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OTORRINOLARINGOLOGIA – VITÓRIA LIBARDO EINLOFT – TURMA LI

AULA 2: OTITES
Otite é qualquer processo inflamatório e/ou infeccioso da orelha externa, média ou interna.

ORELHA EXTERNA
REVISANDO A FISIOLOGIA DA ORELHA EXTERNA
A orelha externa é composta pelo pavilhão auricular e pelo meato acústico externo. Sua função
é receber os sons do ambiente e os conduzir para a orelha média
Os mecanismos protetores da orelha externa são: trago que protege a entrada do meato acústico
externo, tortuosidade do conduto auditivo externo, estreitamento do meato acústico externo, fâneros
do 1/3 externo, glândulas sebáceas e apócrinas junto dos folículos pilosos, cerume com propriedades
antibacterianas e antifúngicas, capacidade de autolimpeza do conduto auditivo externo (CAE) e
presença de fungos e bactérias saprófitas (Aspergillus)

OTITE EXTERNA AGUDA LOCALIZADA


A otite externa aguda localizada (OEAL) é a infecção dos pilos sebáceos encontrada no terço lateral
do CAE, com a formação de uma foliculite, podendo evoluir para um
abscesso ou furúnculo (furunculose).
• O agente principal é o Staphylococcus aureus.
• Os sintomas são: fortes otalgia, hipoacusia nos casos de
oclusão do CAE e secreção quando ocorre a drenagem do
abscesso.
O tratamento da OEAL consiste na limpeza local e no uso de
analgésico e AINH para aliviar o desconforto. Antes da drenagem, o
uso de antibióticos tópicos e/ou sistêmicos podem resolver o processo.
Compressas quentes intermitentes podem levar à drenagem da lesão.
Havendo um ponto de flutuação este deve ser incisado e drenado.
Dependendo da gravidade pode ser necessária a utilização de
antibióticos sistêmicos com atividade antiestafilocócica (penicilina
penicilinase-resistente, cefalexina – 2 a 4g por dia por 7/10 dias – ou clindamicina). Paciente
diabéticos ou imunossuprimidos têm maior incidência de complicações.

OTITE EXTERNA DIFUSA AGUDA


A otite externa aguda (OEA) – conhecida como orelha do nadador (swimmer’s ear) – pode ser
definida como uma inflamação difusa do conduto auditivo externo (CAE) que pode atingir também o
pavilhão auricular e a membrana timpânica e que geralmente tem início agudo.
O diagnóstico é geralmente simples e está associado a banhos de mar, piscina, ou ainda à
manipulação do CAE – os sintomas principais são: dor (70%), prurido (60%), plenitude auricular
(22%) e a perda auditiva (32%).
Há estágios (pré-inflamatório, inflamatório – leve, moderado, grave – e inflamatório crônico) da otite
externa:
(1) Estágio pré-inflamatório: camada lipídica que cobre a pele é
retirada pela umidade ou trauma local.
(2) Estágio inflamatório leve: aparecem hiperemia e edema da
pele no CAE com otorreia clara, inodora e discreta dor no trago.
(3) Estágio inflamatório moderado: dor e prurido mais intensos,
além do lúmen do CAE diminuir pelo edema e retenção de
otorreia seropurulenta
(4) Estágio inflamatório grave: o CAE fica completamente
obstruído e drena secreção cinza-esverdeada e escamação de
debris, a pele se torna edematosa, há edema periauricular pronunciado e adenopatia – o

REFERÊNCIA: TRATADO DA OTORRINOLARINGOLOGIA 3ed.


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paciente queixa-se de otalgia intensa, especialmente após mastigação e manipulação do


trago.
(5) Estágio inflamatório crônico: caracterizada por prurido de maior duração associado a um
CAE com pele atrófica e frequentemente sem cerume. Pode apresentar-se como uma secura
e espessamento leve do canal a completa obliteração do mesmo por pele hipertrófica
cronicamente inflamada.
A bactéria mais frequentemente isolada foi a Pseudomonas aeruginosa
(38%), seguida do Staphylococcus epidermidis (9,1%), Staphylococcus
aureus (7,8%) e Microbacterium otitidis (6%).
O tratamento da OEA consistem em limpeza e assepsia local, utilização
de analgésicos como paracetamol, dipirona, opiáceos e anti-
inflamatórios não hormonais (AINH); tratamento local com
preparações tópicas incluindo antibiótico de amplo espectro
(ciprofloxacina, neomicina, gentamicina, cloranfenicol, polimixina) –
antibióticos de uso oral têm utilidade limitada, podem ser usados em
casos com extensão da infecção além do CAE (disseminação para o
pavilhão auricular e a pele do pescoço e face, osteíte, formação de abscesso e doença da orelha
média), no diabetes mellitus ou na síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA) – os corticoides
tópicos também são eficientes, isolados ou associados aos antifúngicos ou ao ácido acético.
Considera-se suficiente o uso de sete dias, duas vezes ao dia, para as quinolonas e
aminoglicosídeos.
• Quando a membrana timpânica não está integra, por apresentar perfuração ou tubo de
ventilação patente, devem ser usadas drogas não ototóxicas e que não contenham álcool ou
baixo pH devido ao risco de dor e ototoxicidade
Medidas para evitar a OEA são: remover o cerume obstrutivo, o uso de gotas auriculares ácidas
antes de nadar, após nadar ou à noite, usar protetores auriculares ao nadar e evitar trauma ao CAE.
• Nos casos em que a OEA está em tratamento devem ser evitados banhos de imersão durante
sete a dez dias e o CAE deve ser protegido e seco nos banhos de chuveiro

