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DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

SISTEMATIZAÇÃO

QUESTÃO 1
Uma sociedade brasileira, sediada no Rio de Janeiro, resolveu contratar uma sociedade
americana, sediada em Nova York, para realizar um estudo que lhe permitisse expandir
suas atividades no exterior, para poder vender seus produtos no mercado americano.
Depois de várias negociações, o representante da sociedade americana veio ao Brasil, e o
contrato de prestação de serviços foi assinado no Rio de Janeiro. Não há no contrato uma
cláusula de lei aplicável, mas alguns princípios do UNIDROIT foram incorporados ao
texto final. Por esse contrato, o estudo deveria ser entregue em seis meses. No entanto,
apesar da intensa troca de informações, passados 10 meses, o contrato não foi cumprido.
A sociedade brasileira ajuizou uma ação no Brasil, invocando a cláusula penal do
contrato, que previa um desconto de 10% no preço total do serviço por cada mês de atraso.
A sociedade americana, na sua contestação, alegou que a cláusula era inválida segundo o
direito americano.
Conforme a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, qual é a lei material que
o juiz deverá aplicar para solucionar a causa e qual será a regra de conexão a ser aplicada
para o caso? Fundamente sua resposta.

RESPOSTA:
A lei material que o juiz deverá aplicar para solucionar a causa é a lei brasileira, posto
que o contrato foi assinado no Rio de Janeiro. O art. 9º da Lei de Introdução às Normas
do Direito Brasileiro (LINDB) é transparente ao estabelecer que se aplicam as leis do país
onde as obrigações forem constituídas. Adicionalmente, o Código de Processo Civil
estipula em seu art. 88, inciso II, que a autoridade brasileira é competente quando no
Brasil tiver de ser cumprida a obrigação. Tendo em mente que esses dois requisitos estão
presentes no caso apresentado, é infundado o argumento de invalidade da cláusula
segundo o direito americano, já que este não é competente.
Quanto à regra de conexão a ser adotada, o Direito Internacional Privado do Brasil não
utiliza expressamente a escolha da lei aplicável como elemento de conexão, mas a lex loci
contractus (lei do lugar onde foi celebrado o contrato).

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QUESTÃO 2

A sociedade empresária brasileira do ramo de comunicação, Personalidades, celebrou


contrato internacional de prestação de serviços de informática, no Brasil, com a sociedade
empresária uruguaia Sacramento. O contrato foi celebrado em Caracas, capital
venezuelana, tendo sido estabelecido pelas partes, como foro de eleição, Montevidéu.
Diante da situação exposta, à luz das regras do Direito Internacional Privado veiculadas
na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB) e no Código de Processo
Civil, estabeleça o elemento de conexão que será utilizado, analisando sua pertinência em
relação ao ordenamento jurídico brasileiro.

RESPOSTA:

O elemento de conexão a ser utilizado neste caso é a lex loci contractus (lei do lugar onde
foi celebrado o contrato). O art. 9º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro
(LINDB) determina que se aplicam as leis do país onde as obrigações forem constituídas.
Desse modo, é lícito afirmar que a lei venezuelana é o instituto jurídico regente da
obrigação. Quanto ao foro de eleição, o direito material deve ser observado pela
Venezuela e o direito processual é de competência do Uruguai.

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QUESTÃO 3

A sociedade empresária Airplane Ltda., fabricante de aeronaves, sediada na China,


celebrou contrato internacional de compra e venda com a sociedade empresária Voe
Rápido Ltda, com sede na Argentina. O contrato foi celebrado no Japão, em razão de uma
feira promocional que ali se realizava. Conforme estipulado no contrato, as aeronaves
deveriam ser entregues pela Airplane Ltda., na cidade do Rio de Janeiro, no dia 1º de abril
de 2011, onde a sociedade Voe Rápido Ltda. possui uma filial e realiza a atividade
empresarial de transporte de passageiros. Entretanto, as aeronaves não foram entregues.
Você é advogado júnior do Escritório contratado para defender os interesses da Voe
Rápido e seu chefe pediu que você preparasse um relatório rápido sobre os principais
aspectos legais que envolvem o caso. Diante da situação exposta, à luz das regras de
Direito Internacional Privado veiculadas na Lei de Introdução às Normas do Direito
Brasileiro (LINDB) e no estatuto processual civil brasileiro (Código de Processo Civil –
CPC), como você pretende fundamentar seu relatório?

RESPOSTA:

Primeiramente, a obrigação de entregar as aeronaves deveria ser concretizada no Rio de


Janeiro, cidade do Brasil. O Código de Processo Civil desse país expressamente dispõe
em seu art. 21,II que compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações
em que no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação. Visto que a sociedade chinesa
Airplane Ltda. e a sociedade argentina Voe Rápido Ltda. estipularam que a entrega de
aeronaves ocorreria em território brasileiro, é possível afirmar que o Poder Judiciário
Brasileiro é competente para julgar eventual ação.
Em segundo lugar, o magistrado não precisa dominar legislação de outros países para ser
competente. O juiz , caso não conheça a lei estrangeira, terá a prerrogativa de exigir de
quem a invoca prova do texto e da vigência, conforme art. 14 da Lei de Introdução às
Normas do Direito Brasileiro (LINDB). Por fim, no que se refere à regência das
obrigações, adota-se a legislação japonesa, porque foi território em que a obrigação foi
instituída, de acordo com entendimento do art. 9 do referido texto legal da LINDB.

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