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ARTIGO DE REVISÃO BIBLIOGRÁFICA DE BACTERIOLOGIA

INFECÇÕES OCULARES BACTERIANA

António Manuel Quissole Quimbundo


Ana clara Daniel Paulo
Instituto de Ciências da Saúde / Universidade Agostinho Neto
Janeiro/2024

RESUMO
Entre os órgãos sensoriais, a visão é considerada como o meio mais importante de
interação do ser humano com o ambiente. O sistema visual inicia-se no globo ocular e
estende-se até o córtex occipital, na chamada via óptica. O olho humano
frequentemente é susceptível a infecções em sua superfície, seja por desequilíbrio da
microbiota normal ou pela aquisição de microrganismos exógenos, assim como pela
deficiência do sistema imune ocular. Uma infecção ocular pode ser causada por uma
variedade de factores, que incluem virus, bacterias, fungos. Conhecer os sinais de uma
infecção ocular é importante para nos ajudar a tomar medidas correctas e para nos dar
condições de buscar ajuda medica mais rapidamente, evitando o agravamento do
Quadro. A transmissão pode ocorrer de uma pessoa para outra, no caso da conjutive e
até mesmo após uma opereção cirúgica como no caso da endoftalmite. Essa revisão
blibligráfica teve por objectivo fazer um estudo sobre as infecções oculares bacteriana,
as manifestações clinicas, conhecer os agentes etilogicos, forma de transmissão,
tratamentos e profilaxia.

Palavras chaves: Infecção ocular, bactéria, conjutivite, ceratite e endoftalmite.

1. INTRODUÇÃO
Os olhos são órgãos fotossensoriais, capazes de converter informações luminosas em
impulsos neurais. Eles são compostos por três camadas: Túnica fibrosa externa,
representada pela esclera, a córnea e o limbo; Túnica vascular média, composta pela
coroide, o corpo ciliar e a íris e; Túnica interna (sensorial) e o epitélio pigmentar da
retina.

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Normalmente, a superfície ocular é constituída por uma microbiota balanceada e
específica, sendo isto estabelecido logo após o nascimento, no qual os olhos são
ligeiramente colonizados por micro-organismos, seja advindos da microbiota materna
(no caso de parto natural, via vaginal) seja através da microbiota anemófila (parto
cesariana), que se mantém ao logo da vida (KAUFMAN et al., 2011).

A existência desses na conjuntiva ocular foi comprovada desde o século XIX, diante da
presença de bactérias aeróbias e aeróbias facultativas, assim como a anaeróbias estritas
(CAMPOS et.al, 1989). Com a recorrência de micro-organismos implicados nas
infecções oculares, muitas vezes de origem bacteriana ou fúngica, fez-se necessário
observar as condições nas quais o olho humano pode propiciar a instalação de uma
infecção, resultando em ceratite, conjuntivite, úlceras e endoftalmites (GAYOSO et. al,
2007). Assim, constatou-se que as infecções oculares podem ser desencadeadas pela
presença de espécies virulentas adaptadas ao sistema ocular, assim como por falha do
mecanismo de defesa nessa região (SOLARI et. al, 2004; GALVÃO, H.A.; CASTRO,
M.M.B, 2010)

2. Infecções oculares bacteriana

Infecção ocular é qualquer infecção que afecta os olhos, incluindo a superfície exrerna e
interna do globo ocular. Elas podem ocorrer em qualquer parte do olho, como
conjunctiva, a córnea, a esclera e até mesmo dentro do olho. (SALINAS et al., 2021)

As principais doenças são: Conjutivite, trachoma ,ceratite, endoftalmite e blefarite.

2.1. Conjutivite: A inflamação da conjuntiva (conjuntivite) é a enfermidade


ocular mais comum do mundo. A infecção pelo Staphylococcus aureus é comum
em adultos, e os outros patógenos são mais comuns em crianças. Produzem
irritação e congestão conjuntival bilateral, exsudato purulento que gruda nas
pálpebras ao despertar, podendo ser
confondido com a secrecção e as
crostas normal comumemente
encontrado ao derpertar, e,
ocasionalmente, edema palpebral.
(JACOBS, 2014)

Imagem 1- conjuntivite

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2.2. Ceratite bacteriana (CB): É uma das principais causas da cegueira no
mundo, devido a patogenicidade da bactéria que pode levar a perfuração da
córnea.O aumento da úlcera é característica da infecção, podendo haver
descemetocele, perfuração, diminuição da visão, dor e fotofobia. Dos
organismos bacterianos capazes de
induzir a ceratite, a Pseudomonas
aeruginosa destaca-se como
importante agente patogênico
Gram-negativo, especialmente
relacionada ao uso de lentes de
Imagem 2- ceratite
contato. ( HAZLETT et al, 2014)

