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era estabelecer relações a fim de que pudessem colonização portuguesa, sendo decisivos para a
melhor explorar a região, no momento seguinte, os inserção dos indígenas na ordem colonial, tendo
viviam na região hoje conhecida como Brasil. missionária, fazendo com que os indígenas fossem
principalmente, de sua voracidade em obter escravos Desse modo, criou-se categorias de indígenas a partir
que, além de intensificar as guerras intertribais, das relações que mantinham com os colonos. Os
contrariava sua principal motivação – a captura de “aliados” teriam um papel especial nessas relações
Um lamento triste
Sempre ecoou
Escravização
Por meio das guerras justas, o processo de
Os portugueses introduziram várias formas de
escravização desse grupo se aprofundou.
“aquisição” dessa mão de obra nos primeiros anos da
uma dessas formas e eram realizadas por meio da primeiras expedições portuguesas, principalmente
retirada dos índios dos seus locais de origem para as após as cartas de doação das capitanias hereditárias e
aldeias criadas nos núcleos portugueses. Alguns em um ambiente de escassez de mão de obra. A
desses indígenas que iam para as aldeias aceitavam de disputa entre colonos e jesuítas, esses últimos
forma voluntária por temer a escravização, a redução desejosos de catequizar os indígenas, marcou os
das terras livres, a falta de alimentos ou outras primeiros séculos da colonização. No entanto, de
dificuldades que poderiam colocá-los em risco, acordo com Jacob Gorender (2010, p. 524), se os
tornando a aldeia uma proteção nesse processo de jesuítas salvaram em parte a população indígena da
catequese.
Comentário
Indígenas soldados da província de Curitiba Para esse autor, o protesto contra a escravização
escoltando prisioneiros nativos, tela de Jean-
injusta tinha, no seu reverso, o reconhecimento da
Baptiste Debret.
escravização considerada justa aos olhos da lei.
A Coroa portuguesa autorizava esse tipo de guerra, escravização pôde ser identificada em pesquisas que
usando como justificativa a ideia de que os indígenas analisaram testamentos e que encontraram as
eram selvagens e por isso permitia sua escravização. heranças com as seguintes expressões: moços de
para a escravização não preservou os indígenas e nem que causou o desaparecimento do indígena, criou-se a
substituiu esse tipo de mão de obra que continuou a ideia de que, no século XIX, ele já não mais existia
Nos tempos do Império, principalmente na região do amistosa até o fato de indígenas fugirem por
cultivo do café no Vale do Paraíba, outros grupos conhecerem a terra e não se adaptarem ao trabalho.
indígenas foram afetados. Os que viviam na região de As premissas falsas podem ser observadas quando
C
D
Questão 2
No entanto, uma investigação nas fontes acabam por O Brasil recebeu o maior volume de africanos para a
indicar processos diferentes. Escolha, entre as escravização nas Américas. Esse grande comércio de
alternativas abaixo, a que serve de exemplo de um gente foi introduzido pelos portugueses nas primeiras
No levante na cidade do Rio de Janeiro, para expulsar A comercialização de africanos para as Américas
foi impulsionada por diferentes motivos, entre eles o africanos deveriam ser forçados a trabalhar porque
religioso, no qual a presença portuguesa no eram afeitos ao ócio e, sendo superiores religiosa e
continente africano iria espalhar a fé cristã e salvar culturalmente, os portugueses acreditavam que
décadas seguintes.
Os reis portugueses tinham o poder de decidir quem
Nessa guerra, a conversão ao cristianismo seria a
proteger e quem atacar, e suas decisões dependiam da
senha para escapar da escravização, sendo uma ação
boa vontade dos chefes em respeitar os acordos com a
legítima e providencial apoiada pela Igreja Católica e
Coroa. Quando os chefes africanos se deram conta
pela Coroa.
das trágicas consequências do tráfico de escravos –
De acordo com alguns cronistas do período, a seus povos divididos e em guerra uns contra os
escravidão permitiria aos nativos africanos a outros, vassalos leais subitamente rebelados contra a
conversão ao cristianismo e depois libertos estariam autoridade dos soberanos, todos seduzidos pela ilusão
podiam controlar.