HERPES ZÓSTER // SÍNDROME DE RAMSEY-HUNT


O herpes zoster é uma reativação dos vírus varicela-zoster latentes de uma infecção prévia (varicela)
nos gânglios nervosos. Uma diminuição da imunidade parece ser a
causa da ativação do vírus (pacientes idosos, HIV positivos,
quimioterapia, diabetes, neoplasias).
• Caracteriza-se por dor intensa e a presença de vesículas
seguindo a distribuição do nervo atingido – pode acometer a
orelha externa, localizam-se com maior frequência na concha e
na parede superior do CAE.
A síndrome de Ramsay-Hunt é caracterizada por paralisia fácil
transitória ou permanente, vesículas no CAE, hipoacusia e vertigem. A
paralisia facial é decorrente do edema sofrido pelo nervo facial.
As alterações de audição e equilíbrio
devem-se à proximidade anatômica dos nervos facial e vestibulococlear.
Tratamento: cuidados locais e a aplicação de antibióticos tópicos sem
corticoides ajudam na prevenção de infecções secundárias –
antibióticos sistêmicos podem ser necessários eventualmente – uso de
analgésicos potentes (forte otalgia), utilização dos antivirais (valaciclovir,
aciclovir, famciclovir) é eficiente nas fases iniciais, podendo ser
considerado nos quadros de forte otalgia sem causa aparente.
A utilização de corticoides sistêmicos tem demonstrado diminuir a incidência de neuralgia pós-
herpética e melhorado o prognóstico da paralisia facial.

REFERÊNCIA: TRATADO DA OTORRINOLARINGOLOGIA 3ed.


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OTITE EXTERNA NECROTIZANTE


A otite externa necrotizante (OEN), conhecida como otite externa maligna, é uma infecção letal que
começa usualmente no CAE e se estende à base do crânio.
• O agente causador da OEN, em cerca de 96% a 98% dos casos,
é a Pseudomonas aeruginosa, bactéria Gram-negativa aeróbia
obrigatória. Outras bactérias (Proteus mirabilis, Staphylococcus
aureus, Klebsiella sp. e Staphylococcus epidermidis) e fungos
(Candida albicans e Aspergillus fumigatus) também podem estar
presentes.
A OEN afeta principalmente diabéticos idosos, mas alguns poucos casos
são relacionados com outros estados de imunossupressão (leucemia e
anemia severa, tratamento com drogas citotóxicas ou imunossupressoras
e pacientes HIV positivos)
O quadro clínico inicial da OEN normalmente não é característico e começa frequentemente
semelhante a uma otite externa difusa aguda, o que normalmente retarda o diagnóstico correto e a
instituição de terapia adequada.
• Otalgia, usualmente lancinante, resistente ao uso de analgésicos e que se irradia para as
regiões frontotemporais e parietais com piora à noite, ocorre em 90% dos casos.
• Acompanha frequentemente otorreia fétida e purulenta, além de hipoacusia condutiva leve.
• Não há sinais sistêmicos como febre ou taquicardia.
• Sensibilidade e edema periauricular são achados comuns, além de tecido de granulação
que se localiza na porção posteroinferior do CAE ao nível da junção osteocartilaginosa.
• Edema e hiperemia do CAE podem ser localizados, mas com membrana timpânica
usualmente intacta.
Deve ser feita biópsia de rotina para descartar a hipótese de carcinoma espinocelular e que pode
ser clinicamente indistinguível da OEN.
• A doença pode ser bilateral em cerca de 11% dos casos.

O diagnóstico tem os seguintes pontos cardinais:


(1) Otalgia persistente por mais de um mês
(2) Otorreia purulenta persistente associada a tecido de granulação por várias semanas
(3) Diabetes mellitus, idade avançada ou outro estado de imunossupressão
(4) Envolvimento de pares cranianos

REFERÊNCIA: TRATADO DA OTORRINOLARINGOLOGIA 3ed.


