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O século XIX foi marcado como uma época em que começou a se trabalhar na noção

de musica como comercio. Isso se aplicava em todas as camadas envolvendo a música como os
fabricantes de instrumentos que quando o músico apresentava suas composições e arranjos,
as mesmas já eram publicadas em editores e nelas divulgavam os instrumentos que os
mesmos utilizaram para poder vender para os músicos; a questão de terem investido mais em
grandes salas de concerto para quem podia pagar, além do investimento da música como algo
essencial para ser consumido e apreciado pela sociedade.

Esse período tem muitas semelhanças com o século XX e o século XXI de forma bem
íntima, tanto que quem estuda em um curso de graduação se dedica a tocar esse tipo de
repertório de música erudida, como também o sistema comercial que a música atualmente é
inserida e tratada, por exemplo. Então essa época foi onde se começou toda uma
democratização da música em vários pontos, como também a divisão da música por estilos,
como foi divido na época em duas partes: a “musica ligeira” e a “música séria e erudita”.

Nessa época os estudos na área da musicologia a nível universitário também se


oficializaram com o Eduardo Hanslick sendo o primeiro musico a ocupar uma cadeira nessa
área na universidade de Viena e com isso o “formalismo” musical começou a ser adotado tanto
pelos músicos como pelos ouvintes. Não concordo com as ideias do Hanslick nesse sentido da
música ser algo que tem que seguir estritamente uma estrutura tão arquitetada e estética,
ignorando os sentimentos, a simplicidade e a arte envolvidas nesse âmbito. Talvez por isso ele
foi visto como um crítico temido, pela razão de ver em algo que tem uma profunda ligação
com a existência, de forma tão crua e mecânica.

Sob a influência do positivismo, a música pré-romanticista pode abandonar a ideia do


século das luzes que dizia que a música antiga era barbara e dando espaço ao pensamento de
música como apreciação e arte, independente da época, fazendo dela um fenômeno cada vez
mais científico e artístico. A função política da música acabou ficando de forma mais simbólica
e na subsistência da época.

Com isso, a música vai cada vez mais ganhando os moldes das músicas
contemporâneas, onde de forma científica foi se tornando cada vez mais padronizando, sendo
possível determinar sua produção. Inúmeros fatores levaram-se a isso, tanto pelo período do
romanticismo, como pelas técnicas de produção no geral que se levaram a uma produção mais
industrial dos instrumentos. Graças a esses avanços os timbres foram ficando cada vez mais
ricos e definidos, fazendo com que a música instrumental ganhasse muito mais ênfase que a
vocal e o virtuosismo tivesse predominância, principalmente com Liszt, bethoveen e Paganini.

O que se definiu então de fato esse período do século XIX foi, além dos compositores
já pertencerem ao novo estilo de composições mais expressivas, românticas, mais
individualistas, mas a possibilidade que os novos instrumentos traziam (em especial o piano)
pela evolução da produção industrial, fazendo com que novas possibilidades de execução e de
produção sonora fossem possíveis. Foi o período onde o músico vivia como compositor, mas
ainda tinha que dividir seu tempo com outros trabalhos não tão interessantes para poder de
sustentar. Algo bastante conflituoso e que perdura até os dias atuais, pois viver só de música,
por ainda não ter a valorização que merece, assim como a arte no geral, no geral é muito
desgastante e frustrante.

Fazer uma música que agrade a todos tem seu preço e muitas vezes bem alto. De um
lado vimos o crescimento de uma crítica especializada, refinada. Mas por outro lado, cresceu o
número de críticos sem maturidade para publicar sobre a qualidade da produção musical,
fazendo, com isso, correlacionarmos com os dias atuais, onde as notícias sem qualidade
perpassam as que realmente tem um cunho mais sério.

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