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Alterações Anatômicas do

Nervo
Optico

Dr. Philipe Saraiva Cruz


Alterações Anatômicas do Nervo Optico
Importância clínica

O glaucoma é uma neuropatia óptica caracterizada por perda localizada de fibras nervosas, causando
redução também localizada da rima neural, principalmente no polo superior ou inferior, e aumento da
escavação, com repercussões características no campo visual. Portanto, é fundamental a avaliação da
cabeça do nervo óptico no diagnóstico e no seguimento do indivíduo com glaucoma.

Progressão do glaucoma, ao diagnóstico, 6 e 9 anos depois.


Alterações Anatômicas do Nervo Optico
COMPOSIÇÃO DO DISCO OPTICO E DISPOSIÇÃO DAS FIBRAS

O nervo óptico é formado por aproximadamente 1,2 milhão de axônios dos neurônios
provenientes da camada de células ganglionares da retina, agrupados em aproximadamente
1.000 feixes, sustentadas por astrócitos. Os feixes de fibras nervosas passuem uma distribuição
especifica na cabeça do nervo óptico (também denominada disco óptico) conforme o local de
procedência na retina.
Alterações Anatômicas do Nervo Optico
O nervo óptico entra no canal
COMPOSIÇÃO DO DISCO OPTICO E DISPOSIÇÃO DAS
óptico no ápice FIBRAS
da órbita. Devido a
essa proximidade às paredes do
canal, uma eventual fratura do
canal óptico pode lesar o nervo.
No canal óptico a dura e o periósteo
ósseo se fundem e formam um
ponto de fixação do nervo,
tornando-o ainda mais suscetível a
trauma e lesões compressivas que
atinjam o canal, mesmo que
pequenas. Quando o nervo óptico
passa pelo forame cranial do canal
óptico, a dura se torna o periósteo
do osso esfenoidal.
Alterações Anatômicas do Nervo Optico
COMPOSIÇÃO DO DISCO OPTICO E DISPOSIÇÃO DAS FIBRAS
Alterações Anatômicas do Nervo Optico
COMPOSIÇÃO DO DISCO OPTICO E DISPOSIÇÃO DAS FIBRAS

1) Fibras da retina superior: trajeto


arqueado e descrevem o debrum
superior do DO
2) Fibras da retina inferior: formam o
debrum inferior do DO
3)Fibras da retina nasal: adentram
pela região nasal do nervo optico
4) Fibras provenientes da mácula:
descrevem trajeto retilíneo até a
porção temporal da cabeça do nervo
optico, formando o feixe papilo
macular
Alterações Anatômicas do Nervo Optico
COMPOSIÇÃO DO DISCO OPTICO E DISPOSIÇÃO DAS FIBRAS

O número de axonios é maior nos polos superior e inferior em relação aos quadrantes nasais e
temporais.
Na saída do globo, ele atravessa a lâmina crivosa, que é feita de fibras elásticas e colagenosas (região laminar). Com o
avanço da idade, a lâmina crivosa começa a ficar mais dura e, portanto, mais passível de gerar dano às fibras
nervosas se houver um aumento da pressão intraocular.
Lâminas fenestradas de tecido conjuntivo e fibras elásticas ocasionais.
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COMPOSIÇÃO DO DISCO OPTICO E DISPOSIÇÃO DAS FIBRAS

Como o suporte da lâmina crivosa é mais fino nas porções superior e inferior da cabeça do nervo óptico,
apresentando poros grandes onde passam um grande número de fibras, estas fibras nervosas são mais facilmente
distorcidas pelo aumento da pressão intraocular, resultando na sua lesão.
Logo, um aumento focal da escavação na dimensão vertical é um achado altamente suspeito de glaucoma. Indivíduos
normais raramente têm uma diferença entre a escavação vertical e a horizontal superior a 0,2; a maioria é inferior a
0,1. No entanto, as escavações mais alongadas verticalmente são comuns nas papilas alongadas não sendo, por si,
muito suspeitas, mas, quando ocorrem em discos arredondados, merecem uma investigação mais apurada.
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COMPOSIÇÃO DO DISCO OPTICO E DISPOSIÇÃO DAS FIBRAS
As fibras nervosas mais longas, provenientes da periferia da retina situam-se mais próximas à coroide e na periferia
do nervo, enquanto as fibras que se originam mais próximas à cabeça do nervo óptica situam-se mais próximas ao
vitreo e ocupam a região mais central da nervo.
A cabeça do nervo óptico tem aproximadamente 1,5 mm de diâmetro.
Hipermétropes (> 4D): impressão que o DO é menor.
Miópes > 8D: impressão que o DO é maior.

