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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS/CCHL


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS/DCJ
TEORIA GERAL DO DIREITO
PROF. DRA. REGINA COELLI BATISTA DE MOURA CARVALHO

KALYNA BARROS DE CARVALHO

RESENHA DOS CAPÍTULO IV, V e VI DO LIVRO O DIREITO COMO


EXPERIÊNCIA, DO AUTOR MIGUEL REALE

TERESINA – PI
2022
No início do capítulo IV, do livro O Direito como Experiência, o autor
Miguel Reale traça uma diferença entre Filosofia do Direito e Teoria Geral do
Direito. A segunda, conforme o autor, vale por si mesma, tanto no campo da
abstração como no campo metafísico, já a primeira é dividida em duas partes: a
parte geral é a ontognoseologia jurídica(estudo da realidade jurídica) e a parte
especial é composta pela Epistemologia Jurídica(estuda o problema da vigência
e da força normativa do Direito), pela Deontologia Jurídica(estuda o problema do
fundamento do Direito) e pela Culturologia Jurídica(estuda o problema da
eficácia do Direito).
Miguel Reale pretende estudar a experiencia jurídica como parte da
Filosofia do Direito, logo, defende que a perspectiva do filósofo não corresponde
com a do jurisperito e que a Filosofia do Direito coincide com a própria filosofia,
visto que estuda as condições universais da experiência jurídica. Nesse sentido,
Reale adverte que geralmente o filósofo do Direito é induzido a confundir a
"exigência de universalidade" com indiferença para com os problemas
particulares que compõem a trama viva da experiência social. Adicionalmente,
compreende-se a diferença do ponto de vista do filósofo do direito e do jurista na
consideração do fenômeno jurídico, haja vista que cabe ao jurista minimizar o
caráter subjetivo como fator de indeterminação na compreensão da realidade
analisada.
Em seguida, é traçado um paralelo com a Jurisprudência que, segundo
Reale, “caracteriza-se, assim, como uma ordem de conhecimento que não pode
deixar de pressupor os preceitos e as diretrizes normativas como já dados ou
postos perante o intérprete (administrador, advogado ou juiz) objetivas, de
conformidade com os princípios que informam a experiência jurídica a fim de
determinar-se o âmbito da conduta lícita ou as consequências resultantes da
violação das normas reveladas ou reconhecidas no processo de positivação
jurídica, a que é inerente o elemento decisório ou opcional do poder”. Em
contrapartida, a Filosofia do Direito parte das normas jurídicas como pressuposto
básico, isto é, não observa a experiência jurídica como pertinente a um dado ou
a um objeto cultural, mas sim à subjetividade.
A Ciência do Direito, em suma, muito embora não possa prescindir
dos pressupostos transcendentais, concentra-se na pesquisa da experiência
jurídica, que possui princípios e leis próprias, os quais à Teoria Geral do Direito
cabe determinar. Vale ressaltar que a Teoria Geral do Direito não é monopólio
do jurista (o que era plausível quando a Jurisprudência dominava o campo
científico da experiência jurídica).
Posteriormente, Miguel Reale alude à premissa de que o direito é uma
experiencia cultural para introduzir a temática da Dogmática do Direito, visto que,
a dogmática é a ciência histórico-cultural que tem como objeto a experiência
social enquanto esta normativamente se desenvolve em função de fatos e
valores, para assegurar, de maneira bilateral-atributiva, a realização ordenada
da convivência humana. A Dogmática Jurídica, portanto, deve ser entendida
como especificação da Teoria Geral do Direito, correspondente ao momento em
que a experiência jurídica se põe como efetivo sistema jurídico, enquanto, por
conseguinte, o fato social se subordina a esquemas ou modelos normativos em
função de valorações já positivadas no todo do ordenamento.

REFERÊNCIAS
REALE, Miguel. O Direito Como Experiência: Introdução à Epistemologia
Jurídica. 2. ed. [S. l.]: Saraiva, 1992. 75-145 p.

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