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Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do RJ – Núcleo de Niterói

Sede Casarão da Educação: Rua Marquês de Caxias, 49, Centro de Niterói.


E-mails: sepeniteroi@yahoo.com.br / sepeniteroi@gmail.com

Niterói, 15 de janeiro de 2021.

Ofício nº 005/2021

Do: SEPE/Niterói.
Ao: Gabinete de Coordenação das Ações de Volta às Aulas na Rede Pública Municipal de Ensino;
À: Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia;
À: Fundação Municipal de Educação de Niterói;
A/C: Vinícius Wu;
A/C: Fernando Cruz;

O Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Rio de Janeiro – Núcleo Niterói (SEPE-Niterói),
legítimo representante dos Profissionais da Educação Básica Pública Municipal de Niterói, vem, por meio
deste, apresentar ao “Gabinete de Coordenação das Ações de Volta às Aulas na Rede Pública Municipal de
Ensino” (instituído pelo Decreto Municipal 13.861/2021) e ao Governo de Niterói considerações e pautas
sobre a dimensão pedagógica, de concepção de educação e escola e de plano pedagógico e educativo
referenciado ao contexto da pandemia e para uma transição de retorno de aulas presenciais na conjuntura
excepcional que vivemos.

Registramos, primeiramente, as seguintes considerações:

1. (...)
2. (...)
3. Nós, Profissionais da Educação Pública de Niterói, sempre nos posicionamos de forma crítica em
relação ao dito “ensino remoto” que foi estruturado nas Redes Públicas de Educação da cidade.
Esta crítica sempre se concretizou em Pautas e Propostas que visavam estruturar outra Pedagogia
na Educação Pública de Niterói no contexto da pandemia: democrática, inclusiva, crítica,
emancipatória, dialógica, referenciada na superação das desigualdades sociais, na busca da
formação humana integral e politécnica, na educação antirracista, na educação promotora da
justiça e igualdade de gênero e na educação ambiental crítica;
4. Nós, Profissionais da Educação Pública de Niterói, criticamos a concepção hegemônica do chamado
“ensino híbrido”, difundida pelos meios empresariais de formação de opinião: tecnicista,
reprodutivista, privatista. O dito “ensino híbrido”, hegemonicamente difundido, não se restringe a
mera “técnica” operacional de alternância de espaçostempos educativos presenciais e à distância,
mediados pelas novas tecnologias de informação e comunicação (NTIC’s), para o contexto
“emergencial” da pandemia: Ele comporta uma concepção de educação e uma proposta
pedagógica global e estruturante. Discordamos e criticamos estes conteúdos e concepções
hegemônicos embutidos no “ensino híbrido”;
5. Tomamos como base os estudos e pesquisas das Comissões Científico-Pedagógicas do SEPE Central
e do SEPE-Niterói, constituídas em 2020 no contexto da pandemia do novo coronavírus. O trabalho
destas Comissões tem dado base às críticas e propostas elaboradas pelo SEPE-Niterói, discutidas e
aprovadas nos fóruns legítimos da categoria e enviadas ao Governo de Niterói através de diversos
Ofícios ao longo do ano de 2020;
6. (...)

Assim, propomos uma “Pedagogia Alternativa Emergencial” como conteúdo de concepção de


educação/escola, proposta pedagógica, plano de trabalho pedagógico e diretrizes/práticas curriculares e
educativas para a Rede Pública Municipal de Educação de Niterói retornar às aulas presenciais de forma
segura, saudável e democrática e superar as contradições, desigualdades e prejuízos educacionais,
socioeconômicos e ecológicos acumulados na Educação de Niterói durante pandemia.

Proposta Geral de Pedagogia Alternativa


Emergencial para a Educação Básica Pública da Rede
Municipal de Niterói

1. No retorno de aulas presenciais “híbridas” 1, propomos a adoção de uma “Pedagogia Alternativa


Emergencial” na Educação Municipal de Niterói;

