Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ARTIGO DEACM
REVISÃO
$&
BULLYING ESCOLAR
$'
LEMOS ACM
%
BULLYING ESCOLAR
%
LEMOS ACM
acusações injustas, atuação de grupos que Fante9 afirma que essas mobilizações psíqui-
hostilizam, ridicularizam e infernizam a vida de cas de medo, constrangimento, angústia e raiva
outros alunos levando-os às exclusões, além de reprimida poderão aprisionar sua mente a cons-
danos físicos, morais e materiais, são algumas truções inconscientes de cadeias de pensamentos,
das manifestações do comportamento bullying. que resultarão em dinâmicas psíquicas destru-
Portanto, o fenômeno bullying envolve o(s) tivas de si mesma e da sociedade como, por
agressor(es), a(s) vítima(s) e espectador(es). exemplo, a instalação do desejo de matar, por
O agressor costuma estar em situação de vingança, o maior número possível de pessoas,
poder, autoridade e admiração, atingindo a vítima seguido de suicídio. O trágico é que as vítimas
com constantes emissões de ameaças, intimi- desse fenômeno são feridas na área mais preciosa,
dações, apelidos maldosos, gozações, humi- íntima e inviolável do ser a sua alma.
lhações, ofensas, intrigas, xingamentos, agres- Entretanto, mesmo que as seqüelas não atin-
sões físicas, discriminação, constrangimentos, jam fatalidades irreversíveis, podem acarretar um
insultos, perseguições, chantagens, dentre outros. prejuízo incalculável, em diversos âmbitos, à víti-
Segundo Fante9, tal comportamento é decorrente ma, aos agressores e às testemunhas, caso não
de carência afetiva, ausência de limites e maus- recebam o atendimento necessário.
tratos e explosões emocionais violentas prove- Segundo Costantini10, nesses comportamentos,
nientes dos pais, caracterizando uma ausência às vezes considerados irrelevantes, pesa de
de modelos educativos humanistas éticos. maneira decisiva a ausência de intervenção por
Ademais, podem desenvolver uma tendência ao parte dos adultos. A escola, portanto, enquanto
uso de drogas e ampliação do fenômeno bullying instituição educadora, não pode ser omissa ao
em casa e no trabalho. fenômeno bullying e deve ser compromissada em
Os espectadores, ou testemunhas, por razões ater-se ao fato, buscar atualizar-se e agir de forma
diversas, assistem à violência, porém nada fazem, eficiente no combate ao mesmo.
mesmo que sejam desfavoráveis ao fato. Para Todos os profissionais do âmbito escolar devem
Fante9, podem se sentir inseguros e incomodados estar engajados no processo, comprometidos com
com a situação e, portanto, também tendem a ter a elaboração e desenvolvimento de debates,
o processo de aprendizagem comprometido. palestras, campanhas, trabalhos específicos,
A vítima, por sua vez, ainda segundo Fante9, parceria com a família e com demais profissionais,
tende a ter um perfil típico, que engloba timidez, dentre outros, para que, futuramente, possam se
ansiedade, insegurança, falta de habilidades para orgulhar do ambiente sadio e pacífico que
se impor, medo de denunciar seus agressores, estimularam, em decorrência do desenvolvimento
baixa auto-estima, o que a torna vulnerável e de uma vinculação entre cognição e afeto dentro
passiva à ação do agressor. Muitas vezes, possui do ambiente escolar.
alguma característica física ou comportamental Em contrapartida, em condição de parceria, a
marcante, como obesidade, baixa estatura, sardas, família, de todos os envolvidos, não deve deixar
não gostar de praticar esportes, dentre outras, o que a situação seja resolvida somente pela escola,
que a destaca e a faz diferente dos demais, devendo contribuir com uma participação ativa.
despertando a atenção do agressor. A influência familiar é definidora no desenvol-
Em decorrência do bullying, a vítima pode vimento da estrutura psicológica da criança e,
desenvolver ou estimular pensamentos suicidas, portanto, os pais devem se comprometer a ofere-
isolamento, ansiedade, ira, indignação, rebaixa- cer-lhe, desde o seu nascimento, uma formação
mento ainda maior da auto-estima, depressão, digna, respeitosa e saudável.
