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FUNCIONAL
A DIFERENÇA ENTRE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
INTRODUÇÃO
Sob essa perspectiva, mesmo diante desse quadro que salienta um avanço na
trajetória da educação brasileira, cumpre-nos assinalar que devido às escassas
oportunidades de acesso à escolarização na infância ou na vida adulta, até 1950,
mais da metade da população brasileira era analfabeta, o que a mantinha excluída
da vida política, pois o voto lhe era vedado (CUNHA, 2020).
DÉCADA DE 1940 E 1950
O ensino de jovens e adultos, porém, recebe
maior foco após a década de 1940. Em 1947, o
Governo Federal lança a Campanha de
Educação de Adolescentes e Adultos – CEAA, e
se estruturou, no Ministério da Educação, o
Serviço de Educação de Adultos. Essas ações
vinham para atender o apelo da UNESCO para
que se tornasse a educação mais popular e
acessível, erradicando o analfabetismo
(CUNHA, 2020).
Por essa época, o índice de analfabetismo
entre adultos ultrapassava os 50% da população
brasileira. Também foram criadas a Campanha
Nacional de Educação Rural, em 1952, e a
Campanha Nacional de Erradicação do
Analfabetismo, em 1958. O aprendizado gerado Fonte:
por essas campanhas não foi significativo, o https://www.timetoast.com/timelines/li
ensino era superficial e desorganizado. Os mais nha-do-tempo-da-eja-educacao-de-
preocupados com o quadro de analfabetismo jovens-e-adultos-no-brasil
eram os educadores, que começaram a criar
métodos mais efetivos de alfabetização.
PAULO FREIRE E A LUTA PELA EDUCAÇÃO
Dentre esses métodos, o mais famoso foi o de Paulo Freire,
que obteve sucesso em suas experiências de alfabetização
de adultos.
Além de Paulo Freire, outros intelectuais, estudantes e
católicos, engajados na luta contra o analfabetismo,
criaram programas de alfabetização, tais como: o
Movimento de Educação de Base, da Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB), em 1961, (com ajuda do
governo federal); o Movimento de Cultura Popular do
Recife, em 1961; a Campanha De Pé no Chão Também se
Aprende a Ler, da Secretaria Municipal de Educação de
Natal; e os Centros Populares de Cultura, órgãos culturais
da União Nacional dos Estudantes, a UNE (CUNHA, 2020).
Crescia, portanto, a preocupação de uma parcela
politizada da sociedade como a educação de base e a
educação para todos.
DE PÉ NO CHÃO TAMBÉM SE APRENDE A LER:
https://desarquivandobr.wordpress.com/2012/03/30/de-pe-no-chao-
tambem-se-aprende-a-ler/
A DITADURA MILITAR
Em 1964, o país entra em uma ditadura política e militar, período marcado por
perseguições, tortura, violência e repressão. Com tanta censura, os movimentos
populares se enfraquecem.
A educação se torna foco dos militares, que
pretendiam através dela formar massa de apoio e
fazer propaganda do regime. Ideias de uma educação
popular, libertadora e que gerasse reflexão crítica
eram duramente combatidas. Não interessava ao
regime que houvesse oposição ideológica, por isso,
qualquer tipo de educação que tornasse as pessoas
conscientes e questionadoras era abatida. Cunha e
Góes (2002, apud CUNHA, 2020) afirmam que havia
uma forte repressão às chamadas ideias subversivas,
como o ideal “comunista”.
O MOBRAL
O governo precisava combater o analfabetismo. Para se
mostrar efetivo para os órgãos internacionais e para se
autopromover, porém, não poderiam criar um programa
realmente eficiente, pois geraria a conscientização
intelectual popular que eles tanto temiam. Com essa
postura, cria-se o ensino supletivo, em 1971, e no mesmo
ano, criam o Movimento Brasileiro de Alfabetização, o
MOBRAL. Esse movimento obviamente fracassou.