1
Utilizamos aspas em todo momento que citamos aulas “híbridas”, forma “híbrida” ou terminologia semelhante, com o objetivo
de destacar que nossa proposta pedagógica entendo “híbrido” / “híbrida” na educação/ensino conforme a conceituação que
desenvolvemos neste Ofício;
2. A partir da Pedagogia Alternativa Emergencial, reinterpretamos e reconceitualizamos, de forma
alternativa e crítica, o que hegemonicamente se chama de “ensino híbrido”. Conceituamos o
“hibridismo” no contexto de retorno de aulas presenciais na conjuntura da pandemia, para a Rede
Municipal de Niterói, como: a) a diminuição do número de alunos por turma; b) a “alternância” –
revezamento da frequência dos alunos à escola e ensino presencial, constituindo uma alternância,
pelos alunos, entre os espaçostempos escolares presenciais, com aulas presenciais, e os
espaçostempos “fora da escola”2, com planos de estudos; A “alternância” deve articulada,
pedagógica e curricularmente, de forma intencional e integrada, sendo orientada pelos Planos 3 das
Escolas/UMEI’s, tendo como centralidade a ação pedagógica dos Profissionais da Educação e
incluindo as famílias como agentes parceiros no processo;
3. A prioridade educacional de um retorno de aulas presenciais “híbridas”, na Pedagogia Alternativa
Emergencial, orienta-se pelos seguintes objetivos: provimento de atenção psicossocial para
alunos, famílias e profissionais da educação; a busca da reconstrução de vínculos e promoção do
bem estar físico, emocional e mental de toda a comunidade escolar; ênfase na superação dos
traumas, na reconstrução da vida dos sujeitos escolares e dos vínculos entre todos e com a
escola; a busca do conforto e da solidariedade entre os sujeitos escolares;
4. Ênfases educacionais/formativas: reconstrução de projetos de vida, reconstrução de sonhos,
promoção das artes, das culturas, da educação ambiental e social crítica; superação das
desigualdades e exclusões formativas acumuladas durante a pandemia; investimento em reforço
escolar para os alunos com maiores defasagens na aprendizagem, considerando a realidade
socioeconômica e cultural das diferentes escolas;
5. É necessário desemparedar as crianças: desconcentrar o número de alunos por turma, reagrupar,
sair do aprisionamento em espaços fechados, circular, passear, entrar em contato com a natureza,
na Unidade Escolar e para além dos seus muros; Circular na cidade, nas praças, quadras, praias,
hortos, unidades de proteção ambiental, monumentos, museus etc.;
6. Para a efetivação da Pedagogia Alternativa Emergencial sugerimos, também, as seguintes reflexões
e propostas, em complemento à proposta estruturada nos itens acima deste Ofício: a) as aulas /
aprendizagens / plano de estudos fora da escola não podem ser mera reprodução (tecnicista) das
aulas presenciais; b) os espaços fora da escola devem ser repensados e reinterpretados como
espaços educativos; c) importante investir em planos de estudos com ênfase na
interdisciplinaridade; d) sugestões de instrumentos pedagógicos: 1- Planos de Estudos; 2-
2
Espaçostempos vividos nas diversas comunidades / nos diversos territórios dos alunos e suas famílias, espaçostempos que
passam a ser ressignificados de forma educativa e integrados ao currículo a partir da orientação e acompanhamento da Unidade
Escolar (e seus profissionais da educação);

3
Plano Político-Pedagógico, Plano do Ciclo, Plano de Ação Anual, Currículo Emergencial, novas práticas educativas e planos de
estudos;
Cadernos de Realidade e Acompanhamentos; 2- Aulas-passeios / saídas da escola para ida à
espaços alternativos; 3- Projetos de ação comunitária; 4- Trazer as famílias às escolas (respeitando-
se os protocolos de segurança da pandemia); 5- Atividades de Retorno; 6- Pesquisas, experiências,
estágios; 7- Bate-papos / rodas de conversa;
7. Deve ser respeitada a autonomia pedagógica de cada Unidade Escolar, com a valorização do
diálogo, assegurando um planejamento democrático das atividades, incluindo o debate sobre carga
horária e condições de trabalho;
8. A efetivação com qualidade da Pedagogia Alternativa Emergencial, conforme a conceituação geral
feita acima, no item 2, depende do Governo de Niterói proporcionar a realização das seguintes
reivindicações: a) ampliação do quantitativo de Profissionais da Educação concursados em todas
as Unidades Escolares e na Rede 4; b) ampliação dos espaços escolares5; c) modernização
4
Vide Item 5, subitens i) e j), do Ofício SEPE-Niterói 004/2021, a saber:
 Ofício SEPE-Niterói 004/2021 (...) 5) (...) i) A chamada emergencial de concursados para a composição das equipes de
trabalho intersetorial Educação – Saúde – Assistência Social, comunicativa-tecnológica e pedagógica/ensino da Rede
Municipal de Educação, para todas as Escolas e UMEI’s. São necessárias mais chamadas de concursados (Concurso
2016) Professores, Pedagogos e Funcionários de Apoio Administrativo e de Apoio Operacional – Para reposição de
aposentadorias e exonerações + ampliação dos quadros (verificar a necessidade de criação de mais cargos para
amparar maiores convocações). E destacamos, também, as necessárias chamadas de concursados (Concurso 2016) dos
seguintes cargos: a) Cargos que não ocorreu nenhuma convocação até agora – Agentes de Educação e Inclusão Digital,
Psicólogos, Fonoaudiólogos, Tecnólogos em Sistemas de Informação, Administradores, Arquitetos e Engenheiros Civis;
b) Cargos que já ocorreu convocações, porém, pequenas – Técnicos de Informática, Bibliotecários, Nutricionistas,
Contadores;
 j) A criação de cargos e concurso público emergencial para: Auxiliares de Serviços Gerais, Oficiais de Obras e
Manutenção, Assistentes Sociais – No Quadro Permanente da FME;

