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ORESTE PRETI

ESTUDAR A DISTÂNCIA:

UMA AVENTURA ACADÊMICA

4 - A CONSTRUÇAÕ DA PESQUISA II

LICENCIATURA EM PEDAGOGIA PARA EDUCAÇÃO INFANTIL


MODALIDADE A DISTÂNCIA

2006 Estudar a Distância


Uma Aventura Acadêmica
1
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
CONSÓRCIO PRÓ-FORMAR

Conselho Editorial:
Profa. Sandra Regina Geiss Lorensini - UFMT
Profa. Maria de Lurdes Bandeira Freire - UFMT
Profa. Jociane Rosa de Macedo Costa - UNEMAT
Profa. Regisnei Aparecido de Oliveira Silva - UNEMAT
Profa. Ordália Alves Almeida - UFMS
Prof. Antônio Lino Rodrigues de Sá - UFMS
Prof. Heber Eustáquio de Paula - UFOP
Profa. Elizabeth Antonini - UFOP
Profa. Cláudia Maria Ribeiro - UFLA
Profa. Ila Maria Silva de Souza - UFLA
Profa. Maria Lúcia Monteiro Guimarães - UFSJ
Profa. Marize Maria Santana da Rocha - UFSJ

Coordenação Editorial: EdUFMT


Capa: Sandra Nehme
Ilustração Capa: Cerâmica Antígua Indústria e Comércio Ltda.
Ilustrações Internas: Marcelo Velasco
Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica: Gráfica e Editora Centro América Ltda.
Revisão: Germano Aleixo Filho

Ficha Catalográfica
P942e PRETI, Oreste
Estudar a Distância: uma aventura acadêmica. /Oreste
Preti.
Cuiabá: EdUFMT, 2006.
v. 4. 118 p. il.

Conteúdo: v. 4. A construção da Pesquisa II

Índice para Catálogo Sistemático


1. Pesquisa
2. Memorial
3. Normas ABNT
CDU - 001.81

REPRESENTANTE DO CONSÓRCIO:
UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

Centro de Educação Aberta e a Distância


Morro do Cruzeiro - Campus Universitário
35.400-000 - Ouro Preto - MG
Estudar a Distância www.cead.ufop.br
Uma Aventura Acadêmica tel.: (31) 3559-1448
2 fax: (31) 3559-1454
ORESTE PRETI

ESTUDAR A DISTÂNCIA:

UMA AVENTURA ACADÊMICA

4 - A CONSTRUÇÃO DA PESQUISA - II

EdUFMT Estudar a Distância


Cuiabá, 2006 Uma Aventura Acadêmica
3
Trata-se de versão atualizada de:
PRETI, Oreste. A Aventura de Ser Estudante: 4 - Os Caminhos da Pesquisa.
4 ed. Cuiabá: EdUFMT, 2002.

Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
4
SUMÁRIO

TIPOS DE PESQUISA 7
PROJETOS DE PESQUISA 15
INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS 37
MEMORIAL 59
NORMAS TÉCNIAS PARA APRESENTAÇÃO DE PUBLICAÇÕES E

TRABALHOS CIENTÍFICOS 75
BIBLIOGRAFIA GERAL SOBRE O TRABALHO CIENTÍFICO E A

PESQUISA EM EDUCAÇÃO 109


BIBLIOGRAFIA SOBRE “EDUCAR PELA PESQUISA” 113

Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
5
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
6
Tipos de
Pesquisa

Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
7
Há muitas formas de classificar as pesquisas, dependendo do que está
sendo enfocado:
a) segundo a metodologia:
Pesquisa Histórica, Experimental, Survey, Estudo de Caso, Estudos de
Desenvolvimento (Longitudinal, Transversal, Transcultural e de Tendência),
Correlacional, Ex-post-facto.
b) segundo os resultados:
Pesquisa Teórica (ou Básica) e Pesquisa Prática (ou Aplicada).
c) segundo o local de execução:
Pesquisa de Campo, Pesquisa de Laboratório e Pibliográfica.
d) segundo os objetivos:
Pesquisa Exploratória, Bibliográfica, Histórica, Explicativa, Descritiva, em
Ação e Participante.

Estudar a Distância É importante, no entanto, ter em mente que todos os tipos de pesquisa
Uma Aventura Acadêmica obedecem aos padrões estabelecidos pela Metodologia Científica, nesse
8 aspecto residindo o valor e a cientificidade de uma pesquisa.
Aqui faremos algumas considerações sobre alguns tipos de pesquisa, mais
utilizados nas áreas das Ciências Humanas, classificados segundo os
objetivos.

PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
É um tipo de pesquisa conduzido principalmente através do uso de
material escrito.
Seu objetivo é conhecer e analisar as principais contribuições teóricas
existentes sobre determinado assunto, tema ou problema.
Ela constitui também parte das demais pesquisas, enquanto é feita com o
intuito de recolher informações e conhecimentos prévios acerca de um
problema, para o qual se procura resposta, ou acerca de uma hipótese
que se quer experimentar.

PESQUISA HISTÓRICA
Objetivo: reconstruir o passado e descrever o presente sistemática e
objetivamente, por meio da coleta, avaliação, verificação e síntese de
evidências para estabelecer fatos e atingir conclusões defensáveis, com o
objetivo primordial de compreender melhor o presente.
Para isso, ela depende de duas espécies de dados:

a) fontes primárias (onde o pesquisador é um observador direto do evento


registrado; ele produz e cria os dados);
b) fontes secundárias (em que o pesquisador está relatando as observações
de outros e se acha afastado do evento original. Tomando emprestados
os dados coletados por outros.)Os dados, por sua vez, são avaliados
pela crítica externa (“ o documento é autêntico?”) e pela crítica interna
(“as informações contidas no documento são exatas, fidedignas e
relevantes? Merecem credibilidade?”)
A partir da segunda metade do século passado, começou a adquirir
identidade, ganhando espaço e credibilidade científica, nova forma de
pesquisar os fatos históricos da atualidade, sobretudo os relacionados com
minorias e/ou segmentos das classes exploradas (História Oral ) ou com
Estudar a Distância
sujeitos representativos e significativos de grupos ou classes sociais Uma Aventura Acadêmica
(História de Vida). 9
Exemplos:
A História da Educação em Minas Gerais durante o Estado Novo;
Políticas educacionais nos projetos de colonização em Mato Grosso.

ESTUDOS EXPLORATÓRIOS
Objetivos:
— Formulação de um problema para investigação mais exata ( passo
inicial em um processo contínuo de pesquisa);
— Criação de hipóteses;
— Aumentar o conhecimento sobre o fenômeno;
— Esclarecimento de conceitos;
— Estabelecimento de prioridades para a pesquisa;
— Obtenção de informações sobre possibilidades práticas de realização
da pesquisa.
Os estudos exploratórios conduzem apenas a intuições ou hipóteses; não
verificam nem demonstram.
Passos:
— Exame de literatura;
— Estudo de experiência;
— Análise de exemplos que estimulam a compreensão.

ESTUDOS DESCRITIVOS

Descrevem sistematicamente fatos e características presentes em determinada


população ou área de interesse. Determinam a natureza e o grau de
condições existentes e procuram conseguir informações completas e exatas. É
a observação de fatos tal como ocorrem espontaneamente. É realizada
especificamente nas áreas das Ciências Humanas e Sociais.
Sob esse título, agrupam-se as pesquisas mais variadas, mas que têm
características importantes em comum:
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica Survey : é uma técnica descritiva que envolve grande número de pessoas.
Por isso, é um levantamento de certas características da população
10
realizado por amostragem. Testa hipóteses, faz predições. Procura
examinar pequeno número de variáveis por meio de grande amostra de
unidades.

Exemplo: “Um levantamento de opinião junto aos alunos de uma escola


para verificar seu nível de satisfação em relação a professores e a
administradores da escola”.

Estudo de Caso: Estuda intensivamente o “ background”, a situação atual e


as interações ambientais de uma instituição ou comunidade, de uma
unidade social, de um evento, de um grupo ou até de um só sujeito. Trata-se
de estudo intensivo, em profundidade, de descrição detalhada sobre um
aspecto muito delimitado. Examina, pois, pequeno número de unidades, por
meio de grande número de variáveis e condições.

Exemplo: “ O cotidiano de uma escola pública no município de ...“ Estudos


de Piaget sobre o desenvolvimento cognitivo das crianças”; “ Um estudo de
campo antropológico sobre a vida cultural de uma reserva indígena”, etc.

Estudo de Desenvolvimento: é a investigação que estuda formas, padrões e


seqüências de crescimento e/ou mudanças ocorridas no tempo, sobretudo
nas áreas cognitivas, afetivas e psicomotoras. Classificam-se em:

Longitudinal: propõe-se estudar um problema, seguindo os mesmos


sujeitos durante certo período de tempo.

Exemplo: “ Acompanhar o processo de aprendizagem da leitura e


escrita de um grupo de crianças do pré até a segunda série”.

Transversal: propõe-se estudar um problema, utilizando dados colhidos


em diferentes subgrupos de pessoas diferentes em estádios diferentes
de desenvolvimento.

Exemplo: “ Verificar o processo de aprendizagem da leitura e da


escrita numa turma de crianças de pré-escola, numa turma de
primeira série e numa de segunda série”.

Transcultural: propõe-se estudar fenômenos em diferentes culturas, a


fim de verificar, por meio de comparações, peculiaridades Estudar a Distância
específicas, bem como possibilidades de generalizações. Uma Aventura Acadêmica
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Exemplo: “ Verificar o processo de aprendizagem da leitura e da
escrita numa turma de crianças negras e numa turma de
descendência européia”.
De Tendências: propõe-se predizer futuros padrões ou condições,
observando e estabelecendo padrões de mudanças no passado.
Exemplo: Com base no Estudo das matrículas, evasões, reprovações
e aprovações ocorridas na escola X, durante os últimos dez anos”
pode-se projetar o comportamento daquela escola nos próximos
anos, mantendo-se as condições.

ESTUDOS EXPLICATIVOS
São os estudos planejados para verificação de hipóteses causais.
Precisam fornecer dados com base nos quais se possa inferir,
legitimamente, se X entra ou não na determinação de Y.
Temos três situações:
a) O pesquisador não poderá introduzir ou manipular alguma variável,
pois o fato já aconteceu (Estudos Ex-post-facto ou Estudos Comparativos
Causais). Investiga possíveis relações de causa e efeito pela observação
de alguma conseqüência existente e procura refazer o caminho de volta
por meio de dados, em busca de fatores causais plausíveis.
Exemplo: “Quais as causas da evasão dos alunos?”
O fato da “ evasão” já ocorreu. Portanto, os dados são coletados depois
de ocorrido o fato. O investigador, alicerçado no resultado, busca fatores
que estejam, possivelmente, relacionados com o fenômeno “ evasão” para
dar-lhes um sentido, um significado.
b) O pesquisador manipula e introduz uma ou mais variáveis (Estudos
Experimentais e Quase Experimentais). Investiga possíveis causas e efeitos,
pela exposição de um ou mais grupos experimentais a uma ou mais
condições de tratamento, comparando os resultados a um ou mais grupos
que não recebem o tratamento.
c) O pesquisador investiga a extensão, na qual as variações em um fator
correspondem às variações em um ou mais fatores, baseados em
coeficientes de correlação (Estudos Correlacionais). Investiga correlações
(associações) de um fator em relação a outro ou outros. Não busca a
Estudar a Distância relação causal (causa → efeito).
Uma Aventura Acadêmica
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PESQUISA EM AÇÃO
É um tipo complexo de pesquisa de campo que permite incorporar mais
rapidamente os resultados alcançados à área de sua atuação.
Objetivos: Desenvolver novas habilidades ou novas abordagens;
Resolver problemas com aplicação direta ao
contexto do mundo do trabalho ou à sala de aula.
Características e princípios básicos :

-- a inerência dos problemas à situação estudada


-- a flexibilidade dos procedimentos
-- a aplicabilidade dos resultados
-- a diversidade de métodos e técnicas
-- a atualização
-- os envolvimentos dos elementos ligados ao problema e sua solução, etc.

PESQUISA PARTICIPANTE
Uma pesquisa de ação voltada para as necessidades básicas do
indivíduo, que responde as necessidades de populações que
compreendem operários, camponeses, agricultores e índios (as classes
mais carentes nas estruturas sociais contemporâneas), levando em conta
suas aspirações e potencialidades de conhecer e agir.

É a metodologia que procura incentivar o desenvolvimento autonômo


(autoconfiante) a partir das bases e de uma relativa independência do
exterior.
Objetivos:
-- Motivar e instrumentar grupos populares para que assumam sua
experiência cotidiana de vida e de trabalho, como fonte de
conhecimento e de ação de transformação;
-- Desenvolver um processo educativo que vise à reconstituição articulada,
coerente e rigorosa da realidade.
Possíveis etapas:
-- Informações sobre a existência ou não de estudos já realizados;
Estudar a Distância
— Delimitação da área de estudo; Uma Aventura Acadêmica
13
— Visitas informais à área (contatos com lideranças, falar da pesquisa,
sugerir reuniões mais amplas em que a equipe exporia e discutiria o
trabalho);
— Estudo crítico das propostas (especialistas poderiam atuar com os
grupos);
— Montagem de um anteprojeto, etc.

Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
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Projetos de
Pesquisa

Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
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Vejamos, inicialmente, alguns exemplos de anteprojeto, isto é, uma primeira
idéia, um esboço inicial de um projeto.

1 - ANTEPROJETOS

EXEMPLO 1
Os professores vão à greve
Tema: A Greve dos professores
Delimitação: A greve dos professores da rede estadual no Estado de.......
no período de ....
Contexto:
a situação atual (mudança de governo estatual, professores sem receber
salários há meses, governo não quer negociar, afirmando não ter como
pagar logo os atrasados ...)
Questões:
Por que os professores estaduais optaram pela greve?
Qual o “sentido” que a greve tem para os professores?
Há uma real participação do movimento da categoria?
Por que há professores que não participam?
Quais as forças que conduzem à greve? Os progressistas, os moderados ...?
O professor se julga um trabalhador qualquer?
Hipóteses:
-- A greve dos professores estaduais evidencia o “sentido” econômico-
cooperativo mais que o político-ideológico da categoria;
-- A greve se torna, para a maioria, férias forçadas;
-- Os professores “progressistas” estão à frente do movimento;
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica -- A greve e a organização dos professores é resultado mais das
16 condições de trabalho, postas por um governo autoritário, do que do
nível de “consciência”da categoria;
-- O fato de a maioria dos profissionais do ensino serem mulheres, cuja
renda muitos consideram meramente “complementar”, explica o motivo
de o movimento se sustentar por longo tempo.
Objetivos:
-- Analisar, dentro do movimento de greve dos professores estaduais
de....... , como os profissionais da educação se situam e se percebem no
movimento, e como avaliam a greve;
-- Detectar quais os grupos que na realidade conduzem e definem a
greve.
Quadro de Referência:
O professor, como trabalhador numa sociedade capitalista passa por
um processo de expropriação e exploração;
Relação do professor com o Estado é de um trabalhador com o patrão;
Organização e a conscientização são resultados de condições objetivas
e subjetivas...

EXEMPLO 2
Fracasso escolar e Psicopedagogia
Tema: O psicopedagogo diante do fracasso escolar
Delimitação: O papel do psicopedagogo no lidar com crianças que
“fracassam” no ensino fundamental da escola pública.
Questões:
· Como as Ciências da Educação têm analisado e compreendido o
fenômeno do fracasso escolar?
· Por que a prática foi sempre analisar o fracasso, e não o sucesso
escolar?
· Qual é a atual concepção dos teóricos da Educação sobre este
Estudar a Distância
fenômeno? Uma Aventura Acadêmica
17
· -- Quais são os paradigmas que sustentam a atual concepção?
· -- Qual é a função do psicopedagogo na escola? Há diferentes
concepções teórico-práticas? Quais são? Qual hoje é dominante?
· -- Como o psicopedagogo é percebido em sua função de lidar com o
“fracasso” escolar?
Objetivo Geral:
Fazer um estudo bibliográfico (teórico/ensaio) sobre o papel do
psicopedagogo no lidar com alunos que “fracassam” na escola pública.

Objetivos específicos:
· -- Descrever as diferentes análises que as Ciências da Educação
apresentam sobre o fenômeno do “fracasso” escolar;
· -- Comparar a concepção atual, dominante no Brasil, relativa ao
“fracasso” escolar com as anteriores, tendente a verificar se houve
mudanças de paradigmas nas análises;
· -- Descrever o papel do psicopedagogo no âmbito escolar, ao ter
que lidar com crianças que “fracassam” na escola pública.

Enfoque teórico
O tema abordado será apoiado na Teoria Psicogenética Piagetiana, com
base nos estudos realizados por Christiane Gillieron acerca do
psicopedagogo.

Plano de trabalho
Justificativa (por que este tema? De onde veio o desejo de estudar este
tema?) – importância – problemas a serem aprofundados – objetivo (s)
1. A “produção” do “fracasso” escolar(breve abertura do tópico)
1.1 O que diz a literatura (ou “já vi esse filme antes”)
1.2 Um “olhar” no interior da escola
1.2.1 Caça às bruxas: quem é o culpado
Estudar a Distância 1.2.2 Na contramão: como explicar o “sucesso”
Uma Aventura Acadêmica
1.3 As abordagens
18
2. O psicopedagogo “invade” a escola
2.1 O salvador da pátria? ( Psicopedagogismo: mais um “ismo” ou
“mais um especialista”?)
2.2 Tendências
3. Re-construindo e ressignificando as práticas escolares
3.1 O psicopedagogo: pesquisador e orientador do trabalho coletivo
3.2 Atitudes e práticas novas para problemas antigos

Considerações finais

Bibliografia consultada:
ANDRADE, Antônio dos Santos. O cotidiano de uma escola pública de 1º grau: um
estudo etnográfico. Cadernos de Pesquisa, S. Paulo (73), maio 1990. p.26-37.
DORNELLAS, Beatriz Vargas. Mecanismos seletivos da escola pública: um estudo
etnográfico. In: SCOZ, Beatriz J. L. Psicopedagogia: o caráter interdisciplinar na
formação e atuação do profissional. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.
p.251-274.
FINI, Lucila Diehl Tolaine. Rendimento escolar e Psicopedagogia. In: SISTO, F.F.
Atuação psicopedagógica e aprendizagem escolar. Petrópolis, RJ: Vozes, 1996.
p.64-76
GUILLIERON, Christiane. El psicopedagogo como observador: por qué y como.
Infancia y Aprendizaje. Madrid, 1980, n.9; p.7-21.
KRAMER, Sônia et alii. Um mergulho na alfabetização ou: há muito que revelar
sobre o cotidiano da escola. Rev. Brasileira de Estudos Pedagógicos. 68 (158):
65-97, jan/abr. 1987.
MORAES, Maria Cândida. O paradigma educacional emergente. Campinas, SP:
Papirus, 1997. p. 55-81.
PATTO, Maria Helena. A produção do fracasso escolar: histórias de submissão e
rebeldia. S.Paulo: T.A. Queiroz, 1991.
__________________. O fracasso escolar como objeto de estudo: anotações sobre
as características de um discurso. Cadernos de Pesquisa, S.Paulo (65): 72-77,
maio 1998.

Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
19
Cronograma
Etapas Meses
Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro
Etapas 1
Etapas 2
Etapas 3
Etapas 4
Etapas 5
Etapas 6
Etapas 7
Etapas 8
Etapas 9

Descrição das Etapas


Etapa 1
· Busca de material bibliográfico sobre o tema, em bibliotecas e sites na Internet
· Feitura do fichamento catalográfico
· Leitura exploratória
· Seleção do material coletado
Etapa 2
· Leitura analítica do material bibliográfico
· Fichamento (fichas de conteúdo)
Etapa 3
· Organização das fichas segundo o plano provisório
· Revisão do plano provisório e definição do plano definitivo
Etapa 4
· Início da redação dos capítulos
· Redação da conclusão
· Redação da Introdução
Etapa 5
· Discussão da primeira versão do texto
· Complementação com leituras novas
· Reorganizar capítulos, tópicos e subtópicos
Etapa 6
· Feitura de nova redação do conteúdo
· Revisão gramatical
· Formatação da monografia
Etapa 7
· Nova discussão do texto
Etapa 8
· Formatação da monografia
Etapa 9
Estudar a Distância · Entrega
Uma Aventura Acadêmica
20
PROJETOS METODOLOGIA
INTRODUÇÃO
OBJ ETI V OS
COLETA DE DADOS
APRESENTAÇÃO
DESENVOLVIMENTO
CONCLUSÃO

EXEMPLO 1
O COTIDIANO DA ESCOLA PÚBLICA NO MUNICÍPIO DE........ :
SONHO E REALIDADE 1

1 JUSTIFICATIVA

A escola fundamental, historicamente, muito pouco tem despertado o interesse


dos legisladores e das classes políticas dirigentes do nosso País. À medida
que, pela pressão das classes trabalhadoras, foi obrigada a se abrir para
eles, houve mudança qualitativa e quantitativa. Qualitativa, porque a
qualidade do aluno mudou. Quantitativa, porque a quantidade de alunos
ampliou. Esses alunos, qualitativamente diferentes e quantitativamente mais
numerosos, deixaram a escola perplexa.
Diante dos levantamentos estatísticos e da análise da realidade educacional,
são estabelecidas medidas administrativas e técnicas. Surgem outras normas.
Métodos e técnicas são desengavetados. Discute-se a Educação, como se
ela se limitasse a melhores métodos e técnicas, a uma melhor relação professor-
aluno, ao controle mais eficiente, como se ela pudesse ser entendida fora do
contexto socioeconômico e histórico.
A partir da década de 1960, emerge outra perspectiva de análise. A escola
é vista como reprodutora da sociedade vigente e como inculcadora da
ideologia da classe no poder, só lhe restando aguardar uma mudança
estrutural da sociedade para poder também ser modificada e vir a atender
aos interesses da classe trabalhadora.
A partir dos fins da década de 1970, começa a ganhar forças uma visão
libertadora e emancipatória da escola. Teria ela função de conscientizar, de
produzir uma “contra-ideologia” nos alunos, na perspectiva de virem eles a
transformar a sociedade.
Estudar a Distância
1 Aqui serão transcritas partes do referido projeto que possibilitem oferecer uma idéia da estrutura de um projeto de
Uma Aventura Acadêmica
pesquisa
21
Ignorar a relação educação e sociedade é não querer ver que as condições
da sociedade aparecem também na escola, e que a abordagem não pode
ser simplesmente educacional. Mais ainda: vê-la como aparelho ideológico
do Estado ou tendo função libertadora parecer ser equivocado.
Essas perspectivas pouco têm contribuído para que a escola dê conta de sua
função real e histórica: a escolarização de quem a ela tem acesso, a
socialização do conhecimento científico produzido coletivamente no processo
histórico de construção dessa nossa sociedade.
Numa perspectiva dialética, tem de se captar o movimento que configura a
dinâmica das relações entre os sujeitos, do processo de socialização dos
sujeitos que são, ao mesmo tempo, determinados e determinantes.
Todo este processo se materializa no cotidiano, quando o sujeito se insere
na dinâmica da criação e recriação do mundo. No dia-a-dia da escola, é o
momento da concretização de uma série de pressupostos subjacentes à prática
pedagógica, ao mesmo tempo em que é o momento e o lugar da experiência
de socialização que envolve professores e alunos, diretores e professores,
diretores e alunos, e tudo o mais.
Conhecer a realidade desses encontros desvenda, de alguma forma, a função
não manifesta da escola, ao tempo em que indica as alternativas para que
essa função seja concretizada da maneira mais dialética possível.
O estudo do cotidiano escolar se apresenta, pois, como fundamental para
compreender como a escola desempenha seu papel socializador, seja na
transmissão dos conteúdos acadêmicos e científicos, seja na veiculação das
crenças e valores que aparecem nas ações, interações, nas relações sociais e
nas rotinas que caracterizam o cotidiano da experiência escolar. Conhecer o
processo escolar como se manifesta na cotidianidade é conhecer a realidade
educacional.

2 OBJETIVOS

Durante as discussões realizadas em diferentes disciplinas destes primeiros


dois semestres do curso de Pedagogia no município de ......., ao norte do
Estado de Mato Grosso, foi se delineando com clareza a necessidade de
abandonarmos as perspectivas teóricas extremas que colocavam as
determinações das ações educativas ora na base infra-estrutural da sociedade,
ora na subjetividade do trabalho do educador. Tanto uma como outra
Estudar a Distância desconhecem a realidade educacional, o que realmente se dá no interior da
Uma Aventura Acadêmica instituição escolar, os espaços e as possibilidades que vão se criando e
22 recriando no seu interior.
Por isso, consideramos de suma importância passar a conhecer cientificamente
a escola, seu cotidiano, visando não só captar o movimento real de sua
história como as perspectivas que ela aponta.

Objetivo Geral:

Analisar o cotidiano da prática escolar e docente nas primeiras séries do


Ensino Fundamental da escola “E.E.P.G.” no município de ....., Estado de
Mato Grosso.

Objetivos específicos:

— Descrever a estrutura administrativa dessa escola;


— Analisar sua proposta político-pedagógica;
— Analisar a prática docente.

3 QUESTÕES PARA O ESTUDO

Ao observarmos o cotidiano das escolas públicas onde trabalhamos, diversas


questões foram por nós postas, mas o que aqui propomos são algumas
indagações que acreditamos básicas para compreensão da “ lógica” do
próprio processo e ordenamento da escola:
— Como está estruturada a escola na esfera administrativa e pedagógica?
Há alguma proposta específica de trabalho? Que espaço ocupa o
trabalho realizado pelo professor? Como se dão as relações no interior
da escola?
— Como o professor realiza seu trabalho em sala de aula? Como percebe
seu trabalho? Como exerce sua “ autoridade”? Qual o ritual da sala de
aula?

4 QUADRO DE REFERÊNCIA

O corte do cotidiano tem implicações conceituais. Exige a construção de


novo objeto de estudo. Segundo Ezpeleta e Rockwell (1986),
a relação Estado-classes sociais constitui o pano de fundo da
realidade escolar, mas adquire aí conteúdos variáveis, assume matizes
e infiltra-se através da trama específica de cada escola (p. 57).

Devem-se buscar, pois, categorias adequadas à escola do cotidiano, em que


Estudar a Distância
o sujeito social individual adquire relevância com seus saberes e suas práticas. Uma Aventura Acadêmica
23
As políticas estatais mantêm e delimitam a instituição escolar, buscando unir
e unificar a organização e as atividades da escola. Apesar dessa
intencionalidade estatal, é “impossível encontrar duas escolas iguais” (p. 58).
Pois cada escola é produto de permanente construção social, não é uma
realidade “ natural”, fixa, dada, onde professores e alunos internalizam
valores e práticas que os tornarão bons cidadãos, trabalhadores e submissos.
Trata-se, pelo contrário, de relação em contínua construção e negociação em
função de circunstâncias determinadas. Não se trata, pois, de destacar o
“nível micro” como alternativa do macrossocial, nem de buscar no cotidiano o
mero reflexo das determinações estruturais da sociedade.
Ao se reconstruírem os processos e as relações que se dão no cotidiano, o
problema do seu vínculo com o movimento social aparece constantemente.
No seu cotidiano, o homem faz a síntese de relações sociais construídas no
passado, reproduz a existência da sociedade.
[...]
Um estudo do cotidiano envolverá assim, segundo André (apud FAZENDA,
1989), três dimensões que se inter-relacionam: o clima institucional (que age
como mediação entre a práxis social e o que acontece no interior da escola),
o processo de interação de sala de aula (que envolve mais diretamente
professores e alunos, mas que incorpora a dinâmica escolar em toda sua
totalidade e dimensão social) e a história de cada sujeito (nas suas formas
concretas de representação social, que permite verificar os valores, símbolos
e significados transmitidos pela escola).

5 A ESCOLA EM ESTUDO

O surgimento da cidade de Juara, em 1971, deve ser compreendido dentro


da política de colonização oficial. Tinha como um de seus objetivos a “
ocupação racional” da terra na fronteira Amazônica, para integrá-la na
economia nacional, tentando esvaziar os conflitos no campo e evitar mudanças
na estrutura agrária.
[...]
Objeto de nossa investigação é a Escola Estadual, localizada no centro da
cidade de Juara. Trata-se da escola pioneira da cidade, detentora de certo
prestígio na comunidade, resultado ainda da época em que era dirigida por
religiosas e atendia à elite da sociedade local. Era considerada a melhor
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
24
escola da cidade. Atualmente, já não possui tal credibilidade com a
comunidade.
Hoje, a maioria de seus alunos pertence a famílias de pequenos comerciantes,
contadores, funcionários públicos. Poucos provêm de famílias de baixa renda.

5.1 Estrutura Física

A escola tem uma área construída [...]: 10 salas de aula de tamanho 4m x


4m, uma sala para professores, uma secretaria [...] Dispõe de um parque
para atividades de recreação da pré-escola.
Além disso, dispõe de uma área livre, onde a direção da escola pretende
construir uma sala para horas de atividade.

5.2 Estrutura Político-Administrativa


Construída em 1974, durante o governo de Frederico Campos, tinha o
nome inicial de “E.E.P.G. de .......”.
Hoje, a escola atende a um total de 809 alunos, distribuídos entre o pré-
escolar, I a IV série, V a VIII série e ensino médio (Contabilidade e Magistério),
funcionando em três turnos. A escola já ofereceu cursos de Agropecuária e
Propedêutico.
Seu quadro de pessoal administrativo é composto por quinze funcionários,
enquanto a equipe técnico-pedagógica é formada por diretor, orientador
educacional e dois coordenadores.
Segundo informações obtidas na secretaria, a manutenção da escola é feita
mediante repasses de verba feitos pela Secretaria de Educação, tendo o
último ocorrido em setembro de ........, com o valor de 7 mil reais, divididos
em duas vezes, o que obriga a escola a apelar para outros meios para se
manter, entre eles a cantina, que funciona nos recreios, bem como a
organização de festas, complementadas pelas doações feitas pela
comunidade e comerciantes [...]

5.3 Estrutura Pedagógica

Nas primeiras quatro séries (com aproximadamente 300 alunos, distribuídos


em oito turmas, que funcionam no período matutino e vespertino), atuam 13
professores (oito concursados e cinco contratados, todos com habilitação
para o magistério de I a IV série). Estudar a Distância
Cabe destacar que, na 1ª e 2ª séries, o ensino é por área de estudo, enquanto Uma Aventura Acadêmica
na 3ª e 4ª séries se da por disciplinas. 25
Por meio do livro Ata, existente na secretaria da escola, realizamos um
levantamento da “produtividade” da referida escola, (aprovação, reprovação
e evasão), nos anos de 1990 a 1992. Constatamos que, em 1990, o
rendimento foi de 82,67%, caindo para 76,20% em 1991, e subindo para
83,70% em 1992. O que teria provocado essa queda em 1991? Nesse
ano, o número de aprovados foi menor que nos outros dois anos, daí ter a
reprovação aumentado, assim como o número de evasão.
Segundo esclarecimentos da secretária, no ano de 1991 houve uma
paralisação dos professores (greve) que durou mais ou menos 30 dias.
Será que a paralisação afetou, de algum modo, o rendimento dessa escola?
Cabe aqui questionar que conseqüências uma greve pode acarretar à
“produtividade” [...]

6 ASPECTOS METODOLÓGICOS

6.1 Tipo de Pesquisa

O presente estudo, ao se propor investigar o cotidiano da escola, utilizará o


método etnográfico, por este permitir captar o movimento do dia-a-dia, por
buscar na “subjetividade” dos atores envolvidos (e que são autores) a
compreensão da constituição atual da escola. Tem-se em conta, porém, que
o uso de etnografia na pesquisa educacional é recente. Muitas são as críticas
que sofre, com o objetivo de invalidá-la, por considerá-la “subjetiva” ou
“relativista”. O importante é não aceitá-la “como simples técnica, mas antes
tratá-la como opção metodológica, no sentido de que todo método implica
uma teoria” (ROCKWELL, 1986, p.35).

6.2 População e Amostra

O objeto de nosso estudo é a escola pública, no seu. dia-a-dia, observando


os sujeitos que nela atuam, participando na construção de sua história.
Contudo, nesse estudo preliminar, nessa nossa primeira experiência acadêmica
como investigadores da realidade escolar, nos limitaremos, por questões de
tempo, a observar alguns aspectos da cotidianidade da escola, coletando
dados secundários na secretaria da escola e dados primários . com os
professores das primeiras quatro séries. Serão acompanhadas as atividades
de duas salas de aula da 1ª série e duas da 4ª série, em que os conteúdos
são trabalhados por área de conhecimento.
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
26
6.3 Etapas
Para desenvolvimento desse estudo etnográfico, seguir-se-ão as seguintes
etapas:
— Contatos para que se autorize nossa permanência na escola como
observadores participantes, durante o ano letivo de 1993;
— Revisão bibliográfica e discussões com especialistas, para montagem dos
instrumentos de coleta das informações;
— Discussões com os professores para esclarecer os motivos de nosso
trabalho e nossa função na escola;
— Vivenciar o cotidiano da escola e fazer os registros;
— Mensalmente, organizar os registros feitos e esboçar um plano de
análise desse material;
— Ao fim do ano, elaborar uma “ interpretação” do dia-a-dia da escola e
discuti-la com seus atores/autores.

6.4 Instrumentos para Coleta dos Dados e Análise

Tratando-se de pesquisa fundamentalmente qualitativa, utilizar-se-ão como


instrumentos básicos a observação participante e a entrevista aberta, não
diretiva. Mais que tudo porque essas técnicas melhor permitem fazer o registro
do cotidiano da escola, captando o movimento e a participação dos sujeitos
.
em sua realidade. As observações participantes farão os registros das práticas,
das . ações, dos gestos, das falas desses sujeitos, enquanto as entrevistas
buscarão captar o sentido, a interpretação que os sujeitos dão às suas práticas.
Assim, poder-se-á captar tanto o movimento do pensamento como o movimento
da práxis. Isso permitirá uma análise do cotidiano numa perspectiva dialética.

BIBLIOGRAFIA

ANDRÉ, Marli E. D. A. A pesquisa no cotidiano escolar. In: FAZENDA (Org.)


Metodologia da pesquisa educacional. São Paulo: Cortez, 1989.

EZPELETA, Justa e ROCKWELL, Elsie. Escola e classes dependentes: uma história


do cotidiano. In: EZPELETA, Justa. Pesquisa participante. São Paulo: Cortez: Autores
Associados, 1986.

ROCKWELL, Elsie. Etnografia e teoria na pesquisa educacional. In: EZPELETA, Justa.


Estudar a Distância
Pesquisa participante. São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1986. Uma Aventura Acadêmica
27
OS POSSEIROS NOS PROJETOS DE COLONIZAÇÃO:
seu significado político, social e educativo.
O caso de Guarantã do Norte-MT

Justificativa

No relatório final da pesquisa “Avaliação dos projetos de colonização oficiais


no Estado de Mato Grosso”, financiada pela SUDAM e executada pelo
Núcleo de Estudos Rurais e Urbanos (NERU) da Universidade Federal de
Mato Grosso, apontávamos, no capítulo das Considerações Finais, duas
dimensões muito significativas e que necessitariam de mais investigações
para a real compreensão do processo de colonização do Norte do Estado
de Mato Grosso: a questão do garimpo e a ocupação “espontânea”.
Ao estudar, sobretudo, os Projetos de Assentamento Conjunto (PAC)Terra
Nova e Peixoto de Azevedo em Guarantã, foram encontrados indicativos de
que a população que ocupava “espontaneamente” as áreas de reservas
florestais e as áreas destinadas ao assentamento de colonos era maior do
que a que fora assentada nas áreas planejadas.
Por que esse movimento expressivo de pequenos produtores (posseiros) ao
redor de projetos de colonização? Quem são estes sujeitos? De onde vieram
e por que se dirigem para estas áreas? Qual sua trajetória no espaço social
e geográfico? Como ocuparam os lotes? Que estão produzindo? Quais as
dificuldades encontradas? Como se relacionam entre si, com os colonos,
com o Incra, com a cooperativa e outras agências que atuam na área? Que
estratégias utilizaram e utilizam para se manterem como pequenos produtores?
Vieram organizados ou se organizaram aqui? Que tipo de organização?
Como se deu ou está se dando sua “adaptação” ao novo ambiente, à nova
realidade? Quais as formas de interferências destes sujeitos sobre o meio
ambiente?
São questões que nos inquietam e que merecem nossa análise. Explicações, a
exemplo de “foram expulsos da terra pela modernização da agricultura em
suas regiões de origem, pelo avanço do capitalismo no campo, pelo movimento
de proletarização no campo”, são insuficientes, a nosso ver. A maioria das
análises desenvolvidas nessas últimas décadas, sobre essa temática, têm
conduzido a reducionismos explicativos e a simplificações. Acabam por perder
de vista especificidades fundamentais que o problema impõe e que, por
consequentemente, desconsideram as contradições desse processo.
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica Não se trata de negar as causas estruturais e conjunturais, mas também não
se pode idealizar a onipotência do capital. Os paradigmas teóricos
28
predominantes se mostram insuficientes para dar conta da complexidade do
movimento que ocorre na fronteira agrícola.
Há elementos novos nesses grupos que se movimentam “espontaneamente”
ao redor dos projetos de colonização, cujo estudo e análise contribuirão
para uma compreensão mais unitária e completa da sociedade atual.
O estudo destes grupos “marginais”, produto da própria dinâmica do sistema
capitalista, torna-se então significativo, porque são movimentos sociais que
têm, em seu interior, diversas contradições e passam fundamentalmente a
questionar a ordem estabelecida, o sentido e o uso da propriedade privada.
São, portanto, setor dinâmico da sociedade que expressa as tensões internas
da sociedade civil. Em seu seio, acabam por desenvolver práticas coletivas e
democráticas de organização que apontam para a possibilidade de elaborar
novas formas de pensar a sociedade, a política, a ecologia, o desenvolvimento
e de viabilizar, desta maneira, a reconstrução dos sujeitos históricos.
Pensar e estudar este movimento, assim, produzido por sujeitos constituídos
com base nas suas práticas, na própria dinâmica do conflito social, pode
refletir resultados significativos para compreender de que forma efetiva o
“homem camponês” busca soluções para os problemas com os quais defronta
e como se relaciona com o meio ambiente.
A vida desses posseiros vem se constituindo num desafio cotidiano de
conquista de condições de vida que são permanentemente negadas. Há
uma aprendizagem ou um saber que se conquista nestas lutas. Existem práticas
educativas nesse dia-a-dia que emergem do confronto entre o saber imposto
(o saber que corresponde aos imperativos do meio dominante de uma
sociedade opressora) e o contra-saber, elaborado na resistência à dominação
ou na simples luta no campo.
Fazer uma análise desse processo de ocupação “espontâneo”, buscando
resgatar seu significado social, político e cultural do ponto de vista dos
sujeitos sociais que vivenciam e/ou vivenciaram este processo, mostra-se
extremamente relevante.

Objetivos
Diante do exposto, os objetivos deste nosso estudo são os seguintes:
— Caracterizar os posseiros que vêm ocupando áreas dentro e ao redor
dos projetos de colonização instalados no município de Guarantã do
Norte - MT;
— Tentar compreender esse processo de ocupação “espontânea”; Estudar a Distância
— Resgatar o saber e as práticas educativas produzidas nos movimentos de Uma Aventura Acadêmica
29
organização e de luta dos posseiros nessas áreas, comparando os
conhecimentos adquiridos, em outros contextos, com a realidade atual;
— Estudar a interação desses posseiros com o meio ambiente e apreender
sua compreensão da questão ambiental.

Eixos Teóricos

A compreensão do movimento dinâmico de pequenos produtores “sem terra”,


em direção à fronteira agrícola, em projetos oficiais de colonização, deve
ser posta tendo como pano de fundo a questão da política econômica e, em
particular, da política que o governo vem adotando há décadas, sobretudo
sob o regime militar instalado a partir de 1964.
Numa área em expansão como a Amazônia, onde a empresa capitalista
está entrando, as terras não podem ser livres, para evitar que o assalariado
se transforme em produtor independente. A colonização “organizada” ou
“sistemática” fixa o preço à terra, proibindo o acesso “livre” a ela. Com a
dificuldade do acesso às terras, é criada a força de trabalho para o capital:
“com terras livres, os homens têm que ser cativos; com homens livres, a terra
tem que ser cativa”(MARTINS, 1981).
A ocupação “espontânea” nas áreas de colonização, próximas a projetos
de colonização ou dentro deles, contesta a política oficial de terras e os
proprietários. Para darmos conta da complexidade da questão que
pretendemos estudar e para buscar a inteligibilidade da construção de um
modo de vida que não se explica imediatamente por determinações estruturais,
há necessidade de descobrimos outros eixos teóricos. Tentaremos entender
esquemas conceituais que mais se aproximem de fenômenos, de sua
subjetivação, contribuindo, assim, na explicitação desse movimento dinâmico.
Inicialmente, propomo-nos definir, de forma esquemática ainda, os eixos
que serão o suporte na relação do empírico com o explicativo.
Os “novos” movimentos sociais: nova classe revolucionária? novo “sujeito
político”?
Diversos autores latino-americanos, ao estudarem diferentes movimentos sociais,
tanto nos países industrializados como nos países em desenvolvimento,
apontam esses movimentos como um direcionamento alternativo às mudanças
Estudar a Distância
no campo político, social e cultural. Tratar-se-ia de nova “classe” atuante
Uma Aventura Acadêmica fora do Estado e contra o Estado, de novo “sujeito político revolucionário”
30
que ganha significativa autonomia e independência em relação a partidos
políticos e sindicatos.
Outros autores apontam estes movimentos como portadores de nova ordem
social, em cujos pequenos espaços culturais e cotidianos de resistência
aflorariam valores e formas sociais.
Outros, porém, afirmam que, além de sua heterogeneidade e “despolitização”,
estes movimentos “marginais” são permitidos, mas logo incorporados ou
cooptados pelo sistema, assim que ganham força política e significância
social. Não teriam um projeto político mais global, o que interferiria no
processo de construção de sua identidade como uma categoria de
trabalhadores.
As práticas educativas no processo de construção da identidade
A vida no campo representa desafio cotidiano de conquista de condições de
vida que são permanentemente negadas; há uma aprendizagem ou um saber
que se conquista nessas lutas, nesse movimento. Há práticas educativas nesse
dia-a-dia, as quais emergem do confronto entre o saber imposto, o saber
que corresponde aos imperativos do meio dominante e de uma sociedade
opressora, e o contra-saber, elaborado na resistência à dominação ou na
simples luta do posseiro pelas condições de produção e reprodução de sua
existência.
A multiplicidade de movimentos sociais que “não trilham caminhos previamente
definidos, mas os constrõem ao se mover” (GRZYBOWSKI, 1981), revela o
desenvolvimento de um saber baseado na experiência/aprendizagem
cotidiana de luta e conquista. Isso aponta para o repensar da sociedade, da
política, da ecologia, da escola e dos direitos à educação, não com base
nos modelos preestabelecidos pelo Estado, mas nas reais condições de
demanda social.
A pequena produção familiar
Como o posseiro depende, para produzir, da força de trabalho familiar, é
muito importante para ele o número de pessoas em idade produtiva. Usando
o referencial teórico de Chayanov (1974), buscaremos entender como os
pequenos produtores rurais estabelecem sua reprodução, resistindo ao processo
de proletarização capitalista das unidades camponesas, e como se organizam
para fazer frente a esse processo.
Sua permanência na terra está vinculada à forma como a família estrutura a Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
organização do trabalho e ao grau de auto-exploração por meio dos
31
membros trabalhadores na unidade produtiva. Os meios de produção desses
pequenos produtores são os mais simples instrumentos, não passando da
mera extensão do braço humano.
É claro que a função dos eixos teóricos é a de orientar a pesquisa da
realidade. Não devem, contudo, impedir pensemos em outras formas e
caminhos explicativos do fenômeno.

