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CASO CLÍNICO DE

OTORRINOLARINGOLOGIA

EMANUEL GUSTAVO SABINO DE FREITAS


GUILHERME
HISTÓRIA CLÍNICA
• Feminina, 40 anos, natural e procedente de Boa vista,
Roraima
• Queixa Principal: Otalgia à direta há 30 dias
HDA:
• Paciente refere inicio de quadro de otalgia D há 30 dias,
acompanhada de febre, fotofobia, cefaleia frontal com
aparecimento de saída de secreção purulenta por orelha D.
• Procurou atendimento médico, sendo prescrito Amoxicilina-
Clavulanato
• Houve melhora da febre após 2 dias de ATB.
• Persistência da secreção purulenta que passou a ser
sanguinolenta.
• Refere sinais flogísticos (retroauricular D)
ANTECEDENTES
• Mãe (36), Pai (40) saudáveis. Irmãos (14 e 17) estrábicos.
• Reside com família em casa, 4 cômodos, com esgoto.
Cachorros, galinhas, pato, coelho, codornas...
EXAME FÍSICO
• Eupneica, acianótica, anictérica, corada hidratada
• FC 80 bpm, FR 20 irpm
• ACV: RCR 2T, BNF sem sopro
• AR: MV+ sem RA
• Abdômen: normotenso, RHA+, sem VCM
• Extremidades bem perfundidas
• Pele corada
• SNC: ativo, reativo

ACV (aparelho cardiovascular)


RCR (Ritmo cardíco regular)
BNF (bulhas normofonéticas)
RHA+ (Ruídos hidroaéreos positivos), sem VCM (vísceras não
palpáveis)
• Otoscopia: presença de hiperemia, abaulamento e
opacidade em membrana timpânica e secreção purulenta
em ouvido D. Dor à palpação em região mastoide e
auricular.
EXAMES
EXAMES
VHS: 14 mm/h (elevado) Hemácias: 4,97 milhões/mm³
(normal)
Leuc: 6.500/mm³ (normal) Hgb: 13,9 g/dL (normal)
•Neu: 60% (normal) Htc: 41,1% (normal)
•Bast: 02%(baixo, mas VCM: 82,7 Fl (normal)
normal em algumas Plaq: 229.000/mm² (normal)
situações)
•Linf: 27% (normal)
•Mon: 10% (normal)
•Eos: 01% (normal)
HIPÓTESE DIAGNÓSTICA

• Otite crônica
• Mastoidite
CONDUTA
• Sintomáticos
• HC
• Ceftazidima: antibiótico betalactâmico do grupo das
Cefalosporinas de 3ª. geração usado exclusivamente por
via parenteral. As cefalosporinas de 3ª. geração têm um
espectro de ação muito mais amplo para gram negativas do
que as cefalosporinas da 1ª e 2ª geração, mas não são
melhores para tratar gram positivas.
EVOLUÇÃO

• Fez uso de Ceftazidima por 2 dias sendo substituído por


Amoxicilina-Clavulanato
• Evoluiu afebril, com persistência de sangramento
vermelho vivo por orelha D.
Otorrinolaringologista
Sem sinais de mastoidite em atividade;
• Nega necessidade de TC;
• Pólipo em canal auditivo à otoscopia
• Orienta uso de otociriax 3 gotas 12/12h por 10 dias
• Recebe alta após 6 DIH, apresentando abaulamento da
membrana e coágulos, em uso de Amoxicilina-
Clavulanato por mais 7 dias, Otociriax e acompanhamento
no ambulatório de otorrinolaringologista.
OTITE MÉDIA
OTITE MÉDIA

• Muito frequente;
• Pico de incidência entre 6-20 meses;
• Importante indicação de procedimentos cirúrgicos realizados em
lactentes e crianças jovens;
• Importante propensão a se tornar crônica ou recorrente.
OTITE MÉDIA

Componentes principais:
• Infecção (supurativa ou OMA)
• Inflamação não-infecciosa acompanhada por efusão (secretória ou
OM com efusão)
OTITE MÉDIA
Fatores de risco: • Situação socioeconômica;
• Idade (<2 anos); • Leite artificial;
Menor defesa imunológica • Fumaça de cigarro;
Tecido linfóide/nasofaringe • Exposição a outras crianças;
mais abundante
• Estação do ano;
Trompa de Eustáquio horizontal
• Anomalias congênitas;
(Posição horizontal)
• Sexo masculino;
• Raça;
• Origem genética;
ETIOLOGIA
Otite Média Aguda:
• Streptococcus pneumoniae (40%)
• Haemophilus influenzae (25-30%) recorrentes
• Moraxella catarrhalis (10-15%)
• Streptococcus do grupo A, Staphylococcus aureus,
organismos gram negativos como Pseudomonas
aeruginosa (5%)
• Rinovírus e vírus sincicial respiratório
ETIOLOGIA

