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DEGENERAÇÃO MACULAR
RELACIONADA À IDADE
(forma neovascular)
PORTARIA CONJUNTA SAES/SCTIE/MS
Nº 24, DE 07 DE DEZEMBRO DE 2022
DIAGNÓSTICO INTRODUÇÃO
AVALIAÇÃO CLÍNICA A Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI)
é uma doença degenerativa e progressiva que aco-
O diagnóstico é feito por meio de exame oftalmológico completo e, principalmente, por
mete a área central da retina (mácula), levando fre-
biomicroscopia do segmento posterior. Pode ser classificada como seca, responsável pela maior quentemente a comprometimento da visão central.
parte dos casos (85%-90%), ou exsudativa, também denominada neovascular (10%-15%). Na DMRI O principal mediador envolvido na fisiopatogenia
seca, ocorre a formação de drusas e alterações no epitélio pigmentar da retina (EPR). Na DMRI dessa doença é o fator de crescimento do endoté-
exsudativa, ocorre a formação de membrana neovascular (MNV), sendo responsável por 90% dos lio vascular A (vascular endothelial growth factor A
casos de cegueira (acuidade visual - AV igual ou inferior a 20/200). O aumento da permeabilidade – VEGF-A). A DMRI é a principal causa de cegueira
do complexo neovascular causa extravasamento do conteúdo do plasma para diferentes camadas irreversível em indivíduos com mais de 50 anos nos
da retina, gerando dano às células neurais e formação de cicatriz sub-retiniana. O dano gerado países desenvolvidos, no Brasil sugere-se uma pre-
pode ser estagiado progressivamente desde leve até avançado. valência de DMRI 2,2% na faixa etária de 70-79 anos
e de até 10,3% em indivíduos com 80 ou mais anos.
COMPLEMENTAÇÃO DIAGNÓSTICA
Angiografia fluoresceínica consiste na aplica- Tomografia de coerência óptica (TCO) é um CID 10
ção de corante (fluoresceína) por via intrave- exame não invasivo que utiliza as propriedades
nosa, seguida de documentação fotográfica do da interferometria para análise de estruturas
H35.3 Degeneração da mácula e do polo posterior
fundo ocular e sua vascularização após estimu- do globo ocular. O exame avalia a anatomia da
lação luminosa. Na DMRI exsudativa, o extra- região macular, identifica a presença de líquido
vasamento do corante pode ser observado na intra- e sub-retiniano, permite quantificar o au-
região macular em formações neovasculares mento da espessura retiniana (edema macular) BENEFÍCIOS ESPERADOS
localizadas, contribuindo, assim, para avaliar e e monitora o tratamento. Na DMRI exsudativa, O objetivo do tratamento é estabilizar a evolução
classificar os diferentes subtipos de membranas pode haver diferentes padrões: da doença, definida como a não piora da acuidade
neovasculares: visual de 15 letras relativamente ao início do tra-
a) Membrana neovascular oculta (MNV tipo 1): A tamento, de preferência com a cicatrização ou in-
membrana neovascular (MNV) localiza-se abaixo do EPR. terrupção da atividade da membrana neovascular.
Extrafoveais: o complexo vascular en-
Há evidência de descolamento do EPR, irregularidade do
contra-se a mais de 200 micrômetros do complexo fotorreceptor-membrana limitante externa Em cerca de um terço dos casos, ocorre melhora
centro da zona avascular foveal (ZAF). geralmente associada a variável acúmulo de fluido. da AV inicial.
Justafoveais: o complexo vascular está b) Membrana neovascular clássica (MNV tipo 2): A
Localização localizado entre 1-200 micrômetros
do centro da ZAF.
MNV clássica localiza-se abaixo da retina. Na TCO, ob-
serva-se a lesão fusiforme com alta reflexão abaixo da MONITORIZAÇÃO
retina, acompanhada de exsudação secundária.
Subfoveais: complexo vascular en-
volve o centro da ZAF.
A monitorização do tratamento deverá ser feita
c) Descolamento do epitélio pigmentar da retina por meio de exames clínicos (AV corrigida e bio-
(DEP): Normalmente é acompanhado de membranas
Clássica: o complexo vascular é visível microscopia do segmento posterior sob midríase)
ocultas e é representado por elevações contínuas e
nas fases iniciais do angiograma com côncavas do EPR (banda externa hiper-refletida). Pode e TCO conforme o esquema de tratamento esco-
crescente hiperfluorescência local por estar preenchido.