Caracterização da área em estudo

O município de Guarantã do Norte se situa no Norte do Estado de Mato


2
Grosso, ocupando uma área de aproximadamente 8.700 km . Ao sul, faz
divisa com os municípios de Matupá, Peixoto de Azevedo, Terra Nova e
Colíder; a leste com Alta Floresta e Paranaíta e a oeste com o rio Iriri,
distando sua sede 725 km de Cuiabá.
A área era ocupada até 1973 pela tribo dos índios crenacores, transferidos
para o vizinho Parque Xingu em 1974, para dar passagem à Rodovia BR-
163 que liga Cuiabá a Santarém. Exterminados e quase destribalizados
pelo contato com o branco, esses índios estavam reduzidos a uns 80, dos
700 inicialmente contados pelos irmãos Villas Boas em 1968. Segundo
depoimento de alguns garimpeiros e posseiros, ainda se encontram alguns
índios dessa tribo que, provavelmente, não quiseram se sujeitar ao branco,
vagando pela mata e buscando nos acampamentos bebida e comida.
Enquanto a rodovia estava sendo construída pelo 9º Batalhão de Engenharia
e Construção (BEC) de Cuiabá, antes da própria abertura e inaguração (que
se deu em 12.10.76), dezenas de famílias vieram desmatando e ocupando
de forma espontânea pequenas áreas de 50 a 100 ha ao longo da rodovia,
na altura dos km 713 ao 754, desafiando as proibições e as ameaças de
destacamentos militares do 9º BEC, acampados à beira do rio Peixoto de
Azevedo.
Centenas de garimpeiros também se infiltraram nas matas em busca de
ouro, às margens dos rios Peixoto, Peixotinho, Braço Sul e Braço Norte.
Ao lado desse movimento, foram se apoderando de imensas áreas de terra
grandes projetos agropecuários, beneficiados pelos incentivos fiscais da
SUDAM, que iniciou a operar nessa região a partir de 1966.
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
32
Somente em 1980 é que o Incra iniciou o desenvolvimento de dois projetos
de colonização: o PAC/Peixoto de Azevedo (em parceria com a cooperativa
Tritícola de Erechim/Cotrel) e o PAC/Braço Sul. O primeiro propunha
inicialmente trazer umas 1.600 famílias de associados e ocupar uma área
de, aproximadamente, 100.000 ha, enquanto o segundo traria pelo menos
1.130 famílias de “brasiguaios”, ocupando uma área de 115.000 ha.
Estava assim aberto o caminho para os projetos de colonização nessa área
e, por meio deles e com eles tomaria vulto e significação o movimento de
ocupação da terra por milhares de famílias sem terra: os posseiros.
Essa área apresenta um relevo suavemente ondulado, tornando-se movimentado
à medida que se caminha para o norte em direção à divisa com o Pará. A
área é bem drenada pelos rios Braço Norte e Braço Sul, que fazem parte da
bacia do rio Peixoto de Azevedo. O clima é quente e úmido, com temperatura
anual variando entre os 250C e 300C. A precipitação anual média está em
torno de 2.000mm. Os solos da área não diferem muito dos demais solos
tropicais, caracterizando-se por grande heterogeneidade. A deteriorização
quanto à fertilidade e à vida da própria terra depende fundamentalmente
do manejo. A área apresenta “uma aptidão agrícola considerada de regular
a boa, com perspectivas agronômicas no que diz respeito a seu aproveitamento
para lavouras anuais e perenes; regular para pastagem, boa para silvicultura”.
Estudar a Distância
Essa avaliação quanto à “aptidão agrícola” é contestada pelo projeto Uma Aventura Acadêmica
RADAMBRASIL: 33
Apesar de cortada longitudinalmente pela Rodovia Cuiabá-
Santarém, o eixo da estrada não apresenta atrativos para a
fixação de contingentes humanos, pois atravessa área cujos
solos são inaptos para atividades agrícolas [...] As áreas
ocupadas pela savana e as áreas de tensão ecológica
evidenciaram um baixo potencial de madeira e substratos
inadequados para atividades agrícolas, devendo ser
preservadas.
É precisamente nessas áreas, em sua maioria destinadas a reservas florestais,
que foram se assentando os posseiros.

Procedimentos Metodológicos

O estudo do processo de ocupação “espontâneo”, que ocorre na área de


colonização no município de Guarantã do Norte, será apoiado numa
metodologia que buscará não a simples coleta e organização estatístico-
quantitativa dos dados, mas uma interação entre os dados empíricos e os
marcos teórico-explicativos. Assim, a reflexão teórica e a observação empírica
serão conjugados de maneira dialética, para compreensão da realidade do
fenômeno a ser estudado.
Como pretendemos privilegiar a fala e o ponto de vista dos sujeitos do
objeto de nosso estudo, utilizaremos mais freqüentemente técnicas qualitativas,
recorrendo às quantitativas quando necessário.
Para o desenvolvimento do trabalho, seguiremos as seguintes etapas:
— Levantamento bibliográfico e aprofundamento teórico-metodológico.
Contaremos com o assessoramento de professores pesquisadores de
nossa e de outras instituições, que vêm trabalhando esta temática;
— Caracterização preliminar dos “posseiros” que se encontram na área de
Guarantã, por meio do levantamento documental existente no Incra,
Sindicato dos Trabalhadores Rurais, EMATER, CPT e outras agências que
atuam na área;
— Aplicação de questionário a uma amostra representativa;
— Compreensão e análise do objeto em estudo, mediante técnicas de
observação participante, entrevista e história oral.

Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
34
Cronograma de execução
Atividades / Ano e mês 1989 1990 1991

Out Nov Fev Mar Abr Maio Junho Julho Ago Set Fev Mar
Pesquisa bibliográfica

Levantamento documental

Contato com a área

Pré-teste dos instrumentos

Aprofundamento teórico-metod.

Assessoria

Elaboração final dos instrumentos

Treinamento de estagiários

Coleta de dados

Organização dos dados

Análise dos dados

Primeira versão do relatório

Discussão e revisão

Relatório final

Divulgação

Bibliografia
BECKER, Bertha. Estratégia do Estado e povoamento espontâneo na expansão da fronteira
agrícola em Rondônia: interação e conflito. Tübingen, 1987. Anais Congresso.
CAMERMAN, Cristiano. Pastoral da Terra: posse e conflito. S. Paulo: Paulinas, 1977. (Estudos
CNBB)
CHAYANOV, Alexander. La organización de la unidad económica campesina. Buenos Aires:
Nueva Visión, 1974.
CORREA, A. C. História oral : teoria e técnica. Florianópolis: UFSC, 1978.
FERREIRA, Eudson Castro. Posse e propriedade: a luta pela terra em Mato Grosso. Campinas:
Unicamp, 1984.
GRZYBOWSKI, Cândido. Caminhos e descaminhos dos movimentos sociais no campo. Petrópolis:
Vozes, 1985.
KOTSCHO, Ricardo. O massacre dos posseiros: conflitos de terra no Araguaia-Tocantins. Brasília:
UnB, 1982. (Tese de doutorado)
OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de. Amazônia: monopólio, expropriação e conflitos. Campinas:
Papirus, 1987.
SALATI, Eneas e outros. Amazônia: desenvolvimento, integração, ecologia. S. Paulo: Brasiliense/
Estudar a Distância
CNPq, 1983.
Uma Aventura Acadêmica
SANTOS, José Vicente Tavares de. Matuchos, le rêve de la terre. Paris, 1987. (Tese de doutorado)
35
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
36
Instrumentos de
coleta de dados

Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
37
No contexto das Ciências Sociais, certas críticas feitas ao “empiricismo”,
sobretudo na década de setenta, chegaram ao ponto de negar a validade
do uso das técnicas de entrevista e questionário, pois estariam
simplesmente “quantificando” os fenômenos sociais. Não há dúvida de
que a pesquisa empiricista (não empírica!) consiste apenas na aplicação
de regras de contagem de opiniões ou sentimentos cuja “fetichização” do
aspecto técnico tenta dissimular os pressupostos ideológicos que, muitas
vezes, revelam alguma afinidade com o tecnocratismo.
Não se trata de negar a necessidade das técnicas, dos instrumentos, mas
sim de pôr em questão a concepção da técnica, sua estrutura interna e as
condições de aplicação, variáveis segundo o tipo de população e de
assunto que está sendo pesquisado.
O uso de questionários e entrevistas não é sinônimo de “empiricismo”,
quando estas técnicas, consideradas meios de captação de informação, e
não fim em si, são submetidas ao controle metodológico e subordinadas
a uma teoria.
Uma das fases importantes da pesquisa é a determinação de como serão
coletados os dados. Os principais instrumentos de pesquisa, que deverão
estar diretamente relacionados com o tipo de pesquisa a ser utilizado bem
como com as hipóteses estabelecidas, são: questionário, entrevista,
observação, pesquisa documental, teste.7 Aqui trataremos, brevemente,
desses instrumentos, à exceção do teste.
Quando você for elaborar seu instrumento de coleta de dados, retome o
projeto e veja com clareza quais os objetivos propostos, quais os problemas
a serem soluciondos ou as questões a serem postas, para dar direção clara
e objetiva às questões que irá formular no questionário, ou na entrevista, ou
aos aspectos que irá registrar nas observações, evitando que se tornem um
amontoado de perguntas sem sentido e, no momento da análise, sem
utilidade prática e teórica.

Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
38 7
Há uma literatura sobre a aplicação destes instrumentos e que foi listada no final desta obra.
8
1. QUESTIONÁRIO/FORMULÁRIO
Trata-se de técnica de investigação composta por um número mais ou
menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo
por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses,
expectativas, situações vivenciadas, avaliações, projetos de vida, valores.
É constituído por uma série de perguntas organizadas com o objetivo de
levantar dados para uma pesquisa, cujas respostas são formuladas pelo
informante, quando não pesquisadas sem a assistência direta ou
orientação do investigador.

1.1 Processo de construção do questionário


a) Escolha da informação a ser procurada: é a formulação do problema.
O pesquisador deve decidir qual o material específico que seu
questionário deve buscar.
b) Decisão quanto ao tipo de questionário
— quanto ao conteúdo: há itens de informação explícito e itens de
informação inferida (perguntas diretas-indiretas);
— quanto à forma:
Questionário ABERTO (ou não Estruturado): destinado a permitir
uma resposta pessoal, espontânea, com todos os pormenores e restrições
que o próprio informante considere necessários.
Ex: Que você acha do seu curso?

Questionário FECHADO (ou Estruturado) : as respostas do indivíduo


são breves, limitadas a algumas alternativas.
Ex: Você freqüentou cursinhos? ( ) Sim ( ) Não

Você poderá, porém, construir um questionário usando as duas formas,


com algumas perguntas abertas e outras fechadas, conforme entender que a
resposta seja mais enriquecedora e esclarecedora, ou pedir, nas respostas
fechadas e breves, que justifique o porquê da escolha feita.

8
Formulário é geralmente usado para designar uma següência de questões que são perguntadas e anotadas por um Estudar a Distância
entrevistador, numa situação face a face com outra pessoa, diferenciando-se do Questionário que é preenchido pelo Uma Aventura Acadêmica
próprio entrevistado. As orientações técnicas quanto à sua estruturação são as mesmas, por isso, ao falarmos de
questionário, estaremos também fazendo referência ao formulário. 39
Ex. Você gosta do seu trabalho?
( ) Sim ( ) Não ( ) Mais ou menos

Por quê?
___________________________________________________________________________________
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
c) Primeiro rascunho do questionário: cuidar da melhor seqüência
psicológica dos tópicos e incluir algumas perguntas destinadas à
verificação da precisão das respostas ou à medição da influência de
mudança na frase.
d) Reexame e revisão das perguntas: apresentar o questionário a
especialistas que conheçam os métodos do questionário e o tipo de
problema a ser pesquisado.
e) Pré-teste do questionário: é uma experiência que apresenta um recurso
para identificação e solução de problemas não previstos na aplicação do
questionário. Os que fazem o pré-teste devem compreender claramente os
objetivos do estudo.
f) Revisão do questionário e especificação dos processos para seu uso:
será importante rever o conteúdo, a forma, a seqüência das perguntas, o
espaçamento, a disposição, a aparência do material e a explicitação
minuciosa de processos para o emprego do questionário.

1.2 Guia para a construção do questionário


a) Decisão quanto ao conteúdo
Você deve se perguntar: É necessária essa pergunta? Qual sua
utilidade? Há necessidade de várias perguntas sobre esse assunto
específico? Deve ser a pergunta mais concreta e mais diretamente ligada à
experiência pessoal de quem responde? O conteúdo da pergunta é
suficientemente geral? As pessoas darão a resposta solicitada?
b) Decisão quanto à redação da pergunta
Deve se perguntar: A pergunta pode ser mal compreendida?
Estudar a Distância É difícil ou obscura? É equívoca, provocando indecisão ou confusão no
Uma Aventura Acadêmica informante? Exprime adequadamente as alternativas possíveis?
40
c) Decisão quanto à forma da resposta à pergunta
Deve se perguntar: Qual a melhor forma de resposta? (múltipla
escolha, por escala, dicotômica, em aberto, etc.). Está clara?
d) Decisão quanto ao lugar da pergunta na seqüência
Deve se perguntar: Esta pergunta está psicologicamente na ordem
correta? Pode influenciar ou ser influenciada pelas anteriores?

1.3 — Quanto à apresentação do questionário


Ofereça uma apresentação gráfica que facilite o preenchimento e as
operações posteriores, de codificação e de tabulação das respostas.
Coloque, no início, as instruções sobre o preenchimento do questionário e,
sobretudo, uma introdução que justifique ao informante o porquê daquela
pesquisa, a importância das informações que dará, a garantia do
anonimato, para que seja motivado a dar as respostas que julgar
coerentes com sua maneira de pensar e de agir.

1.4 — Erros a serem evitados na formulação das perguntas


— Perguntas que expõem o informante como se viesse a ser julgado
naquele instante:
Ex. “O que você acha dos que não participaram da greve dos professores?” ou
“Você acha que os diretores fizeram bem em acatar a decisão do governador?”

— Perguntas muito personalizadas:


Ex. “Você, como professor, aprova a atitude de colegas contra a greve?”

— Perguntas que “cobram” uma atitude progressista:


Ex. “Você é a favor da eleição de diretores?” ou “O que você pensa da
liberdade sexual?”

— Perguntas feitas utilizando palavras ou frases estereotipadas ou chavões:


Ex.: “Você é a favor de uma escola Libertadora ou Tradicional?”
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
41
— Perguntas que fazem referência a personalidades:
Ex.: “Recentemente, o Sindicato dos Trabalhadores na Educação tem afirmado....” ou
“Paulo Freire defende a posição........ O que você acha?”

— Perguntas que influenciem a resposta:


Ex.: “Você não acha que....”

Exemplo de Questionário

Exemplo 1
CURRÍCULO, MÉTODOS E TÉCNICAS PEDAGÓGICAS
Colega professor(a),
Este questionário é parte fundamental do Diagnóstico Educacional da
nossa escola. É importante que você responda e dê suas opiniões e
informações da maneira mais objetiva e profissional. Vamos mostrar a
cara da nossa escola!
(Na maioria das vezes, é só colocar um (x) nas respostas com as quais você concorda
e que nem sempre são excludentes, isto é, você pode escolher mais de uma resposta.
Outras vezes, você deverá quantificar, listar ou enumerar as alternativas propostas ou
exprimir sua opinião).
1 — Quem foi o responsável pela elaboração do atual currículo da escola?
_________________________________________________________________________

2 — Você conhece a proposta curricular da escola?


( ) Sim ( ) Não

3 — Na sua opinião, o currículo de sua escola é:


rígido ( )
flexível ( )
conservador ( )
progressista ( )
Por quê? ___________________________________________________________

4 — Os objetivos estão formulados segundo:


Estudar a Distância os fins da Educação ( )
Uma Aventura Acadêmica os objetivos gerais ( )
objetivos do Ensino Fundamental ( )
42
objetivos da série ( )
objetivos de disciplinas/atividades ( )
considerando condutas desejáveis ( )
grau de desenvolvimento dos alunos ( )
as necessidades da sociedade ( )

[...]

33 — Em seu entender, quem é o responsável pela “produtividade” da escola:


equipe técnica ( )
o professor ( )
o aluno ( )
os pais ( )
todos juntos ( )
a Secretaria Municipal de Educação ( )

34 — Em seu entender, quais os motivos que levam o aluno a ser reprovado por você,
em sua disciplina ou área?
_____________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

35 — Quais os critérios que você estabelece para aprovar um aluno?


_______________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

36 — As ordens e comunicações são normalmente transmitidas:


por escrito no mural ( )
verbalmente ( )
em reuniões para esse fim ( )
com bilhetes ( )

37 — As decisões na área pedagógica são tomadas:

pelo diretor ( )
pelo supervisor ( )
pela equipe técnica ( )
pela equipe técnica e professoras da série ( )
pelas professoras da série ( )
pela professora ( )
cada um por si ( )
conselho de classe ( )
outro:_______________________________ ( )
[...]

40 — Há um clima favorável à participação das pessoas nas tomadas de decisão:


( ) sim ( ) não
Justifique:_________________________________________________________________ Estudar a Distância
_____________________________________________________________________________ Uma Aventura Acadêmica
___________________________________________________________________________ 43
Exemplo 2
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO ABERTA E A DISTÂNCIA

ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO E DA FORMAÇÃO DO


PROFESSOR QUE ATUA NOS PRIMEIROS ANOS DO ENSINO
FUNDAMENTAL NO ESTADO DE MATO GROSSO

Prezado(a) Professor(a):
Este questionário tem como finalidade levantar dados que nos permitam
realizar um diagnóstico das condições de trabalho e da formação do
professor que atua nas séries iniciais, para que possamos melhor adequar
o conteúdo e a metodologia do curso em que você acaba de se
matricular.
Pedimos que leia as questões com atenção e faça um X nas questões
com alternativas, preenchendo os espaços nas questões em aberto. Sua
colaboração é muito valiosa.
Muito obrigado!

Número do questionário
Local onde foi aplicado:
Município de origem do informante:
Data: ___/___/___

IDENTIFICAÇÃO DO ENTREVISTADO
1 — Sexo: ( ) masculino ( ) feminino
2 — Faixa etária: ( ) até 20 anos ( ) 40 a 49 anos
( ) 20 a 29 anos ( ) 50 a 59 anos
( ) 30 a 39 anos ( ) + de 60 anos
3 — Estado civil: ( ) solteiro ( ) separado
Estudar a Distância ( ) casado ( ) viúvo
Uma Aventura Acadêmica ( ) divorciado ( ) outros:
44
4 — Número de filhos: _____(masc.) _____(fem.)
5 — Número de dependentes: ____(masc.) ____(fem.)
6 — Se há outros dependentes, especificar o número deles:
( ) adulto:_____ ( ) criança:_____
7 — Em que escola(s) você trabalha?
8 — Você exerce outra profissão além do magistério?
( ) sim ( ) não
Qual?________________________________________________________________
[...]

DADOS SOBRE A ESCOLA-SEDE


Você responderá aos dados referentes à sua escola-sede. ou sobre a
escola na qual está com o maior número de aulas:
16 — Sua escola se localiza:

( ) até 1 km de sua resid. ( ) 3 a 5 km de sua residência


( ) 1 a 2 km de sua resid. ( ) 5 a 8 km de sua residência
( ) 2 a 3 km de sua resid. ( ) + de 8 km de sua residência

17 — Sua escola se localiza:

( ) na zona urbana central de sua cidade


( ) na zona urbana periférica de sua cidade
( ) na zona rural de seu município
( ) em um distrito de seu município
( ) na zona urbana de outro município
( ) na zona rural de outro município

18 — Seu meio de transporte para o trabalho no geral é:

( ) a pé ( ) ônibus urbano
( ) autómovel de colega ( ) ônibus interurbano
( ) automóvel próprio ( ) ônibus urbano e interurbano
( ) automóvel próprio e ( ) outro,qual:_______________
( ) ônibus interurbano
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
[...]
45
Quando as perguntas são abertas, haverá diferentes respostas. O que
fazer?
O primeiro passo será verificar todas as possibilidades de respostas
2
dadas
e estudar a melhor maneira de agrupar e nomear (“categorizar”) as
respostas que mantêm certa “semelhança”, que dizem a mesma coisa,
embora com palavras diferentes. Isso irá facilitar o posterior trabalho de
análise das respostas.
3
Num segundo momento, definir, num pequeno Manual de Codificação , o
agrupamento (nomeando-o), para que todos os que estiverem fazendo o
trabalho de organização do material sigam os mesmos critérios de
agrupamento.