Uma das causas desse fracasso foi o despreparo dos
monitores que alfabetizavam. Esses monitores não tinham
qualificação nem experiência na tarefa de alfabetizar,
recebiam apenas um treinamento superficial. Seu trabalho
era mecânico, guiado pelo material didático fornecido, sem
aprofundamento. Apesar do entusiasmo político e ideológico
da ala militar e de seus apoiadores, desde o início o MOBRAL
foi introduzido sem respaldo científico ou teórico. Também
não houve grande investimento na estrutura dos locais de
ensino, muitas vezes precários e improvisados.
Fonte:
https://www.propagandashistoricas.com.br/2018/06/propagand
a-antiga-mobral.html
MOVA-BRASIL
Na década de 1980, o Brasil passa por um processo de
redemocratização, após o fim da ditadura militar.
Mudanças são feitas em todos os setores da
sociedade, inclusive na educação.
A nova Constituição Federal de 1988 afirma a
igualdade de direitos e de acesso à educação básica.
Paulo Freire se torna Secretário da Educação em São
Paulo e cria um novo movimento de alfabetização de
jovens e adultos, o MOVA, em 1989. Suas salas são
instaladas em igrejas, creches, associações,
geralmente nas periferias, onde havia poucas
escolas.
O MOVA conta com as parcerias de prefeituras e
acabou se espalhando para outros estados da
federação. De 2003 a 2016 já alfabetizou mais de 275 FONTE:
mil pessoas. O projeto conta com a parceria do https://infonet.com.br/noticias/educacao/projeto-de-
Instituto Paulo Freire, da Federação Única dos alfabetizacao-mova-brasil-comemora-10-anos/
Petroleiros (FUP) e da Petrobrás (MOVA-Brasil, 2013).
O SISTEMA EDUCACIONAL
BRASILEIRO
INTRODUÇÃO E
O Sistema Educacional Brasileiro começou a se estruturar no início do D
século XX e ainda hoje passa por alterações e atualizações. Podemos
dizer que foi durante o governo de Getúlio Vargas que o sistema
brasileiro de ensino ganhou características que conserva até hoje,
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mesmo com as mudanças de paradigmas, de nomes e de legislações
educacionais.
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A Constituição Federal de 1946 é a primeira a afirmar que a
educação brasileira precisa ser melhor estruturada, para atender as
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necessidades do novo momento econômico que o país vivia. Esse
momento era caracterizado por uma industrialização crescente, que
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atraía pessoas para as grandes cidades e precisava de mão-de-obra
qualificada para exercer funções nessas indústrias. Assim, se origina
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uma estrutura, que apesar de muitas atualizações, permanece até
então. O
A LDB DE 1961
Após muitas discussões, em 1961 é promulgada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(Lei nº 4.024), que estabelece normas para escolas privadas e públicas. A estrutura de ensino,
porém, não teve grandes alterações, sendo dividida em (OEI-MEC, 2020):
Ensino Primário: de 4 anos, com a possibilidade de extensão de mais 2 anos para ensino de
Artes Aplicadas;
Ensino Médio: dividido em 2 ciclos, o Ginasial, de 4 anos; e o Colegial, de 3 anos; cursos
técnicos e de magistério estavam incluídos neste último;
Ensino Superior: composto pelos cursos de graduação e pós-graduação.
Em 1947, são instaladas salas de Ensino Supletivo e o país começa a avançar no combate ao
analfabetismo. A taxa de analfabetismo, que em 1950 era de mais de 50%, caiu para 33% em
1970. As pessoas frequentavam o supletivo e, em seguida, procuravam classes de ensino técnico
de nível médio, para se profissionalizar. Assim, uma parcela da população que até então se via
excluída do acesso à educação, começou a estudar (OEI-MEC, 2020).
