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A saída que Wittgenstein dá à questão da linguagem é a de que ela só pode ser compreendida
à luz das práticas quotidianas. Sua concepção pragmática e social da linguagem a relaciona
às interações sociais vividas no dia-a-dia.
Essa prática envolve os jogos de linguagem, que são os usos da língua na prática, regidos por
convenções, por normas. Só por meio do entendimento dessas regras conseguimos jogar o
jogo da linguagem. E o que se diz está estreitamente ligado ao que se faz.
“Todo signo isolado parece morto. O que é que lhe dá vida? Só o uso lhe dá vida” Frase de
‘Investigações Filosóficas’ de Wittgenstein.
Portanto, é o uso que explica os significados e não o contrário. Não existem significados
prévios como objetos do mundo exterior.
Essas explicações têm caráter normativo - São regras para o uso das expressões (em
determinados contextos práticos).
COMUNICAÇÃO
A comunicação, a partir dessa lógica, não é a simples transmissão de conteúdos mentais, mas
a construção de significados. Ela envolve o domínio das práticas sociais e define o
significado da linguagem.
Ela, portanto, estabelece os significados. Porque a prática a que se refere Wittgenstein é uma
prática comunicativa: nela, as palavras ganham vida e sentido.
PENSAMENTO
Wittgenstein é contra a ideia de que o pensamento pode fluir sem a linguagem. A experiência
do pensar é a experiência do falar. Com isso, ele faz uma crítica à concepção mentalista da
comunicação, segundo a qual é possível pôr em parênteses a linguagem para aceder a um
pensamento puro. A ideia de que a comunicação permite “captar um sentido espiritual” é
rejeitada.
REGRAS
FORMAS DE VIDA
As imagens de mundo nunca podem ser totalmente desestabilizadas, não podem ser
totalmente desconstruídas. Apesar disso, algumas crenças podem ser desestabilizadas.
Podemos lembrar, nesse ponto, do conceito de preconceitos em Gadamer, que são
indispensáveis, ao mesmo tempo que podem ser desestabilizados em determinados
aspectos no processo hermenêutico.
As formas de vida não são imutáveis. Elas mudam no decorrer do tempo. Principalmente em
contato com outras formas de vida. Apesar dos limites da comunicação, nela não existem
limites intransponíveis. Sempre é possível a compreensão, assimilação de uma forma de vida
em outra.
CONTEXTUALISMO
No último tópico, Rui Sampaio defende que Wittgenstein, ao contrário do que possa parecer,
não é um relativista, mas um contextualista. O relativismo pressupõe a tese de que os
representantes de uma determinada perspectiva sobre um assunto não estão em condições de
julgar ou avaliar perspectivas rivais que se encontram enraizadas em outros contextos. Não
admite, portanto, uma racionalidade comum. Já no contextualismo, existe um reconhecimento
de que possuímos crenças básicas, injustificadas, que herdamos do nosso contexto, das
formas de vida da nossa comunidade, mas essas não são fixas, podem ser abaladas.
Admite-se, portanto, a existência de uma possibilidade de racionalidade comum. Até
porque o próprio Wittgenstein se colocava como uma pessoa que analisava diversas culturas,
mesmo sendo um sujeito que também possui raízes sociais e culturais específicas.