O processo de codificação engloba duas tarefas:


- classificação, isto é, a organização ou ordenamento de uma série de
dados em diferentes classes, em uma ou mais variáveis. Ex.: sexo, idade,
profissão;
- atribuição de códigos, isto é, a organização dos dados em classes ou
categorias, atribuindo a cada categoria um item, e dando a cada um
deles um símbolo que pode ser em forma de número ou letra.

2. A ENTREVISTA
É uma conversação com um propósito, abarcando duas ou mais pessoas.
Por isso sua forma de realização pode ser de natureza individual e/ou
coletiva. Trata-se de técnica muita utilizada nas áreas das Ciências
Humanas e Sociais na busca de informações (tanto subjetivas como
objetivas), diretamente com os atores sociais como sujeitos-objetos da
pesquisa. Não é uma conversa “despretensiosa ou neutra”, pois
estabelece um tipo de relação em que tanto o pesquisador como o
entrevistado se influenciam reciprocamente.
2
Categoria é a classe, o grupo ou o tipo em uma série classificada. Por ex.: sexo (masc. e fem.), classe social (alta,
média, baixa; ou dominante, dominada; ou burguesia e proletariado, etc.), estado conjugal (casado, solteiro, etc.).
Exprime, pois, uma maneira de o pensamento apreender a realidade e sistematizá-la.
Estudar a Distância
3
Uma Aventura Acadêmica Codificar é a “operação segundo a qual os dados são categorizados” (SELLTIZ, 1965, p.468), isto é, os dados
brutos são transformados em símbolos que possam ser tabulados. A codificação pode ser feita anterior ou
46 posteriormente à coleta. Em questionários de perguntas fechadas, freqüentemente já ocorre a pré-codificação.
2.1 Tipos de entrevista:
— ESTRUTURADA (diretiva, dirigida), quando segue uma padronização de
questões, cujos parâmetros são preestabelecidos, chegando quase a se
confundir com um questionário oral. A cada entrevistado são feitas as
mesmas perguntas (fechadas, livres e de múltipla escolha) e na mesma
ordem.
— NÃO ESTRUTURADA (aberta, não diretiva, não dirigida), oferece grande
flexibilidade e ampla liberdade para o respondente expressar-se.
2.2 Passos para a elaboração da entrevista:
— definir os propósitos do estudo;
— especificar os propósitos em objetivos mais detalhados para serem
seguidos na construção das questões;
— observar que as questões sejam formuladas em uma linguagem clara,
evitando que sejam direcionadas;
— solicitar a pessoas com semelhantes características da amostra, mas que
dela não fazem parte, que respondam à entrevista (Pré-Teste);
— determinar quem deve ser entrevistado e quantos;
— fazer arranjos preliminares para a entrevista;
— decidir precisamente o que deve ser executado, ressaltado, e qual a
atitude que será estabelecida;
— ter em mente o objetivo definido para poder informar a pessoa
entrevistada, motivando-a a dar as informações;
2.3 A Entrevista
Contato inicial: explicar a finalidade da pesquisa, sua importância para o
pesquisador, para a instituição e para o entrevistado, a contribuição do
entrevistado; assegurar o anonimato, consultando ao entrevistado se
autoriza gravar a entrevista e a divulgação do conteúdo de seus
depoimentos.
Condução da entrevista:
— Quanto ao clima: criar um “rapport”, um clima favorável e descontraído
para que a pessoa seja motivada a falar abertamente, sem receios. Por Estudar a Distância
isso, é importante, ao chegar, cumprimentar as pessoas, perguntar como Uma Aventura Acadêmica
47
estão, para criar uma atmosfera amistosa, cordial, um relacionamento
de confiança mútua. Ao concluir a entrevista, voltar aos “papos”
informais, agradecer e se despedir cordialmente.
É importante, quando das entrevistas abertas, ter sempre presentes as
perguntas-chave, o roteiro de sua entrevista para conduzir a entrevista,
evitando que o informante acabe por determinar os rumos do “papo”
(por ter encontrado um bom ouvinte), abandonando por completo a
temática da investigação.
— Quanto às perguntas: começar sempre por assuntos amenos, questões
preliminares (aspectos da vida que o informante conhece de forma
ampla), seguir certa ordem lógica e psicológica, evitando perguntas
que conduzem imediatamente a respostas negativas ou induzem
( a resposta está implícita na pergunta ). Fazer uma pergunta cada
vez, de maneira clara, e deixar que a pessoa fale muito mais,
manifestando seu interesse no acompanhamento do que está dizendo.
— Quanto ao registro das respostas: se conseguir autorização para
gravar a entrevista, melhor, assim poderá acompanhar a conversa com
mais atenção e estabelecer um verdadeiro colóquio, uma troca de
idéias. Durante a entrevista ou logo após, anote as falas que
marcaram a conversa. Posteriormente, transcreva a entrevista e
destaque os trechos mais significativos ou, ao ouvi-la novamente,
anote os tópicos que mais lhe interessam. Caso não seja possível
gravar a entrevista, terá de fazer o registro durante sua realização e
ter a habilidade de não deixar a conversa morrer ou esfriar. Por isso, é
aconselhável que estejam presentes dois entrevistadores: um mais
preocupado em fazer os registros; o outro; em conduzir a conversa.
É importante que preste atenção também aos gestos, entoações,
hesitações, digressões.

Exemplos de Roteiro de Entrevista:

Exemplo1 - Com a professora


(para conhecer sua formação e suas condições de trabalho):
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica — dados pessoais
48 — onde se deu sua formação e como ocorreu;
— quando iniciou a atuar como professora e o porquê da escolha dessa
profissão;
— sua experiência profissional;
— “sucessos” e “desilusões” ao longo de sua carreira profissional;
— se participou de cursos de reciclagem e como as avalia;
— seu dia-a-dia, na escola e fora;
— dificuldade que encontra e gostaria de sanar;
— propostas que teria a apresentar para a melhoria de seu trabalho;
--- como avalia o trabalho da escola.

Exemplo 2 - Com o colono


(para avaliar os resultados do projeto de colonização na qual esta assentado):

— dados pessoais (local de origem, atividade exercida anteriormente,


composição familiar, ano de chegada...);
— roteiro migratório;
— motivos da vinda para Mato Grosso;
— como era a vida no local de origem e aqui em novas terras;
— quais as dificuldades encontradas na chegada, e agora, para manter a
família;
— qual o significado da criação da Cooperativa (ou do Sindicato ou
Associação...);
— como e para quem produz;
— como tem sido a relação com o INCRA, e como avalia a atuação
desse órgão;
— qual o significado de estar num projeto de colonização.

3. A OBSERVAÇÃO
3.1 Conceituação
“Observar” não é sinônimo perfeito de “olhar”. É destacar algo
especificamente de um conjunto (de pessoas, animais, objetos). Observar
um fenômeno educacional significa que determinado fenômeno (simples ou
complexo) está sendo abstratamente separado de seu contexto para que,
em sua dimensão singular, seja estruturado em seus atos, atividades,
significações, relações. Individualizam-se ou agrupam-se os fenômenos
dentro de uma realidade que é indivisível, essencialmente para descobrir
seus aspectos aparenciais e mais profundos, até captar, se possível, sua Estudar a Distância
essência numa perspectiva específica e ampla, ao mesmo tempo, de Uma Aventura Acadêmica
contradições, dinamismo, de relações (TRIVIÑOS, 1987, p.153). 49
3.2 Aplicação
A observação é elemento fundamental para a pesquisa, desde a
formulação do problema até a análise dos dados, mas sobretudo na fase
de coleta.
Na investigação social é o ponto de partida, sendo privilegiada nos
trabalhos antropológicos e etnográficos. Hoje, ocupa lugar de destaque
nas novas abordagens da Pesquisa Educacional, voltadas para o estudo
do cotidiano da escola.
3.3 Vantagens e Limitações
— Possibilita meios diretos e satisfatórios para estudar uma ampla
variedade de fenômenos;
— exige menos do observador, se confrontada com outras técnicas;
— permite a coleta de dados sobre um conjunto de atitudes
comportamentais típicas;
— depende menos da introspecção ou da reflexão;
— permite a evidência de dados não constantes do roteiro de entrevistas
ou de questionários
Todavia,
— o observado tende a criar impressões favoráveis ou desfavoráveis no
observador;
— a ocorrência espontânea não pode ser prevista, o que impede, muitas
vezes, que o observador presencie o fato;
— fatores imprevistos podem interferir na tarefa do pesquisador;
— a duração dos acontecimentos é variável: pode ser rápida ou
demorada e os fatos podem ocorrer simultanemanete; nos dois casos
torna-se difícil a coleta dos dados;
— vários aspectos da vida cotidiana, particular, podem não ser acessíveis
ao pesquisador.

3.4 Classificação
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica a) Observação assistemática (não estruturada, livre, simples)
50 Recolhe e registra os fatos da realidade sem que o pesquisador utilize
meios técnicos especiais ou precise fazer perguntas diretas. Observa-se de
maneira espontânea os fatos que ocorrem. Embora informal e não
planificada, exige um mínimo de controle na obtenção dos dados e é
seguida de um processo de análise e interpretação.
Esse tipo de observação é útil quando é dirigida ao estudo de fatos ou
situações que tenham caráter público e não privado. Por isso, é mais
adequado para estudos qualitativos, sobretudo de caráter exploratório.
No entanto, o que deve ser observado?
Nos estudos exploratórios, em que os objetivos não são claramente
definidos, há necessidade de redefinir os objetivos ao longo de todo o
processo de observação. Nos estudos descritivos, onde os objetivos já estão
claros e definidos, é necessário estar atento para considerar acontecimentos
não previstos. Deve-se, de qualquer forma, estar atento aos sujeitos (quem
são, como se relacionam?), ao cenário (onde os sujeitos se situam? quais as
características do local? com que sistema social pode ser identificado?) e
ao comportamento ( que está acontecendo? que estão fazendo os sujeitos?
com quem? com quê?)
Como fazer o registro?
Ter sempre um diário ou caderno de notas para poder fazer as
anotações no próprio momento da ocorrência. Fazê-lo sem perturbar o
ambiente ou tirar a naturalidade das pessoas que estão sendo observadas.
Hoje é comum utilizar-se do gravador e da filmadora VHS para um
registro mais completo, permitindo que aquelas cenas possam ser revistas
e analisadas com mais tempo e profunidade.
b) Observação sistemática (estruturada, planejada, controlada)
É utilizada, freqüentemente, em pesquisas que têm como objetivo a
descrição precisa dos fenômenos ou o teste de hipóteses. Realiza-se,
portanto, em condições controladas para responder a propósitos
preestabelecidos. Por isso, deve ser planejada com cuidado e
sistematizada, embora nem sempre as normas possam ser tão rígidas. Nas
pesquisas conduzidas em laboratório, a observação pode chegar a níveis
de controle que permitem defini-la como quase-experimental.
Antes da coleta de dados, é elaborado um plano específico para
Estudar a Distância
organização e registro das informações. Isso implica estabelecer,
Uma Aventura Acadêmica
antecipadamente, as categorias necessárias à análise da situação.
51
O registro da observação sistemática é feito, freqüentemente, mediante a
utilização de folhas de papel com a lista de categorias a serem consideradas
e os espaços em que devem ser marcadas. Podem ser utiliazadas também
gravações de som e de imagem. Além da definição de categorias
significativas, deve-se decidir acerca das unidades de tempo e estabelecer
critérios para o registro das ações.
A relação observador-observado é bastante crítica, pois se torna
impossível ao pesquisador esconder que está fazendo pesquisa (papel na
mão, cronômetro, etc.). Por isso, deve ser bem-preparada sua presença
com o grupo, para ser aceita.

c) Observação participante (ativa)


Consiste na participação real do observador na vida da comunidade, do
grupo ou de situação determinada. Ele se incorpora ao grupo,
confunde-se com ele. Fica tão próximo quanto um integrante do grupo
que está estudando e participa das atividades normais deste. É a
tentativa de o pesquisador chegar ao conhecimento da vida de um
grupo, com base no inteiror do próprio grupo.
Introduzida na pesquisa social pelos antropólogos (no estudo das
chamadas “sociedades primitivas”), recentemente passou a ser adotada
como técnica fundamental nos estudos designados como “pesquisa
participante”.
Quanto às suas formas, a observação participante pode ser:
— Natural: o observador pertence à mesma comunidade ou grupo que
investiga;
— Artificial: integra-se ao grupo com a finalidade de obter informações.
Deve decidir se revelará o fato de ser pesquisador ou não, se revelará
os objetivos da pesquisa ou não, se os resultados, ao serem divulgados,
prejudicarão algum participante ou não.
Apresenta vantagens e limitações:
— Facilita o rápido acesso a dados sobre situações habituais em que os
integrantes das comunidades se encontram envolvidos;
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica — Possibilita o acesso a dados que a comunidade ou grupo considera de
52
domínio privado;
— Possibilita captar as palavras de esclarecimento que acompanham o
comportamento dos observados.
Contudo,
— o pesquisador pode ser identificado com determinado estrato social,
encontrando assim, dificuldades para se infiltrar em outros estratos.
Poderá provocar desconfianças no grupo.
— Por outro lado, o pesquisador enfrenta dificuldades para manter a
objetividade e a distância do grupo, para estudá-lo e analisá-lo
(influências no grupo, antipatias, simpatias, quadro de referência entre
observador e observado).
3.5 A amostragem de tempo
É o processo de escolha dos dias e jornadas, das horas e momentos em
que a observação será efetuada. O observador deverá definir em que
momentos fará suas observações. Ao observar o comportamento de alunos
durante uma aula, por exemplo, deverá estabelecer o momento e o ritmo
de suas observações: se durante os primeiros e últimos dez minutos, se
de dez em dez minutos, se anotará somente o que estiver acontecendo
naqule instante da observação, etc.
3.6 As anotações de campo
É todo processo de coleta e análise de informações que compreende
descrições de fenômenos sociais e físicos, explicações levantadas sobre elas
e a compreensão da totalidade da situação em estudo (sentido amplo).
Todas as observações e reflexões que são realizadas no tocante a expressões
verbais e a ações dos sujeitos, descrevendo-as, primeiro, e fazendo
comentários críticos, em seguida, sobre elas mesmas (sentido restrito).

a) As anotações de natureza descritiva:


Nunca seremos capazes de uma descrição perfeita, única, do fato. As
condições referentes ao pesquisador, à teoria que embasa o estudo, aos
sujeitos, ao momento histórico, às relações que se estabelecem entre os Estudar a Distância
indivíduos, etc., influenciam e invadem as anotações. Uma Aventura Acadêmica
53
O que anotar?
— Descrever os comportamentos, ações, atitudes, tal como se oferecem à
sua observação.
Ex. “Ao redor de uma mesa, dez professoras da escola estão sentadas[...] No
quadro-verde foi apresentado um cronograma do plano global da escola [...]
O supervisor que coordena a reunião, de pé, diz: `Alguns colegas
expressaram [....] Seis professores levantaram a mão”, etc.

— Descrever os sujeitos, não em forma abstrata, senão por seus traços


concretos
Ex. “Luís era alto, magro, com aproximadamente um metro e oitenta e cinco.
Vestia um traje marrom, camisa branca [...] Seu cabelo, de corte regular,era
preto e abundante, penteado”, etc.

— Descrever o meio físico


Às vezes, é necessário fazer uma decrição de determinados espaços físicos
nos quais se desenvolve parte ou toda a situação que se estuda. Pode,
então, ser mais adequado um desenho, um mapa ou um gráfico.
— Descrever atividades específicas
A pesquisa, por vezes, exige a descrição de atividades específicas.
Por exemplo: a merenda escola. Dessa atividade, pode ser selecionado o uso
da colher pelos alunos.

A descrição deverá ser concreta, indicando caracteres, traços peculiares


dos comportamentos, individualizando os alunos que integram a situação
em foco. São os comportamentos específicos dos alunos que se trata de
registrar.
— Descrever os diálogos
Se for possível, gravar os diálogos. Do contrário, reproduzir em
anotações, da maneira mais exata possível, todo o desenvolvimento da
conversação, individualizando as participações.
b) Descrever as anotações de natureza reflexiva
Ao longo da observação, anotar:
— idéias, novas hipóteses, reformulações, indagações;
Estudar a Distância — questões metodológicas: aspectos positivos, falhas, questionamentos
Uma Aventura Acadêmica sobre determinados instrumentos, técnicas;
54
— referencial teórico: confirmações, reformulações, aprofundamentos;
— pressupostos: confirmados, equivocados, incompletos;
— dilemas éticos e conflitos: no relacionamento, etc.
O pesquisador deverá, então, estar em permanente “estado de alerta
intelectual”, fazendo as anotações no mesmo texto em que estão sendo
registradas as observações, diferenciando-as por meio de algum código
(por ex.: RO = reflexões do observador) e fazendo-as de forma brevíssima,
numa frase, numa palavra.
c) O registro das observações
Há várias formas para registrar as observações ques estão sendo
realizadas: anotações escritas, gravações, filmes, fotografias, slides ou
outros equipamentos.
Vejamos um tipo de ficha para as anotações escritas:
Nome da pesquisa Assunto observado
Forma de registro:
Nome da instituição que financia a pesquisa
Nome do coordenador da pesquisa Fone:
Nome do observador
Tipo de observação:
Nº. da observação
Local:
Dia/mês/ano:
Hora: Duração:

OBSERVAÇÃO:

COMENTÁRIO CRÍTICO: realizado por:

dia/mês/ano

Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
55
4 A PESQUISA DOCUMENTAL
Constitui técnica valiosa de abordagem dos dados qualitativos, seja
complementando informações já coletadas mediante outras técnicas, seja
desvelando novos aspectos de um tema ou de um problema.
São considerados documentos todos os materiais escritos que possam ser
usados como fonte de informação para a pesquisa (arquivos históricos,
registros estatísticos, diários, biografias, jornais, revistas, filmes, fotos).
Muitas vezes, proporcionam dados suficientes para um trabalho de análise
e interpretação de um fenômeno sem necessidade do trabalho de campo.

Várias são as fontes que nos fornecem material documental:


- Arquivos Públicos: contêm documentos oficiais (anuários, editoriais, atas,
relatórios, ofícios, correspondências, alvarás, panfletos), documentos
jurídicos (registros gerais de falências, inventários, testamentos,
escrituras, hipotecas, nascimentos, mortes, desquites), coleções
particulares (ofícios, correspondências, autobiografias, memórias,
ensaios), iconografia e material cartográfico;
- Arquivos particulares: pertencem a instituições de ordem privada ou a
domicílios particulares como bancos, igrejas, indústrias, escolas,
partidos, associações, cooperativas. São informações registradas em
diários, memórias, cartas, atas de reuniões, propostas curriculares,
planos de aula;
- Fontes estatísticas: produzidas por órgãos oficiais e particulares,
responsáveis pela coleta e elaboração de dados estatísticos: Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Departamentos Estaduais e
Municipais de Estatística, DIEESE, IBOPE, Instituto Gallup, Fundação
Cândido Rondon, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (INEP/MEC), que nos fornecem dados
referentes às mais diferentes características da população (aspectos
socioeconômicos, educacionais, saúde);
- Fontes não escritas: fotografias, gravações, imprensa falada, desenhos,
pinturas, canções, folclore.
Embora a coleta de dados, com essa técnica, pareça ser simples, o
pesquisador deverá dispor de um plano de pesquisa que indique, com
clareza, a natureza dos dados a serem obtidos e saber identificar as fontes
Estudar a Distância adequadas. Se bem que, produzidos com outros objetivos, que não a
Uma Aventura Acadêmica
pesquisa científica, em condições bem peculiares e com recursos humanos
56
nem sempre qualificados, constituem importante fonte de dados para a
pesquisa, pois possibilitam conhecer variados aspectos da sociedade atual
e lidar com o passado histórico.

5 BIBLIOGRAFIA QUE PODERÁ CONSULTAR

BAUER, m. w.; GASKELL, G. Pesquisa Qualitativa, com texto, imagem e som: um


manual prático. 2 ed. Petrópolis, RJ.: Vozes, 2002. (Parte I – Construindo um
corpus de pesquisa).

GATTI, Bernardete A. Grupo focal na pesquisa em Ciências Sociais e Humanas.


Brasília: Líber Livro, 2005. (Cap. 2 – Organização e Desenvolvimento do
Trabalho com Grupos Focais).

GIL, Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. S. Paulo: Atlas,


1987. (Cap. 8 a 13: Observação, Entrevista, Questionário, Escalas Sociais,
Testes).

GOODE, W. J.; HATT, P. K. Métodos em Pesquisa Social. S. Paulo: Companhia


Ed. Nacional, 1977. (Cap. 10-13, sobre Observação, Questionário e Entrevista).

GRESSLER, Lori Alice. Pesquisa Educacional. S. Paulo: Loyola, 1979.


(Instrumentos, p. 54-64).

LAVILLE, Christian; DIONNE, Jean. A construção do saber: manual de


metodologia da pesquisa em Ciências Humanas. Porto Alegre: Artmed, 1999.
(Cap. 6 e 7, sobre Enquete, Estudo de Caso, História de Vida, Pesquisa
Documental, Observação, Questionário, Entrevista).

MARCONI, Marina de Andrade e LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de Pesquisa.