A LDB DE 1971
Porém, o ensino brasileiro não deixou de ser seletivo e
elitista, pois, dos alunos que ingressavam no ensino
primário, na década de 1970, apenas 5,6%
chegavam ao ensino superior. Em 1971, a Lei nº 5.692
(A nova LDB), fundiu o primário e o ginasial,
transformando-os em Ensino de 1º Grau. O colegial
passou a se chamar Ensino de 2º Grau e o ensino
obrigatório passou a ser de 8 anos. O ensino superior
seria então, o 3º Grau (OEI-MEC, 2020).
Esse sistema durou até a promulgação da
Constituição Federal de 1988, que iniciou outro LDB DE 71 torna o
processo de atualização no sistema de ensino que ensino profissional
culminou na Lei de Diretrizes e Bases da Educação de obrigatório. Fonte:
1996, (Lei 9.394), que trouxe grandes mudanças nos Senado Federal.
paradigmas educacionais, no currículo, na formação
de professores e na estrutura de ensino.
A LDB DE 1996
A LDB de 1996 dividiu o ensino brasileiro em dois Níveis: Educação Básica (composta
pela Educação Infantil, Ensino Fundamental 1 e 2, e Ensino Médio) e Ensino Superior.
A Educação Básica é obrigatória para crianças entre 4 e 17 anos e deve ser
oferecida pelo Estado de forma gratuita, divide-se nas seguintes Etapas:
Educação Infantil: creches e pré-escolas, para crianças de 0 a 5 anos, sendo que
é obrigatória a partir dos 4 anos;
Ensino Fundamental: dividido em I e II, sendo que o I tem 5 anos (a seriação,
porém, não é obrigatória) e o II tem 4, ou seja, dura 9 anos;
Ensino Médio: duração de 3 anos, para alunos entre 15 e 17 anos;
Ensino Médio de Nível Técnico: profissionalizante, pode ser oferecido
concomitantemente ao Ensino Médio regular.
AS MODALIDAS ATUAIS DA
EDUCAÇÃO BÁSICA
Ensino regular: descrito acima, para idades entre 4 e 17 anos e composto
por 14 séries;
Educação de Jovens e Adultos (EJA): para alunos que não frequentaram a
escola em idade própria e que descreveremos em nosso presente estudo;
Educação Especial: oferecida em salas de recursos especiais, para crianças
com Necessidades Educacionais Especiais (NEE), contando com professor
especialista, esse ensino é nomeado de AEE (Atendimento Educacional
Especializado);
Educação em Espaços Não-Escolares: oferecida no campo, em quilombos,
em comunidades indígenas ou ribeirinhas, no sistema carcerário, em
hospitais, em asilos, em clinicas de saúde mental, etc.
NÍVEL SUPERIOR
Passado esse primeiro nível de ensino, temos o Ensino
Superior, que é composto em: Graduação e Pós-
Graduação. A pós-graduação se dá em dois tipos:
Especialização (lato sensu), Mestrado e Doutorado
(strictu sensu). O Ensino Superior não é obrigatório,
mas o Estado, pela Constituição Federal, precisa
oferecer esse nível de forma pública e gratuita.
Esse é, portanto, o sistema educacional brasileiro
atual, que conta com a frequência obrigatória de
todas as crianças entre 4 e 17 anos à Educação
Básica, independentemente de sua classe social,
suas origens étnicas e culturais, e de possuir
deficiências ou dificuldades de aprendizagem.
Blog do Mettzer
TEORIA E PRÁTICA NA
ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E
ADULTOS
A ALFABETIZAÇÃO DE ADULTOS
Quando se trata da educação de adultos, é preciso, em primeiro lugar, que se considere
a bagagem que esse aluno traz para sala de aula, isso inclui suas vivências, seu trabalho,
sua família, sua condição psíquica e emocional, mas principalmente, suas experiências
educacionais. Porque mesmo sem ter recebido qualquer educação formal, todo aluno
traz experiências com números, letras, ciências, histórias, que acumularam
conhecimento, mesmo que rudimentar.
