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Ceratites e Conjuntivites

Infecciosas (Bacterianas)

Dr. André Tenório – Externas

Angela C Guidorizzi R1 - 2018


INTRODUÇÃO CONJUNTIVITES
NO GERAL
Conjuntivites Bacterianas
INTRODUÇÃO E QUADRO CLÍNICO
- Incomuns (virais são a etiologia mais
frequente)
- Curso: autolimitado, raramente atingindo a
córnea (exceto em casos de microorganismos
mais virulentos – Neisseria meningitidis e
Neisseria gonorrhoeae)
- Quadro Clínico: hiperemia ocular + secreção
purulenta. Podem estar presentes fotofobia,
dor discreta e quemose.
“ Quando houver um aumento da secreção
conjuntival, procure caracterizá-la em:
purulenta - branco cremosa; mucopurulenta -
amarelada; serosa - aquosa amarelada;
mucosa - filamentar e transparente”
Conjuntivites Bacterianas
CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA x VIRULÊNCIA
CONJUNTIVITES BACTERIANAS
HIPERAGUDA

<24H - INTENSAS
Conjuntivites Bacterianas
CONJUNTIVITE GONOCÓCICA

- Quadro hiperagudo (<24h)


- Ag. Etiológico mais frequente: N.
gonorrhoeae (notificação imediata se N.
menigitidis
- Transmissão: DST – transmissão direta
secreção genital – olho ou genital – mão –
olho ou vertical (via canal de parto)
- QC: produção maciça de secreção
purulenta, quemose intensa e edema
palpebral. Pode evoluir com
linfadenopatia pré auricular e membrana
conjuntival.
Sem tratamento pode evoluir para ceratite
(15% a 40%), necrose corneana ou
perfuração
Conjuntivites Bacterianas
CONJUNTIVITE GONOCÓCICA
Tratamento: sempre sistêmico, associado a tópico adjuvante

Sem acometimento corneano:


A) 1g de ceftriaxone IM
B) Penicilina G 4.8 milhões de unidades IM, divididas em duas doses aplicadas
em diferentes grupamentos musculares + 1g VO de probenecida (antes das
injeções)
Com acometimento corneano: internação + ceftriaxone EV (1g de 12/12h) por
3 dias

Irrigação constante de fundo de saco conjuntival com sç salina para eliminação


de debris inflamatórios que podem favorecer a necrose corneana

Podem ser associadas pomadas de gentamicina, eritromicina ou bacitracina.


CONJUNTIVITE BACTERIANA
AGUDA
24 HORAS A 7 DIAS – MODERADAS A
INTENSAS
Conjuntivite Bacteriana aguda
QC: hiperemia com secreção purulenta, referindo acordar
com pálpebras coladas. Ao exame posso encontrar reação
conjuntival papilar. Não se encontra linfadenopatia pré
auricular.

Agentes etiológicos mais comuns:

Haemophil
us
Pneumococ influenzae
o
>gravidade
Podem Staphylococ
mais Staphyloco
cus aureus ccus
formas frequente
(blefaroconj
<5 anos + coagulase
membranas, OMA negativo
untivite)
raramente Petéquias
acometem a conjuntivais Petéquias
córnea conjuntivai
s
Conjuntivite Bacteriana aguda

TRATAMENTO
TÓPICO – SEMPRE INDICADO, EMPÍRICO E DE AMPLO ESPECTRO, 7 A 10 DIAS

SISTÊMICO - APENAS EM CRIANÇAS, NOS QUADROS SUGESTIVOS DE HAEMOPHILUS

Diagnóstico Clínico – raramente é necessária cultura (DIFERENTE DAS CERATITES!)


CONJUNTIVITE BACTERIANA
CRÔNICA
DIAS A SEMANAS OU >3 SEMANAS
Conjuntivite Bacteriana Crônica

Principal causa: blefaroconjuntivite estafilocócica


(coloniza borda palpebral)
Moraxela e bacilo G – conjuntivite folicular crônica
blefaroconjuntivite angular : ulceração de canto
palpebral
CONJUNTIVITE BACTERIANA
NEONATAL
> 28 DIAS (ou hiperaguda)
Conjuntivite Bacteriana Neonatal
Principais causas em ordem
decrescente de incidência:

•Clamydia trachomatis
•Stretococcus viridans

•Staphylococcus aures
•Haemophilus influenzae

•Streptococcus grupo D
•Moraxella catarrhalis
•E coli
•Neisseria gonorrhoeae
Conjuntivite Bacteriana Neonatal
CONJUTIVITE NEONATAL POR CLAMYDIA TRACHOMATIS:

- ausência de reação folicular, devido a imaturidade linfocitária da conjuntiva neonatal


- QC: secreção mucupurulenta, podendo haver pseudomembranas
- Tto: tópico e sistêmico (devido a possibilidade de associação com acometimento pulmonar)
– ERITROMICINA VO (12.5 mg/kg) ou EV por 14 adias + pomadas de eritromicina

CONJUNTIVITE NEONATAL POR NEISSERIA GONORRHOEAE:


CERATITES BACTERIANAS
Definição: termo genérico para definir qualquer inflamação da
córnea, acompanhada ou não de perda de epitélio. (Úlcera –
não há uma perda epitelial pura, mas também um
comprometimento de estroma)
CERATITES BACTERIANAS
Introducao

Estão inclusas entre as causas


GRAVES de olho vermelho
com potencial de ameaça a visão!

- úlceras e ceratites

- uveítes anteriores e iridociclites

- glaucoma agudo
CERATITES BACTERIANAS
Introducao
Normalmente se faz
necessária
lesão epitelial para
penetração
de bactéria em
estroma.