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Exames complementares:
A tomografia computadorizada (TC) do osso temporal com contraste é o exame de imagem mais
importante para a avaliação da extensão da doença e pode mostrar erosão do osso timpânico,
espessamento de tecidos moles, velamento da mastoide, sequestro no CAE e erosão da base de
crânio. – não ajuda na avaliação da evolução pois as alterações ósseas são normalmente
persistentes.
A ressonância nuclear magnética (RM) pode ser vantajosa para definir a extensão medial da
infecção em direção à base do crânio, espaço parafaríngeo, forames e canais dos nervos cranianos,
dura-máter e cérebro.
Cintilografia com gálio-67:
demonstrando hipercaptação
Diagnóstico precoce:
do contraste na orelha direita
Cintilografia óssea com gálio-67 e/ou tecnécio-99 que
demonstra áreas de hipercaptação nos focos infecciosos
(osteomilite) – recomendado para monitorizar a resposta à
terapia instituida
• A cintilografia com tecnécio-99 é útil para o
diagnóstico da osteíte e tem alta sensibilidade (97,8%)
representando atividade osteoblática, mas tem baixa
especificidade – alterações são geralmente
persistentes.
• A cintilogradia com gálio-67 mostra o foco de infecção aguda, mas não toda a extensão do
processo osteomielítico
Críterio diagnóstico absoluto é a cintilografia com gálio e/ou tecnécio positiva, e os critérios
diagnósticos relativos são o tecido de granulação no assoalho do CAE, cultura positiva para P.
aeruginosa, Diabetes Mellitus ou imunodeficiência e otalgia intensa

Tratamento:
Geralmente é necessária a instituição de terapia agressiva, com paciente internado e recebendo
antibióticos intravenosos, além de controle estrito do diabetes mellitus e limpeza frequente do CAE.
• Em casos mais leves, usar ciprofloxacino oral que atua bem contra a P. aeruginosa,
frequentemente usado como terapia ambulatorial primária ou seguindo-se aos esquemas de
antibioticoterapia intravenosa – administração pode ser por um período longo de até 6
meses após o término da terapia intravenosa
• O ceftazidime é uma cefalosporina de terceira geração beta-lactamase resistente,
bactericida, bastante ativa contra a P. aeruginosa e outras bactérias Gram-negaticas – usa-
se isoladamente ou associado à amicacina, tobramicina ou gentamicina por um período de 4
a 6 semanas na dose de 2g a cada 8 horas e tem boa penetração no sistema nervoso central.
O tratamento indicado é com antibióticos por um período longo de 4 a 8 semanas com média de 6
semanas. Alguns critérios propostos de cura são a cicatrização da pele do CAE, culturas negativas
e a normalização da velocidade de eritrossedimentação – exame da cintilografia com gálio-67 volta
ao normal (exame mais confiável para a interrupção da terapia intravenosa) – outro sinal importante
é quando a otalgia cessa ou diminui.
• Uso de gotas tópicas de gentamicina ou ciprofloxacino no CAE é controverso, pois seria
uma via inadequada de administração de antibióticos em uma infecção que pode se estender
à base do crânio, bem como pode dificultar a realização de culturas.
• Há poucas evidências do uso de oxigenação hiperbárica com impacto na sobrevida da OEN.
• A maioria dos pacientes pode ser tratada clinicamente e o papel da cirurgia, principalmente
o debridamento, tem diminuído bastante ao longo dos anos

REFERÊNCIA: TRATADO DA OTORRINOLARINGOLOGIA 3ed.


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OTITE EXTERNA CRÔNICA RECIDIVANTE


A otite externa crônica recidivante é a atrofia e ressecamento do epitélio do CAE com alteração
da descamação superficial.
• O quadro clínico apresenta hipoacusia,
prurido intenso, indolor
• O principal agente é Staphylococcus
epidermindis
O tratamento consiste em limpeza e assepsia,
antibióticos associados a corticosteroides
tópicos e agentes ceratoplásticos tópicos como acido salicílico 2%, ácido
retinóico 00,5%-1%, propilenoglicol e betametasona (corticosteroide).

OTITE EXTERNA FÚNGICA (OTOMICOSE)


A otomicose ou otite externa fúngica é uma infecção causada por fungos da pele do CAE.
Diminuição das barreiras de defesa da orelha externa, como o uso constante de gotas otológicas,
processos inflamatórios crônicos, estenoses do CAE e a perda da camada protetora de cerume,
facilitam as infecções por fungos – pacientes diabéticos ou com imunodeficiências apresentam maior
predisposição
• O agente etiológico mais frequente é o Aspergillus seguido
pela Candida. – outros fungos relacionados são Actinomyces,
Phycomycetes, Rhizopus e Penicillium
O paciente queixa-se de prurido intenso, plenitude auricular pelo
acúmulo de secreções e otorreia – otalgia pode ser pelo processo
inflamatório ou pelo trauma da manipulação do CAE.
• Otoscopia: revela um conduto hiperemiado com pouco edema,
sendo possível visualizar os micélios fúngicos, que apresentam diversas colorações
• Nas infecções por Candida pode estar preenchido por uma massa
esbranquiçada semelhantes a fibras de algodão.
O tratamento consiste na remoção completa dos fungos e do macerado
epitelial – deve-se evitar a entrada de água que amnteria a umidade no
local.
• Antifúnficos tópicos específicos incluem o clotrimazol, a nistatina, o
cetoconazol, o miconazol e a ciclopirox olamina
– nos casos de perfuração da membrana ou
cavidade mastóidea aberta devem ser utilizados medicamentos
que não demonstraram ototoxidade (miconazol, clotrimazol,
tolnaftato e nistatina)
O tratamento deve ser mantido até que ocorra a eliminação completa do
processo. Quando o processo for muito agressivo, pode ser necessário o
uso sistêmico de drogas como o cetoconazol, o intraconazol, o fluconazol
e a terbinafina.
• Em pacientes com imunodepressão pode ser necessária a utilização de anfotericina B.

