Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
OLIVEIRA TP1*, BORGES JF1, SANTOS MPF1, BRITO MJP2, VELOSO CM3
1
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Discente do Programa de Pós-
Graduação em Engenharia e Ciência de Alimentos.
2
Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciência de Alimentos (UESB)
3
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Docente do Departamento de
Ciências Naturais.
*E-mail para contato: thay.oliveira14@hotmail.com
1. INTRODUÇÃO
A imobilização de enzimas pode ser definida como a ligação de enzimas livres ou
solúveis a diferentes tipos de suportes, resultando na sua redução ou perda da mobilidade.
Essa técnica tornou-se uma alternativa utilizada para aumentar a produtividade e estabilidade
operacional da enzima, além de facilitar a sua reutilização, superando assim, desvantagens
associadas à utilização na sua forma livre, pois o processo acaba se tornando mais econômico
e eficiente (Fopase et al., 2020).
Assim, o carvão ativado é uma matriz sólida adequada e que vem sendo empregado para
o transporte de enzimas, visto que cumpre com os requisitos descritos por Zucca e Sanjust
(2014): alta área superficial, inerte nas condições enzimáticas operacionais, baixo custo de
produção, resistência térmica, química e mecânica.
Dessa forma, o trabalho teve como objetivo sintetizar carvão ativado a partir do resíduo
de sabugo de milho e determinar as melhores condições de pH e temperatura para aplicação
na imobilização de lipase.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O sabugo de milho foi empregado como material precursor para a síntese do carvão
ativado e este foi caracterizado em relação ao teor de cinzas (AOAC, 1995), lignina, celulose
e hemicelusose, segundo a metodologia descrita por Silva e Queiroz (2002). O resíduo foi
impregnado com ácido fosfórico (H3PO4), na razão de impregnação de 1,5:1 (massa de
ativante/massa de precursor) e seco em estufa a 105 °C por 48h. Posteriormente, o material
foi carbonizado em forno mufla, sob fluxo de nitrogênio (50 mL.min-1) com taxa de
aquecimento de 5°C.min-1, até a temperatura final de 500°C, mantida constante por 60min.
Posterirormente, a amostra obtida foi lavada com água até que o pH 7,0 fosse alcançado. Em
seguida, foram secos em estufa a 105 °C por 24h e peneirados em uma peneira de 40 mesh.
(1)
Foi avaliado o efeito da temperatura (25ºC, 30ºC, 35ºC, 40ºC e 45ºC) e do pH (3,0, 4,0,
5,0, 6,0, 7,0 e 8,0) de imobilização na atividade da lipase imobilizada. A atividade hidrolítica
das enzimas solúveis e imobilizadas foi determinada pelo método de hidrólise da emulsão de
azeite de oliva conforme descrito em Brito et al. (2017).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O farelo do sabugo de milho foi caracterizado e apresentou um teor de cinzas de 2,12%,
em relação a sua composição lignocelulósica o mesmo apresentou um maior teor de celulose
(47,99%), sendo lignina de 24,88% e hemicelulose 13,60%.
Atividade da
-1 Atividade inicial da
pH q (mg.g ) enzima imobilizada
solução (U)
(U/g)
3,0 275,54 27,00 270,00
4,0 276,46 27,15 271,22
5,0 267,64 20,70 206,69
6,0 258,88 5,25 52,37
7,0 262,35 2,70 27,00
8,0 266,94 1,80 18,00
O ponto isoelétrico (pI) da lipase ácida está entre pH 4,0 e 5,0 e isso significa que acima
desses valores de pH a enzima apresentará cargas negativas e abaixo desses valores carga
positiva. De acordo com Binhayeeding et al. (2020) próximo ao seu pI a enzima tende a
formar, de forma espontânea, agregados menos ativos e valores de pH mais extremos pode
acarretar em uma desnaturação irreversível. Como já foi apresentado, a maior capacidade
adsortiva se deu próximo ao pI da enzima (pH 4,0), onde a mesma apresenta carga neutra e
possui máxima hidrofobicidade.
A enzima na sua forma livre apresentou maior valor de atividade em pH 6,0, o qual
correspondeu a 32,4 U. Ainda na Tabela 2 se verifica que a maior atividade para a enzima
imobilizada também foi obtida em pH 4,0, sendo equivalente a atividade da enzima livre
(28,8 U). A alteração do pH ótimo, quando se compara a atividade da enzima imobilizada e
livre, indica possíveis mudanças estruturais e conformacionais na enzima, bem como,
alterações de sua densidade de carga (Binhayeeding et al., 2020).
4. CONCLUSÃO
Foi possível obter um carvão ativado, com distribuição média de poros na faixa de
5. REFERÊNCIAS
AOAC (Association of Official Analytical Chemistry). Official methods of analysis. 16.ed.
Arlington: AOAC International, 1995.
BINHAYEEDING N, YUNU T, PICHID N, KLOMKLAO S, SANGKHARAK K,
Immobilisation of Candida rugosa lipase on polyhydroxybutyrate via a combination of
adsorption and cross-linking agents to enhance acylglycerol production. Process
Biochemistry, v. 95, p. 174-185, 2020.
BRADFORD MMA, Rapid and sensitive method for the quantitation of microgram quantities
of protein utilizing the principle of protein-dye binding. Analytical Biochemistry, v. 72, p.
248-254, 1976.
BRITO MJP, VELOSO CM, BONOMO RCF, FONTAN RCI, SANTOS LS, MONTEIRO
KA, Activated carbons preparation from yellow mombin fruit stones for lipase
immobilization. Fuel Processing Technology, v. 156, p. 421-428, 2017.
FOPASE R, PARAMASIVAMA S, KALEC P, PARAMASIVAN B, Strategies, challenges
and opportunities of enzyme immobilization on porous silicon for biosensing applications.
Journal of Environmental Chemical Engineering, v. 8, n. 5, 2020.
KHAN AA, ALZOHAIRY MA, Avanços e aplicações recentes de tecnologias de enzimas
imobilizadas: uma revisão. Research Journal of Biological Sciences, v. 5, p. 565-575, 2010.
RABE M, VERDES D, SEEGER S, Understanding protein adsorption phenomena at solid
surfaces. Advances in Colloid and Interface Science, v. 162, n. 1–2, p. 87-106, 2011.
OUBAGARANADIN JUK, MURTHY ZVP, Activated carbons: Classifications, properties
and applications, In: James F. Kwiatkowski (Ed.), Activated Carbon: Classifications,
Properties and Applications. Nova Science Pub Inc, USA, p. 239-266, 2011.
PERILLI TAG, SICUPIRA DC, MANSUR MB, LADEIRA ACQ, Avaliação da capacidade
adsortiva de carvão ativado para a remoção de manganês. HOLOS, v. 3, p. 264-271, 2014.
SILVA DJ, QUEIROZ AC, Análise de alimentos: métodos químicos e biológicos. 3.ed. –
Viçosa: UFV, p.235, 2002.
ZUCCA P, SANJUST E, Inorganic Materials as Supports for Covalent Enzyme
Immobilization: Methods and Mechanisms. Molecules, v. 19, n. 9, p. 4139-14194, 2014.