São Paulo: Atlas, 1986. (Cap. 3 - Técnicas de Pesquisa: Observação, Entrevista,
Questionário, Formulário, Medidas de Opinião e Atitudes, Testes, Sociometria. p.
65-98).

RICHARDSON, Roberto Jarry et al. Pesquisa Social: Métodos e Técnicas. 2 ed. S.


Paulo: Atlas, 1989. (Cap. 9-15, Questionário, Entrevista, Análise de Conteúdo,
Pesquisa Histórica, Observação, Medição de Atitudes, Formulação de Itens para Estudar a Distância
Testes e Escalas de Atitudes). Uma Aventura Acadêmica
57
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
58
Memorial

Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
59
A palavra não deixa margem à dúvida: “memória”, lembranças,
recordações ... armazenadas não somente na memória, mas nas fotos que
guardamos nos álbuns, nas histórias de nossa vida que narramos aos
filhos, aos amigos.
No mundo acadêmico, há o registro do percurso escolar e profissional no
curriculum vitae, no currículo da vida (linda expressão!), mas que acaba
sendo reduzido a uns aspectos da vida. Hoje,
nos cursos ou em processos seletivos, foi
introduzida a prática de exigir o Memorial.
Que vem a ser? Que coisa nele escrever?

Seu sentido
Escrever um memorial não é, tenha certeza
disto, fazer uma cronologia de fatos e datas
Desenho - Cândida B. Haesbaert
importantes em sua vida ou um diário da vida
pessoal. É muito mais do que isso.
Trata-se de reflexão sobre fatos e ações dos quais participamos
ativamente como sujeitos históricos. É uma auto-análise, uma auto-reflexão
sobre o percurso realizado ao longo da vida, dos efeitos ou impactos de
um curso, de uma experiência em sua vida profissional e pessoal. Deve,
portanto, ser visto não como mais uma tarefa acadêmica a ser cumprida
por obrigação, mas como uma das ferramentas, um dos instrumentos que
devem dar significado ao seu processo formativo no decorrer da vida
acadêmica. É também um momento de aprendizagem.
De que se espera que o memorial dê conta? Que é que lhe vai dar sentido?
Por meio dele, você deve descrever e analisar sua trajetória, suas
experiências, os fatos que marcaram você
- Como cidadão-aluno: ao longo de sua curta vida escolar;
- Como professor, ainda não habilitado em nível superior: sua
experiência profissional, suas aprendizagens, seus saberes, seus
limites, seus avanços;
- Como cursista de uma Licenciatura a Distancia: os novos
Estudar a Distância saberes, as mudanças ocorridas em sua prática pedagógica, em
Uma Aventura Acadêmica como cidadã, como membro de uma comunidade escolar e
60 educativa. de uma sociedade.
Níveis de reflexão

Escrever um memorial é uma aprendizagem, é uma atividade processual.


Portanto, não se preocupe das dificuldades que encontrará, inicialmente,
para conseguir organizar e expor por escrito o modo como você olha
para você mesma, para sua prática pedagógica, para o mundo, para o
curso, para os seus alunos. O aprofundamento de suas reflexões virá aos
poucos, à medida que avançar no curso, com os suportes teórico-
metodológicos do material didático que o curso lhe oferece e com o
diálogo “curtido” com os orientadores acadêmicos. Certamente, nessa
caminhada, a maioria passará por quatro momentos, quatro “níveis” de
redação do memorial. Trata-se de processo e, portanto, você deverá se
empenhar e avançar de um “nível” para o seguinte, a fim de que, até o
final do curso, você tenha construído um memorial representativo e
significativo de sua caminhada no curso:

- nível descritivo: seu texto será muito mais narrativo, contando o


que lhe aconteceu na escola, no curso, nos trabalhos de grupo,
nos “momentos” de avaliação, nas pesquisas;
- re-significando práticas e conhecimentos: conceitos e práticas
anteriores começam a ser questionados, e outros passam a ser
assimilados, incorporados e vividos, aos poucos, com muitas
dificuldades. Você começa a fazer uma avaliação crítica de o
seu trabalho pedagógico, perguntar se sem ainda ter as
respostas, sem ter clareza por onde caminhar, como superar
antigas práticas. No entanto, já se deu conta de que deve
mudar sua prática, sua maneira de olhar para os outros e para
a realidade;
- análise e reflexão: você começa a identificar, no meio de uma
realidade que parece confusa e caótica, plena de conflitos e
problemas, a compreender melhor a situação vivida por você,
por seus alunos, por sua comunidade. Algumas respostas
provisórias já são postas por você, e já consegue apontar
caminhos;

- estabelecimento de relações: passa a ter uma visão mais Estudar a Distância


sistêmica e global, percebendo a “teia da vida” naquilo que Uma Aventura Acadêmica
61
parece um amaranhado de fatos. Começa a fazer nova leitura
do mundo e ter nova percepção: tudo está em conexão, tudo
está interligado, não havendo o todo e as partes separados.
Passa a compreender que o local e o global, a escola e a
comunidade, o professor e o aluno, o ensinar e o aprender,
não estão separados, são partes constitutivas e ativas do todo,
cada elemento mantendo sua particularidade e sua identidade.

Cada uma de vocês terá percursos diferenciados, algumas, até o fim do


curso, conseguindo chegar ao segundo momento, outras ao terceiro, e
outras, quem sabe, ao quarto. Não importa, não olhe para os lados ou
para as outras colegas para saber onde se encontram. Olhe para você
mesma, seu ponto de saída, ao escrever as primeiras linhas do memorial, e
se avalie ao fim do curso, quando, por questões legais de avaliação, tiver
que apresentar a redação final do memorial. Olhe para esses dois
momentos (da saída e da chegada ao fim do curso) e perceberá quanto
caminhou!

Para ajudá-la a completar sua compreensão do que seja o memorial, a seguir


apresentaremos alguns trechos de um texto do prof. Antônio Joaquim Severino,
professor de Filosofia da Educação na Faculdade de Educação da
Universidade de S. Paulo (USP). Posteriormente, trechos de três memoriais,
omitindo-lhes os autores.

Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
62
“O Memorial é uma retomada articulada e intencionalizada dos dados do
Curriculum Vitae do estudioso, no qual sua trajetória acadêmico-profissional fora
montada e documentada, com base em informações objetiva e laconicamente
listadas. É claro que tal registro é também muito importante e suficiente para muitas
finalidades de sua vida profissional. Mas o Memorial é muito mais relevante quando
se trata de ter uma percepção mais qualitativa do significado dessa vida, não só
por terceiros, responsáveis por alguma avaliação e escolha, mas sobretudo pelo
próprio autor. Com efeito, o Memorial tem uma finalidade intrínseca que é a de
inserir o projeto de trabalho que o motivou no projeto pessoal mais amplo do
estudioso. Objetiva assim explicitar a intencionalidade que perpassa e norteia
esses projetos [...]
O Memorial constitui, pois, uma autobiografia, configurando-se como uma
narrativa simultaneamente histórica e reflexiva. Deve então ser composto sob a
forma de um relato histórico, analítico e crítico, que dê conta dos fatos e dos
acontecimentos que constituíram a trajetória acadêmico-profissional de seu autor,
de tal modo que o leitor possa ter uma informação completa e precisa do itinerário
percorrido. Deve dar conta também de uma avaliação de cada etapa, expressando
o que cada momento significou, as contribuições ou perdas que representou. O
autor deve fazer um esforço para situar esses fatos e acontecimentos no contexto
histórico-cultural mais amplo em que se inscrevem, já que eles não ocorreram
dessa ou daquela maneira só em função de sua vontade ou de sua omissão, mas
também em função de determinações entrecruzadas de muitas outras variáveis. A
história particular de cada um de nós se entretece numa história mais envolvente
da nossa coletividade. É assim que é importante ressaltar as fontes e as marcas
das influências sofridas, das trocas realizadas com outras pessoas ou com as
situações culturais. É importante também frisar, por outro lado, os próprios
posicionamentos teóricos ou práticos, que foram sendo assumidos a cada momento.
Desse ponto de vista, o Memorial deve expressar a evolução, qualquer que tenha
sido ela, que caracteriza a história particular do autor.
O Memorial deve cobrir a fase de formação do autor, sintetizando aqueles
momentos menos marcantes e desenvolvendo aqueles mais significativos; depois
deve destacar os investimentos e experiências no âmbito da atividade profissional,
avaliando sua repercussão no direcionamento da própria vida; o amadurecimento
intelectual pode ser acompanhado relacionando-o com a produção científica, o
que pode ser feito mediante a situação de cada trabalho produzido em
determinada etapa desse esforço de apreensão ou de construção do conhecimento
e mediante sua avaliação como tentativa de compreensão e de explicação de
determinada temática.
O Memorial se encerra, então, indicando os rumos que se pretende assumir ou
que se está assumindo no momento atual, tendo como fundo a história pré- relatada.
Quando elaborado para um exame de qualificação, trata-se de situar o projeto
de dissertação ou tese como meta atual e em curto prazo, articulando-o com os
investimentos até então feitos e com aqueles que ele oportunizará para o futuro Estudar a Distância
imediato. Uma Aventura Acadêmica
63
Como texto narrativo e interpretativo, recomenda-se que o Memorial inclua em
sua estrutura redacional subdivisões com tópicos/títulos que destaquem os
momentos mais significativos. No mínimo, aqueles mais gerais, como os momentos
de formação, da atuação profissional, da produção científica, etc. Melhor ficaria,
no entanto, se esta divisão já traduzisse uma significação temática que realçasse
a especificidade daquele momento.
Resta dizer ainda que o Memorial não deve se transformar nem numa peça de
auto-elogio nem numa peça de autoflagelo: deve buscar retratar, com maior
segurança possível, com fidelidade e tranqüilidade, a trajetória real que foi seguida,
que sempre é tecida de altos e baixos, de conquistas e perdas. Relatada com
autenticidade e criticamente assumida, nossa história de vida é nossa melhor
referência [...]”

(extraído de: SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho


Científico. 20. ed. rev. e ampl. S. Paulo: Cortez, 1990: p.141-43).

E XEMPLOS DE M EMORIAL 1

1
“Elaborar um memorial é fazer reviver momentos que tiveram significação marcante em
nossa vida, seja no nível pessoal seja no profissional. Tenho consciência de que o
resgate desses momentos deveria iniciar com relatos de vida acadêmica, porém, como
venho de uma região com cultura bastante distinta da mato-grossense, ousarei construir
esse memorial em etapas de vida.

1ª Etapa: do nascer à busca de caminhos

O dia ... significa muito para mim, o dia em que registrei minha presença de vida ou,
como disse o Juca Chaves numa entrevista ao Jô Soares, “baiano não nasce, ele estréia”.
Assim, nesse cenário de contrastes infinitos, cheios de muita fé, otimismo e, principalmente,
muita vida, fiz minha “estréia” e, ao longo da minha trajetória, fui “colecionando peças”
de um mosaico de conhecimentos e valores que me eram oferecidos e que me permitiam
escolhas para construir e reconstruir os meus próprios.

Estudar a Distância
1
Uma Aventura Acadêmica Os trechos desses memoriais foram retirados de três memoriais apresentados por duas professoras e um professor
no processo de seleção para cursos de mestrado e doutorado. Seus nomes não serão citados, mas autorizaram a
64 publicação.
Cresci numa época de repressão e medos, onde sonhos de democracia e liberdade
incomodavam e ameaçavam. Vivi exílios e desaparecimentos de queridos, ídolos e super-
heróis. Não tinha livres minhas palavras: “cuidado com o que falas, porque as paredes
têm ouvidos”. Tinha que cuidar dos amigos: “olha com quem andas que te direi quem
és”. Na verdade, essa foi uma fase em que a presença da ditadura invadia casas,
escolas, bairros; a sociedade e se avalia de fragilidades para se manter forte. Mas,
também, esse foi um dos momentos mais ricos que passei. É certo que tive reforço de
estereótipos sociais passados pela escola, nos longos períodos de convivência na escola
pública, porém, sobre eles iam sobrepondo-se novos paradigmas nascidos da convivência
com colegas, professores e amigos “libertadores”. Com eles aprendi a identificar pontos
positivos e nevrálgicos do processo educacional. A escola pública (anos 60-70) tinha o
respeito e a credibilidade da comunidade, além de exercer autoritarismo e incutir os
valores políticos dominantes.

Em ... após ter terminado meu curso do 2º grau, em uma escola pública, época em que
se configurou seu declínio e aconteceu a ascensão das escolas particulares, não mais
rotuladas de “fábricas: pagou, passou”, concorri, em pé de desigualdade, a uma vaga
para o curso ... como meus pais não podiam pagar as altas mensalidades, fui em busca
de emprego que assegurasse o pagamento do meu curso superior. As Universidades
Públicas, que teriam o papel social de assegurar a educação superior àqueles que não
têm como custear seus estudos, apresentam, nos seus melhores cursos, um quadro de
acadêmicos com nível social elevado, pois são mais competitivos, tendo vindo de escolas
particulares. Os alunos que vêm de escolas públicas segunda, por conta das condições
de trabalho a que estão sujeitos, recebem uma educação considerada um “subproduto”.
A disputa é desigual!

Em 1980, busquei meu caminho, tendo meu primeiro emprego ...numa escola técnica
do 2º grau ..... eu adorava. Curtia essa minha vida de estar “me virando” sozinha, com
meu próprio caminhar. Foram/são inúmeros os caminhos [...]

2ª Etapa: Conhecer para saber aprender e saber mediar - experiência


docente

Minha primeira experiência como docente, foi com educação de adultos .... durante 5
anos. Tive que vencer um obstáculo que os cursistas apontaram em relação a mim: eu
era muito mais jovem que eles e não acreditavam que pudesse ministrar aulas para eles.
Solicitei uma oportunidade para apresentar meu trabalho e, após discutir o plano de
disciplina já tinha o aceite de todos. Foi um trabalho enriquecedor [...]

Fui aprendendo com meus erros e melhorando os acertos, tentando estabelecer, como Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
docente, um perfil de intermediar, somar e aprender os conhecimentos. Teorizar o que
65
foi lido nos livros não é ensinar, é falar sobre verdades já ditas e que não são as nossas
verdades. Busco o que não sei e re-construo o que parece que sei [...]

Durante o estágio de docência do curso de .... numa escola pública. A turma era
constituída somente por adolescentes do sexo feminino, com faixa etária de 17-21
anos, de classe social média-baixa. Era uma turma muito agitada e inquieta, e muito
carinhosa, que costumava “flutuar” nas aulas nos famosos “entra-e-sai”. Sob a supervisão
de uma professora da universidade e da professora efetiva .... tinha que encontrar
mecanismos didático-pedagógicos que atraíssem a atenção das alunas. A escola era
muito carente de recursos que viabilizassem o desenvolvimento de aulas práticas..... As
avaliações eram diagnósticas, porém obrigatoriamente o sistema exigia que tivessem
uma valoração, que era fornecida levando em consideração as observações diárias de
sala de aula, auto-avaliação docente e das alunas. Lembro-me da fala de um professor
da UNICAMP numa palestra, onde dizia que “a avaliação que ele faz dos seus alunos
é pelo brilho expresso nos seus olhos”. Interessante que fazemos isso sem perceber [...]

Em .... embarquei para Mato Grosso ... Tive minhas resistências em vir, encenei, durante
alguns meses, o papel de vítima. É difícil começar num lugar onde a gente não tem
referenciais, onde as culturas são diferentes, onde você é um estranho na multidão e a
multidão é estranha a você (procurava rostos conhecidos) [...]

6ª Etapa: Novos Caminhos

Minha vinda para o Mato Grosso tem proporcionado oportunidades de crescimento


pessoal, profissional, no processo de socialização. As resistências iniciais em vir para o
novo eram fruto, talvez, da insegurança e do medo de perder as raízes. Hoje, vejo que
a diversidade cultural acrescenta um “tempero especial” às relações sociais. Somos
únicos como sujeitos em nossas representações, somos determinantes e determinados,
somos o todo no social....”

[...] após um ano de busca de emprego no setor do comércio, ingressei na carreira do


magistério, convidada a lecionar em duas escolas particulares ao mesmo tempo [...]

Foi uma experiência bastante difícil, pois aquela situação de trabalho envolvia interação
com crianças e adolescentes, com necessidades, interesses e pensamentos diferentes.
Estudar a Distância Como trabalhar com uma diversidade tão grande de pessoas? Que fazer para atrair
Uma Aventura Acadêmica delas a atenção? Para despertar nelas o interesse em querer aprender a(s) disciplina(s)
66
que ministrava? Acrescentava-se a essas questões o caráter autoritário das dirigentes
das duas escolas, que exigiam dos professores o “domínio de sala”, isto é, que
mantivéssemos nossos alunos em total silêncio, que transmitíssemos a quantidade de
conteúdo estipulado nos planos de aula copiado do livro didático e ordenado de acordo
com o calendário escolar.

Então, ansiosa por encontrar respostas a essas questões e necessitando de instrumental


didático que pudesse contribuir para meu trabalho, busquei o curso de Pedagogia.

Em ...ingressei no curso de Pedagogia do Instituto ....A escolha desta faculdade particular


estava ligada à idéia de que novamente não conseguiria ingressar na Universidade
Federal.

Durante todo o ano de ...., trabalhei nos períodos matutino e vespertino, pois o curso era
ministrado no período noturno e o valor de suas mensalidades era exatamente a somatória
dos salários recebidos nesses dois empregos. Foi então que me perguntei: “Qual o
sentido de trabalhar e conseguir com isso apenas pagar um curso, quando necessito
ajudar no sustento de minha família?” Assim como é verdadeira a necessidade de
encontrar condições para executar bem um trabalho, também é verdadeira a necessidade
de trabalhar para encontrar melhores condições de sobrevivência [...]

Portanto, busquei o vestibular da Universidade Federal de Mato Grosso .... Tendo sido
aprovada, necessitei reorganizar minha vida acadêmica e trabalhista. O curso de
Pedagogia da Universidade Federal de Mato Grosso funcionava no período matutino,
o que me exigiu a perda do emprego neste período, mas continuei lecionando no período
vespertino e no período noturno..... Em ...consegui uma bolsa de Iniciação Científica do
CNPq para desenvolver atividades de pesquisa no Programa Estrutura Socioeconômica
e Dinâmica dos Impactos Ambientais na Bacia do Alto Rio Paraguai, no Núcleo de
Estudos Rurais e Urbanos (NERU) .... Dois foram os motivos que me levaram a participar
desse projeto: o valor pago pela bolsa e a perspectiva de desenvolver bom trabalho
acadêmico. Isso me propiciou possibilidades de participar de seminários e congressos,
quando pude apresentar resultados desta pesquisa [...]

No ano seguinte, passei a atuar como representante do curso no DCE (Diretório Central
dos Estudantes) e como conselheira no CONSEPE (Conselho de Ensino, Pesquisa e
Extensão}.

Com base nessas novas experiências, houve uma mudança no foco de minhas
preocupações e anseios. Se antes buscava apenas instrumentos para fazer com que
meus alunos se interessassem e aprendessem a disciplina que ministrava, passei a perseguir
questões que considero mais profundas, mais complexas; entre outras: por que existe no Estudar a Distância
Brasil um número tão alto de analfabetos ? Por que o trabalho do professor é tão Uma Aventura Acadêmica
67
desvalorizado? Por que existe tanta evasão e repetência nas escolas? Por que há no
interior dos Estados uma carência tão grande de professores em nível do 2º e 3º graus?
Por que a Educação não é tratada como prioridade? Em que eu, como pedagoga,
poderia dar minha contribuição ao sistema educacional vigente? [...]

Do curso recebi grandes contribuições das disciplinas Filosofia, Sociologia e História da


Educação, tanto pelos conteúdos, quanto pela dinamicidade e postura dos professores,
coerentes com a proposta de trabalho e propiciadores de amplas e interessantes
discussões. Da pesquisa, foi importante o contato com a realidade cotidiana dos
professores no Estado de Mato Grosso e o confrontamento com a política educacional
proposta pela então Secretaria de Estado de Educação. [...]

O curso de Pedagogia e o trabalho de pesquisa que desenvolvi na UFMT, aliados às


relações sociais estabelecidas nesse campus, no Diretório Central dos Estudantes e no
Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão, possibilitaram-me a construção de um
pensamento mais crítico e reflexivo perante a sociedade, passando a assumir nova
postura política na busca pelo direito à cidadania.

Os conhecimentos adquiridos nesses meios fizeram com que eu assumisse efetivamente a


universidade como espaço de luta pelo direito coletivo do acesso a uma educação de
qualidade, sem distinção ou discriminação. Participei ativamente das discussões de
mudanças na estrutura do curso de Pedagogia, dos debates sobre o documento que vai
definir a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação e sobre o projeto neoliberal do
atual Governo para as Universidades Federais. Também atuei nas reuniões em que se
tratou dos processos de ensino, pesquisa e extensão envolvendo todos os setores dessa
universidade. Enfim, essas participações me possibilitaram ocupar uma posição de
liderança no movimento estudantil dessa universidade [...]

Não posso negar que a passagem pelo curso de Pedagogia e pelos campus universitário
me fez crescer como profissional e cidadã. Acredito que agora estou em melhores
condições e me sinto preparada para atuar na realidade educacional e dar uma resposta
competente, comprometida e apaixonante aos problemas que a escola irá me apresentar
no dia-a-dia.

Este foi o caminho que encontrei para buscar respostas às perguntas que me havia
posto.

Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
68
3

Pedaços de tempo, pedaços de vida

Voltar-me sobre o passado [...] é um ato de curiosidade necessário.


