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FICHAMENTO HISTÓRIA DO BRASIL I – VITOR DOMINGUES SALLUM

Metamorfoses Indígenas: identidade e cultura nas aldeias coloniais do


Rio de Janeiro - Maria Regina Celestino de Almeida (Capítulos 1 e 2)

Nos capítulos 1 e 2 do texto Metamorfoses Indígenas: identidade e cultura nas


aldeias coloniais do Rio de Janeiro, a autora escreve especificamente sobre a
ocupação portuguesa na cidade do Rio de Janeiro, trabalhando com a complexidade e
diversidade de interesses entre os povos ocupantes.

No início é feita a distinção entre duas etnias indígenas, os temiminós (aliados


dos portugueses em Porto Seguro) e tamoios (bárbaros e selvagens), cuja separação
se dá pelo olhar do europeu e funciona como instrumentalização de uma narrativa
pouco atrelada à veracidade. Ainda numa divisão mais generalizada, entendiam-se os
índios como Tupis (que agrupavam várias etnias como Temiminós) e Tapuias (todos
aqueles que não eram tupis). Sobre essas classificações, é importante ressaltar que o
conceito de Índio não faz parte de uma autoidentificação e consiste em criação
portuguesa – sendo categorias não fixas com caráter adaptativo as necessidades
políticas da colônia. A autora trabalha com a hipótese da classificação dos temiminós
ser produto da colonização, já que os mesmos eram descendentes de tamoios que
provavelmente se separaram por conflitos internos.

A guerra para as populações indígenas sempre representou a coesão social.


Era através das guerras e do sacrifício do inimigo capturado – com o objetivo do
consumo de sua carne – que os chefes confirmavam seu prestígio. As guerras eram
intermináveis – movidas à vingança – e faziam parte da estrutura social. Em certa
medida esse contexto facilitou a colonização em seu caráter bélico. Os portugueses se
adaptaram aos costumes indígenas para se inserirem, e com o contato se observou a
intensificação dos conflitos e guerras intertribais. Desde o início do contato a
população indígena sofreu com sua mortalidade e percebeu o aspecto negativo na
relação. Apesar disso, as trocas presumiam interesses mútuos, onde as armas eram a
principal oferta portuguesa em troca de exploração dos recursos naturais e também do
fornecimento de escravos capturados em guerras.

Enquanto a França ocupava a cidade carioca e estabelecia alianças, em sua


maioria, pacíficas com as populações indígenas, Portugal identificou a necessidade de
combater a investida rival, e para isso utilizou algumas estratégias pelas quais a
autora irá dissertar durante o texto. Custou a colônia portuguesa estabelecer acordos
com os temiminós para a investida contra a ocupação inimiga na cidade carioca, já
que se encontravam vastos de armamento. A guerra da conquista se deu também com
justificativas religiosas. A França Antártica permitia a permanência de protestantes,
cuja existência feria princípios da escola dos padres jesuítas.

No segundo capítulo, a estrutura do texto se dá na análise dos povos indígenas


como agentes da história, com foco na ocupação do Rio de Janeiro. A distribuição
demográfica se dá por meio de aldeamentos, que comportavam várias etnias no
mesmo espaço. Eram projetos da colônia em parceria com jesuítas, mas que também
caracterizavam interesses indígenas. Além das aldeias, observava-se a presença de
sertões – símbolos da resistência ao contato.

Nas aldeias, a participação indígena foi marcante quanto as necessidades de


se estabelecerem trocas de interesses. A mortalidade foi característica marcante
desses aglomerados, cujas guerras e epidemias significavam o extermínio dos índios.
Nesse contexto, os Descimentos – captura de novas populações indígenas, em geral
nos sertões, para a reocupação das aldeias – se tronaram política importante da
colonização. Custosas e constantes, eram nesses momentos em que mais se
observavam interesses indígenas em jogo. Os aldeamentos eram também uma forma
das populações indígenas se protegerem – com direito a terra - já que os sertões eram
constantemente atacados por colonos interessados na mão de obra indígena. Esses
descimentos eram de interesse da colônia também na tentativa de controlar os abusos
dos colonos, e tinham significados religiosos marcantes.

Concluindo, a autora reforça a importância de se analisar esses momentos da


história da colonização buscando observar os interesses indígenas em jogo, pensando
no conceito da política indígena – em contraponto a uma visão exclusivamente
indigenista.

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