Na vida adulta, a pessoa costuma procurar a educação voluntariamente, já previamente
motivada a aprender, e com planos e objetivos a realizar com seus estudos. Por isso,
existe uma diferença significativa entre alfabetizar na Pedagogia e alfabetizar na
Andragogia.
Imagem da capa: Sinproep - DF
A ANDRAGOGIA
Andragogia é uma área de estudos que
investiga como os adultos aprendem, Qualificação
analisando as características desse Emprego
aprendizado, os processos envolvidos, as Realização Pessoal
práticas didáticas usadas, os métodos de
Extensão dos estudos
ensino mais eficazes, entre outros
detalhes. Dentre os motivos que fazem Mudança de Vida
uma pessoa adulta procurar cursos e
capacitações, os mais comuns são:
CARACTERÍSTICAS DO ENSINO DE
ADULTOS
• MOTIVAÇÕES DIFERENTES;
• AUTONOMIA E DISCIPLINA;
• AMBIENTE ADULTO E
PADRÃO;
• MELHOR COMUNICAÇÃO;
• MAIS PARCERIAS E TROCAS
DE EXPERIÊNCIAS. Como a EJA mudou a vida deles:
https://novaescola.org.br/conteudo/11606/como-a-eja-
mudou-a-vida-deles
AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
• Fazer uma avaliação diagnóstica dos alunos logo no início das aulas, perguntando, em uma
roda de conversa, sobre suas atividades diárias, seu trabalho e sua família. O professor deve
anotar essas informações e usá-las para desenvolver tarefas contextualizadas;
• Estar sempre perguntando sobre as atividades de lazer e entretenimento dos alunos, tais
como músicas e artistas preferidos, passeios, vídeos, filmes, séries. Estas informações servem
para planejar atividades lúdicas para os alunos;
• Conversar sempre com os alunos sobre suas dificuldades e elaborar tarefas de reforço para
eles;
• Ficar atento a essas dificuldades, já que os distúrbios de aprendizagem adentram a vida
adulta e podem prejudicar o aprendizado. A qualquer sinal de distúrbio é preciso conversar
com o aluno sobre a procura de um psicopedagogo.
PROPOSTAS DIDÁTICAS
• Exploração dos Gêneros Textuais: como o adulto já tem experiência de vida suficiente,
diversos gêneros textuais podem ser apresentados sem medo, para que esse aluno se
identifique com seus preferidos e use-os em seu processo de aprendizado;
• Transformar o Oral em Escrito: várias conversas com os alunos, sobre suas atividades
diárias, seu trabalho e suas preferências pessoais se iniciam de modo oral e aos poucos
podem ir passando para a escrita, com a ajuda do professor. Por exemplo: lista de séries, de
compras de supermercado, de desejos; nomes dos filhos, dos amigos e dos familiares; letras
de músicas, etc.;
• Material de Inclusão: a EJA também é uma forma de inclusão social, por isso, vários
recursos de tecnologia assistiva podem ser usados na alfabetização de adultos.
MATERIAL
DIDÁTICO
Alfabetização na EJA:
https://www.caiodib.com.br/blog/alfabetizacao-eja-
leitura-escrita-cidadania/
Imagem 2: Google Sites
A IMPORTÂNCIA DA TEORIA DE PAULO
FREIRE
PATRONO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
BIOGRAFIA
Paulo Freire nasceu no Recife, Pernambuco, no dia 19 de setembro de 1921.
Filho de Joaquim Temístocles Freire, capitão da Polícia Militar, e de Edeltrudes
Neves Freire, Paulo morou na cidade do Recife até 1931. Depois desse período foi
viver no município vizinho de Jaboatão dos Guararapes, onde permaneceu
durante dez anos.
Formação
Paulo Freire iniciou o curso ginasial no Colégio 14 de Julho, no centro do Recife.