OTITE EXTERNA ECZEMATOSA // DERMATITES


As dermatites são inflamações superficiais da pele, caracterizadas por prurido, eritema, edema,
exsudação, crostas e descamação.
(1) Dermatite de contato: é uma inflamação aguda ou crônica causada por uma ação irritante
(ácidos, álcalis, fenol, sabão, detergentes) ou alérgica (reação de hipersensibilidade) –
paciente pode relatar o contato de longa data com a substância alergênica sem uma história
anterior de dermatite. Brincos são uma causa frequente de dermatite de contato. – sintomas

REFERÊNCIA: TRATADO DA OTORRINOLARINGOLOGIA 3ed.


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variam desde uma hiperemia discreta até um edema intenso com formaçã de visículas, além
de prurido intenso na fase aguda – casos crônicos: espessamento da pele com liquenificação.
a. Tratamento: evitar contato com o agente causador. Pode-se usar um corticoide
tópico, reservando os sistêmicos para os quadros mais graves. Se houver infecção
secundária deve ser utilizada terapia antimicrobiana – anti-histamínicos podem aliviar
o prurido
(2) Dermatite atópica: é uma inflamação de curso crônico com períodos de exarcerbação,
associada à asma e à renite alérgica. As lesões são muito pruriginosas e podem se
apresentar com escoriações e vesículas – casos crônicos: existe liquenificação e a presença
de pápulas fibrosas.
a. Tratamento: visa o controle e a prevenção, sendo os corticoides tópicos os mais
eficazes. Anti-histaminicos também podem ajudar a melhorar o prurido – corticoides
orais devem ser usados apenas em casos graves
(3) Dermatite seborreica: é uma afecção crônica em áreas com glândulas sebáceas. A erupção
é acompanhada de prurido discreto.
a. Tratamento: deve incluir controle da caspa, com xampus à base de sulfeto de selênio
ou zinco. As lesões podem ser tratadas com corticoides tópicos, evitando-se
corticoides fluorados.
(4) Psoríase
(5) Lúpus Eritematoso
(6) Neurodermatites
(7) Eczema infantil

ORELHA MÉDIA
REVISANDO A FISIOLOGIA DA ORELHA MÉDIA
A orelha média é composta pela membrana timpânica, pelos ossículos (martelo, bigorna e estribo)
e pelos músculos tensor do tímpano e estapédio, a orelha média é responsável por transmitir o
som que chega pela orelha externa para a orelha interna.
• Quando o estímulo acústico alcança a membrana timpânica pode chegar à orelha interna
através de três formas: por condução óssea – alcançando diretamente a cóclea sem passar
pelo ossículos – por difusão pelo ar da cavidade timpânica e atraves da cadeia ossicular –
que é o meio mais efetivo.
o A vibração da membrana timpânica desencadeada pelo som é transmitida para a
cadeia ossicular. A vibração dos ossículos movimenta a platina do estribo, assim como
os fluidos cocleares, as estruturas da cóclea e a janela redonsa. É justamente a
presença da janela redonda e de sua membrana complacente que permite o
movimento da platina do estribo. Quando o estribo se move para dentro a janela
redonda move-se para fora. Esse acoplamento permite a formação de uma onda
hidromecânica no interior da cóclea.
• Existem dois músculos estriados dentro da orelha média, o músculo tensor do tímpano e o
estapédio. O tensor do tímapno está ligado ao martelo, é inervado pelo nervo trigêmeo e o

REFERÊNCIA: TRATADO DA OTORRINOLARINGOLOGIA 3ed.


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estapédio conecta-se com o estribo e é inervado por um ramo do nervo facial, o nervo
espediano.
o A função dos músuclos da orelha média é proteger a cóclea de sons muito intensos.