medo, traumas, angústia, vergonha, desejo de Todo o esforço dispensado não será em vão,
vingança, problemas psicossomáticos, margina- visto que, de acordo com Beaudoin & Taylor11,
lização, muito sofrimento e aversão à escola. o bullying e o desrespeito tendem a desaparecer
%
BULLYING ESCOLAR
onde haja um clima de atenção e de vínculo desconhecem o fato, igualmente não se tornam
entre as pessoas. contribuinte ao fim do sofrimento e, quando
cientes da situação, seja por ignorância ou
A PSICOPEDAGOGIA E O BULLYING displicência, freqüentemente ignoram-na, consi-
ESCOLAR derando tratar-se de comportamentos comuns à
De acordo com a teoria psicopedagógica, o idade e sem importância.
bullying é considerado um dos atuais A vítima, conseqüentemente, tende a se
causadores de problemas de aprendizagem, excluir de todos os envolvidos e a manter-se em
visto ser capaz de desarmonizar as dimensões um completo isolamento, por considerar-se
cognitiva, simbólica, orgânica e corporal. A sozinha, abandonada e incompreendida. Como,
aprendizagem, de acordo com Negrine12, neces- muitas vezes, não pode dispensar a escola,
sita de motivação como componente inerente sozinha em seu sofrimento, acaba forçando uma
ao processo, visto estar sempre presente como motivação para freqüentar aquele espaço, sem,
desencadeadora da ação. obviamente, aproveitar devidamente as ofertas
Em conformidade, Spitz13 afirma que os afetos educacionais, gerando as falhas no seu processo
determinam a relação entre percepção e cognição, de aprendizagem.
e servem para explicar comportamentos e Segundo Fante9, a superação dos traumas
acontecimentos psicológicos. Natural, então, que causados pelo fenômeno poderá ou não ocorrer,
o objeto de aprendizagem deixe de ser objeto de dependendo das características individuais de
desejo e passe a ser considerado objeto de repul- cada vítima, bem como o da sua habilidade de se
sa, acarretando, portanto, o não-aprender. relacionar consigo mesma, com o meio social e,
Evidente, então, que o processo educacional sobretudo, com a sua família.
se torne comprometido, visto que o aluno, desmo- Portanto, não sobram dúvidas de que o
tivado, passa a não mais ter interesse em freqüen- fenômeno bullying é capaz de acarretar prejuízo
tar a escola. A partir de então, passa a inventar na aprendizagem daqueles que nele estão
qualquer motivo para faltar às aulas, não se preo- envolvidos. Entretanto, como não apenas o campo
cupa em realizar as tarefas, não presta atenção do conhecimento torna-se comprometido, é
às explicações, não se socializa, enfim, não necessário que outros profissionais intervenham,
desenvolve um envolvimento emocional saudável além do psicopedagogo, a fim de resgatar os
com o ambiente escolar. Em conseqüência, o demais desejos perdidos do sujeito.
aprendente tende à retenção de série, troca de
escola e, até mesmo, evasão escolar. CONCLUSÃO
O ambiente escolar, conseqüentemente, torna- O fenômeno bullying é capaz de desenvolver
se inadequado à vítima, uma vez que os colegas, sérios comprometimentos ao processo de
que deveriam estar enquadrados em um nível aprendizagem, visto que desenvolve, na insti-
de amadurecimento e de comportamento simila- tuição educacional, um ambiente nocivo não
res, passam a ser considerados como agressores somente às vítimas, mas a todos, direta ou
ou impotentes; o agressor, propriamente dito, indiretamente, envolvidos.
amedronta-lhe, de modo a fazê-la perder qual- Seus efeitos são capazes de efetivamente
quer motivação relacionada ao estudo (ou a si desarmonizar as dimensões cognitiva, corporal,
mesma), além de tender a ter o seu próprio simbólica e orgânica, acarretando um conflito
processo educacional abalado; as testemunhas entre as questões internas e externas ao sujeito.
passam a ser vistas como rivais e desinteressadas Os estragos emocionais, sociais e psicológicos
na resolução do problema, além de também graves gerados têm força suficiente para impedir
poderem estar comprometidas educacionalmente; que o sujeito tenha um envolvimento saudável e
a família e a escola, por sua vez, quando propício com o objeto de conhecimento.
%!
LEMOS ACM
SUMMARY
Bullying in schools: a psychopedagogical vision
%"
BULLYING ESCOLAR
%#