Com 13 anos perdeu o seu pai e coube a sua mãe a responsabilidade de sustentar
todos os 4 filhos. Sem condições de continuar pagando a escola, sua mãe pediu
ajuda ao diretor de Colégio Oswaldo Cruz, que lhe concedeu matrícula
gratuita, o transformou em auxiliar de disciplina, e posteriormente em professor
de língua portuguesa. Em 1943 Paulo Freire ingressou na Faculdade de Direito do
Recife.
Carreira
Depois de formado, Paulo Freire continuou atuando como professor de português
no Colégio Oswaldo Cruz e de Filosofia da Educação na Escola de Belas Artes da
Universidade Federal de Pernambuco. Em 1947 foi nomeado diretor do setor de
Educação e Cultura do Serviço Social da Indústria. Em 1955, junto com outros Fonte:
educadores fundou, no Recife, o Instituto Capibaribe, uma escola inovadora que
atraiu muitos intelectuais da época e que continua em atividade até os dias de https://www.ebiografia.c
hoje. om/paulo_freire/
ANGICOS, 1963
CASA
A investigação é uma etapa muito importante do
método de Paulo Freire. O professor precisa conhecer CA CO CU SA SE SI SO SU
o universo do aluno que está alfabetizando, precisa
conhecer seu trabalho, sua comunidade, sua cultura e CA be lo SA pa to
os problemas sociais pelos quais esse aluno passa.
COi sa SEr tão
O número de palavras geradoras varia
CU ri o so SI lên cio
entre 15 a 30 palavras. A partir dela, o
professor pode usar tecnologia digital, SO la
criando imagens, ou confeccionar
cartolinas. SU or
EDUCAÇÃO COMO PRÁTICA DA LIBERDADE
A educação brasileira, desde a Constituição de 1988 e a LDB de 1996, é uma educação voltada para
todas as pessoas, estejam ou não em idade escolar. Sendo assim, o investimento na qualidade de ensino,
principalmente da Educação Básica, inclui todas as etapas e modalidades da mesma. Sendo assim, a
Educação de Jovens e Adultos (EJA) devem receber a mesma atenção e investimento que a modalidade
de ensino regular.
Pensar em qualidade no ensino de jovens e adultos vai além de oferecer vagas para todos, o que já é uma
urgência, implica também respeitar as especificidades da modalidade, fazendo com que o aluno se sinta
integrado, adequado e continue seus estudos até a conclusão da Educação Básica, no mínimo. Para isso, é
preciso que se garanta ao aluno boas condições de estrutura, de material didático e de ensino. O ensino,
aliás, não deve se ater somente ao campo pedagógico, mas se estender para a parte social, humana e
cultural.
AS FUNÇÕES DA EJA
Paulo Freire afirmou que ensinar adultos não é só alfabetizar, é promover o letramento, a inserção social e oferecer
ferramentas de libertação e transformação social. Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação de
Jovens e Adultos (Parecer CNE/CEB 11/2000 e Resolução CNE/CEB 1/2000) a EJA precisa cumprir três funções, que
como vemos a seguir, estão diretamente relacionadas ao aspecto da integração social:
Função Reparadora: a escola vai oferecer a esses alunos as mesmas oportunidades de estudos e o mesmo
acesso ao conhecimento que oferece no ensino regular, preenchendo lacunas de aprendizado;
Função Equalizadora: permitir a reentrada no sistema educacional de quem teve que abandonar os estudos
para trabalhar, ou por questões familiares e de renda, dando novo significado ao conceito de formação, de
qualificação e de carreira;
Função Qualificadora: desenvolver o potencial dos alunos, as qualidades, habilidades, qualificando-o para
prosseguir nos estudos.
LOCALIZAÇÃO E ESTRUTURA FÍSICA
Para se pensar em um ambiente adequado para esse público, a oferta de vagas deve ser a mais ampla
possível, abrangendo locais nos quais o acesso ao ensino regular é mais difícil e o número de analfabetos
seja maior. A EJA precisa estar perto do seu aluno, que possivelmente trabalha durante o dia e à noite
quer ter acesso fácil à escola. Isso também inclui outro tipo de acessibilidade, a legal. Muitos alunos da
EJA podem ter dificuldades de locomoção, seja por deficiência, seja pela idade, então, além de oferecer
vagas perto das moradias dos alunos, o governo precisa promover acessibilidade e adaptação física da
escola aos alunos com problemas de locomoção.
