Você está na página 1de 9

CONJUNTIVITE BACTERIANA

CONJUNTIVITE
BACTERIANA

OFTALMOLOGIA 1
CONJUNTIVITE BACTERIANA

CONJUNTIVITE
BACTERIANA

CONTEÚDO: PEDRO NETTO


CURADORIA: RAFAEL LANI

2
CONJUNTIVITE BACTERIANA

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO À CONJUNTIVITE ................................................................ 4

Sinais e sintomas ........................................................................................................... 4

CONJUNTIVITE BACTERIANA ..................................................................... 4

Conjuntivite bacteriana hiperaguda ......................................................................... 5

Conjuntivite bacteriana crônica ................................................................................. 6

CONJUNTIVITE BACTERIANA NEONATAL ............................................... 8

REFERÊNCIAS ................................................................................................. 9

3
CONJUNTIVITE BACTERIANA

INTRODUÇÃO À CONJUNTIVITE sensação de corpo estranho, arranhadura


ou ardor, sensação de pressão ao redor
A conjuntiva é uma membrana translúcida dos olhos, prurido e fotofobia. Os sinais
fina, ricamente vascularizada, que reveste importantes da conjuntivite são hiperemia,
a superfície interna das pálpebras e a su- lacrimejamento, exsudação, pseudoptose,
perfície do globo ocular até o limbo. A in- hipertrofia papilar, quemose (edema con-
flamação ou infecção da conjuntiva é de- juntival), reação folicular, pseudomembra-
nominada conjuntivite e é caracterizada nas e membranas, granulomas e linfade-
por dilatação dos vasos conjuntivais, resul- nopatia.
tando em hiperemia e edema da conjun-
tiva, tipicamente associado com secreção
ocular.

Perda visual significativa


deve levar a suspeição de
outras patologias que
A conjuntivite aguda pode ser cursam com olho vermelho.
dividida em infecciosa ou não
infecciosa. A não infecciosa
pode ser alérgica ou não
A linfadenopatia é mais associada a infec-
alérgica. Já a infecciosa pode
ção viral. Outras causas incluem a conjun-
ser viral ou bacteriana. A
tivite por clamídia, a bacteriana grave (es-
bacteriana é mais comum em
pecialmente gonocócica) e a síndrome
crianças do que em adultos.
ocular de Parinaud. A cadeia pré-auricular
Entretanto, a maioria das
é, frequentemente, afetada.
conjuntivites infecciosas são
virais. CONJUNTIVITE BACTERIANA

A conjuntivite bacteriana é uma condição,


Sinais e sintomas causada pelo contato direto com indiví-
duos infectados ou por microrganismos
Os sinais clínicos exibidos pela resposta presentes na própria conjuntiva e mucosas
inflamatória conjuntival dependem da na- das vias respiratórias superiores. Rara-
tureza do agente etiológico. Os sintomas mente atinge a córnea. Clinicamente pode
importantes da conjuntivite são a ser classificada em hiperaguda (início dos

4
CONJUNTIVITE BACTERIANA

sintomas < 24h); aguda ou crônica. A con- raspados conjuntivais para exame micros-
juntivite bacteriana aguda é caracterizada cópico e cultura são recomendáveis para
por ter duração de até 3 semanas e, nor- todos os casos, e obrigatórios se a doença
malmente ser autolimitada. É comumente for purulenta, membranosa ou pseudo-
causada por Staphylococcus aureus, membranosa. No entanto, rotineiramente
Streptococcus pneumoniae, Haemophilus não são solicitados exames laboratoriais.
influenzae e Moraxella catarrhalis. Na suspeita de conjuntivite gonocócica ou
resistência ao tratamento os exames de-
vem ser solicitados. O tratamento, na mai-
oria dos casos, pode ser empírico com uti-
lização de antibióticos tópicos de amplo
aspecto, tais como tobramicina, fluoroqui-
nolonas de segunda ou quarta geração e
cloranfenicol. Deve ser realizado com ins-
tilação de 1 gota 6 a 8 vezes/dia durante 7
Conjuntivite bacteriana com secreção purulenta. a 10 dias. O uso sistêmico da ampicilina
está indicado nas conjuntivites por Hae-
Geralmente, o acometimento de um olho mophilus em crianças, devido ao risco de
precede o de outro em um ou dois dias. Pa- infecção sistêmica.
cientes apresentam hiperemia ocular com
secreção mucopurulenta, referindo acor- Conjuntivite bacteriana hiperaguda
dar com as pálpebras grudadas pela ma-
nhã. Além disso, a descarga de pus apa- Causada por Neisseria gonorrhoeae (mais
rece espontaneamente e continuamente frequentemente) e Neisseria meningitidis.
nas margens da pálpebra, o que não é co-
• Início dos sintomas entre 12-24h.
mum nos outros tipos de conjuntivites. Ao
• Produção maciça de secreção puru-
exame, nota-se reação conjuntival papilar,
lenta.
não se encontrando adenopatia pré-auri-
• Quemose intensa e edema palpebral.
cular. Petéquias conjuntivais podem ser
• Pode causar linfadenopatia e mem-
encontradas principalmente nas infecções
brana conjuntival.
por Streptococcus pneumoniae e Hae-
• Sem tratamento, 15-40% dos casos
mophilus sp. Na maioria dos casos, o
podem evoluir para ceratite com ne-
agente causal pode ser identificado pelo
crose corneana e perfuração.
exame microscópico dos raspados conjun-
tivais corados com Gram ou Giemsa. Os