OTITE MÉDIA AGUDA


A otite média aguda (OMA) é o surgimento rápido de sinais e sintomas de inflamação do
mucoperiósteo da orelha média de etiologia viral ou bacteriana. É uma das patologias infecciosas
mais prevalentes na prática.
• O pico de incidência ocorre entre 6 e 12 meses de idade, diminuindo com o crescimento da
criança, tornando-se pouco frequente por volta dos 7 anos.
Alguns fatores, quando presentes, provavelmente influenciam mecanismos da fisiopatogenia da
OMA, aumentando o risco da doença:
• Inclinação da tuba auditiva de 10º em relação ao eixo horizontal nas crianças enquanto é de
45º nos adultos
• Comprimento da tuba auditiva nas crianças é metade da dos adultos
• Musculo tensor do véu palatino (responsável pela abertura da tuba auditiva) é menos eficiente
nas crianças
• Posicionamento durante o aleitamento materno
• Disfunção tubária
• Obstrução física por hipertrofia de adenóides
• Adenoidite e rinossinusite recorrente
• Imaturidade fisiológica do sistema imunológico até os 3 anos de idade
• Deficiências imunológicas (IgA e IgG)
• Alergia respiratória e/ou alimentar
• Interrupção precoce do aleitamento materno
• Contato com crianças e adultos em creches, berçários e escolas
• Tabagismo
A OMA geralmente é desencadeada por um processo infeccioso, associado a um determinado grau
de disfunção da TA e do sistema imunológico. Frequentemente é precedida em 3-4 dias por IVAS –
os virús agiriam como copatógenos, predispondo à infecção bacteriana.
• Testes microbiológicos sensíveis e completos detectam o agente etiológico em 96% dos
quadros, sendo 66% coinfecção viral e bacteriana, 27% bacteriana e 4% vital.
• Os virus mais encontrados na OMA:
o Vírus sincicial respiratório (15%)
o Influenza A e B (5%)
o Adenovírus (5%)
• As bactérias mais encontradas na OMA:
o Streptococcus pneumoniae (20-40%)
o Haemophilus influenzae (15-30%)
o Moraxella cararrhalis (10-20%)
o Streptococcus pyogenes / Staphylococcus aureus (2-3%) – idade até 6 semanas de
vida ou com imunossupressão (HIV) há aumento da incidência de S. aureus.
A OMA é sempre diagnosticada através da otoscopia. São sinais de alteração da membrana
timpânica (MT) encontrados na OMA as mudanças de translucides, forma, cor, vascularização e
integridade.
• O achado de maior poder prognóstico para OMA é o abaulamento da membrana timpânica
(sensibilidade de 67% e especificidade de 97%)
o Na fase inicial, o abaulamento pode ser provocado pela produção de gases das
bactérias na orelha média – progressão do quadro, ocorre acúmulo de secreção

REFERÊNCIA: TRATADO DA OTORRINOLARINGOLOGIA 3ed.


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purulenta, levando à distensão da MT e mantendo o abaulamento – presença de nível


hidroaéreo sugere reabsorção da secreção e pode representar a resolução do quadro
o A cor vermelha na membrana timpânica (MT) pode indicar fase inicial e viral da OMA
– uma MT com alteração de cor (esbranquiçada ou amarelada) pela presença de
secreção purulenta na orelha média é mais sugestiva de OMA bacteriana.
• A presença de otorreia no condutivo auditivo significa a drenagem espontânea do processo
da orelha média – geralmente é um exsudato pulsátil, associado a uma perfuração
puntiforme da MT raramente visualizada, sendo característica a consistência mucoide da
secreção

A B

C D

FIG. (A): Otite média aguda. Os vasos que irrigam a membrana timpânica (MT) na região do martelo estão
dilatados e a MT torna-se hiperemiada. (B) Otite média aguda com indentificação de nível hidro-aéreo,
característico na fase de resolução. (C) Transudato pós-infecção de vias aéreas superiores na orelha média,
observando-se bolhas na efusão. (D) Transudato pós-infecção de vias aéreas superiores na orelha média,
observando-se nível hidroáereo ou nível líquido.

O conhecimento da microbiologia da OMA é fundamental para um tratamento adequado – ideal seria


a realização de timpanocentese para cultura da efusão no momento do diagnóstico (procedimento
é desconfortável, requer material adequado e prática profissional – limita seu uso para casos de difícil
manejo ou evolução acompanhada de complicações)
• A maioria das crianças apresenta uma evolução favorável durante o episódio de OMA com
resolução espontânea. Esta melhora independe da adesão ao tratamento ou ao tipo de
medicação
O aumento da resistência bacteriana levou à reconsideração do uso de antibióticos para todos os
casos de OMA, frente à possibilidade de observação inicial. A observação inicial é destinada às
crianças que apresentam OMA não complicada nas primeiras 72 horas, iniciando-se tratamento
sintomático com analgésicos (dor nas primeiras 24 horas – uso de ibuprofeno e paracetamol)
• São candidatas à observação inicial: crianças sem sintomas de gravidade (toxemia, otalgia
persistente por mais de 48 horas, ou febre acima de 39ºC) e sem otorreia com OMA unilateral

REFERÊNCIA: TRATADO DA OTORRINOLARINGOLOGIA 3ed.


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a partir dos 6 meses de idade. Caso a OMA seja bilateral, a observação inicial estará indicada
somente a partir dos 2 anos
• Não são candidatos para observação inicial: menores do que 6 meses de vida; presença
de otorreia; OMA com sintomas de gravidade; OMA bilateral em menores de 2 anos; falhas
no tratamento da OMA; recidiva de OMA (menores de 30 dias); imunodeficiências;
anormalidade craniofaciais; outra infecção bacteriana associada (tonsilite ou sinusite)