Ao fazê-lo, tomo distância do que houve, objetivo, procurando a
razão de ser dos fatos em que me envolvi e suas relações com a
realidade social de que participei (FREIRE, 1994).

Ponto de partida

Em 10 de outubro de 1965, desembarcava no porto de Santos [...] No baú que descia


comigo do navio, trazia os sonhos de um jovem de 16 anos, inebriado com o ideal de
alcançar países ultramarinhos, de habitar terras longínquas e levar a Boa Nova a
“selvagens”e a uma população pobre e miserável. Deixava a segurança e o conforto
da vida de um internato e a tranqüilidade de um vilarejo ao norte [...] Pela frente, os
desafios de nova vida, num país gigantesco, marcado por riquezas naturais, culturais e
desigualdades sociais. Tratava-se não de um Brasil, mas de “brasis”. Havia atravessado
o oceano, levado por vocação missionária, mas atraído, também, pela aventura, pelo
desafio do novo, do desconhecido. Estava iniciando outro tipo de travessia, em terra
firme, mas que daria em portos e lugares não imaginados.

[...] a gente quer passar um rio a nado, e passa; mas vai dar na
outra banda e num ponto muito mais em baixo, bem diverso do
que primeiro se pensou. Viver nem não é muito perigoso?
(Guimarães Rosa, Grande Sertão e Veredas, p. 30).

A vida, mais do que perigo, é constante desafio, é “estar” em processo de aprender com
o novo, com o inesperado. Assim, após um ano de “introdução” e adaptação ao clima,
aos costumes e à cultura do novo país, iniciei minha formação religiosa e acadêmica [...]

O estudo dos grandes pensadores, no campo da Filosofia, foi filtrado pela visão tomista
e, no campo das Letras, por abordagens positivistas e estruturalistas. Ao estudo cerceador
e proibitivo de leituras outras que não fossem as permitidas pelas autoridades eclesiásticas,
a curiosidade pelo diferente, o desejo pelo que era proibido, me levava a desenhar
estratégias, driblando a censura, para ter acesso a obras de autores não autorizados,
como Sartre, Nietzche, Machado de Assis, Jorge Amado.

A segurança da margem

Enquanto estudava “enclausurado”, “lá fora”, o país vivia um dos períodos mais fortes Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
de repressão e autoritarismo de sua história, a ditadura militar. As questões políticas,
69
sociais e econômicas nos eram apresentadas como problemas do poder Legislativo e do
Executivo. Cabia ao “poder religioso” tratar de assuntos de fé. Nossa política devia ser
“a política do Pai-Nosso” ou, no dizer do então Ministro da Educação, Suplicy de
Lacerda, “Os estudantes devem estudar e os professores ensinar” (não fazer política,
leia-se nas entrelinhas).
[...]

Fui mero espectador. Não me sentia parte daquela trama, não me colocava como ator
na peça que estava se desenrolando, não comungava as aspirações dos educadores
da época, nem a ideologia do movimento estudantil que, por ameaçar a “segurança
nacional”, seria logo podado e amordaçado com o Ato Institucional nº 5.

Em 1970, fui trabalhar [...] como coordenador pedagógico e professor. Lecionava de


tudo, conforme a necessidade de cobrir a falta de professores, uma espécie de “factótum”:
Língua Inglesa e Portuguesa, Educação Moral e Cívica, História, Ensino Religioso. Dirigia
teatros, ensaiava corais e conjuntos musicais. Acreditava que ser professor era algo
simples, bastava ter acesso ao livro didático, ler, se preparar e ir para sala de aula repetir
o lido. Por isso, era importante manter a disciplina, o silêncio em sala de aula para não
ser interrompido e questionado. Era um professor reprodutivo, pouco aberto ao diálogo
com os alunos, buscando ser amigável, mas sempre me colocando como autoridade, de
ter respostas para todas as perguntas dos alunos, mesmo sabendo, às vezes, de não tê-
las, com pouca leitura crítica da realidade social e educacional. Lia muito pouco, pesquisa
bibliográfica menos ainda. Era o protótipo do professor “bancário”, daquele professor
que Paulo Freire muito bem caracterizou e criticou em suas obras.

A educação brasileira era marcada pela postura tecnicista, fundamentada nas propostas
behavioristas, inspiradas em Skinner e Gagné, que vêem o ensino como forma de modelar
comportamentos. As políticas educacionais eram de cunho eminentemente compensatório,
assistencialista, para atender aos “culturalmente marginalizados”, seguindo orientações
externas, fruto do Acordo MEC/USAID, sendo utilizadas para “assegurar o controle
social e político” (CARDOSO; FALETTO, 1971).
[...]

Abandonando a margem

[...]
Em 1977 [...] fui convidado para ser “professor horista” na Universidade Federal de
Mato Grosso, da disciplina Iniciação à Metodologia Científica. Nem sabia de que se
tratava, mas aceitei, impulsionado pela minha prática docente de que era suficiente ler
alguns livros sobre IMC (aliás, no início, eu me confundia com a sigla ICM, muito mais
Estudar a Distância familiar), se preparar e que eu “daria conta do recado”, como me disse o coordenador
Uma Aventura Acadêmica
do Ciclo Básico da UFMT ao me fazer o convite.
70
Durante um ano me esforcei para ser “bom” professor universitário. Contava com a
colaboração da equipe de professores que lecionavam a mesma disciplina, obrigatória
. instituída a prática de a equipe de IMC
para todos os cursos. No Ciclo Básico, havia sido
preparar aula por aula, discutir os textos a serem trabalhados com os alunos, elaborar
“apostilas”. Líamos Antônio Joaquim Severino, Dermeval Saviani, Japiassu, Morgenbesser,
R. Alves, Décio V. Salomon, Rúdio, Cervo, Galliano, para citar alguns autores e recebíamos
assessoria do departamento de Filosofia da USP. Isso me deu certa segurança no papel
improvisado de professor de IMC.

Foi uma experiência que me levou a avaliar minha prática docente, a perceber que não
há como ensinar o que não se sabe, o que não se construiu e que para isso o pesquisar
é fundamental. Como ensinar Metodologia Científica se eu não tinha formação e, menos
ainda, experiência em pesquisa?

O ingresso na universidade pública descortinara possibilidades de novas experiências e


de aprendizagens. O contato com leituras diferentes e com marcos de referência
profundamente divergentes dos que até então adotara me apontou a necessidade urgente
de revisão da formação recebida e de um “aggiornamento” para dar conta dos problemas
que a sociedade apresentava a mim como cidadão e como docente universitário.

Resolvi ir para o mestrado [...] Em 1978, iniciei o curso de pós-graduação em Educação,


linha Pesquisa Educacional. Foram três anos de intensas leituras e descobertas, de revisões
de conceitos e de práticas assumidas durante muitos anos como as únicas possíveis.
Novo horizonte se descortinou lendo as obras de Marx, Engels, Lênin, Kosik, Gramsci,
Athusser, Vasquez, Goldman, Löwy, Baudelot e Establet, Passeron, Labarca e Vasconi,
Paulo Freire, Álvaro V. Pinto, Kuhn, Bachelard, para citar alguns. Sentia-me como Sartre:

Os livros foram meus passarinhos e meus ninhos, meus animais


domésticos, me estábulo e meu campo; a biblioteca era o mundo
colhido num espelho; tinha a espessura infinita, a sua variedade
e a sua imprevisibilidade. Eu me lançava a incríveis aventuras
[...] (P. Sartre, As Palavras, 1964).

As leituras me levavam a pensar sobre minha vida, minha maneira de ser, de pensar, de
agir, minha visão de mundo, minha prática pedagógica, como tão bem expressou Paulo
Freire em Cartas a Cristina (1994):

Em leituras iluminantes que me faziam rir de alegria, quase


adolescentemente, ao encontrar nelas a explicação teórica de
minha prática ou a confirmação da compreensão teórica que
estava tendo de minha prática. Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
71
“Tempestade à vista”

Foram três anos de profunda crise, de revisão de vida, de (auto)avaliação, de tentativas de


rupturas e que as expressei no trabalho “Educador hoje: ser ou não ser? Reflexões sobre a
formação do educador na atual sociedade brasileira” (UFSCar, 1978, mimeo.). Lembro o
choque que me provocou a afirmativa de Marx e Engels, na obra A Ideologia Alemã
(cap. I):

[...] pelo contrário, são os homens que, ao resolverem a sua


produção material e as suas relações materiais, transformam,
com esta realidade que lhes é própria, o seu pensamento e os
produtos desse pensamento. Não é a consciência que determina
a vida, mas sim a vida que determina a consciência” (destaque
meu).

Minha leitura idealista de mundo e de vida ficou em “suspense”, entrou em crise. Se para
Bachelard (1971) “a experiência nova diz não à experiência antiga” e a história é um
processo cumulativo, de descontinuidades e rupturas epistemológicas, para Kuhn (1975)
trata-se, ao invés, de processo não cumulativo, de crises e revoluções. Para mim, tratava-
se de processo dialético em que as contradições estavam presentes em mim, na minha
maneira de pensar e de agir, o presente negando e afirmando o passado, o novo
incorporando parte do velho, num processo em espiral, segundo uma imagem cara a
Lênin, num contínuo vir-a-ser, de construção e (des)construção. Mais do que uma
“conversão” para outra ideologia, de afirmar outro credo, outra Verdade, buscava
mudanças que me permitissem estar bem comigo mesmo, por inteiro, e isso não podia
fazê-lo teoricamente, só ao nível do pensar sem implicar o fazer. Por isso, um processo
doloroso, complexo, demorado, que não podia ser realizado abruptamente, como bem
poetiza Clarice Lispector:
Mude, mas comece a mudar devagar,
Porque a direção é mais importante que a velocidade.

Em 1981, defendia minha dissertação: “Expectativas Educacionais numa área de fronteira


agrícola: a escola vista pelos colonos de Alta Floresta”. Buscava compreender o que
levava centenas de famílias a deixar sua terra, se embrenhar na floresta amazônica e
qual o sentido da escola para esses colonos, o que ela representava no projeto de vida
deles e de seus filhos. Era o meu primeiro trabalho de pesquisa, um trabalho muito pessoal
(pois a temática da colonização não era especialidade do meu orientador), uma
dissertação simples, sem muitas pretensões e vôos teóricos, ensaiando estabelecer relação
entre o movimento da sociedade e o da escola, buscando apoio no campo da Sociologia
para leitura crítica da realidade que se desenhava no país e, especificamente, em Mato
Grosso. Por outro lado, resgatava, indiretamente, um pouco de minhas raízes, do
Estudar a Distância significado que a escola representava para o homem do campo, para minha família
Uma Aventura Acadêmica camponesa e para mim. Foi, porém, o trabalho que daria direção à minha vida acadêmica
72 na UFMT.
Redirecionando a travessia

De fato, em 1982, fiz parte da equipe que fundou o Núcleo de Pós-Graduação em


Educação (NPG/EDU) e definiu as Linhas de Pesquisa do NEAD. Com outros dois colegas
do núcleo redigi o projeto “Escolonização: alternativas para a escola em áreas de
colonização agrícola em Mato Grosso”. Seria aprovado pela Secretaria de Cultura do
MEC, fazendo parte do programa “Educação e Cultura”, concebido e implementado
por uma equipe da Fundação Pró-Memória. Foram seis anos de intenso trabalho de
extensão e pesquisa, numa região a mais de 800 km da capital, numa área em que o
Incra iniciava um projeto de assentamento e outro de colonização oficial.

Ao propor trabalhar em áreas de fronteira agrícola, nossa equipe sentiu a necessidade


de estabelecer o colóquio com especialistas de outras áreas, para compreender o processo
de ocupação de terras em Mato Grosso, sobretudo a partir das políticas de “segurança
nacional” e do “milagre brasileiro”. Assim reunimos professores historiadores, sociólogos,
economistas, agrônomos, geólogos e fundamos o Grupo de Estudos Rurais da Amazônia
(GERA), que se reunia semanalmente para estudos e publicação (numa página semanal
-Página Aberta - de um jornal local) do resultado dos debates ocorridos.
[...]
Ao retornar ao Brasil e à UFMT, recebi da reitoria o convite para compor um Grupo
Tarefa que teria como objetivo pensar na possibilidade de fazer recurso à Educação a
Distância para formação de professores em serviço. Entrei no grupo, inicialmente, muito
mais para afirmar meus “pré-conceitos” em relação a essa modalidade. Pois, no mestrado,
havia feito uma leitura crítica das experiências em EaD implementadas pela ditadura
militar, como o projeto Minerva, o programa Logos. Eram fortemente marcados pela
ideologia de um governo autoritário, sem respeito às diferenças culturais, às experiências
educacionais produzidas localmente e que preferia vir com “pacotes” educacionais
para resolver emergencialmente os problemas da educação no país.

Mas, à medida que as leituras e as discussões avançavam e pude realizar estágios na


Universidad Estatal a Distancia de Costa Rica (UNED, 1992), na Téle-Université du
Québec (1992) e na Universidad Nacional de Educación a Distancia da Espanha
(UNED, 1994), me apaixonei pela possibilidade que passei a enxergar nessa
modalidade e mergulhei nesse novo campo de trabalho. Participei ativamente, então, na
criação e consolidação do Núcleo de Educação Aberta e a Distância (NEAD), no
interior do recém-criado Instituto de Educação (1992).

Em 1995, participava da primeira experiência, no Brasil, de um curso de graduação a


distância (“Licenciatura em Educação Básica: 1a a 4a séries”), voltado para a formação
de professores da rede pública de ensino, ao norte do Estado de Mato Grosso. Seria o
meu novo laboratório de estudo e pesquisa. Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
73
A travessia ainda não acabou

Mas, o que restou dessas minhas memórias, dessa travessia ainda inconclusa?

A busca de “pedaços” no tempo, nas memórias, foi para encontrar o movimento de


minha vida, de minha travessia na história. Busquei fazer essa (re)construção não em
função do passado, mas “do ponto em que agora estou” (SOARES, 2001, p. 41), com
o olhar do presente, como a águia que, ao sobrevoar e ganhar alturas, melhor percebe
a extensão e a profundidade do vale e consegue focar sua presa e para ela se jogar
num vôo rápido e certeiro. Portanto, as memórias dessa travessia foram seletivas, à luz de
minhas atuais crenças e teorias, buscando não simplesmente descrever essa travessia,
como alguém que olha “objetivamente” de fora, mas tentando interpretá-la e senti-la
encarnada em mim, sendo parte de mim, de como eu sou e me vejo, fazendo parte do
meu vir-a-ser.

Referências Bibliográficas

ANFOPE. Documento Final do VII Encontro Nacional da Associação Nacional pela


Formação dos Profissionais da Educação. Brasília, 1994.

ANFOPE. Documento Final do XI Encontro Nacional da Associação Nacional pela


Formação dos Profissionais da Educação. Florianópolis, ago. 2002.

BACHELARD, Gaston. Epistemologia. Barcelona: Anagrama, 1971.

CARDOSO, Fernando H.; FALETTO, Enzo. Dependência e Desenvolvimento na América


Latina. 5 ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.

FAIRCLOUGH, Norman. Discurso e mudança social. Brasília: UnB, 2001.

FREIRE, Paulo. Cartas a Cristina. S. Paulo: Paz e Terra, 1994.

FREITAG, Bárbara. Escola, Estado e Desenvolvimento. S. Paulo: Edart, 1978.

FUSARI, José C. Formação continuada de educadores: um estudo de representações de


coordenadores pedagógicos da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo
(SMESP). São Paulo, 1997. Tese (doutorado) – Faculdade de Educação, Universidade
Estudar a Distância de S. Paulo.
Uma Aventura Acadêmica
74 KUHN, Thomas. A estrutura das revoluções científicas. S. Paulo: Perspectiva, 1975.
Normas técnicas
para apresentação
de publicações e
trabalhos
científicos

Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
75
O objetivo fundamental deste texto é informá-la sobre as normas existentes
e usualmente seguidas na apresentação de trabalhos acadêmicos,
conforme a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), nas Normas
Brasileiras de Referência (NBR) vigentes:
NBR 6023: 2002 – Referências – Elaboração. Informação e
documentação;
NBR 6024: 2003 – Numeração progressiva das seções de um
documento;
NBR 6027: 1989 – Sumário;
NBR 6028: 1990 – Resumos;
NBR 10520: 2002 – Apresentação de citações em documentos.
Informação e documentação;
NBR 1225: 1992 – Títulos de lombadas – Procedimento;
NBR 14724: 2002 – Trabalhos acadêmicos – Apresentação.
Informação e documentação.

Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
76
1 ASPECTOS GERAIS

Neste primeiro item, serão postas algumas instruções sobre os aspectos


formais da apresentação de teses, dissertações e trabalhos acadêmicos:
trabalho de conclusão de curso – TCC, trabalho de graduação
interdisciplinar – TGI, trabalho de especialização e/ou aperfeiçoamento e
outros.
Você terá uma visão geral de cada parte que pode vir a compor
fisicamen-te e formalmente o trabalho científi-co, desde a capa até a
contracapa. É claro que aqui serão apresentadas todas as possibilidades.
Porém, de acordo com o tipo de traba-lho, (desde um breve relatório
científico preli-minar a uma tese de doutorado) algumas das partes
propostas não neces-sariamente terão que ser utilizadas. Portanto, é
sempre impor-tante ter clareza do nível de exigên-cia acadêmica do
trabalho a ser desenvolvido.
Hoje o computador é utilizado para a compo-sição de trabalhos
acadêmicos, o que facilita muito sua elaboração. Você encontra no
mercado uma oferta em expansão de serviços que se dizem qualificados:
“Digitamos seu trabalho de acordo com normas da ABNT”. Tome cuidado!
Muitos desconhecem as normas vigentes. Portanto, verifique as orientações
que estão seguindo. Caso contrário, poderá ter dissabores quando for
submeter sua produção à apreciação do orientador e da banca
examinadora.
Vejamos, inicialmente, alguns aspectos formais.
Formas de Apresentação:
— Formato:
Papel branco, formato A4 – papel ofício (ou 21cm x 29,7 cm).
O texto deve ser digitado (ou datilografado) somente no anverso,
isto é, no rosto da folha, com exceção da página da Ficha
Catalográfica, que deve ser digitada no verso da página de rosto.
__ Tipo de tamanho da letra:
A ABNT “recomenda” a utilização do tamanho (ptich) 12 para o
corpo do texto, títulos e subtítulos; e tamanho menor para citação
longa, notas de rodapé, paginação, legendas de ilustrações e
tabelas.
Estudar a Distância
Quanto ao tipo de letra (fonte), “recomenda” Times New Roman ou Uma Aventura Acadêmica
Arial. 77
Se optar por outra fonte, coloque o tamanho da letra que se aproxime
do “recomendado” pela ABNT.
Uma vez escolhidos o tipo e o tamanho da letra, você deve mantê-los
ao longo de todo o trabalho!

— Margem:
lateral esquerda — 3 cm
lateral direita — 2 cm
superior — 3 cm
inferior — 2 cm

---- Alinhamento e hifenização


O alinhamento da margem esquerda é obrigatório. Se quiser fazer
também o alinhamento da margem direita, use o recurso da
expansão (justificar).
Ao fazer a opção por manter as palavras inteiras , podem aparecer
“buracos” no texto, isto é, espaços exagerados entre as palavras
numa mesma linha. Nesse caso, se você achar conveniente, recorra
ao hífen.

— Espacejamento:
No texto: observe o espaço duplo (espaço dois, 1,5 cm) de
entrelinhas, mas quando se tratar de citações longas, notas de
rodapé, resumo e referências, use espaço simples.
Entre o texto e a citação, mantenha espaço duplo.
O espaço entre parágrafos, como a ABNT não faz menção, pode
ser o mesmo do espaço entre as linhas do texto, o duplo.
Títulos de capítulos: devem distar 3 cm da margem superior, e o
texto iniciar logo na linha seguinte.
Títulos das seções (subtítulos): separados do texto que os antecede
e/ou os sucede por uma entrelinha dupla (um espaço duplo em
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
branco);
78
Os títulos com indicativo numérico (capítulos e seções) são alinhados à
esquerda e o número separado do título por um espaço de caractere
(não por hífen ou ponto!);

Os títulos sem indicativo numérico (agradecimentos, erratas, listas de


quadro e de tabelas, sumário, resumo, introdução, conclusão,
referência, bibliografia, glossário, apêndice, anexos) devem ser
centralizados, com letras maiúsculas e a 8 cm da borda superior.

Notas de rodapé : alinhadas com o texto, separadas do texto por espaço


simples e um filete de 3 cm a partir da margem esquerda;

Citações longas (mais de três linhas): alinhadas a 4 cm da margem


esquerda (e não esqueça: espaço simples e tamanho de letra menor).