5
CONJUNTIVITE BACTERIANA

realizar a internação do paciente com apli-


cação de ceftriaxona EV (12/12h) durante
3 dias. Deve ser realizada irrigação cons-
tante do fundo-de–saco conjuntival com
solução salina para remoção de células in-
flamatória, enzimas e debris celulares. As-
socia-se também uso de pomadas antibió-
ticas ou colírio de fluoroquinolona. Como é
frequente a infecção concomitante por
Chlamydia, é indicado o tratamento suple-
Conjuntivite gonocócica
mentar desses pacientes.

A conjuntivite gonocócica é considerada Conjuntivite bacteriana crônica

uma DST. Frequentemente há história de A infecção por Chlamydia trachomatis é a

uretrite. Quando o agente envolvido for a segunda causa mais frequente de conjun-

N. meningitidis, a notificação sanitária tivite crônica (duração maior que 3 sema-

deve ser imediata. O tratamento deve ser nas) do adulto sexualmente ativo. A con-

sempre sistêmico e tópico adjuvante. Na juntivite clamidiana sexualmente transmis-

conjuntivite gonocócica sem acometi- sível é comumente chamada de conjunti-

mento corneano é indicado o uso de 1g de vite de inclusão, tanto para o adulto quanto

ceftriaxona IM em dose única. Nos casos para oftalmia neonatal. A conjuntivite é fo-

com acometimento corneano, deve-se licular crônica e a contaminação é inciden

Conjuntivite bacteriana crônica por clamídia no adulto

Tipo Características Tratamento

DST. Folículos conjuntivais bulbares ou tarsais in- Azitromicina 1g dose única; doxiciclina
Conjuntivite
feriores, pannus corneano superior, linfonodo pré 100mg, 2x/dia ou eritromicina 500mg,
de inclusão
auricular palpável. Secreção filamentosa e mucosa 4x/dia por 7 dias (paciente e parceiro).
do adulto
pode estar presente. Histórico de uretrite/vaginite. Pomada de eritromicina ou tetraciclina.

Azitromicina 20mg/kg, DU; doxiciclina


Reinfecção da conjuntiva em regiões endêmicas.
100mg 2x/dia, eritromicina 500mg
Linha de Arlt (cicatriz na conjuntiva tarsal supe-
Tracoma 4x/dia ou tetraciclina 250mg 4x/dia
rior). Classificação OMS (ver texto). Fossetas de
por 2 semanas. Pomada eritromicina
Herbert (folículos límbicos cicatrizados).
ou tetraciclina.