A estrutura física das salas de aula de EJA, além dessa acessibilidade, deve proporcionar conforto e
salubridade. Os alunos precisam ter acesso aos mesmos recursos que os do ensino regular, tais como:
cantina, laboratórios, biblioteca, quadras, pátio, mesmos banheiros e vestiários, etc. Como na maioria das
vezes a EJA acontece no período noturno, muitas escolas não possuem funcionários suficientes para
oferecer esses ambientes, o que demonstra uma negligência da educação pública em relação a esses
alunos.
ASPECTO DIDÁTICO E PEDAGÓGICO
Sendo assim, ao se preparar um ambiente para receber e ensinar jovens e adultos, uma escola deve pensar
primeiramente na situação social e cultural deles, nas suas necessidades, físicas e psicossociais, nos seus aspectos
cognitivos, e principalmente em suas necessidades educativas próprias. O ambiente deve ser todo moldado a esse público
e os recursos disponíveis devem ser os mesmos oferecidos ao ensino regular.
CARACTERÍSTICAS DAS SALAS DE AULA DE EJA
Essas gerações de têm motivações, objetivos e características diferentes em relação aos estudos,
portanto, o desafio do professor de EJA é muito grande na hora de elaborar as práticas
pedagógicas e as atividades em sala de aula. Para que essa tarefa seja mais fácil, é importante
conhecer cada uma das gerações que frequentam a EJA.
OS VETERANOS
• Pessoas extremamente dedicadas;
• Entendem e se conformam com “sacrifícios”;
• Se esforçam e admitem recompensas tardias;
• Aceitam a liderança; respeitam a hierarquia;
• São formais e exibem sinais de autoridade;
• São burocratas (excesso de formalismo; de
papelório, padronização de desempenho nas
rotinas e procedimentos; eficiência na
organização; internalização de regras);
• O dever vem antes do prazer.
Dinâmicas de grupo para cada geração:
https://slideplayer.com.br/slide/1619762/
BABY BOOMERS
• São pessoas independentes;
organizadas; transformadores;
• Priorizam o trabalho;
• Têm dúvidas (céticos) em relação
à autoridade: liderança aceita
quando por consenso do grupo;
• Acreditam num mundo
competitivo e compenetrado.
GERAÇÃO X
• Buscam equilíbrio entre a vida pessoal e profissional;
• São pessoas autocentradas, empreendedoras e extremamente independentes;
• São altamente lógicas e ágeis;
• Julgam a liderança por competência e não por aparência;
• Meta de carreira dirigida a novos desafios;
• Gostam de trabalhar num ambiente de equipe;
• É a primeira geração que verdadeiramente domina os computadores (Era da
Informação).
GERAÇÃO Y
• Pessoas tecnologicamente superiores, muito • Não abrem mão de gerenciar simultaneamente
sofisticados. Receberam maior desenvolvimento
cerebral (excesso de informações, internet, sua vida pessoal e profissional (com qualidade)
videogames); e são fiéis aos seus projetos;
• Tendem a ter entendimento global (fruto da • Sabem trabalhar em equipe e precisam se sentir
globalização/ multicultural/ diversidade); "fazendo parte" do time;
• Necessitam de reconhecimento positivo periódico; • Buscam relacionamentos (redes sociais);
• Precisam ser tratados como pessoas únicas,
• Desejam crescimento rápido na carreira; são especiais;
imediatistas;
• Informais, críticos, autônomos e individualistas;
• Buscam e testam limites; • Intensidade (tudo ao mesmo tempo, agora);
• Precisam de desafios. O maior desafio: ter sucesso • Estão sempre em trânsito (sua sede é móvel),
profissional em um mundo altamente competitivo. por isso precisam estar em contato com a
(Sucesso é conseguir ganhar dinheiro em uma internet o tempo todo. A grande plataforma é o
profissão que os façam felizes);
celular.