Otite Média com efusão:


• Culturas estéreis
• PCR- DNA bacteriano e/ou RNA viral
• Infecção verdadeira atual ou pregressa?
PATOGÊNESE
• Trompa de Eustáquio: ventilação, proteção e
limpeza
• A interrupção do processo ventilatório, em razão
da obstrução da tuba de Eustáquio, inicia uma
complexa resposta inflamatória que inclui
metaplasia secretória, comprometimento do
sistema de transporte mucociliar e efusão de
líquido na cavidade timpânica
• Obstrução:
– Tecido linfóide hipertrofiado ou tumor
– Edema inflamatório da mucosa
– Dano no mecanismo de abertura da tuba
PATOGÊNESE
PATOGÊNESE
• Geralmente iniciados através de uma infecção viral
ou bacteriana do trato respiratória superior
• Déficit sutis de imunidade têm papel na patogênese
da OMA de repetição
• Deficiência de IgA e seletivas de classe de IgG
podem ser encontradas
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
• Febre
• Irritabilidade
• Otalgia
• Otorréia
• Perda auditiva de condução
EXAME FÍSICO
• Otoscópio com cabeça cirúrgica ou diagnóstica
• Avaliação do grau de mobilidade da membrana timpânica
• Se a membrana estiver obscurecida pelo cerume, este deve
ser retirado
EXAME FÍSICO
Membrana Timpânica: contorno, cor, translucidez,
mudanças estruturais e mobilidade
Contorno levemente côncavo
Cor cinza perolado
– Eritema
– Brancura anormal
Geralmente translúcida
Mudança estruturais
– Cicatrizes, perfurações e bolsas de retrações
Diminuição da mobilidade
DIAGNÓSTICO
OMA X OME
•Ambas apresentam sinais físicos de efusão de orelha média
OMA
Abaulamento ou ingurgitamento da membrana
•Com ou sem eritema associado
•Otalgia clinicamente importante
•Membrana com depressão central
•Martelo obscurecido
•Miringite bolhosa
A OMA é uma infecção súbita que geralmente se apresenta com dor no ouvido.

OME é geralmente assintomática e define-se pela presença de líquido não infecioso no ouvido médio por um período
superior a três meses. A otite média crónica supurativa (OMCS) é a inflamação do ouvido médio por período
superior a duas semanas, que provoca episódios de secreção pelo ouvido. Pode surgir como complicação da OMA
e está raramente associada a dor. Todos os três tipos podem estar associados a perda de audição.
DIAGNÓSTICO
OME
– Abaulamento ausente ou leve
– Membrana pode estar retraída
– Eritema ausente ou leve
– Otalgia inequívoca→ OMA
– Febre, irritabilidade, anorexia, vômitos e diarreia não
justifica OMA
Pelo menos 2 destes achados: ou Bolhas de ar ou nível hidroaéreo
atrás da MT
1- Cor anormal da MT: branca,
amarela, âmbar ou azul
2-Opacidade não devida a cicatriz Otorreia purulenta
aguda não devida a
3- Mobilidade diminuída ou ausente
otite externa

sim sim

Efusão da Orelha Média


Sim
Sem inflamação aguda Inflamação aguda

Pelo menos um destes sinais:


1- Otalgia significativa, incluindo puxadas e
fricções da orelha, fora do habitual
2- Hiperemia acentuada da MT
Congestão marcante ou abaulamento da
MT

sim

Otite Média com Efusão Otite Média Aguda


TRATAMENTO
• Reduzir o uso de ATB na otite média de forma geral
• ATB previne o desenvolvimento de complicações
supurativas.
ATB de 1ª linha:
• Amoxicilina
• Azitromicina ( alérgicos a B-lactâmicos)
TRATAMENTO
Drogas de 2ª linha:
• Amoxicilina-clavulanato
• Axetil cefuroxima
• Ceftriaxona intramuscular
TRATAMENTO
Miringotomia¹
Indicações:
– Dor intensa persistente
– Hiperpirexia
– Complicações da OMA (paralisia facial, mastoidite, labirintite,
infecções do SNC)
– Comprometimento imunológico
– Resposta insatisfatória ao tratamento de 2ª linha
– Identificação de organismo agressor
Timpanocentese²
– Com cultura, indicada em casos de septicemia em crianças
muito jovens
Miringotomia¹ é um procedimento cirúrgico no qual uma pequena incisão é criada no tímpano, para aliviar a pressão causada
pela acumulação excessiva de fluido ou para drenar pus. A miringotomia geralmente é executada como um tratamento para a
otite média aguda supurativa.
• Recorrência da OMA antes de 2 semanas geralmente se deve ao
mesmo organismo, a resposta ao tto anterior orienta o tto.
• Repetição da OMA após 2 semanas de um episódio já tratado é,
em geral de um organismo diferente, podendo ser utilizado um
antimicrobiano de 1ª linha independente da resposta anterior

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