Introdução à Filosofia: Filosofia da Ciência e Epistemologia
Karen Beatriz Oliveira Alves
A visão de Popper sobre o problema da indução
A indução, durante muito tempo, foi crucial na resolução de problemas e compreensão
do mundo, porém, para Karl Popper, esta não existe, seja ela por enumeração ou por eliminação. A primeira (indução repetitiva), a qual consiste em observações repetidas que são fundamentos para algumas generalizações de uma teoria, é incapaz de fundamentar algo. Isso porque, ainda que nunca tenha sido observado um fato, é impossível estabelecer que este não exista, pois pode apenas possuir baixa probabilidade de ocorrência. Um exemplo disso é a conclusão que não existem cisnes negros porque nunca foram vistos pelo observador. Já no que se refere à indução eliminatória, a qual se baseia no método da rejeição das falsas teorias, acredita-se que eliminando todas as teorias falsas, pode-se fazer valer a verdadeira teoria. Entretanto, em sua elaboração não era levado em consideração que o número de teorias contrárias tenderia a infinito, pois para cada problema, existe sempre uma infinidade de soluções logicamente possíveis, o que é um dos princípios lógicos da ciência. Logo, os métodos baseados apenas nas rotinas se tornam ineficientes, pois na ciência, é crucial o uso da imaginação, mesmo que depois esta seja aperfeiçoada pela crítica. Isso significa, portanto, que é errôneo estabelecer que a ciência empírica possa ser realizada através de métodos indutivos, pois as conclusões geradas a partir desses, sempre poderão ser reveladas falsas ou incompletas.
O princípio da falseabilidade de Popper
O princípio da falseabilidade é utilizado como forma de provar as hipóteses sugeridas
como solução dos problemas. A prova é feita através da extração de consequências das hipóteses. Se essas consequências ocorrem, as hipóteses serão confirmadas, mas caso alguma consequência não ocorra, a hipótese é falsa. Dessa forma, para que uma teoria seja provada, ela deve ser falsificável, ou seja, desta devem ser extraídas consequências que possam ser refutadas. Nos casos em que tal extração não pode ser refutada, trata-se a teoria como não científica, porém o não científico na atualidade pode vir a se tornar em científico em novo contexto histórico, pois o próximo controle poderá desmenti-lo. Um exemplo disso é a teoria relativística, que após muitos anos, provou falhas na mecânica Newtoniana, a qual até o momento era tida como verdade na Física.
O conceito de paradigma de Kuhn
O conceito de paradigma, de acordo com Kuhn, é a realização científica universalmente
reconhecida, que garante a fundamentação de uma pesquisa científica por uma comunidade, pois fornece problemas e soluções para tais. O paradigma é produto da ciência normal, na qual as pesquisas e seus resultados são previsíveis, ou seja, nesta há a adequação das experiências ao que foi aprendido. Porém, isso implica em um quase impedimento do estabelecimento de novos paradigmas, pois não é a primeira preocupação da ciência normal, e, como somos constituídos do vigente, nosso olhar é corrompido por julgamentos.
O que é uma crise de paradigma para Kuhn
Os paradigmas mencionados anteriormente, porém, podem entrar em crise, o que ocorre
quando existem perguntas e dados que não podem ser mais respondidos pelo cientista de determinada área do conhecimento a qual eles pertencem. Tal fator é uma consequência do avanço da ciência normal, o qual carrega consigo questões novas.
A chamada crise de paradigmas é uma causa das mudanças conceituais e
procedimentais dentro de um campo do conhecimento, pois os profissionais encontram anomalias. Quando há o surgimento de uma anomalia, a primeira ação é o reforço da adequação dos novos dados às teorias já existentes, entretanto ela persiste e não pode ser evitada ainda assim. Inicia-se, portanto, uma investigação de forma não tradicional, que conduz a um novo compromisso com a ciência, alterando suas bases.
Um exemplo de quebra de paradigma é a concepção de Galileu sobre a esfericidade da
Terra após a utilização de uma luneta. O cientista encontrou irregularidades nas superfícies dos planetas, os quais eram considerados esferas perfeitas pela astronomia aristotélica. Esse dado não aguardado, todavia, contribuiu para o avanço da ciência da natureza e, a partir dele, houve reformulação das conclusões.