• Multitarefeiros;
GERAÇÃO Z
• Formada por crianças que estão
constantemente “conectadas” por
meio de dispositivos portáteis;
• Tem mania de zapear tendo várias
opções, entre canais de televisão,
internet, vídeo game, telefone e MP3
players;
• Conhecidas por serem “nativas
digitais”, estando muito
familiarizadas com as novas
tecnologias, não apenas acessando a
internet de suas casas, e sim pelo
celular. O mundo para eles é
tecnológico e virtual;
• É uma geração preocupada com o
meio ambiente.
Geração Z:
https://ofuturodascoisas.com/como-a-
geracao-z-pode-nos-fazer-mudar/
CARACTERÍSTICAS DO ALUNO DA EJA
• É um aluno que trabalha, geralmente durante o
dia;
• Tem objetivos definidos em relação aos estudos;
• Valoriza o aprendizado;
• Pode ter dificuldades na aprendizagem, mas
também apresenta muitas habilidades que devem
ser exploradas e desenvolvidas;
• Tem responsabilidade e determinação;
• Apresentam vocabulário simples e conhecimentos
baseados no senso comum. Entrevista com aluno da EJA:
http://vozdaverdd.blogspot.com/2011/11/e
ntrevista-com-aluno-da-eja-educacao-
de.html
O TRATAMENTO PARA CADA ALUNO
Devemos entender que existem dois grupos de alunos na EJA, que independem de
geração ou idade. Um é o grupo de alunos que voltam para EJA com o objetivo de
recuperar o tempo perdido, aprender e progredir, seja na vida pessoal, profissional
ou acadêmica. O outro é um grupo de alunos que não se adaptou à rotina escolar,
tem como características a indisciplina, a repetência, podem ter distúrbios de
aprendizagem, problemas em casa e até mesmo com a lei.
O tratamento que o professor deve oferecer a cada um desses grupos deve ser bem
programado. O primeiro grupo pode apresentar muitas dificuldades cognitivas e de
aprendizado, mas tem perseverança e motivação, então só precisa de incentivo e
reforço acadêmico para que continuem aplicados e estudando. Já o segundo grupo
precisa de disciplina, de organização e de rotina, mas o professor precisa motivá-los
e captar seu interesse pelos estudos. É preciso que esses alunos comecem a
valorizar o aprendizado, então manter o diálogo e estar sempre aberto aos
problemas dos alunos irá ajudar bastante.
ATIVIDADES LÚDICAS
Uma forma bastante efetiva de motivar os alunos e promover a integração nas aulas
é usar atividades lúdicas. Sabemos que o tempo com os alunos é curto e o
planejamento é corrido, mas é preciso contextualizar as atividades e torná-las as
mais prazerosas possível para esses alunos, que muitas vezes estarão cansados,
sonolentos e pouco motivados.
As atividades lúdicas, além de despertar o interesse, devem exercitar a criatividade,
a troca de ideias e de experiências, o diálogo. O professor pode promover a reflexão,
o raciocínio lógico e o desenvolvimento da linguagem usando jogos e dinâmicas de
grupo. O mais importante em uma aula de EJA é trazer o aluno para o momento,
fazê-lo esquecer o cansaço, os problemas, as preocupações e as dificuldades,
mostrando a ele um espaço acolhedor, onde o aprendizado de cada dia é valioso e
significativo.
PRÁTICAS
EDUCATIVAS COM
ALUNOS DA EJA
INTRODUÇÃO
O professor de EJA precisa elaborar um planejamento cuidadoso de suas
práticas pedagógicas durante o semestre letivo da EJA. Lembremos que
cada semestre corresponde a uma série, portanto, o tempo é curto, e
para dar conta de ensinar a parte teórica e também adotar atividades
práticas, esse planejamento precisa ser rigoroso e detalhado.