5
Aqui operam as seguintes reivindicações importantes: 1) Reformas e ampliações das Escolas/UMEI’s, vide Item 5, subitens f) e
h), do Ofício SEPE-Niterói 004/2021; 2) Repensar e reinterpretar a relação Escolas/UMEI’s – territórios das classes populares,
vide Item 5, subitem a), do Ofício SEPE-Niterói 004/2021 e Item 11 do Ofício SEPE-Niterói 003/2021. A saber:
 Ofício SEPE-Niterói 004/2021 (...) 5) (...) f) A realização de um plano emergencial de obras estruturais, reformas e
adequações em todas as Escolas e UMEI’s, em especial para garantir que todos os protocolos sanitários sejam
efetivamente cumpridos;
 (...) h) A efetivação de um plano emergencial de ampliação do número de Escolas e UMEI’s permanentes + outros
espaços educativos na cidade (Bibliotecas Populares da FME, Telecentros da FME Plataformas Urbanas Digitais, Centros
de Esportes e Artes Unificados, CIEP’s, Escolas-Parque) permanentes;
 Ofício SEPE-Niterói 004/2021 (...) a) Que ocorra diminuição emergencial do número de alunos por turma. Para tanto,
propomos, dentre outras medidas, o seguinte: a) A alternância de frequência das turmas / dos alunos, proporcionando
reagrupamentos parciais e separados; b) O aproveitamento, uso e reinterpretação educativa de espaços públicos da
cidade, numa lógica de articulação territorial educação/escola com: a Rede Municipal de Bibliotecas Populares; os
CIEP’s do Fonseca e do Cantagalo; os CEU’s de Jurujuba e da Ilha da Conceição; o CIEP do Barreto (realizar obras
emergenciais e readequação); a Rede Municipal de Telecentros da FME; as Plataformas Urbanas Digitais da Engenhoca
e do Macquinho; os Hortos do Fonseca, do Barreto e de Itaipu; os Museus da cidade; as Praças e quadras (adequadas)
da cidade; as Estruturas da UFF; os espaços da Concha Acústica do Centro (realizar obras e reformas emergenciais /
readequação); os espaços ociosos das Escolas e CIEP’s da Rede Estadual;
 Ofício SEPE-Niterói 003/2021 (...) 11) Pela Reforma Urbana Educadora: a) Cidade Educadora do livro e da leitura; b)
Cidade Educadora da ciência e da tecnologia; c) Cidade Educadora da cultura popular e democrática; d) Controle de
trânsito urbano que permita maior tranquilidade nas áreas próximas às escolas; e) Por uma política de segurança
pública pautada pelos direitos humanos e que respeite os territórios populares/escolares; f) Rede Municipal de Fibra
Óptica: inclusão da instalação e expansão das estruturas para internet 5G – FO e 5G integrando as escolas; g) Nova
Concha Acústica: Integrada à Educação como escola-parque; h) CIEP’s do Fonseca e do Cantagalo: h.1) Fim do contrato
com a OS – Estatização municipal completa; h.2) Integração à Educação como escolas-parque / escolas-classe; i) Niterói
tecnológica das Escolas/UMEI’s; d) democratização dos meios tecnológicas e digitais como direito
e material didático para os alunos das classes populares 6; e) o prolongamento de políticas de
renda básica para os alunos (e suas famílias) da Rede Municipal de Niterói; f) não sobrecarga de
trabalho dos Profissionais da Educação7; g) regulamentação dos direitos e garantias do trabalho dos
Profissionais da Educação em contexto de trabalho remoto ou “híbrido”;
9. Que sejam garantias às Escolas e UMEI’s verbas descentralizadas para as Unidades Educacionais
produzirem os materiais pedagógicos de reforço e os instrumentos pedagógicos da alternância,
da Pedagogia Alternativa Emergencial, conforme suas características locais, Plano Político
Pedagógico e gestão democrática da escola;
10. É importante investir no monitoramento e acompanhamento para evitar-se o abandono escolar,
com atenção especial às situações de risco de trabalho infantil e violências;
11. É necessário adaptar todos os materiais e o processo pedagógico para os educandos com
deficiências e o conjunto do público-alvo da Educação Especial em perspectiva inclusiva;
12. Que o retorno de aulas presenciais “híbridas” nas Escolas e UMEI’s da Rede Municipal de Niterói
ocorra conforme um calendário escolar que possibilite aos Profissionais da Educação realizarem,
com calma e profundidade: a) Uma jornada de formação continuada que considere o plano
pedagógico e educacional especial, dado o contexto em que vivemos; b) Um ciclo de
replanejamento pedagógico e reorganização dos Planos Político-Pedagógicos, Planos de Trabalho
dos Ciclos e Plano de Trabalho Anual de cada Unidade Escolar, assim como o replanejamento dos
currículos e práticas pedagógicas, também considerando o contexto que vivemos;
13. Por fim, mas não menos importante, é fundamental que o Governo de Niterói propicie as
condições para o diálogo e efetivação das diversas reivindicações dos Profissionais da Educação
sobre o futuro, de longo prazo, pós-pandemia, sobre a concepção de Educação e a Proposta
Pedagógica e Infraestrutura da Rede Municipal de Niterói: Vide o conteúdo do Ofício SEPE-Niterói
003/2021 – Pauta Completa de Reivindicações, em especial a seção “Pautas Pedagógicas e
Infraestruturais” e as subseções Educação, Infraestrutura, Educação Integral, Escola das Infâncias,