— Paginação:
Contar as páginas seqüencialmente a partir da folha de rosto, mas
aparecendo a numeração, em algarismos arábicos, somente a partir
da Introdução (primeira página textual).
O algarismo arábico deve ser digitado a 2 cm da borda superior
da folha e a 2 cm da borda direita da folha, pitch 10.
Os capítulos deverão ser iniciados sempre em nova página,
inclusive as páginas que tenham Referências Bibliografias,
Bibliografia (Obras Consultadas), Lista de quadros, legendas,
figuras, etc.
As monografias (teses, dissertações, trabalhos de conclusão de
curso de especialização e graduação, etc.) são digitadas somente
no anverso da folha, e não no verso e anverso como nos livros
impressos. Por isso, ao referir o número de “páginas” das
monografias, indica-se f. (folha) e não p. (página). Ex. 150 f.
Obs. Quando os componentes pré-textuais forem extensos, com páginas com
prefácios, apresentação e uma variedade de listas (de quadros, tabelas,
gráficos, mapas, fotos, desenhos, siglas, abreviações, etc.), pode-se numerar
estas páginas em algarismos romanos, começando a contagem a partir da
folha de rosto. A numeração, porém, a ser digitada na parte inferior da
página e centralizada, deverá aparecer somente a partir do Resumo.
Estudar a Distância
Caso numere os componentes pré-textuais, a contagem das páginas em algarismos Uma Aventura Acadêmica
arábicos se inicia concomitantemente com a paginação na Introdução.
79
Folha Guia
paginação

2 cm

3 cm

1 O SISTEMA DE GESTÃO DO CURSO

1,5 cm_________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
____________________________. ( entre linhas 1,5 cm)

A gestão____________________________________
4 cm ____________________________________________
____________________________________________
_____________________________________________
__________________________ (PRETI, 2005, p.15).
(citação longa, a 4cm da margem esquerda, tamanho pitch
10, sem aspas e pontuação após a parêntese)

1.1 O SISTEMA DE ORIENTAÇÃO ACADÊMICA


___________________________________________________
________________. Segundo Preti (2000, p. 15), “..........................
3 cm ......................................................................”.______________________________________ 2 cm
________________________________________________________
________________________________________________________
____________________________________.

1.1.1 Concepção
_______________________________________________________________________________
_________________________________________________________

(nota de rodapé, separada do texto por um espaço simples e por filete de 3 cm)
tamanho pitch 10)
______________
1. Segundo o último Censo do Professor, 74,2% dos professores da
Educação Básica não têm curso superior (INEP, 1997).

Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
80 2 cm
A estrutura de um trabalho acadêmico compreende elementos pré-textuais,
textuais e pós-textuais, cuja composição e seqüência podem ser
visualizadas na figura abaixo:

Composição do trabalho

Oreste Preti tr

s
EE

ai Contra Capa

xtu Anexos
i rs
s -te Apêndice
t

Glossário
Bibliografia
Referências
Bibliográficas
a is
xtu
te Texto:
(Introdução
Desenvolvimen
Conclusão) to
Sumário
Lista de Sím
bolos
Lista de Siglas
Lista de Tabe
las
s
ai
Lista de Ilustra
çoes

xtu is
Abstract
te Resumo a
é- i on
Pr
Epígrafe
c
Agradecimen
Dedicatória
tos op
Folha de
Aprovação
Errata
Folha de
Rosto
Capa

Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
81
Elementos pré-textuais

1. Capa

5 cm

ORESTE PRETI

EDUCAÇÃO E COLONIZAÇÃO:
A TRAJETÓRIA DE UM SONHO
(título e subtítulo centralizados, letras versais, em negrito, tamanho 14)

Cuiabá
1994 2 cm

Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica F O nome da Instituição, acima do nome do autor, 3 cm da borda
superior, é opcional.
82
2. Folha de Rosto (anverso)

5 cm

ORESTE PRETI

11 cm

EDUCAÇÃO E COLONIZAÇÃO:
A TRAJETÓRIA DE UM SONHO
17 cm

Monografia apresentada ao
programa de Pós-Graduação em
Educação Pública, do Instituto de
Educação da Universidade Federal
de Mato Grosso, como exigência
parcial para obtenção do título de
Especialista em Políticas Públicas e
Educação.
(Alinhamento do centro para direita, letras
minúsculas, pitch 12)

25,5 cm

Orientador: Dr. Paulo Speller / UFMT


(centralizado, pitch 12)

25,5 cm Cuiabá (centralizado, pitch 12) Estudar a Distância


1994 Uma Aventura Acadêmica
83
Folha de rosto (anverso)

É a única situação em que, no trabalho acadêmico, se utiliza o verso da


página. Colocar aqui a Ficha Catalográfica - a ser confeccionada com o
auxílio do especialista da Biblioteca Central, com os seguintes elementos:

SOBRENOME, nome.
Título do trabalho. Local de publicação, Entidade publicadora, data de publicação.
Páginas / folhas

Conteúdo
Indíce para Catálogo Sistemático

Exemplo:
(Ficha Catalográfica)

PRETI, Oreste.
Expectativas educacionais numa área de fronteira agrícola:
a escola vista pelos colonos de Alta Floresta. S. Carlos:
UFSCar, 1981.
132f.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação do
Centro de Educação e Ciências Humanas, da Universidade Federal de São
Carlos, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em
Educação (Área de concentração: Pesquisa Educacional).
1. Educação no meio rural. 2. Colonização. 3. Alta Floresta, MT.

3. Errata (em folha avulsa)

Folha optativa e a ser usada quando houver necessidade de fazer devidas


correções ao texto, após sua conclusão e encadernação. Geralmente é
acrescentada em folha avulsa e o texto deve estar disposto da seguinte maneira:

ERRATA

Estudar a Distância Página Linha Onde se lê leia-se


Uma Aventura Acadêmica 13 10 em meado de em meados de
32 21 1899 1999
84
4. Termo de Aprovação 5. Dedicatória

Termo de Aprovação (Prestar homenagem a alguém, a grupo


de pessoas)
Autor:
Título:
Natureza do trabalho:
Objetivo: DEDICATÓRIA
Nome da Instituição:
Área de Concentração:

Parecer:______________________________________
___________________________________________________________
________________________________________________
_____________________________.

Banca Examinadora (assinatura


____________________________ ____________________________
____________________________ ____________________________
_______________________________ _______________________________
(Colocar titulação e instituição a que pertencem)

Local e data:

6. Agradecimentos 7. Epígrafe

(a pessoas e/ou instituições que tenham (Frase lapidar, relacionada com o tema do
contribuído para a realização do trabalho) trabalho acadêmico)

AGRADECIMENTOS

Estudar a Distância

F
Uma Aventura Acadêmica
A disposição do texto (nas folhas 5, 6 e 7) fica a critério e a gosto do autor.
85
8. Resumo (em língua vernácula)1
— deve ser conciso, objetivo e informativo;
--- deve ressaltar os objetivos, o método, os resultados e as conclusões;
— não mais que 500 palavras ou uma lauda (página) com 30 linhas,
espaço simples, pitch menor. Em artigos, o número de palavras não
deve ultrapassar 250;
_ ao final, acrescentar palavras representativas (palavras-chave e/ou
descritores);
--- evitar o uso de parágrafos.

Exemplo:

RESUMO

Trata-se de projeto conjunto da Universidade Federal de Mato Grosso (que


oferecerá a Licenciatura em Educação Básica), a Secretaria Estadual de
Educação e a Universidade Estadual de Mato Grosso/UNEMAT (que partici-
pam colocando toda sua infra-estrutura à disposição). O projeto piloto será
desenvolvido ao norte do Estado na região de Colíder, para ser mais tarde
avaliado e estendido a todo o Estado. Inicialmente, pretende-se oferecer a
300 professores o curso de graduação e a 1.800 professores a possibilidade
de inscrição em alguns dos módulos, valendo como curso de aperfeiçoamento.
Isso virá possibilitar a organização e implementação, em caráter permanente,
do sistema de Educação a distância na UFMT.

1. Formação de Professores 2. Educação Básica 3. Educação a Distância

Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica 1
Resumo consiste na “apresentação concisa dos pontos relevantes de um texto. O resumo deve dar visão rápida e clara
86 do conteúdo e das conclusões do trabalho” (NBR 14724:2002. p. 2).
9. Resumo em outra língua

— É uma apresentação seletiva e concisa do texto;


— É a tradução do resumo, geralmente em inglês (ABSTRACT) ou em
espanhol (RESUMEN) ou em francês (RESUMÉ).

Exemplo:

ABSTRACT

Upgrading of primary teachers at University level is to be offered to in-ser-


vice teachers through the metodology of distance education. This is a joint
project where the Federal University of Mato Grosso will offert the “Licen-
ciatura”. whilst the State Secretary of Education will participate by organising
the infra-structure needed, and UNEMAT will follow up the whole experi-
ence with a view of implement it in a different region. A first pilot experience
is to be implemented in the northern region of Mato Grosso (Colider), later
to be evalueted and disseminated to the other regions in the state, in other
states in the Brazilian Amazonia and in other Amazonian countries through
UNAMAZ members.

Key-words
1. Upgrading of primary teachers 2. Distance Education 3. Brazilian Amazonia

10. Sumário

— Oferece visão geral do assunto pesquisado


— Enumera os títulos principais e suas subdivisões
— Numera progressivamente (capítulos, itens, subitens...)

Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
Ex.: (do livro de Umberto Eco. Como se faz uma tese)
87
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .........................................................................................1
1. QUE É UMA TESE E PARA QUE SERVE
1.1 Por que se deve fazer uma tese e o que ela é......................1
1.2 A quem interessa esse livro.....................................................4
1.3 Como uma tese pode servir também após a formatura.......4
1.4 Quatro regras óbvias..............................................................6
2. A ESCOLHA DO TEMA
2.1 Tese monográfica ou tese panorâmica?................................7
2.2 Tese histórica ou tese teórica?..............................................11
[...]
2.6 Tese “científica” ou tese “política”?.....................................20
2.6.1 Que é cientificidade?...................................................21
2.6.2 Temas histórico-teóricos ou experiências
“quentes”?...............................................................25
2.7 Como evitar ser explorado pelo orientador.......................33
3. A PESQUISA DO MATERIAL...........................................................35
[...]
CONCLUSÕES. ...........................................................................183

F
Introdução, Conclusão, Referências, Bibliografia, Glossário, Apêndice,
Anexos não devem ser numerados

11 Lista de Ilustrações: desenhos, esquemas, mapas, quadros, gráficos,


Estudar a Distância plantas, fotografias, lâminas, retratos, organograma, etc. Quando
Uma Aventura Acadêmica numerosos, aconselha-se fazer a lista de cada tipo de ilustração.
88
12 Lista de Tabelas
- Colocar essas lista quando em número superior a 5.
- Listar na ordem (numérica) em que aparecem.

Exemplo:

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Número de lotes projetados e amostrados por módulo no PAC


Peixotode Azevedo ................................................................................................. 39
Tabela 2: Tamanho da propriedade de terra que possuía, antes da chegada ao projeto
Peixoto de Azevedo................................................................................................. 78
Tabela 3: Tamanho, composição e caracterização da força de trabalho por unidade
produtiva familiar ...................................................................................................109
Tabela 4: Área plantada total e média das Unidades ProdutivasFamiliares (UPF’s) de
Peixoto de Azevedo.............................................................................................. 118
Tabela 5: Nível de instrução por composição familiar.......................................................... 143
Tabela 6: Nível de instrução por faixa etária ........................................................................ 155

Tabela e Quadro: dispõem graficamente, de maneira clara ou ordenada,


uma série de dados ou de informações, de acordo com determinada
ordem de classificação, para facilitar a consulta e compreensão do
fenômeno
- Gráfico: é uma forma atrativa e expressiva de representar dados com
elementos geométricos que facilitam a visão do conjunto.

- Figura: ilustra esquemas de aparelhos, modelos teóricos ou


metodológicos, ou concretiza um conjunto de dados dos quais a tabela
Estudar a Distância
apresenta detalhes. Uma Aventura Acadêmica
89
13. Lista de Abreviaturas e Siglas

— quando em número superior a 5;


--- listar em ordem alfabética

Exemplo:

LISTA DE SIGLAS

ANPEDAssociação Nacional dos Profissionais da Educação

CAPES Programa de Capacitação de Pessoal de Ensino Superior

CIMI Conselho Indigenista Missionário

INC Instituto Nacional de Reforma Agrária

NEAD Núcleo de Educação Aberta e a Distância

NERU Núcleo de Estudos Rurais e Urbanos

14 Lista de Símbolos
Exemplo de símbolos utilizados em material didático impresso na
Educação a Distância

LISTA DE SÍMBOLOS
@ Espaço para anotações

& Leitura obrigatória

( Entrar em contato com o Orientador Acadêmico

4 Realizar atividade escrita

Estudar a Distância 1 Fazer fichamento


Uma Aventura Acadêmica
E Atividade em equipe
90
2 ELEMENTOS TEXTUAIS

É o corpo do trabalho, composto por Introdução, Desenvolvimento e


Conclusão.
— Introdução: contém os seguintes aspectos: a problemática que está
sendo estudada, sua contextualização, justificativa da escolha do assunto,
objetivos, metodologia e composição do trabalho. Costuma ser redigida
ao final do trabalho.
— Desenvolvimento: é a discussão dos elementos teóricos e empíricos,
organizados em capítulos, tópicos, subtópicos.
— Conclusão (ou Sugestões, Considerações Finais, Recomendações): é uma
retomada sintética das idéias fundamentais desenvolvidas ao longo do
trabalho. Podem aqui ser levantados questões e problemas novos, que
foram aparecendo e que mereceriam um estudo específico, como ser
apontadas propostas, sugestões.

Quanto às ilustrações, tabelas, gráficos, etc.:

- devem ser nomeados com o título completo e de maneira correta;


- centralizados no texto, com letra menor, espaço simples;
- fonte e legenda são indicados quando necessárias;
- devem estar o mais próximo do texto em que são referidas.

Exemplo:
Tabela 1 - Nível de formação de professores atuando no Ensino Fundamental.
Mato Grosso, 1991.

Rede / Formação Io. grau II o. grau IIIo. grau total

Incompleto Completo Incompleto Completo Licenciatura Outros

Estadual 1.444 1.076 1.053 9.114 952 6.127 19.766

Municipal 1.272 695 2.425 421 4.813

TOTAL 3.716 1.771 1.053 11.539 952 6.548 14.040


Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
Fonte: SEE/MT
91
Embora muitos autores utilizem os termos “Tabela e Quadro”
indistintamente, como sinônimos, a ABNT os diferencia:
a Tabela “apresenta informações tratadas estatisticamente” (NBR
14724:2001), enquanto o Quadro dá outro tratamento às informações
coletadas. Nessa mesma norma, editada em 2002, a ABNT inclui Quadro
na Lista de Ilustrações.
Exemplo:

O campo de aplicação A área a que pertence A sua função

Psicologia educativa Aprendizagem Diagnóstica


Pedagogia Institucional Somativa
Psicopedagogia Teste de inteligência Formativa
Psicologia Projetos Dinâmica

Fonte: Em palestra “O processo de avaliação dinâmica e a metacognição”, por Sara


Catalina H. Gallardo, do Centro de Investigaciones Psicológicas y Sociales, UdG –
México, proferida no Instituto de Educação da UFMT, em 2/3/01.

Quando no texto há mapas, gráficos, quadros, figuras, etc.


F em quantidade reduzida, aconselhamos listá-los sob uma
única denominação: Figura.

Quanto às siglas e abreviações:


- quando aparecem pela primeira vez, colocar por extenso e
acrescentar a sigla ou a abreviação entre parênteses; Núcleo de
Educação Aberta e a Distância (NEAD);
- no restante do trabalho, pode-se utilizar os dois procedimentos,
indistintamente.

3 ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS

1. Referências Bibliográficas (obrigatório)

Estudar a Distância Referência é “um conjunto padronizado de elementos descritivos,


Uma Aventura Acadêmica retirados de um documento, que permite sua identificação individual”.
92 (NBR 6023:2000. p. 2).
- Referenciar somente as obras efetivamente mencionadas ou citadas no
corpo do texto;
- Opcionais no final de cada capítulo; nesse caso, são listadas na ordem
numérica em que aparecem ao longo do texto;
- É obrigatório colocá-las no final da obra, em ordem alfabética por
autores, mesmo quando mencionadas em notas de rodapé.
Exemplo de referência no final do capítulo:

(1) JAPIASSU, Hilton. O mito da neutralidade científica. (s.l.), Imago, 1975.

(2) id. ibid. p. 51-52.

(3) Segundo o Censo de 1980, a taxa de escolarização obrigatória atingia somente


67%; analfabetos de 15 anos e mais de idade eram mais de 25%, a taxa de
rendimento do 1o grau era de somente 20% na oitava série; e assim por diante.
(4) O termo “exploração” significa levantamento exploratório, por isso, colocamos
entre aspas.

2 Bibliografia (opcional)
É a listagem das obras referenciadas e as consultadas não citadas
no texto.
Embora a ABNT tenha dado uma “cochilada” não a incluindo nos
componentes pós-textuais opcionais, aconselhamos que seja incluída caso
você tenha consultado obras, documentos que lhe serviram de apoio no
desenvolvimento do tema, mas que não os mencionou no texto. Há quem
prefere o termo Obras Consultadas. Fica a seu critério.

3 Glossário (opcional)
Explicita termos específicos e/ou técnicos mencionados no texto.
- Listar em ordem alfabética

4 Apêndice (opcional)
É uma elaboração autônoma do autor com a função de acrescentar,
“complementar sua argumentação”(NBR 14724:2002. p. 2), para ilustrar
o próprio raciocínio sem prejuízo para a unidade do corpo do trabalho.
Por isso, não são inseridos no corpo do trabalho. Roteiro de entrevista,
questionário, por exemplo, aqui se incluem. Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
93
5 Anexos (opcional)
São documentos ou texto não elaborados pelo autor que “servem de
fundamentação, comprovação e ilustração”(NBR 14724:2002).
Exemplos: desenhos (de alunos), mapas, legislação, estatutos, regimentos,
etc.
Os apêndices e os anexos são identificados por letras maiúsculas
consecutivas, travessão e pelos respectivos títulos.
Para não interferir na estrutura do texto ou do documento, aconselhamos
que essa identificação seja feita em página separada, como o título no
meio dela e centrado.
Exemplo:

APÊNDICE A – Sistema de Avaliação do curso de Licenciatura, Meio I

4 CITAÇÕES NO TEXTO
Durante a realização do trabalho acadêmico, haverá momentos em que
você fará referências às obras pesquisadas das maneiras mais diversas:
ora indicando a obra ou o autor, ora resumindo partes , ora transcrevendo
trechos ao pé da letra ( “ipsis litteris”).
Você deverá referenciar essas obras e poderá fazê-lo de duas maneiras: na
seqüência do próprio texto ou em nota de rodapé. Feita a opção, deverá
mantê-la ao longo de todo trabalho.
A seguir, terá alguns exemplos que retratarão formas e situações diferentes
de fazer referências à bibliografia utilizada no desenvolvimento do
trabalho, seguindo a norma NBR 10520, de julho de 2001que substituiu
a de 1992.
4.1 – Citação indireta (livre, não textual)
Por meio dela, expressamos o pensamento do autor com nossas próprias
palavras (paráfrase), não reportando uma passagem textual do texto.
Exemplos:
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica Esse modelo de racionalidade, segundo Santos (1989), encontrou em Bachelard
94 um dos maiores expoentes. E Isso por duas razões principais: a primeira...
Esse modelo de racionalidade encontrou em Bachelard um dos maiores
expoentes (SANTOS, 1989). Isso por duas razões....
Aparecida Joly Gouveia (1971), ao fazer uma relação por assun-tos dos
projetos de pesquisa iniciados e/ou realiza-dos até 1976, apontava a
tendência ....
(Cita-se o autor e o ano da obra somente, pois a indicação bibliográfica
completa será posta no final do trabalho, no item “Referências Bibliográficas”. O
autor pode ser mencionado no início, no meio (com letra minúscula) ou no fim da
frase (letra maiúscula) Deve constar o ano em que a obra, que você consultou, foi
publicada pois podem existir outras publicações feitas em anos diferentes com
paginações diferentes).

4.2 Citação direta com três linhas ou menos


Nesse caso, a citação textual é incorporada ao texto, posta entre aspas,
mantido o tamanho de letra do texto.
Exemplos:
Em segundo lugar porque a epistemologia bachelardiana representa, por
assim dizer, “o máximo de consciência possível de uma concepção de ciência
apostada na defesa da autonomia e do acesso privilegiado à verdade do
conhecimento científico” (SANTOS, 1989, p.32).
Para Herbart, “a pedagogia como ciência depende da filosofia prática e da
psicologia. Aquela indica a formação, esta o caminho, os meios e os
obstáculos”(apud NANNI, 1986, p.37).
Pois “ o desenvolvimento mental é uma construção contínua, comparável à
edificação de um grande prédio” (PIAGET, 1978 apud PAREDES; TANUS,
2000, p. 32).
[Numa citação “ipsis litteris” cita-se o autor, o ano e a abreviação da
página (p.), seguida do número (ex.: p. 21). Quando a citação direta faz
parte da frase, deve-se, obrigatoriamente, distingui-la colocando as aspas no
início e ao final do trecho citado.
Quando se trata de citação de citação, coloca-se o “apud” (junto de,
segundo). No exemplo acima, a citação de Herbart foi retirada da obra de
Nanni. Eu não li a obra de Herbart, mas a de Nanni].

Estudar a Distância
F
Observe que o ponto, quando o nome do autor é referenciado após a
Uma Aventura Acadêmica
citação, não vem ao final da citação, mas depois do parêntese!
95
4.3 Citação direta com mais de três linhas
É a transcrição textual do pensamento do autor consultado.
Exemplos:
Ao falar sobre o método dialético, referindo se às obras de Marx,
Lefebvre (1979, p. 32 3) assim se expressa:
Não toma, abstratamente, os elementos abstratos obtidos pela análise. Não
ignora que, na qualidade de elementos, eles pos-suem um senti-do concreto,
uma existência concre-ta [...] A análise permite, desta forma, reencontrar o
movimento real no seu conjun-to, portanto expor e compreender a totalidade
concreta que ora se apresenta.

