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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO MARAVILHA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS JURÍDICAS

1.ª FREQUÊNCIA DE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES


POR J. TOBIAS CUNHA

Licenciatura em Direito | 3.º Ano | Manhã | 30 de Abril de 2021 | 120 mts.

Atente à seguinte hipótese prática, tendo em conta que nenhum conteúdo


esteja nela presente por acaso!

MAN BERNA, único proprietário de direito da EVC (Empresa de Venda de Cabritos), celebrou,
a 2 de Novembro, com PÉ-DE-SAPO, seu compadre, um contrato pelo qual aquele se
comprometeu a vender e este, por sua vez, se comprometeu a comprar uma quota-parte da sua
empresa (correspondente a 49%) pelo valor de 30 milhões de kwanzas, fazendo deste último
seu sócio. O contrato foi reduzido a escrito e assinado por ambos, tendo PÉ-DE-SAPO entregue,
naquele mesmo instante, a metade do valor estipulado para a realização de obras no referido
imóvel e, por mútuo acordo, as partes atribuíram ao sinal o carácter de arras confirmatórias,
marcando a realização do contrato para o último dia útil do mês de Junho, momento em que
terminariam as obras de requalificação.

Animado com o negócio, PÉ-DE-SAPO endivida-se “até ao pescoço” e contrai um crédito junto
de uma instituição bancária, no valor de 50 milhões de kwanzas, para catapultar o capital social
da EVC e multiplicar os lucros, cedendo como garantia hipotecária a sua residência luxuosa
avaliada em mais de 100 milhões de kwanzas.

A 24 de Novembro, MAN BERNA é interpelado por MEURY ZUDA, a tal de estraga lares, sua
amiga de infância, por quem ele tem uma grande “queda”, dizendo que estava muito interessada
em adquirir todo imóvel para dar início ao seu empreendimento na área de cosmético. De queixo
caído pelas belas curvas, MAN BERNA não resistiu aos doces encantos de sua velha amiga – sua
deusa, sua musa, sua fonte de inspiração, como o próprio dizia – e assinou a favor dela um
contrato-promessa com eficácia real, cujo contrato prometido era a venda da EVC. Naquele
mesmo dia, o mesmo procedeu com a devida escritura pública e posterior registo, agendando a
celebração do contrato prometido para Segunda-feira desta semana (28 de Maio).

No dia seguinte (25 de Novembro), apercebendo-se da situação e com o intento de acautelar os


seus direitos, PÉ-DE-SAPO, na qualidade de primeiro contraente promissário, procura seu
compadre e, antecipando a celebração do contrato prometido por convenção bilateral, compra
a sua quota-parte da EVC e faz o depósito da quantia em falta, efectuando de imediato o
respectivo registo junto dos serviços notariais. Quid juris? [20 valores].

© J. Tobias Cunha, Mestre em Direito das Empresas, Advogado e Docente Universitário


Benguela (Angola) | Email: jtobiascunha@gmail.com

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