O disco óptico apresenta forma circular ou ovalada.


Forma alongada no alto astigmatismo: direção do maior diâmetro do disco indica o eixo do
astigmatismo.
O formato também depende do ângulo no qual o nervo sai do olho. Quando os axônios saem em um
ângulo obliquo, então a cabeça do nervo óptico terá uma aparência inclinada.
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Métodos de avaliação do disco óptico
O melhor método para avaliaqão clinica da cabeça do nervo óptico é a biomicroscopia cam lente
de pola pasterior (60, 78 ou 90 D), que permite estereopsia e magnificaqãa adequadas (Fig. 1).
Este método é superior a oftalmoscopia indireta em relaqãa ã magnificaqão e superior ã
oftalrnoscopia direta, uma vez que esta ú)tima não permite estereopsia.

Para obter o diâmetro real do disco óptico devernos utilizar um fator de correção conforme a
dioptria da lente utilizada para a biomicroscopia. Mede-se o diâmetro com o marcador em mm da
fenda e multiplica-se pelo fator corretor:
• Lente 60 D x 0,88
• Lente 78 D x l,2
• Lente 90 D x l,33
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Aspecto normal da cabeça do nervo óptico

A cabeca do nervo óptico (ou disco óptico) normal é formada na sua periferia pela rima neural,
composta pelos axonios, que conferem uma aparência rósea e regular ao disco óptico e por um
espaço central, não preenchido pelo tecido nervoso, denominado escavação.
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Aspecto normal da cabeça do nervo óptico

O disco óptico tem um aspecto ovalado, sendo maior no seu eixo vertical, enquanto a escavação
normal é maior no diâmetro horizontal. O diametro médio do disco óptico é aproximadamente
1,85mm vertical e 1,7 mm horizontal e a área média do disco correspande a 2,69 ±0,7 mm.
A maioria das pessoas saudáveis possui uma relação escavação-disco até 0,3. Apenas 1% a 2%
terão uma relação de 0,7 ou maior. Uma assimetria entre as escavações dos dois olhos maior do
que 0,2

Em alhos normais,a escavação coincide com a área de palidez, porém no glaucama a escavação
precede a palidez. Assim, deve-se delimitar a escavação pela deflexão dos vasos e não pela sua
palidez.
Alterações que podem confundir com o Glaucoma

Se a cabeça do nervo óptico deixa a esclera num ângulo menor do que 90 graus, o epitélio pigmentar
retiniano irá terminar antes de chegar à borda do canal propriamente dito. Um halo que tem forma de
crescente, de coroide ou esclera, pode ser então visível.

O anel esbranquiçado, chamado de anel escleral de Elschnig, ou crescente temporal, circunda


o nervo, e, por fora, está o anel coróideo
Alterações que podem confundir com o Glaucoma
Coloboma da cabeça do nervo óptico (morning glory syndrome)

Vasos retinianos dispostos radialmente


Unilateral
Sem componente hereditário
Crescente Cinza

Geralmente se localiza na região temporal ou temporal inferior da rima neural.


É mais comum em negros e parece representar uma variação da anatomia normal.
Geralmente é bilateral.
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ASPECTO NORMAL DO DISCO OPTICO
CORRELAÇÃO ISNT
Um nervo normal
apresenta a rima inferior
maior que a superior, que
por sua vez, é maior que a
rima nasal, que é maior que
a rima temporal
Alterações Anatômicas do Nervo Optico
Sinais de lesão glaucomatosa do Disco Óptico
PERDA DE FIBRAS NERVOSAS = AUMENTO DA ÁREA DA ESCAVAÇÃO
Grande variação no tamanho da escavação de indivíduos normais
1) Razão E/D < ou = 0.30 70% dos indivíduos normais
2)Razão E/D > OU = 0.60 4% dos indivíduos normais
Mais importante que o tamanho da razão E/D é o seu aspecto
1)E/D VERTICAL > E/D HORIZONTAL: 57% dos indivíduos glaucomatosos e 2% dos
indivíduos normais
Alterações Anatômicas do Nervo Optico
Sinais de lesão glaucomatosa do Disco Óptico

Assimetria de escavação é
também mais importante
do que o tamanho da
escavação isoladamente.