Recomendação para manejo inicial de OMA não complicada


Idade OMA com otorreia OMA com OMA bilateral sem OMA unilateral
sintomas graves1 otorreia sem otorreia
6 meses – 2 anos Antibiótico Antibiótico Antibiótico Antibiótico ou
observação2
Mais de 2 anos Antibiótico Antibiótico Antibiótico ou Antibiótico ou
observação2 observação2
1Toxemia, otalgia persistente por mais de 48 horas, temparatura de 39ºC
2Seoptar por observação inicial, garantir a possibilidade de aocmpanhamento ou de iniciar antibióticos, se ocorrer piora do
quadro ou persistência após 48-72 horas

O tratamento da OMA geralmente é empírico e devem-se utilizar antibióticos que sejam eficazes e
com cobertura para as bactérias mais comuns.
• Amoxilina é recomendada como tratamento de primeira escolha na OMA – recomenda-se
utilizar na dose elevada de 80-90 mg/kg/dia – em crianças que utilizaram amoxicilina em
menos de 30 dias, com conjuntivite concomitante, ou necessidade de cobertura para vactéria
produtora de betalactamase, recomenda-se a associação de amoxicilinaa com clavulanato
o Alergia a penincilina: primeira opção de tratamento é a cefalosporinas de segunda
geração. Sufametoxanol-Trimetoprin (SMZ-TMP ou Bactrim) (sulfametoxazol
pertence à classe de sulfonamidas; trimetoprima pertence à classe de inibidores do
ácido fólico), Azitromicina (Macrolides) ou Claritromicina (Macrolides) são farmácos
que não possuem boa cobertura para H. influenzae e o SMZ-TMP para S. pneumoniae
resistente
o Resistência a penincilina: Haemophilus influenzae (30-40%), Moraxella catarrhalis
(90%) e Streptococcus pneumoniae (30-60%)
A duração do tratamento é determinada pela idade e gravidade da OM.
• Crianças menores de 2 anos e crianças com sintomas graves recomenda-se 10 dias
• Crianças ente 2 3e 5 anos com OMA leve a moderada sugerem-se 7 dias
• Crianças maiores de 6 anos com OMA leve a moderada pode-se tratar por 5 a 7 dias
Recomenda-se a manutenção do tratamento inicial por 48 a 72 horas: se não houver melhora deve-
se considerar substituir a medicação
• Segunda opção: Amoxicilina-Clavulanato e cefalosporinas de segunda e terceira geração
(cefuroxima e ceftriaxona)
o Na suspeita de S. pneumoniae resistente, sugere-se Amoxicilina-Clavulanato na
dose de 90 mg/kg/dia.
o Ceftriaxona: é uma droga muito potente que deve ser reservada para crianças com
doença grave, na suspeita ou na presença de complicações supurativas, ou na
persistência de sintomas agudos, apesar do uso de outras opções de antibióticos.
Quando não há melhora do quadro após substituição do tratamento, sugere-se realizar
timpanocentese e cultura da edusão, que deve ser considerada nos seguintes casos: criança com
febre alta ou toxêmica; recém-nascido de alto risco com suspeita de OMA; paciente com OMA em
UTI pediátrica; suspeita de OMA na presença de complicações supurativas agudas; OMA refratária
à segunda linha de tratamento com antibióticos.

REFERÊNCIA: TRATADO DA OTORRINOLARINGOLOGIA 3ed.


OTORRINOLARINGOLOGIA – VITÓRIA LIBARDO EINLOFT – TURMA LI

OTITE MÉDIA RECORRENTE


A otite média aguda recorrente (OMAR), por definição, caracteriza-se pela presença de três ou mais
episódios de OMA em um período de 6 meses, ou quatro ou mais episódios de OMA em um período
de 12 meses.
É importante considerar dois fatores no diagnóstico de OMAR: episódios devem ocorrer em
intervalos separados e bem documentados; entre os episódios, deve haver melhora da orelha
média, ficando esta livre de efusão. É essencial a ausência de efusão com retorno da ventilação
da orelha média para não confundir OMAR com quadros persistentes de otite média com efusão
(OME) que frequentemente estão associados a agudicações.
Um tratamento efetivo para prevenir OMAR é a timpanotomia para inserção de tubo de ventilação
(TV) – procedimento visa à entrada de ar na orelha média através de um artefato colocado
cirurgicamente na membrana timpânica, substituindo artificialmente a função da TA
• A adenoidectomia pode ser indicada em crinaças que colocaram TV e após a sua extrusão
voltaram a ter OMA.