Bactérias com
capacidade de
penetrar epitélio
corneano íntegro:
Neisserias,
Corynebacterium
diphtheriae,
Haemophilus
influenzae, Listeria
monocytogenes,
Shigella sonnei.
CERATITES BACTERIANAS
Introducao

Como se detectar rupturas do


epitélio corneano? Com o
auxílio de uma lanterna, tenta-
se identificar distorções do
reflexo luminoso na córnea.
Elas, freqüentemente,
associam-se às soluções de
continuidade do epitélio. Em
seguida, aplica-se a
fluoresceina e procura-se por
áreas coradas de verde.
CERATITES BACTERIANAS
Fatores de Risco
Fatores predisponentes: alteração mecanismos de defesa e integridade corneanos

a) Lentes de Contato (+ frequente 19 a 42%, aumento 10 x se paciente dormir com LC)

b) Trauma corneano

c) Alterações palpebrais

d) Cirurgias corneanas

e) Ceratite herpética

f) Olho seco grave

g) Ceratite neurotrófica

h) Conjuntivites bacterianas

-
CERATITES BACTERIANAS
Etiologia
CERATITES BACTERIANAS
Clinica
Sinais e sintomas das ceratites
(no geral)
- dor ocular (que some com a
injeção de anestésicos)
- fotofobia
- injeção ciliar (turgescência dos
vasos profundos episclerais que
circundam a córnea)
Congestão ciliar: caracteriza-se pelo turgescência dos
- BAV vasos do corpo ciliar. São vasos profundos, de cor
vermelho-azulado, que partem do limbo com padrão
“GERALMENTE NÃO OCORREM radiado. O fenômeno é característico das iridociclites,
NAS CONJUNTIVITES COMUNS” mas também acompanha o glaucoma agudo e as
ceratites. Decorre da inflamação do corpo ciliar.
CERATITES BACTERIANAS
Clinica
Sinais e sintomas das
ceratites bacterianas:

- ulceração epiteliais

- supuração estromal de
bordas não bem
delimitadas, circundadas
por edema estromal.

- Hipopio e RCA podem


estar presentes
CERATITES BACTERIANAS
Clinica
Ceratite por pseudomonas
aeruginosa: pode
apresentar infiltrado
inflamatório em aspecto
vidro fosco (enzimas
proteolíticas)
Ceratite por
Mycobacterium, Nocardia
e anaerobios:
podem apresentar epitelio
intacto e infiltrado nao
supurativo (evolucao lenta)
CERATITES BACTERIANAS
Diagnstico
Ulceras nao
Exame laboratorial é fundamental para
diagnóstico etiológico! graves:
✔Quando não disponível deve-se iniciar
tratamento empírico - < 2 mm de
diam.
Se o paciente estiver em uso de medicacao
topica (caso de ulcera nao grave) –
suspender por 24h - localizacao
periferica
Condutas Adicionais:
Laboratório experiente em secreções - nao
oculares (evitar falsos positivos)
associada a
Exame detalhado das pálpebras e afinamento
conjuntiva menor que
Revisão uso de colírios prévios, lente de 50% da
contato, soluções e frascos. espessura
estromal
CERATITES BACTERIANAS
Raspado corneano e cultura
• Coleta na região da
borda da lesão
• Espátula de Kimura ou
Zaragotoa
• Colocar em lâmina de
vidro para Gram e
Giemsa
• Outros meios
específicos:
a) Ágar Sangue
b) Ágar Chocolate
c) Ágar Sabouraud
CERATITES BACTERIANAS
CERATITES BACTERIANAS
tratamento dos casos nao graves
Monoterapia e alopatia: fluorquinolona (ciprofloxacino a
0.3%, ofloxacino a 0.3%, moxifloxacino).

Dosagem inicial de 1/1h, apos 72 horas passar para de 2/2h


(por 3 dias). A cada 3 horas ate o final de tto.
CERATITES BACTERIANAS
Tratamento dos casos graves
Se ulcera grave: colirios fortificantes (posso usar quinolona apenas se
resultado laboratorial ainda nao disponivel)
Os colirios sao prescritos para uso inicial de hora em hora , intercalados (1 gota
de meia em meia hora)?
Uso de atb subconjuntival ou sistemico: apenas se acometimento escleral ou
intraocular
CERATITES BACTERIANAS
Tratamento dos casos graves
CERATITES BACTERIANAS
Tratamento dos casos graves
CERATITES BACTERIANAS
Refratariedade
✔novo exame laboratorial

✔Bx se novamente negativo


(transição cornea sadia e
comprometida) juntamente com
novo raspado.

Tratar fatores que podem retardar a


melhora como alterações
palpebrais:

✔ Entrópio

✔ Ectrópio

✔ Triquíase

✔ Olho seco
CERATITES BACTERIANAS
Consideraçoes Finais
- Uso de corticóides é
controverso (Consenso:
após identificacao de
agente etiológico e/ou
melhora do QC)
- Evolucao desfavoravel:
intervencao cirurgica,
uso de adesivos, tx.
- Preco da terapeutica x
adesao ao tto
CERATITES BACTERIANAS
Referencias

KANSKI, J.J; BOWLING, B.; Oftalmologia


Clínica: uma abordagem sistemática. 7 ed.
São Paulo: Saunders, 2012.

COLEÇÃO CBO, Doenças Externas oculares


e Córnea, 3 ed. Rio de Janeiro: cultura
médica, Guanabara Koogan, 2013.

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