[Quando a citação é extensa, mais de três linhas, fica mais didático dar um
destaque colocando-a separada do texto, seguindo-se as normas seguintes:
alinhamento com recuo da margem esquerda de 4cm, letra tamanho menor,
espaço simples. A ABNT não explicita a questão do parágrafo na citação.
Fica a critério da instituição exigir ou não o espaçamento no caso da citação
ter parágrafos. Não são necessárias as aspas. Quando a citação é extraída
no meio da frase do texto original, ou quando for supressa uma parte da frase
original, colocam-se reticências entre colchetes [...] para indicar que aí você
retirou uma parte da frase original]

Outro exemplo:
Entretanto, à medida que Marx e Engels se mostram sensíveis
à relação recíproca entre o desenvolvimento das ciên-cias naturais no
mundo moderno e salientam que elas contribuíram tanto para a
emancipação do homem quanto para sua desumanização
(FERNANDES, 1984, p.27),

fica evidente que sustentam a tese de que .....


[Observe, no exemplo acima, o caso em que você inicia e continua seu
pensamento após a citação de um autor: o texto que segue, se inicia sem entrada
de parágrafo e com letra minúscula]

Quando num texto se faz constante e seguida citação do mesmo autor e da


Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
F mesma obra, não há necessidade de sempre indicar o ano da obra entre
parêntese, para não tornar o texto muito pesado.
96
4.4 Citação e/ou informação complementar referenciada em
nota de rodapé ou ao final do capítulo

Você pode utilizar o rodapé para referências bibliográficas também,


optando pelo sistema numérico de chamada, em algarismos arábicos.

Exemplos:

A resposta é simples e, nisso, fazemos nossas as reflexões de Maria de Lourdes


Deiró Nosella: “Pretende se criar um mundo coerente, justo e belo, ao nível da
imaginação, para mascarar o mundo nela existente, cuja continuação é do interesse
das clas-ses domi-na-doras”.1

_______________________
1
NOSELLA, Maria de Lourdes C. D. As belas mentiras. 4.ed. rev. e rec. S. Paulo:
Moraes, 1981. p. 27.

Isso, segundo Farias (1980, p.120), por sofrerem também elas os fatores
externos e internos, por existir diversidade para-digmática no interior de cada
uma delas, por existir pluri-dis-ciplinaridade.5

5
Por “pluridisciplinaridade” o autor entende “a existência de diferentes enfoques na
mesma disciplina (por ex., os vários enfoques da psicologia: piagetiano, freudiano, social, Estudar a Distância
entre outros)”. Id. ibid. Uma Aventura Acadêmica
97
A primeira vez que a obra for referenciada em nota de rodapé, tem que
vir completa.
Se colocar as referências ao final do capítulo, do livro ou do artigo,
devem vir numa ordem única e seqüencial, como aparecem ao longo do

F texto.
Caso utilize o rodapé para comentários, informações adicionais, é
desaconselhável optar por colocar as referências, também, no rodapé.
Geraria muita confusão. Opte, então, por colocá-las ao final do
trabalho (Referências Bibliográficas) em ordem alfabética pelo
sobrenome do autor.

4.5 Citação de depoimentos


Veja como fazer quando quer citar falas de pessoas entrevistadas.
Exemplos.
Os depoimentos de alguns dos entrevistados são bem-enfáticos:
Tanto que a gente vem correndo o mundo (Colono).
Porque pra andar rolando sem terra já andei muito na minha vida
(Colono B, 1985, fita 10).
[Mesmo a citação não ultrapassando as três linhas, optou-se dar destaque às
falas dos colonos, para serem exploradas na análise].

O depoimento de um dos primeiros colonos, a esse res-peito, é muito claro:


A decisão foi numa assembléia. Acho que devia ter no
mínimo cinco mil associa-dos. O pessoal da coope-rativa
era contra esse proje-to [...] O Sr. Piazzon, que na época
era vice presidente da coopera-tiva, dizia que colonização
não se faz com a nata, mas com a borra da sociedade
(Colono A, 1985, fita 5, grifo nosso).
[Quando você quer dar destaque a uma parte da citação, esta deve ser
sublinhada e acrescentar, ao final, entre parênteses “grifo nosso”, isto é, o
destaque foi seu e não é do autor citado. Caso o destaque seja do autor,
Estudar a Distância coloca-se, entre parênteses, “grifo do autor”]
Uma Aventura Acadêmica
98
4.6 Informações colhidas oralmente em debates, palestras,
comunicações, etc.

Ao citar falas diretas ou indiretas colhidas oralmente, deve-se


referenciar a fonte e sua origem.
Exemplo:

Analisando por esse prisma, a formação do professor em exercício “se


útil, é ineficiente; se inútil, é eficaz” (informação oral).6

F
________________
6
Em palestra proferida por João Filocre durante o Encontro de
Especialistas do ProFormação. Brasília, 22/10/1999.

4.7 Expressões latinas

Vejamos algumas expressões latinas usuais que são adotadas nas


referências bibliográficas:
. apud ou ap. ------- junto de, de acordo com, citado por, segundo.
É usada quando a citação a ser referenciada for de um trecho de
determinado autor, mas que aparece na obra de outro autor.

. et al ----- abreviação de “et alii” ( e outros) e de “et aliae”(e outras).


É usada abreviado. Assim, serve tanto para o masculino como para
o feminino. É utilizada quando os autores de uma obra são mais do
que dois.
Estudar a Distância
Ex. PERREIRA, Américo et al. Uma Aventura Acadêmica
99
.Idem ou Id. ----- o mesmo autor.
.ibidem ou ibid. ----- no mesmo lugar, na mesma obra.
.Id. ibid. ----- o mesmo autor na mesma obra
Essas expressões são utilizadas quan-do uma mesma obra, ou um
mesmo autor, for citada mais que uma vez no texto e em
seqüência, isto é, sem existir outra citação entre elas.
Exemplo: 1 PIAGET, J. Epistemologia Genética. S. Paulo: Martins
Fontes, 1990, p. 20.
2 Id. ibid. p. 24.
.coletivas.
In (em) ----- É usada para citações extraídas de artigos de revistas, obras

. opere citato, opus citatum ou op. cit. ----- obra citada.


É usada quando uma mesma obra aparecer citada mais que uma
vez no texto, independentemente da seqüência das citações
ante-riores.
. loco citato ou loc. cit. ----- no lugar citado, na página já citada
. passim ou pas. ----- aqui e ali, em diversas passagens.
Utilizada quando se citam trechos do mesmo autor e da mesma
obra, mas situados em páginas diferentes.

. et sequentia ou et seq. ----- seguinte, que segue, os próximos.


. cf. ----- confira, confronte com.

As expressões latinas id., ibid., op. cit. e cf. são utilizadas somente em
F notas de rodapé. Apud, no entanto, pode aparecer tanto no texto
como em nota de rodapé.

Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
100
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Obedecem às regras estabelecidas pela ABNT (Associação Brasileira de


Normas Técnicas) em sua norma específica NBR 6023 (Informação e
documentação – Referências – Elaboração), de agosto de 2002, em
substituição à de 1989 e 2000.

5.1 Elementos essenciais


Os elementos essencias de referência bibliográfica são geralmente tirados
da folha de rosto ou fornecidos mediante exame da obra: autor(es), título
e subtítulo (se houver), edição, notas tipográficas ou imprenta (local,
editora e data de publicação).
Exemplo:

PRETI, Oreste. Fundamentos e Políticas da Educação a Distância.


Curitiba: Facinter, 2002.

Vejamos cada um dos elementos:


Autor de um documento é pessoa física ou entidade responsável pela sua
elaboração, distinguindo-se do editor comercial que é o responsável pela
sua publicação. O termo autor é usado em sentido amplo, incluindo-se
entidades, editores, compiladores, organizadores, etc.
Faz-se a entrada pelo sobrenome (letras maiúsculas), seguindo o(s)
prenome(s) ou outros elementos secundários (ex. organizador,
pseudônimo, editor / estes entre parênteses), separados por vírgula e
ponto-final antes do título.
Título:
tal como figura na obra, é posto em destaque tipograficamente (negrito, itálico
ou sublinhado). O subtítulo deve ser transcrito, separado por dois-pontos
do título.
Edição:
o número da edição é transcrito em algarismos arábicos; abreviar tanto o
número quanto a palavra edição e suas qualificações (aumentada,
revisada, melhorada, etc.)
Imprenta: Estudar a Distância
consiste no local da publicação, editora e data, transcritos a dois espaços Uma Aventura Acadêmica
do título ou da edição. São separados entre eles por vírgula e encerrados
101
por ponto. Quando não se encontram essas notas tipográficas, deve-se
colocar entre colchetes:
Sem local [S.l.], sine loco;
sem editora [s.n.], isto é “sine nomine” (sem nome);
sem data [s.d.], ou pode-se registrar uma data aproximada, ex.: [1971],
[1971 ou 1972], [1969?], [entre 1985 e 1990], etc;
sem referência tipográfica [s.r.t.]

A ABNT insiste: “ Se nenhuma data de publicação, distribuição, copirraite, impressão,

F
etc. puder ser determinada, registra-se uma data aproximada entre colchetes”.
Exemplos: [1960 ou 1958], [entre 1950 e 1960], [ca.: 1940], [195.], etc.

Elementos complementares

são indicações que fazem referência a outros elementos, como:


- tipo de responsabilidade: tradutor, revisor, ilustrador, adaptador,
compilador. etc.
- características físicas do suporte material, páginas e/ou volumes, ilustrações,
dimensões, coleção, notas, ISBN (International Standart Book Numbering). etc.

Exemplos:

MANGUEL, Alberto. Uma história da leitura. Tradução de Pedro M. Soares. São


Paulo: Companhia das Letras, 1997. 405 p. Il., 24 cm. Título original: A History
of reading. Inclui índice remissivo. ISBN 85-7164-700-3.

CARVALHO, M. Guia prático do alfabetizador. São Paulo: Ática, 1994. 95 p.,


21 cm. (Princípios, 243).

Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
102
Localização

A referência bibliográfica pode aparecer:


a) em nota de rodapé, fim de texto ou capítulo;
d) em lista de referências.

Observações gerais:
— A segunda linha e os seguintes de uma referência bibliográfica devem
ser escritos debaixo da mesma letra inicial do sobrenome do autor.
— Referências em notas de rodapé geralmente são reduzidas ou até
eliminadas por causarem dificuldades mecanográficas.
Diversas são as situações que você poderá deparar na hora de
organizar as referências. Vamos, pois, exemplificar os casos mais comuns
e cotidianos.

5.2 – Monografias
(livro, trabalho acadêmico, folheto, manual, guia, catálogo,
enciclopédia, dicionário, etc.)
Observação geral: os elementos da referência bibliográfica seguem a
seguinte ordem:

— Autor (SOBRENOME, nome)

— título: subtítulo (somente o Título em itálico ou em negrito ou sublinhado.


Sugerimos o itálico, por permitir destacar o título, sem sobrecarregá-lo )
— Tradutor (trad. de .......)
— Edição (2.ed)
— Local de publicação
— Casa publicadora (editora)
— Ano de publicação
— Número de páginas e/ou volumes
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
— Série (coleção)
103
Monografia no todo:
a) com um autor:
DEMO, Pedro. Metodologia Científica em Ciências Sociais. São Paulo: Atlas,
1980. 255 p.
ECO, Umberto. Como se faz uma tese. Trad. de Gilson C. C. de Souza. São
Paulo: Perspectiva, 1983. 184 p. (Col. Estudo, 85).
VARGAS, Domingos J. A Orientação Acadêmica na Educação a Distância: o
trabalho do leitor intermediário. 2002. 196 f. Dissertação (Mestrado em
Educação) – Universidade de Cuiabá, Cuiabá. 2002.
OLIVEIRA, Gleyva M. Simões de. Computador e aprendizagem: representações
de crianças em idade escolar. 1998. 87 f. Monografia (Especialização) –
Faculdades Integradas de Várzea Grande, UNIVAG, Várzea Grande, MT. 1998.

b) com dois autores:


MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnica de
pesquisa: planejamento e execução de pesquisa, amostragem e técnicas de
pesquisa, elaboração, análise e interpretação de dados. S. Paulo: Atlas,
1986. 205 p.

c) com mais de dois autores:


CASTRO, S. Pereira; BARROZO, J. Carlos; COVEZZI, Marinete e PRETI, Oreste.
Colonização Oficial em Mato Grosso: “a nata e borra da sociedade”. Cuiabá:
EdUFMT, 1994. 315 p. Número especial da Revista de Estudos Rurais e Urbanos
(NERU).

ou:

LUCKESI, Cipriano et al.. Fazer universidade: uma proposta metodológica.


2.ed. S. Paulo: Cortez, 1985. 237 p.

d) Obras coletivas: entidades governamentais, instituições.


BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria de Educação
Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: introdução aos parâmetros
Estudar a Distância curriculares nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1997. 126 p. v. 1.
Uma Aventura Acadêmica
104
MATO GROSSO, Estado. Secretaria de Estado de Educação. Programa
Interinstitucional de Qualificação Docente. Cuiabá: SEDUC, 1998. 38 p.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO. Núcleo de Educação
Aberta e a Distância. O Sistema de avaliação no curso de Licenciatura Plena
em Educação Básica: 1a a 4a séries, modalidade a Distância. Cuiabá,
1998. (Texto para discussão).

e) sem autor
A entrada é pelo título da obra, do documento
LENDAS e contos orientais. Rio de Janeiro: Zahar, 1965. 50 p.
MICHAELIS 2000: moderno dicionário da língua portuguesa. Rio de
Janeiro: Reader’s Digest; S. Paulo: Melhoramentos, 2000. 2 v.

f) Eventos, Anais e Resumos de Encontro


SEMINÁRIO EDUCAÇÃO 2001. 3a Jornada CAERENAD. A Educação e as
Novas Tecnologias, 2001. Cuiabá. Anais ... Cuiabá: UFMT, 2001. 381 p.

Parte de monografias
a) Parte do livro do mesmo autor: capítulo, volume, fragmento, etc.
HAGUETTE, Tereza M. Frota. A etnometodologia. In: Metodologias
qualitativas na Sociologia. Petrópolis, RJ.: Vozes, 1987. p. 43-46.

b) parte do livro de outro autor:


ZALUAR, Alba. Teoria e prática do trabalho de campo: alguns
problemas. In: CARDOSO, Ruth (Org.). A aventura antropológica: teoria e
pesquisa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986. p. 107-125.

c) Eventos
PRETI, João Paulo; SOBRAL, José B. M. Cursos educacionais a distância:
avaliação e acompanhamento do estudante através de inteligência artificial
e agentes móveis. In: SEMINÁRIO EDUCAÇÃO 2001. 3a Jornada Estudar a Distância
CAERENAD. Educação e as Novas Tecnologias, 2001. Anais ... Cuiabá: Uma Aventura Acadêmica
UFMT, 2001. p. 57-8. 105
d) Verbetes
PRÁXIS. In: Dicionário do Pensamento Marxista. 2. ed. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 1988. p. 292-6.

5.3 – Publicações periódicas e seriadas (Revistas e Jornais)

Quando se tratar de revista ou jornal em sua totalidade.

REVISTA BRASILEIRA DE ESTUDOS PEDAGÓGICOS. Rio de Janeiro: Instituto


Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, v. 60, 1974. 90 p.

DIÁRIO DE CUIABÁ. Cuiabá, 20 nov. 1991.

Quando se tratar apenas de um artigo da publicação

Ordem geral: — Autor do artigo


— Título do artigo
— Título do periódico (em itálico)
— Local de publicação
— número do volume
— número do fascículo (entre parênteses)
— página inicial e final do artigo
— data ( mês e ano)

Exemplos:

PRETI, Oreste. Educação a Distância e globalização: desafios e tendências.


Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, v. 1, n. 1, jul. 1994. p. 19-30.
LLOYD, John. Socialismo e mercado são compatíveis. Gazeta Mercantil. Ano
LXXI,( 19.637), 26 jul. 1991. p. 1.

Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica 5.4 – Documento sonoro e imagens em movimento
106 (fita cassete, entrevistas, CD-ROM, fitas de vídeo, etc.)
SILVA, Antônio. Antônio Luiz Silva (Baiano): depoimento. [maio 1986].
Entrevistador: Oreste Preti. Cuiabá: NERU/UFMT, 1986. 2 fitas cassete (120
min). Entrevista concedida ao Projeto Escolonização, UFMT – Pró-Memória/
MinC.
Do Individual ao Social. Produção do ProFormação (Programa de Formação
de Professores em exercício). Guia de estudo, Módulo I, Unidade 3. Brasília:
SEED/MEC, Fundescola, ProFormação, [s.d.]. 1 fita de vídeo (30 min), VHS,
son., color.
ANTROPOLOGIA. Licenciatura em Educação Básica. Mandragon (Espanha):
Mandragon Universitat, Cuiabá:UFMT, 2000. 1 CD-ROM. Produzido por
lhardum Multimídia.

5.5 Publicações em meio eletrônico

Para referenciar monografias ou parte de monografias:

seguem-se as mesmas normas apresentadas no item 3.1 e 3.2, acrescentando a


“fonte eletrônica” onde foi retirada a informação (colocada entre < >), com a
data da referida busca.

SÃO PAULO (Estado). Secretaria do Meio Ambiente. Tratados e organizações


ambientais em matéria de Meio Ambiente. In: ___________. Entendendo o meio
ambiente. S. Paulo, v. 1, 1999. Disponível em <http:/ /www.bdt.org.br/sma/
entendendo/atual.htm>. Acesso em 8 mar. 1999.

Para referenciar artigo e/ou matéria publicada em revista ou jornal:

SILVA, M. M. L. Crimes da era digital. Net, Rio de Janeiro, nov. 1998. Seção
Ponto de Vista. Disponível em <http://www.brazilnet.com.br/contexts/
brasilrevistas.htm>. Acesso em 28 nov, 1998.

Para referenciar trabalho apresentado em evento

SILVA, R. N.; OLIVEIRA, R. Os limites pedagógicos do paradigma da qualidade


total na educação, In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPe,
4., 1996, Recife. Anais eletrônicos .... Recife: UFPe, 1996. Disponível em <http:/ Estudar a Distância
/www.propesq.ufpe.br/anais/educ/ce04./htm>. Acesso em 21 jan. 1997. Uma Aventura Acadêmica
107
Para referenciar documentos ou imagens em movimento
(fotos, gravuras, transparências, desenhos, etc.)

KOBAYASHI, K. Doença dos Xavantes. 1980. 1 fot., color. 16 cm x 56 cm.


Disponível em <http://www.nead.ufmt.br/projetomultimidia/antropologiahtm>.
Acesso em 15 ago. 2002.

Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
108
BIBLIOGRAFIA GERAL SOBRE O TRABALHO CIENTÍFICO
E A PESQUISA EM EDUCAÇÃO

ALMEIDA, João F. de; PINTO, José Madureira. A investigação nas


Ciências Sociais. 4. ed. Lisboa: Presença, 1990. 317 p.
ALVES, Rubem. Filosofia da Ciência: introdução ao jogo e suas regras.
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ANDRÉ, Marli Eliza D. A. de. Etnografia da prática escolar. Campinas,
SP.: Papirus, 1995. 130 p.
ASTI VERA, Armando. Metodologiga da pesquisa científica. Porto Alegre:
Globo, 1976. 223 p.
BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. Lisboa: Persona; S. Paulo:
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BARBIER, René. Pesquisa-Ação na instituição educativa. Rio de Janeiro:
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BARRAS, Robert. Os cientistas precisam escrever: guia de redação para
cientistas, engenheiros e estudantes. S.Paulo: T.A.Queiróz; EDUSP, 1979.
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BAUER, M. W.; GASKELL, G. Pesquisa Qualitativa, com texto, imagem e
som: um manual prático. 2 ed. Petrópolis, RJ.: Vozes, 2002.
BICUDO, Maria Aparecida V.; ESPÓSITO, Vitória H. Cunha. Pesquisa
Qualitativa em Educação. 2. ed. rev. Piracicaba: Unimep, 1997. 231 p.
BOAVENTURA, Edivaldo. Como ordenar as idéias. S. Paulo: Ática, 1988.
59 p. (Série Princípios, 128).
BOGDAN, Robert; BILKEN, Sari. Investigação Qualitativa em Educação:
uma introdução à teoria e aos métodos. Porto: Porto, 1994. 336 p.
BRUYNE, Paul de et al. Dinâmica da pesquisa em Ciências Sociais: os
pólos da prática metodológica. Rio de Janeiro: F. Alves,1977. 251 p.
CHIZZOTTI, Antônio. Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais. 2. ed. S.
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CORREA, C. Humberto P. História Oral: teoria e técnica. Florianópolis:
UFSC, 1978.
DEMO, Pedro. Introdução à Metodologia Científica. S. Paulo: Atlas,
1983. 118 p.
Estudar a Distância
___________. Pesquisa: princípio científico e educativo. 2. ed. S. Paulo: Uma Aventura Acadêmica
Cortez e Autores Associados, 1991. 120 p. 109
___________. Educar pela pesquisa. 3.ed. Campinas, SP: Autores
Associados, 1998. 120 p. (Coleção Educação Contemporânea).
___________. Pesquisa e Construção do Conhecimento: metodologia
científica no caminho de Habermas. 4. ed. Rio de Janeiro: Tempo
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DURHAM, Eunice R. et al. A aventura antropológica: teoria e pesquisa.
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MARCONI, Marina de A.; LAKATOS, Eva M. Técnicas de pesquisa:
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pesquisa. elaboração, análise e interpretação de dados. S. Paulo: Atlas,
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