OTITE MÉDIA COM EFUSÃO // OTITE MÉDIA SECRETORA


A otite média com efusão (OME) é a presença de fluido na orelha média na ausência de sinais ou
sintomas de infecção otológica aguda. Também é conhecida como
otite média secretora, otite média serosa, otite média mucoide, otite
média catarral, otite média crônica com efusão, otite média não
supurativa.
• Este fluido pode ser mucoide, seroso, sanguinolento, purulento
ou uma combinação dos mesmos.
• A efusão na orelha média reduz a mobilidade da membrana
timpânica (MT), formando uma barreira na condução da onda
sonora
Podem ocorrer pelo mau-funcionamento da trompa de Eustáquio (TE)
e, principalmente, após quadros de otite média aguda (OMA) e infecções de vias aéreas superiores.
• Pode-se classificar a OME com critério temporal em aguda (menos de 3 semanas),
subaguda (3 semanas a 3 meses) ou crônica (mais de 3 meses)
O processo começaria com uma reação inflamatória de qualquer etiologia que inicialmente
produziria líquido. Na sua atividade normal, para drenar esse líquido contido em uma cavidade
fechada, o batimento ciliar criaria uma pressão negativa, que, em determinados casos, não poderia
ser aliviada pela TA. O movimento de bombeamento muscular (pump like action) da TA, na tentativa
de drenar esse líquido, aumentaria ainda mais a pressão negativa.
• Na impossibilidade de a TA aliviar essa situação criada pela própria atividade de clearance,
isso resultaria na permanência do líquido dentro da fenda auditiva
• A efusão produzida na orelha média pode ser mucoide, constituída por um exsudato gerado
por glândulas secretoras, ou serosa, formada por um transudato, devido ao aumento da
permeabilidade capilar – causadas pela reação inflamatória na otite média (OM)
No exame otorrinolaringológico, confirma-se OME por meio da otoscopia – a visualização de bolhas
na secreção ou nível hidroaéreo está associada a uma fase de resolução do processo, indicando que
a TA está pérvia, recuperando sua função de equalização de pressão dos gases entre a OM e o
ambiente externo.
• A membrana timpânica (MT) pode apresentar diminuição da transparência, e a efusão da
OM, uma coloração âmbar, que pode variar de acordo com o tipo e a consistência do líquido,
podendo atingir tonalidades escuras, do marrom até um azulado conhecido como blue ear
drum.

REFERÊNCIA: TRATADO DA OTORRINOLARINGOLOGIA 3ed.


OTORRINOLARINGOLOGIA – VITÓRIA LIBARDO EINLOFT – TURMA LI

• Presença de secreção excessivamente viscosa, conhecida como glue ear – este conteúdo
na OM torna a visualização da MT opaca, contrastando com o cabo do martelo, que parece
ficar mais branco, com um “aspecto gessado”
• Frequentemente ocorre o aumento da vascularização radial na pars tensa da MT, onde os
vasos não são visíveis no tímpano normal – podem ser observadas retrações da MT,
ocorrendo horizontalização do cabo do martelo

A B

FIG: (A) Blue ear drum. Hemotímpano idiopático com sai colaração azul enegrecida. Observa-se o contraste
com o cabo do martelo, que parece ficar mais branco – “aspecto gessado”. (B) Glue ear. Efusão mucoide na
orelha média, com aspecto opacidicado à otoscopia e visualização de vasos radiais na membrana timpânica

A timpanometria pode confirmar casos supeitos de OME, quando há dúvidas na otoscopia,


mostrando uma curva de Jenger tipo B
• Miringotomia – padrão ouro
• Acumetria com diapasão pode confirmar a perda de auditiva condutiva com teste de Rinne
negativo.
• Um teste auditivo é recomendado quando a OME persistir por mais de três meses, ou em
qualquer momento em que se suspeite de atraso de linguagem, problemas de aprendizado
ou deficiência auditiva significativa
As crianças com OME sem fatores de risco para dificuldades de desenvolvimento (deficiência
auditiva permanente, independente da OME; suspeita ou diagnóstico de retardo ou distúrbio de fala
e linguagem; distúrbio de espectro autista ou outro transtorno invasivo do comportamento; síndromes
ou malformações craniofaciais que resultem em atraso de cognição, fala e linguagem; cegueira ou
deficiência visual permanente; fenda palatina, com ou sem síndromes associadas; retardo de
desenvolvimento) devem ser observadas por três meses a partir do início da efusão (se conhecido)
ou da data do diagnóstico
• Antibióticos: essa conduta é pouco efetiva, uma vez que somente um terço dos casos
apresenta bactéria viva na efusão, e a taxa de cura fica entre 15% e 30% a curto prazo, sendo
menor ainda a longo prazo
• Corticosteroides: corticoides, com ou sem associação de antibiótica, levam a uma resolução
mais rápida da OME a curto prazo
• Insuflações: a manobra de valsava ou politerização vem sendo preconizada há mais de um
século, embora não existam evidências que demonstrem um sucesso clínico consistente com
essas técnicas
• Anti-histamínicos e descongestionantes: não encontraram efeito significativo com essa
abordagem

REFERÊNCIA: TRATADO DA OTORRINOLARINGOLOGIA 3ed.


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Na decisão por cirurgia, a timpanotomia para inserção de TV é o procedimento de escolha. O TV


permanece em média 8 a 14 meses.
• Associar a adenoidectomia à miringotomia tem eficácia semelhante à inserção isolada do
TV somente em crianças maiores de 4 anos, apresentando benefício limitado e de curta
duração em crianças menores
• Cerca de 20% a 50% das crianças apresentam recidiva da OME após a extrusão dos TVs

FIG: Miringotomia - os médicos fazem uma pequena abertura no tímpano para permitir que o líquido seja
drenado do ouvido médio. Depois, eles colocam um minúsculo tubo oco de plástico ou de metal (tubo de
timpanotomia ou tubos de ventilação) no tímpano através da abertura. Esses tubos equilibram a pressão do
ouvido médio com a do ambiente.

