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Disciplina: História do Brasil I

Texto Utilizado:
Título: Formação do Brasil Contemporâneo. Colônia. Autor: Caio Prado Júnior.
Ano: 1994. Editora: Brasiliense.

Resumo:
Segundo Prado Júnior (1994) a administração colonial baseada na monarquia
portuguesa orientava-se por princípios diversos. Com a própria noção de direito
divergindo da atual, mesmo sendo dividido semelhantemente em direito público em que
aborda as relações coletivas e o direito privado abrangendo às relações individuais.
Sendo o rei para a monarquia “a cabeça, chefe, pai e representante de Deus na terra”
(PRADO JÚNIOR, 1994, p.299).
Para o autor o caos imenso de leis, dentre elas as próprias ordenações, formaram
o direito administrativo da colônia. Assim a administração portuguesa aplicou na
colônia o mesmo sistema e organização da metrópole, não criando nada de original para
o Brasil, que tinha suas condições peculiares. Como exemplo o autor cita a
centralização do poder e concentração das autoridades nas capitais e sedes, semelhante a
metrópole, entretanto ineficiente para a colônia.
De acordo com Prado Júnior (1994) a administração geral das capitanias era
exercida pelo conselho Ultramarino, subordinados a um dos quatro secretários de
Estado do Governo. A este conselho se submetia basicamente quase todos os assuntos
coloniais, o que o sobrecarregava e o tornava ineficiente, mas segundo o autor “De tudo
se queria saber em Lisboa, e por tudo se interessava o Conselho” (PRADO JÚNIOR,
1994, p.305). Outro departamento menos importante segundo o autor era o da Mesa e da
Consciência e Ordens que tinha como função os assuntos eclesiásticos, bens de
falecidos e ausentes, e negócios das Ordens Militares.
Para o autor a capitania era a maior unidade administrativa da colônia e sendo
dividida em “comarcas”, estas em “termos”, em sequência as “freguesias”, que
finalizavam se dividindo em “bairros”. O governador era o chefe supremo da capitania,
exercia funções de caráter militar, contudo era a cabeça de toda administração em geral.
Prado Júnior (1994) define os demais órgãos da administração em de três
setores: militar, geral e fazendário. As forças armadas das capitanias compunham-se da
tropa de linha (tropa regular, profissional, permanentemente sob armas e compostas
basicamente por regimentos portugueses), das milícias (tropas auxiliares que se
recrutavam por serviço obrigatório e não remunerado na população da colônia) e dos
corpos de ordenanças (força local, formada pela população masculina entre 18 a 60
anos, que não havia sido dispensada do serviço militar e que não tinha sido alistada na
tropa de linha ou nas milícias).
O sistema geral da administração colonial era formado por órgãos superiores que
funcionavam como instâncias de recursos e pelos órgãos inferiores, sendo o mais
importante o Senado da Câmara, com sede nas vilas ou cidades com sua jurisdição
sobre o termo respectivo. De acordo com Prado Júnior (1994) é sempre difícil precisar o
que é de competência privativa da Câmara, pois em todos os seus negócios se vê a
intervenção de outras autoridades, sobrepondo-se a ela ou correndo-lhe parelhas.
Segundo ele para todos os atos da Câmara havia recursos em alguma autoridade
superior, entretanto as Câmaras atuavam como órgãos locais da administração geral.
Os órgãos fazendários tinham como função gerir o Real Erário, arrecadar
tributos e efetuar despesas. O principal órgão da administração fazendária era a Junta da
Fazenda, que tinha forma colegial e era presidida pelo governador. O principal tributo
era o dízimo, que recaía sobre a décima parte de qualquer produção, devendo ser pago
em espécie. Ainda podiam ser cobrados direitos de alfândega, donativos, terças partes,
novos direitos, emolumentos de provisões e patentes, subsídio literário e subsídios
extraordinários.
Segundo o autor a posição da Igreja era mais acentuada nesse período, pois
existia uma onipresença de crenças e práticas que o individuo já encontrava dominantes,
constantes e poderosas ao nascer, e que o acompanhariam até o final de sua vida. Assim
as necessidades espirituais se colocavam no mesmo plano das exigências da vida civil.
Prado Junior (1994) afirma que a Igreja teve grande importância na
administração pública nesse período, emparelhando-se a administração civil, com
colaboração mútua entre elas em geral. Assim a Igreja no Brasil se tornou um
departamento da administração portuguesa, e o clero seu funcionalismo.

Portanto para o autor a organização administrativa da colônia foi falha, pois


faltou organização, eficiência e presteza do seu funcionamento, já que os órgãos são
complexos e confusos com relação a suas funções e competências. Acumulando-se a
essa fraqueza administrativa somava-se a corrupção que em vez de ser exceção se fazia
como via de regra dos agentes públicos.

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