Menos de 0.5% dos


indivíduos normais
apresenta assimetris da
razão E/D maior que 0.20
Alterações Anatômicas do Nervo Optico
Sinais de lesão glaucomatosa do Disco Óptico
Alterações Anatômicas do Nervo Optico
Sinais de lesão glaucomatosa do Disco Óptico

Alterações Vasculares (necessidade de visão estereoscópica)


1-Vasos desnudados: com o aumento da escavação, os vasos circunlineares que se apoaivam nas rimas superior e
inferior, perdem o contato e se tornam desnudados. A presença destes é sugestiva de perda neural naquela
localização. (pode ocorrer em 15% da população normal).
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Sinais de lesão glaucomatosa do Disco Óptico
DEFEITOS SEMELHANTES ÀS RANHURAS (SLIT-LIKE DEFECTS)
As primeiras alterações observadas são os defeitos semelhantes a fendas nas áreas arqueadas
super-temporais ou inferotemporais.
Esses defeitos podem ser o primeiro sinal de glaucoma.
Eles geralmente precedem mudanças de disco e mudanças de campo.
São 85% específicos para o glaucoma.
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Sinais de lesão glaucomatosa do Disco Óptico
TORTUOSIDADE DOS VASOS RETINIANOS
A tortuosidade dos vasos da retina é vista como uma resposta à isquemia crônica em alguns
casos com glaucoma moderado e avançado.
Isso pode representar alças de vasos colaterais ou anastomose venovenosa.
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Sinais de lesão glaucomatosa do Disco Óptico
LAMINAR DOT SIGN
À medida que a perda de axônios progride, a cor normal é substituída pela tonalidade
acinzentada, chamada de sinal de sombra ou sinal de ponto laminar.
Isso ocorre devido ao aprofundamento da taça, que causa a exposição da lâmina cribrosa com
fenestrações.
Alterações Anatômicas do Nervo Optico
Saucerização é o termo utilizado para referir-se a uma alteração inicial do glaucoma, na qual o
padrão de uma escavação rasa, que apresenta aumento difuso, estende-se em direção às margens
Sinais de
do disco, com manutenção da lesão
palidez glaucomatosa
na área central da do Disco(Figs.
escavação Óptico
4.15 e 4.16) e pode ser
sinal inicial de glaucoma
Alterações Anatômicas do Nervo Optico
LAMINAR DOT
SIGN
Sinais de lesão glaucomatosa do Disco Óptico
Alterações Anatômicas do Nervo Optico
Sinais de lesão glaucomatosa do Disco Óptico

Alterações Vasculares (necessidade


de visão estereoscópica)
2-Vasos em baioneta: Quando um vaso
retiniano cruza a rima neural afinalada,
ele se inclina bruscamente na borda do
disco devido à perda de tecido neural de
suporte. Isso é chamado de baioneta na
borda do disco.
3- Vasos em passarela:
também decorre da perda de
Rima neural, deixando o
vaso sem sustentação
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Sinais de lesão glaucomatosa do Disco Óptico

Pode ser um fator de risco para o desenvolvimento de glaucoma em hipertensos oculares ou um


fator de risco para progressão da lesão em indivíduos glaucomatosas.
Ocorre principalmente na quadrante inferatemporal, é transitória, dura cerca de 2 a 35 semanas e
pode ser recorrente. A prevalencia é maior em pacientes com glaucama de pressão normal.
Associada a progressão de defeito de campo visual em indivíduos com glaucoma de pressão
normal, especialmente nos 10º centrais
NOTCH: são defeitos
localizados de rima neural.
São observado quando a
borda superior ou inferior
da escavação toca a
margem do disco.
Estão relacionados ao
aparecimento de
escotomas arqueados no campo visual.
Atrofias Peripailares

FATOR DE RISCO PARA PROGRESSÃO – empecilho para autorregulação do fluxo


sanguíneo para a cabeça no nervo optico em reposta ao aumento da PIO.
ALFA: mais periférica e caracterizada por hipo e hiperpigmentação irregulares do EPR.
BETA: mais central, grande atrofia de EPR e coriocapilar, permitindo
visibilização dos vasos coróideos.
Questões Avaliação Anatômica
do DO
Questões Avaliação Anatômica
do DO

Resposta: A
Questões Avaliação Anatômica
do DO
Questões Avaliação Anatômica
do DO

Resposta: D
Questões Avaliação Anatômica
do DO
Questões Avaliação Anatômica
do DO

Resposta: anulada
Questões Avaliação Anatômica
do DO
Questões Avaliação Anatômica
do DO

Resposta: A
Questões Avaliação Anatômica
do DO
Questões Avaliação Anatômica
do DO

Resposta: A

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