Mina, sendo esse um local de origem dos africanos escravizado pudessem estabelecer mais tarde no
que foram para a Bahia diante da profícua troca entre mundo branco.
região, por conta da exploração do ouro, vinham de O legado da escravidão seria eterno para quem
Angola para o Rio de Janeiro, sendo vendidos vivesse em uma sociedade escravista, não sendo a
cativos no Rio de Janeiro com destino às minas. igualdade que um homem branco, mesmo que pobre.
do escravo e a criação de hierarquias étnicas e A cidade do Rio de Janeiro foi afetada pela forte
diferentes tamanhos e que incluía experientes mestres escravizados eram diversos. De acordo ainda com
e capitães, e de origem do Rio de Janeiro, da Bahia, Cavalcanti, havia os comerciantes que queriam
produzirem, e pertencessem às etnias preferidas. Quando o Rio de Janeiro se tornou sede da Corte em
Além disso, queriam desfrutar o privilégio de escolha 1808, houve um aumento da demanda por
(CAVALCANTI, 2005, p. 37) quantia, que seria dada ao senhor e combinada entre
eles.
Esse tipo de atividade exercida por esses escravizados de Janeiro, até as com grandes ladeiras, como
restando aos escravizados essa atividade, usando suas escravização africana e dos seus descendentes,
cabeças, braços e toda sua força física para carregar ocorreu também uma movimentação legislativa a fim
todos os tipos de mercadorias, das mais leves às mais de diminuir essa dependência e eliminar
Essa era a realidade da escravidão no Brasil logo após Após 1831, o desembarque passou a ser uma questão
a independência e que teria pouca alteração na década de oportunidade, quando não houvesse perigo da
decréscimo temporário nas entradas de africanos Chamada de “lei para inglês ver”, a primeira lei que
durante a primeira metade da década de 1830, mas, interrompeu o tráfico foi fundamental para a
nos anos seguintes, assumiu grandes proporções. produção de fortunas e para o aprofundamento da
Entre o período das duas leis, houve o estrutura econômica foi marcada pela construção de
estabelecimento e a expansão da produção do café na uma rede ampla que pode ser caracterizada pela
A implantação efetiva de uma economia agrária superioridade europeia e que domina todo o mundo.
desses últimos por seus direitos e ampliação dos conversão e justificou a escravidão.
espaços de negociação. E
A expansão do café no Vale do Paraíba se confunde estrutura de feitorias e a inserção nas disputas locais
com a história da expansão da própria classe que permitiram um lento e contínuo processo de uso
vista delimitado pela Corte e pela escravidão. O trabalho como um produto e que tem suporte
comércio, tanto econômica quanto socialmente. algo recorrente nas sociedades modernas e
auge, devemos salientar também que é foram feitas sem a resistência dos homens e mulheres
o período em que o comércio começa a falir com a seus descendentes, que não aceitaram suas condições
população.
o período em que a religião muda o discurso e se
torna inimiga da escravidão. Uma delas foi por meio da fuga e formação de
D close
o período em que os governos independentes das Os quilombos foram uma forte expressão de
Américas mais lutaram pelo seu direito de escravizar. resistência à escravidão e são caracterizados pela sua
legislações, por pressão de ingleses, por exemplo, grupos sociais oprimidos e em risco.
plena cidade.
Diferentemente do segredo existente no modelo prática. As alforrias eram uma forma de diminuir a
tradicional, suas lideranças eram conhecidas, com tensão e serviam de mecanismo de segurança para
boas articulações políticas, sendo essencial a garantir a permanente entrada de africanos, numa
articulação mais profunda com a sociedade e sendo espécie de constante mobilidade da escravaria. Por
parte de um jogo político daqueles últimos anos da outro lado, as fugas e as revoltas eram
escravidão. Dois quilombos abolicionistas são desmobilizadas por meio da negociação entre senhor
pelas autoridades ou por senhores. senhor. A região tinha uma forte concentração de
1835
Brasil. No entanto, podemos afirmar que as rebeliões Na região de Paty dos Alferes, no Rio de Janeiro,
aqui existentes foram grandes “ensaios” para algo houve a fuga de escravizados de duas fazendas, que
maior e causaram preocupação sobre o destino da tinham como objetivo formar quilombos. A fuga não
escravidão no Império. Entre as mobilizações teve sucesso e esses homens foram recuperados,
estudadas pela historiografia, destacam-se as sendo condenados à morte e Manoel Congo
ocorridas na década de 1830, após a primeira lei do enforcado em praça pública para servir de exemplo.
fim do tráfico. A fuga ocorreu numa região com grande
negociação tinham o seu valor. Esse direito talvez fosse permanecer num lugar
negociadores do que rebeldes, uma vez que negociar Outro motivo para as fugas poderia ser também uma
era uma chave para sobreviver no sistema. Por conta reação aos castigos físicos ou a quebra de costumes
disso, é errado ver o período da resistência à anteriormente aceitos, entre eles, a redução dos dias
independente politicamente.
que eram determinantes para a sobrevivência no A batalha do Haiti, que toma o poder em um país
para os ex-escravizados.
sistema escravista ou para a realização de alguma
C
ação mais violenta de fuga ou de conquista de
Vejamos!
uma cidade fortificada que tinha plena autonomia.