Digital: i.1) Maior investimento para funcionamento real e permanente; i.2) Expansão dos projetos e estruturas; j)
Integração das Plataformas Urbanas Digitais à Educação Municipal; k) Integração dos CEU’s à Educação Municipal; l)
Bibliotecas Populares – Expansão da Rede de Bibliotecas Populares de Niterói para contemplar cada bairro da cidade.
Destacamos, em especial: l.1) Santa Bárbara; l.2) Cubango; l.3) Itaipu; l.4) Piratininga; l.5) Cafubá; l.6) Maria Paula; l.7)
Badu – Reabertura da Biblioteca do Badu, cuja sede foi cedida pela Prefeitura à Polícia Militar do ERJ; l.8) Morro do
Castro; l.9) Morro do Céu; m) Rede de Telecentros: m.1) Real integração dos Telecentros à Rede Municipal de
Educação; m.2) Expansão da Rede de Telecentros; n) Escolas-Parque – Construções/Idealizações: n.1) Quilombola; n.2)
Novas Tecnologias – CIEP do Barreto; n.3) Indígena; n.4) Caiçara – Orla da Baía; n.5) Caiçara – Região Oceânica;

6
Vide Item 5, subitens c), d) e e), do Ofício SEPE-Niterói 004/2021;

7
Além da importância da ampliação dos quadros de profissionais, através de chamada de concursados, reforçamos a
reivindicação do cumprimento e garantia, para todos os Profissionais do Magistério, do direito de 1/3 de planejamento e
ampliação, emergencial e temporária, do tempo de planejamento, dentro da carga horária de trabalho contratada (diminui-se a
jornada em sala de aula) – Conforme Item 28 do Ofício SEPE-Niterói 001/2021;
Condições do Trabalho Pedagógico e Reforma Urbana Educadora, Educação Infantil – Pautas
Específicas, Educação de Jovens e Adultos – Pautas Específicas, Educação Especial em Perspectiva
Inclusiva – Pautas Específicas, Ensino Fundamental – Pautas Específicas e Educação Antirracista –
Pautas Específicas.

Sem mais, por hora, aguardamos retorno. Saudações educacionais,

___________________________________________
Direção Colegiada / SEPE-Niterói

(...)

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