2.3. Tracoma: é uma ceratoconjuntivite crônica e recidivante causada por


Chlamydia trachomatis, invade o
epitélio conjuntival em sua forma
de corpúsculo elementar, sofre
metamorphose em corpúsculo
reticulado, multiplica-se e causa
ruptura da célula hospedeira com a
liberação de novos corpúsculos
elementares. Imagem 3- Tracoma

Na primoinfecção ou na conjuntivite de inclusão a reação inflamatória élimitada e pode


curar espontaneamente. (CEARÁ , 2020)

2.4. Endoftalmite: é uma inflamação intraocular que advém devido à entrada


de um agente bacteriano na parte póstuma do olho. É uma doença incomum,
porém é altamente destrutiva para o olho, e tem como consequência uma lesão
inconvertível à retina, e mesmo com a terapêutica e cirurgia a doença evolui
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rapidamente para ausência de uma parte ou completa da visão (BISPO et al., 2008).

Os pacientes podem contrair a endoftalmite através de três maneiras, sendo elas:

 Depois de realizar uma cirurgia intraocular;


 Após sofrer algum trauma no globo ocular
 Através da via hematogênica.
pelaocorrência de folículos
(elevações discretas e pálidas de
tecido linfóide) e papilas
(elevações poligonais, com vaso
central e hipertróficas).
(THORNTON et al.2015).
Fimagem 4- endoftalmite

2.5. A blefarite: é uma inflamação ocular comumente encontrada na prática


oftalmológica que consiste em uma causa frequente de irritação e desconforto da
superfície ocular, afetando os cílios, as pálpebras e os olhos, às vezes com
ressonância na córnea. Quando a causa é uma infecção bacteriana, citamos
principalmente a colonização dos folículos palpebrais e das glândulas de
Meibomius pelo Staphylococcus. (SALINAS et al., 2021)

Imagem 5- blaferite

3. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Os sintomas variam de acordo com a pessoa afectada , a causa e o tempo sem aplicação
de tratamento.
1.visão borrada :é sinal de gravidade. Não ocorre nas conjuntivites, a menos que haja
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envolvimento corneano ou do corpo ciliar.
2 - Dor: é outro sintoma sugestivo de problema sério. Também não ocorre nas
conjuntivites.
3 – Fotofobia: é uma a versão à luz, propria das iridociclitese ceratites. Não ocorre nas
conjuntivites comuns.
4 - Halos coloridos: são arco-íris em torno da luz. A hiperemia conjuntival, secreção e
aumento dos gânglios pré-auriculares, lacrimejamento, prurido. Nenhum deles expressa
gravidade.
E outros sintomas como sensação de areia, coceira e ardência, irritação, hordéolos ( no
caso da bleferite)

4. AGENTE ETIOLÓGICO

As infecções bacterianas são causadas na sua maioria por bactérias Gram positivas (do
gênero Staphylococcus spp. e Corynebacterium spp) oriundas da flora normal da pele
palpebral e da conjuntiva, e em menor grau por bactérias Gram negativas. As
conjuntivites e blefarites constituem-se como as infecções mais frequentes sendo, na sua
maioria, causadas pelo género Staphylococcus, com participação menor de outros cocos
Gram positivos e negativos (nas crianças, Haemophilus influenzae e Streptococcus
pneumoniae são os principais agentes de infecções ocular. Por outro lado, situações
mais graves, como a ceratite/ úlcera da córnea, são acometidos por Pseudomonas,
Serratia. (FIGUEIRA et. al, 2010)

5. TRANSMISSÃO
A transmissão se dá por meio do contato direto com o doente ou, indiretamente ,pelo
agente infeccioso. O caminho é bastente simples. A secreção decorrente do processo
inflamatório nos olhos serve de veículo para transmissãodo
microbio(https://drauziovarella.uol.com.br).

6. EPIDEMIOLOGIA

O padrão epidemiológico das infecções oculares é variável entre os diferentes países e,


apresenta variações significativas, entre as regiões de um mesmo país. Essa diferença
regional decorre principalmente da frequência dos fatores de risco de cada região
(CARDOSO, 2011). Algumas infecções, como a ceratite apresenta maior incidência em
países em desenvolvimento do que em relação a países desenvolvidos, sendo esse
responsável também por 48 a 65% dos casos de úlcera corneana. No caso dos Estados

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Unidos, por exemplo, esta condição patológica tem o uso de lentes de contato como um
dos principais fatores de risco em 52% dos casos (MARUJO et. al, 2013).