D
Incorporar à sociedade brasileira uma ética do
trabalho.
uma favela onde um estilo de vida próprio era
E população.
um centro de resistência, que mantinha trocas Eliminar vestígios indexados da presença indígena e
1830
Mão de obra imigrante estrangeiros. No entanto, essa lei não foi suficiente.
1837
No Brasil escravista, não eram explorados apenas os
escravizados. Havia também uma gama de Em 1837, novas providências foram anunciadas para
atividades variadas. Esses trabalhadores, homens e estabelecidas na nova lei, estavam a possibilidade de
mulheres, comercializavam sua mão de obra e, em demissões por justa causa, a intermediação de
alguns casos, o próprio corpo, em troca de dinheiro, sociedades de colonização para a contratação
de locatários e locadores.
Essa lei poderia ser a garantia para a falta de braços Em 1879, outra lei reajustava as normas para a
para o trabalho por conta do fim do tráfico em 1831. locação dos serviços aplicados à agricultura e
No entanto, o que se viu nos anos seguintes foi não estabelecia prazos diferentes para os contratos
apenas a intensificação do tráfico ilegal de africanos, exercidos por brasileiros ou estrangeiros e revogava
mas da própria força da escravidão. as anteriores – 1830 e 1837. Entre 1880 e 1889, há
A política imigrantista do Império parece ter Seja por simples venda de escravo.
Entre 1861 e 1870, havia cerca de 95 mil Nesse último caso, o acordo seria entre o contratante
senhores para um aluguel como “amas de leite” ou mulheres escravizadas ou negras libertas e livres,
exercer a atividade para os filhos do senhor. As representando um forte aspecto da escravidão urbana
“amas secas” também eram exercidas por essas e que serviu de crônicas para viajantes que visitavam
mulheres, às vezes de forma complementar, e seria o Brasil, principalmente a Corte, e que identificavam
destinado aos cuidados das crianças. no serviço doméstico uma atividade quase
investigado pela historiografia, talvez devido à falta As quitandeiras foram a atividade comercial mais
de fontes sobre o paradeiro deles, que sequer expressiva nas grandes cidades escravistas do século
aparecem nas fotografias de mulheres negras XIX, atividade ocupada por mulheres negras em sua
amamentando crianças brancas. Imagens essas maioria. Diante de uma precária distribuição de
realizadas por fotógrafos profissionais nos últimos alimentos, as quitandeiras tornaram-se responsáveis
anos da escravidão. Certamente, os filhos dessas pela venda de diversos gêneros alimentícios, fazendo
amas de leite, se vivos, estavam entregues à anúncios dos seus produtos, causando uma grande
escravização, disputando com as crianças brancas o gritaria pela cidade, ao mesmo tempo que
outros alimentos.
Trabalho escravo e trabalho sexual
Oriental), foi uma consequência da forte imigração
Prostituição
europeia para as Américas, na maioria de homens,
conta do forte fluxo imigratório do século XIX e que, Mulheres escravizadas e negras
de degradação.
No entanto, algumas pesquisas mostram que a prática superioridade lhes dava posição destacada nas
se afastar da proteção senhorial ou ter chances de que foram impactados pela tradição escravista no
acumular dinheiro para a liberdade. No entanto, vale mercado de trabalho do Brasil Império.
deixando, porém, de ser a mulher, branca ou negra, A discussão sobre o escravismo brasileiro não ser
imigrante ou escravizada, a maior vítima desse identificado como trabalho, mas como troca de
I – Prostituição
que vieram como escravos, mas somente para pagar a
II – Amas de leite
passagem.
III – Domésticas e arrumadeiras
B
Estão corretas:
que organizaram espaços autônomos no Brasil para
fugir do escravismo. A
C
Somente I e II.
B
Somente I e III. escravidão no Brasil. Por outro lado, temendo a
O comércio de gente no Brasil e nas Américas foi obrigadas por seus senhores a exercerem tal prática.
iniciado com a chegada dos colonizadores europeus. Desse modo, é fácil concluir o quanto que os anos da
Os indígenas foram os primeiros grupos a sofrerem Colônia e do Império foram marcados por uma
essas ações que desconsideram suas identidades atividade comercial específica: o comércio de gente e
étnicas e suas práticas culturais, principalmente as a exploração dos corpos de homens e mulheres de