição por Mapeamento
Estruturas mentais para a organização do conhecimento:

❖ Molduras
❖ Esquema
❖ Conceito
❖ Enredo
❖ Plano
❖ Modelo mental
❖ Mapa
Os esquemas disponibilizam os dados que recebemos
Os tomadores de decisões criam expectativas associadas a um esquema.
Executivos experientes carregam em suas mentes diversos tipos de mapas ou
modelos mentais, impactando profundamente os comportamentos de
indivíduos.
Cognição por Mapeamento

A decisão atrapalha? (Mintzberg, 1990)


Pesquisas sobre a tomada de decisões
partiram inicialmente não de decisões,
mas sim de ações.
Um pré-requisito essencial para a
cognição estratégica é a existência de
estruturas mentais para organizar o
conhecimento. Mapa é um rótulo
atualmente popular, talvez devido ao
https://blog.inepadconsulting.com.br/
valor metafórico.
Cognição como realização de conceito
Gerentes são produtores de mapas e também usuários. A maneira pela
qual eles criam seus mapas cognitivos é vital para a compreensão da
formação de estratégia. De fato, isso é formação de estratégia. Uma
estratégia é um conceito; assim, utilizando uma antiga expressão da
psicologia cognitiva, a geração de estratégia é "realização de conceito"
A fonte de inspiração pode ser misteriosa. Precisamos compreender
como é que os estrategistas conseguem sintetizar vastas quantidades de
informações intangíveis sob novas perspectivas. Simon (1987) afirmou que
a essência da intuição está na organização do conhecimento para a rápida
identificação. Assim, a escola cognitiva, embora seja potencialmente a
mais importante das dez, em termos práticos pode ser agora a de menor
importância.
Cognição como realização de conceito

Como veremos a seguir, a obra de Herbert Simon tem sido especialmente


influente na maneira pela qual vemos a cognição da tomada de decisões
gerenciais. Simon afirmou repetida e vigorosamente que palavras como
"julgamento, intuição e criatividade" não são misteriosas:

“De fato, grande parte do iceberg está abaixo da superfície e inacessível à verbalização, mas
sua parte submersa é feita do mesmo gelo que a parte visível. O segredo da resolução de
problemas é que não existe segredo. Ela é realizada através de complexas estruturas de
elementos simples e conhecidos (1977: 69).”

https://pt.wikipedia.org/wiki/Iceberg#/media/Ficheiro:Iceberg_in
_the_Arctic_with_its_underside_exposed.jpg
Cognição como construção

Existe um outro lado da escola cognitiva (ao menos como a interpretamos),


muito diferente e, potencialmente, talvez mais frutífero . Ele vê a estratégia com
interpretação, baseado na cognição como construção. Para visões interpretativas
e construtivistas, o que está na mente humana nem sempre é uma réplica do
mundo exterior. Todas as informações que fluem através desses filtros, que
deveriam ser codificadas por esses mapas cognitivos, na verdade interagem e são
moldadas pela cognição. Segundo Mintzberg, as tomadas de decisões dentro das
organizações são efetuadas através de intuição, um ápice criativo que de repente
une peças de um quebra cabeça assimilando grandes quantidades de informação
que antes estavam perdidas em uma mente.
A pesquisa aponta para a distinção entre esquemas que são inerentemente individuais
e estruturas que pertencem a grupos.Os esquemas dependem do que os indivíduos
vêem e acreditam, enquanto o enquadramento depende da dinâmica do grupo, das
relações entre os indivíduos e com os grupos.Com isso podemos concluirm que na
hora de resolver um problema o mais importante é chegar a uma conclusão, quer seja
através de técnicas, ferramentas ou até mesmo o conhecimento de cada um dos
envolvidos.

❖ Aplicando a abordagem construcionista:


❖ Repensar restrições, ameaças, oportunidades
❖ Pensar de forma diferente a respeito do papel dos gerentes estratégicos
❖ Análise gerencial
❖ Criação de contexto
❖ Encorajar realidades múltiplas
❖ Testar e experimentar
Conclusões

❖ A formação de Estratégia é um processo cognitivo que tem lugar na mente do
estrategista
❖ Assim sendo as estratégias emergem como mapas esquemas e molduras
❖ Estratégias não são fáceis de se realizar e quando são efetuadas nem sempre são
as ideais
❖ Acima de tudo precisamos compreender a mente humana, assim como seu
cérebro para compreender a formação estratégica
❖ Os melhores estrategistas são criativos, o que significa que eles constroem seu
mundo em suas cabeças tornando esse mundo em realidade.
Referências:

MINTZBERG, H.; AHLSTRAND, B.; LAMPEL


J. Safári de Estratégia: um roteiro pela selva do
planejamento Estratégico.
Porto Alegre: Bookman, 2000.

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