6
CONJUNTIVITE BACTERIANA

tal. Apesar da alta frequência, a Chlamydia Inflamação tracomatosa folicular (TF): pre-
nem sempre é lembrada no diagnóstico di- sença de cinco ou mais folículos na conjun-
ferencial das conjuntivites crônicas. A do- tiva tarsal superior. - Inflamação tracoma-
ença ocular manifesta-se 1 a 2 semanas tosa intensa (TI): inflamação severa que
após o contato com o agente infeccioso. não permite a visualização de mais da me-
Ceratite epitelial, assim como infiltrados tade dos vasos profundos normais da con-
corneanos, pode também ser observada. O juntiva tarsal e presença de folículos. - Ci-
teste diagnóstico indicado é a imunofluo- catrização tracomatosa (TS): presença de
rescência direta do raspado conjuntival, cicatrização da conjuntiva tarsal superior. -
teste de DNA ou cultura para clamídia ou Triquíase tracomatosa: pelo menos um cí-
reação em cadeia de polimerase, se dispo- lio raspando o globo ocular. - Opacidade
nível. Corpos de inclusão citoplasmática corneana (CO): opacidade corneana facil-
são raramente encontrados, exceto nos mente identificada sobre a área pupilar. Os
casos de infecção aguda. O tratamento é métodos diagnósticos utilizados são os
feito com o uso de antibióticos sistêmicos mesmos para a conjuntivite de inclusão. O
(azitromicina, tetraciclina, doxaciclina ou tratamento das fases ativas do tracoma
eritromicina). O uso tópico de antibióticos consiste no uso de antibiótico tópico (te-
(tetraciclina, eritromicina) é indicado nos traciclina, eritromicina) em áreas epidêmi-
casos de intensa secreção. O parceiro se- cas ou sistêmico (tetraciclina, doxaciclina
xual também deve ser tratado. Como in- ou eritromicina) em casos isolados.
fecção de olho a olho, o tracoma continua
A blefaroconjuntivite estafilocócica é uma
merecendo atenção, uma vez que é a ter-
outra causa importante de conjuntivite
ceira causa de cegueira no mundo. O qua-
crônica. Em geral, há colonização da borda
dro inicial é de conjuntivite folicular crônica
palpebral induzindo reações conjuntival e
(mais importante no tarso superior), que
cornenana pelas toxinas liberadas e pela
evolui para cicatrização conjuntival, le-
resposta imunológica do hospedeiro. A
vando a formação de entrópio e triquíase.
Moraxella, bacilo G, pode causar conjunti-
Devido às alterações cicatriciais, conjunti-
vite folicular crônica e blefaroconjuntivite
vais e palpebrais, estes pacientes tendem
angular, que se caracteriza por ulceração
a desenvolver ceratites, úlceras de córnea,
do canto palpebral, mais frequentemente
neovascularização e leucomas. A Organi-
lateral.
zação Mundial de Saúde classifica o tra-
coma baseado na apresentação clínica da
doença como se descreve abaixo: -

7
CONJUNTIVITE BACTERIANA

CONJUNTIVITE BACTERIANA NE- Contudo, ao ser diagnóstica, o tratamento

ONATAL é fundamental para prevenir lesões ocula-


res e sistêmicas (artrite, pneumonia, me-
A conjuntivite por clamídia, devido a con-
ningite e sepse). O tratamento consiste em
taminação das mucosas do recém-nascido
injeção em dose única de ceftriaxona
ao passar pelo canal de parto, manifesta-
125mg IM ou cefotaxima 25mg/kg EV ou
se nos primeiros 10 dias de vida. Em neo-
IM 8/8h durante 7 dias. Outra opção é o
natos, devido à imaturidade linfocitária da
uso de penicilina G, 4,8 milhões de unida-
conjuntiva, a conjuntivite por clamídia se
des IM divididas em 2 doses aplicadas em
caracteriza pela ausência de reação folicu-
áreas diferentes, associada a 1g de probe-
lar. Apresenta-se com secreção mucopu-
necida VO antes da injeção. Associa-se
rulenta, que pode apresentar pseudomem-
tratamento local com limpeza constante
branas. Em 10 a 20% dos casos, pode
com solução salina e aplicação de pomada
ocorrer pneumonite por Chlamydia, sendo
de eritromicina.
indicado associação de tratamento sistê-
mico com eritromicina (12,5 mg/kg VO ou Agentes causadores mais frequentes
EV 4 vezes ao dia durante 14 dias). Topi- de conjuntivite bacteriana neonatal

camente, pode-se prescrever pomada de Chlamydia


Streptococcus viridans
eritromicina ou sulfacetamida. A conjunti- trachomatis

vite neonatal por Neisseria gonorrhoeae é Staphylococcus au- Haemophilus


reus influenzae
cada vez mais rara. Streptococcus do Moraxella
grupo D catarrhalis
Neisseria
Escherichia coli
gonorrhoeae

8
CONJUNTIVITE BACTERIANA

REFERÊNCIAS

Conselho Brasileiro de Oftalmologia. Doenças externas oculares e córnea.


4ª edição. Rio de janeiro: Cultura Médica, 2018.

KANSKI, Jack J. Oftalmologia clínica: uma abordagem sistêmica. 7ª edição.


Rio de Janeiro: Elsevier,2012.

GERSTENBLITH, Adam T; RABINOWITZ Michael P. Manual de doenças


oculares do Wills Eye Hospital. 6ª edição. Porto Alegre: ARTMED, 2015.

VISITE NOSSAS REDES SOCIAIS

@jalekoacademicos Jaleko Acadêmicos @grupoJaleko

Você também pode gostar