extravasamento do corante. lhido, podendo variar de 04 até 16 semanas. Re-
d) Ruptura do EPR: Observa-se elevação da linha tinografia fluorescente (angiografia fluoresceínica)
Oculta: o complexo vascular não é visível representativa do EPR-Bruch que se encontra mais pode ser solicitada na suspeita de aparecimento
Forma nas fases iniciais com hiperfluorescência espessada e irregular, muitas vezes incontínua e as-
focal, apresentando características de
de novas membranas neovasculares ou em casos
sociada a um DEP significativo.
extravasamento ou represamento de em que seja necessário revisar o diagnóstico.
fonte indeterminada, sendo caracteriza- e) RAP (retinal angiomatous proliferation – MNV tipo 3):
do como descolamento fibrovascular do Caracterizada por neovascularização intra-retiniana que EVENTOS ADVERSOS LOCAIS
epitélio pigmentar ou extravasamento pode progredir para anastomoses coroido-retinianas, asso- Após a injeção intravítrea de aflibercepte, bevaci-
tardio de fonte indeterminada. ciada à hemorragia intrarretiniana com ou sem DEP seroso. zumabe e ranibizumabe, hiperemia local e reação
Observam-se complexo intra-retiniano hiper-reflectivo, au-
Predominantemente clássica: mais de mento cístico da espessura retiniana. de câmara transitória são relativamente comuns.
50% da lesão é composta de membra- Complicações significativas, como hemorragia
na neovascular clássica. f) Neovascularização polipoidal: É um subtipo da vítrea, descolamento de retina, ruptura do EPR e
Minimamente clássica: a área total é membrana neovascular tipo 1 com características clí- catarata, têm incidência menor de 10%. As taxas
Composição nicas e história natural distintas.
composta de 1%-50% de membrana de endoftalmite também não atingiram 0,5% por
neovascular clássica. g) Cicatriz disciforme: Há complexo hiper-reflectivo injeção.
Oculta: a lesão é composta apenas de na retina externa ou sub-retiniano.
membrana neovascular oculta. EVENTOS ADVERSOS SISTÊMICOS
Quadro completo na seção 3.2 Complementação diagnós- Até o momento estudos que avaliaram o afliber-
tica no PCDT DMRI PT Nº 24, de 7 de dezembro de 2022. cepte, bevacizumabe e ranibizumabe demonstra-
ram que os medicamentos são seguros.
2
CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
Serão incluídos neste Protocolo para ANGIOGRAFIA FLUORESCEÍNICA formação neovascular clássica ou oculta
tratamento com injeções intravítreas
os pacientes com DMRI exsudativa:
lesão hiper-reflectiva sub-retiniana associada
• que tenham mais de 60 anos
a líquido sub ou intrarretiniano
• com melhor AV corrigida igual ou
superior a 20/400 e igual ou infe- TCO
rior a 20/30 descolamento do EPR (DEP) associado a líquido
sub ou intrarretiniano sem outra causa aparen-
• que apresentam lesão neovascular
te além de membrana neovascular oculta
sub ou justafoveal confirmada por Pacientes com membranas extrafoveais
devem ser tratados conforme o protocolo de
ANGIOGRAFIA FLUORESCEÍNICA OU tratamento por fotocoagulação de acordo com
TCO, com os seguintes achados: sub-item 6.1 e o Apêndice 1 do PCDT lesão tipo RAP associada a líquido sub ou
Completo - PT Nº 10, de 23 de maio de 2022. intrarretiniano ou DEP
CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
TRATAMENTO
A conduta para DMRI exsudativa baseava-se em terapêuticas destrutivas (fotocoagulação a laser e terapia fotodinâmica), gerando sequelas ao tecido
neurossensorial, raramente com melhora da visão. Atualmente o tratamento com fármacos permite estabilizar/modificar o curso da doença.
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
Os fármacos preconizados no Protocolo são de uso intravítreo que inibem a ação do VEGF-A.
Anticorpo completo, humanizado, que inibe a ação Solução injetável de 25 mg/mL, frasco ampola de 4
Bevacizumabe
do VEGF-A. mL e 16 mL.
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
ESQUEMA DE ADMINISTRAÇÃO
Esquema Fixo Esquema Pro Re Nata (PRN) Esquema Tratar e Estender (TES)
* Critérios de acordo com o Quadro 1, item 7.1.2 do PCDT completo da PT Nº 24, de 7 de dezembro de 2022.
** Mantendo-se o paciente sem critérios de tratamento, inicia-se outra tentativa de estender os tratamentos e avaliações, conforme o Quadro 2,
item 7.1.3 do PCDT completo da PT Nº 24, de 7 de dezembro de 2022.
REGULAÇÃO E CONTROLE
Doentes com DMRI com indicação de tratamento devem ser atendidos em serviços especializados que disponham dos recursos físicos e humanos necessários
para sua adequada avaliação, diagnóstico, tratamento e acompanhamento.