OTITE MÉDIA CRÔNICA


A otite média crônica (OMC) tem sido definida sob diferentes aspectos: clínico, temporal e
histopatológico.
• Clínico: a otite média crônica é caracterizada como uma condição inflamatória associada a
perfurações amplas e persistentes da membrana timpânica e à otorreia
• Temporal: refere-se a um processo inflamatório da orelha média, cuja duração não seja
inferior a três meses
• Histopatologicamente: a OMC tem sido definida como um processo inflamatório da orelha
média associado a alterações teciduais irreversíveis – este processo inflamatório pode até
prescindir da perfuração timpânica e da otorreia crônica para a sua caracterização, porém
estará sempre associado a algum dano tecidual clinicamente irreversível
Independentemente da sua conceituação, ao contrário da otite média aguda, em que o processo
inflamatório se desenvolve subitamente e a resolução sobrevém de uma forma rápida e completa,
em geral, a OMC está associada a quadros inflamatórios insidiosos, persistentes e, principalmente,
destrutivos, sendo subclassificada em dois grandes grupos: otite média crônica não
colesteatomatosa (OMCC) – otite média crônica simples e otite média crônica supurativa – e otite
média crônica colesteatomatosa (OMCC)
• Otite média crônica simples: é o tipo mais comum de OMC, possui discretas alterações da
orelha média e mastoide – sintomas leves com longo período assintomático, onde haverá
perfuração de MT (central, marginal, atical) associada a otorreia intermitente, de aspecto
fluído ou mucoide, após IVAS e/ou entrada de água no ouvido
o Exames complementares: audiometria tonal – a hipoacusia é de grau variável,
geralmente do tipo condutiva, raro ocorrer lesão neurossensorial – e tomografia
computadorizada de ossos temporais – geralmente normal e com discreto
espessamento/velamento de células da mastoide
o Tratamento na fase aguda:
▪ Controle clínico e recomendações como evitar contato com água, além de
limpeza e aspirações.

REFERÊNCIA: TRATADO DA OTORRINOLARINGOLOGIA 3ed.


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▪ Antibióticos/corticosteroides tópicos: ciprofloxacina, neomicina, gentamicina,


cloranfenicol, polimixina
▪ Antibioticoterapia sistêmica: amoxicilina, amoxicilina/Clavulanato, quinolonas
• Duração de 21 dias
o Tratamento cirúrgico: TIMPANOPLASTIA – com o sem reconstrução da cadeia
ossicular, deve ocorrer após 3 meses sem episódio de agudização – tratar as afecções
nasais, nasossinusais e/ou de rinofaringe

• Otite média crônica supurativa: é a inflamação crônica da orelha média com otorreia
persistente, que pode melhorar com antibioticoterapia, retornando logo após seu término –
otorreia quase constante, em geral, amarelo esverdeada e comumente, com odo fétido,
podendo eventualmente cursar com otalgia – revela normalmente
perfurações grandes, marginais, com retrações.
o A mucosa das células mastoideas estará invariavelmente
envolvida, o que ajuda a manter o processo infeccioso
o Tratamento:
▪ Controle clínico e recomendações como evitar
contato com água, além de limpeza e aspirações.
▪ Antibióticos/corticosteroides tópicos
▪ Antibioticoterapia sistêmica
o Tratamento cirúrgico: TIMPANOMASTOIDECTOMIA – o objetivo é remover o tecido
ósseo doente e fechar a perfuração timpânica
• Otite média crônica colesteatomatosa: é a lesão de tecido epidérmico e conectivo,
usualmente em forma de saco que segue a arquitetura do ouvido médio, ático e mastoide,
constituído de epitélio escamoso estratificado, com produção exacerbada de queratina –
sempre há uma camada de granulação em contato com o osso, a qual produz enzimas, que
levam à erosão óssea
o Fisiopatologia
▪ Primários (A): maioria dos colesteatomas adquiridos – defeitos ou bolsas de
retrações na região atical da MT quase sempre relacionados com disfunção
da tuba auditiva.
▪ Secundários (B): originam-se de uma perfuração marginal ou central,
geralmente por tratamentos inadequados das otites médias crônicas
A B

o Quadro clínico: depende do tipo e localização do colesteatoma


▪ Otorreia purulenta
▪ Zumbidos, plenitude auricular, otorragia podem ocorrer

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▪ Crise de vertigens, dor, surdez súbita e paralisia facial periférica (PFP) podem
indicar complicações sérias

o Exames complementares: audiometria tonal – a hipoacusia é condutiva, podendo


haver componente neurossensorial – e tomografia computadorizada
o Tratamento: TIMPANOMASTOIDECTOMIA FECHADA OU ABERTA – objetivo
principal é a retirada do tumor e restauração de um ouvido sem otorreia e como
objetivo secundário temos a preservação ou recuperação funcional da função auditiva

REFERÊNCIA: TRATADO DA OTORRINOLARINGOLOGIA 3ed.

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