Se a parte teórica é engessada pelo livro didático, a parte prática
oferece ao professor a oportunidade de atender às necessidades e aos
objetivos de seus alunos, adaptando as atividades ao contexto social e
ao nível cognitivo da turma. O professor precisa conhecer as motivações
que levaram esses alunos a procurarem os estudos novamente, quais seus
objetivos para o futuro e o que desejam fazer com o conhecimento
adquirido.
As práticas educativas na EJA devem, portanto, levar em consideração
as vivências e as expectativas na vida de seus alunos. O ensino irá
construir não somente um conhecimento acadêmico, mas um novo
modo de enxergar a realidade, com pensamento crítico e reflexivo, e
através desse pensamento, intervir nessa mesma realidade,
transformando-a em algo melhor.
NÃO PODE FALTAR!
Uso de vários tipos de texto: o aluno precisa conhecer o poema, a prosa, o
texto jornalístico, as diversas formas de narrativa, etc. Ele não precisa estar
alfabetizado para ter contato com a leitura, o professor deve introduzir os
textos antes da alfabetização, para ajudar no letramento;
Usar ferramentas tecnológicas: a EJA precisa promover a inclusão digital de
seus alunos, portanto, o professor precisa promover o acesso desses alunos aos
recursos que estiverem disponíveis na escola;
Atividades lúdicas: a arte, a literatura, a música, a dança, esportes e jogos,
todos esses podem ser apresentados aos alunos com fins educativos, mas de
uma forma prazerosa, fazendo com que o aluno enxergue o aprendizado
como algo que lhe causa bem-estar, e não receios, medos e traumas;
Dinâmicas de grupo: essas práticas servem para relaxar o aluno, promovem
integração entre os colegas, e também podem ser fontes de informações para
o professor, se este souber usá-las;
Materiais diversos: se o professor for alfabetizar, precisa adotar outros materiais
além de livro didático ou cartilha, usando alfabetos personalizados, jogos
interativos, produção textual significativa, entre outras didáticas ativas.
ATIVIDADES
Dinâmicas de
grupo
Alfabeto Móvel: elo7.com
Dominó: amazon.com
ASPECTOS COMPORTAMENTAIS
As práticas educativas da EJA precisam abordar, além de aspectos
intelectuais e cognitivos, alguns aspectos comportamentais, como por
exemplo, promover a autonomia dos alunos. O professor deve dar
espaço, nas práticas, para o aluno refletir e tomar suas próprias decisões,
para que ele se torne cada vez mais independente. Alguns exemplos de
práticas que reforçam essas atitudes são:
Pesquisas sobre temas, na internet ou em outras fontes;
Produção de textos espontâneos, como diários, blogs, diálogos, etc.;
Debates sobre questões atuais da sociedade;
Assistir e discutir filmes e documentários significativos;
Exercitar argumentos através de leituras críticas.
Documentário FORA DE SÉRIE:
https://porvir.org/documentario-
traz-a-experiencia-escolar-de- Educação de mulheres:
jovens-na-eja/ https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/eu-
estudante/ensino_ensinosuperior/2019/02/19/ensino_ensinosuperior_
interna,738539/o-filme-diarios-de-classe-tambem-levanta-uma-
reflexao-sobre-a-educacao.shtm
LEITURA E CULTURA LOCAL
Conforme o aluno vai adquirindo a leitura, o professor deve incentivar a
escolha de livros, revistas, jornais, enfim, todos os tipos de textos que
estiverem disponíveis. Para tornar isso mais divertido e efetivo, seria
interessante montar na sala de aula o Canto da Leitura: um lugar
específico para colocar livros, que podem ser trazidos pelos próprios
alunos, arrecadados em doações, ou comprados pela escola. Esse canto
pode ser usado em intervalos, em aulas de leitura, antes da aula. O mais
importante é construir o hábito de ler e o gosto pessoal pelos livros.