Os parâmetros para essas variações podem estar também relacionados a fatores


climáticos, sendo exemplo disso o aumento na prevalência de úlceras causadas por
Staphylococcus spp. em climas frios, e, em contrapartida, em temperaturas quentes, alto
índice por espécies de Pseudomonas spp. (DA SILVA, 2007).

7. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

As análises microbiológicas das amostras advindas da região ocular (raspado de córnea,


secreção conjuntival, humor vítreo, humor aquoso) são baseadas em duas etapas,
microscopia e cultura. Na primeira etapa, a microscopia, ocorre a identificação inicial
dos micro-organismos presentes no material coletado, através do uso de colorações de
Gram, no caso das bactérias, e de KOH (ELEINEN et al. 2012)

Para o diagnóstico de infecções oculares no setor de microbiologia o padrão ouro é o


isolamento do patógeno através da cultura que também permite, após a confirmação do
agente, a realização do teste de sensibilidade a antimicrobianos (TSA). O material é
semeado nos meios de cultura: , ágar Manitol Salgado e ágar McConkey . Os materiais
direcionados ao crescimento de bactérias são incubados em estufas com temperaturas de
35ºC, cujo o ágar sangue permanece submetido a um ambiente de microaerofila, com
análise diariamente por um período de 2 a 7 dias. (ELEINEN et al. 2012).

A identificação do micro-organismo a partir da cultura pode ser realizada através de


esquemas baseados em seu estudo fenotípico, observando as características da
morfologia da colônia, bem como o metabolismo e sensibilidade aos antimicrobianos.
(ELEINEN et al. 2012).

8. TRATAMENTO

O tratamento para lesões oculares é prescrito geralmente de forma profilática,


no qual preconiza a atividade do fármaco frente os prováveis micro-organismos que
podem se desenvolver no local. Logo, a escolha do antimicrobiano está envolvido
com o uso de drogas de amplo espectro e que acaba por vezes selecionando uma
microbiota resistente (SOLARI et al., 2004).

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Quando se trata de infecções oculares por bactérias, a intervenção antimicrobiana
geralmente é feita a partir da classificação dessas em Gram-positivas ou Gram-
negativas. Em relato feito por Duperet (2016) sobre os fármacos antimicrobianos
utilizados para tratar doenças oftálmicas, este cita que a administração é realizada em
uso combinado do grupo dos aminoglicosídeos (amicacina, gentamicina, tobramicina) e
cefalosporinas (cefazolina, ceftazidima), assim como a combinação entre
aminoglicosídeos equinolonas (ciprofloxacina, gatifloxacino, moxifloxacino),

De forma abrangente, a eficácia do antimicrobiano no olho é associada com sua


concentração diante das estruturas oculares, como humor vítreo. Logo, é essencial a
rapidez com que o antibiótico atinja o foco da infecção, de forma que consiga bloquear
a resposta inflamatória, e consequentemente, minimize a atividade dos leucócitos sobre
a retina, preservando-a (VERA et al., 2011).

9. PROFILAXIA
 Evitar colocar as mãos nos olhos;
Trocar frequentemente as fronhas dos
travesseiros;
 Separar alguns objetos pessoais como
toalhas de banho, de rosto e produtos de
maquiagem para os olhos;
 Não compartilhar soluções oftálmicas e
medicamentos com conta-gotas;
 Lavar as mãos com frequência e de forma
correta.
 Evitar ou reduzir o uso de lentes de contacto
CURIOSIDADE

Quando o agente causador é uma bacteria a inflamação ataca


simultaneamente os dois olhos. Quando trata-se de um vírus, a
doença geralmente atinge um olho, para depois passar para o outro.

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10. CONCLUSÃO

Depois muitas resições bibligráficas feitas pelo grupo Podemos peceber que uma
irregularidade pré-existente quando relacionada a mecanismos de defesa do hospedeiro,
ou referente a lesões de natureza local ou sistêmica, pode predispor as infecções
oculares. Isso pode ser observado em doenças como diabetes mellitus, ou
imunodepressoras como a SIDA, assim como abrasões corneanas causadas pelo uso de
lente de contato, condições patológicas como catarata, traumas, cirurgias ou doenças
oculares prévias; condições climáticas favoráveis a mudança da microbiota conjuntival,
entre outras .

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

(https://drauziovarella.uol.com.br

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humano normal. Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, v. 52, n. 6, p. 193-5, 1989.

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Notificação -SINAN NET. Inquérito tracoma, Ceará, 2020.

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GAYOSO, Maria de Fátima Azevedo et al. Suscetibilidade antimicrobiana in vitro dos


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Oftalmologia, 2007

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HAZLETT, L. D.; JIANG, X.; MCCLELLAN, S. A. IL-10 Function, Regulation, and in
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