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O que R
Luffy e seus amigos: ecentemente a internet rpgista comentou Antes de efetivamente começar a jogar, é importante que
procurados, mas sem intenção um caso esquisito que aconteceu em uma todos os jogadores (mestre também é jogador, ok?) conver-
nenhuma de andar na linha mesa: um jogador novato resolveu que seu sem sobre o tema central da história, como seus personagens
pretendem abordar esse tema e qual o estilo de narrativa
personagem iria cuspir na cara do líder dos
que pretendem construir.
bandidos que capturaram o grupo, depois
de ouvir alguns insultos e ameaças. Como Em uma mesa em que a proposta é proteger um reino
fazer quando
de uma ameaça de monstros vindos das Sanguinárias, os
consequência, o mestre da mesa resolveu
personagens precisam ser construídos com o objetivo de
que o personagem seria espancado até a lutar contra monstros! Pode parecer óbvio mas, em casos
morte pelos capangas do vilão. O assunto foi assim, jogar com um clérigo de Marah ou Lena que tenta
até tema do editorial passado. ser pacífico ou impedir os colegas de atacar os monstros
Entre revoltas, questionamentos e dicas, a maioria con- pode até soar “interessante”, mas existe um risco enorme
cordou que simplesmente punir um jogador por uma cena de ser apenas chato!
o jogo sai
banal — e até comum em filmes de ação e aventura — com O mestre também não está livre de patinar na proposta
a morte do personagem foi exagerado e anticlimático, mas, da história de vez em quando. O próprio caso polêmico no
em contrapartida, deixá-lo sair totalmente impune poderia Twitter é um exemplo disso: se você diz para os jogadores
alimentar a mania de grandeza que muitos jogadores desen- que eles serão heróis de uma história de aventura em que
volvem baseada na certeza de que seus personagens serão irão desafiar vilões malignos, claro que eles se sentirão con-
sempre “protegidos“ de alguma forma para que a história fortáveis em nunca baixar a cabeça para os antagonistas e
da mesa não seja impactada. No entanto, o mestre também até abusar das provocações e trocas de insulto!
da linha,
precisa estar alinhado com as expectativas e improvisos dos Eu, por exemplo, jogo duas campanhas semanais com
jogadores, principalmente quando eles querem trazer para o mesmo grupo de jogadores, mas com propostas bem
o jogo alguma cena interessante. Ser um mestre “carrasco” diferentes. Uma delas é o puro suco da fantasia medieval
nunca vai ser legal para o bom andamento da mesa! clássica: os personagens são escolhidos dos deuses para
Esse é um assunto tão recorrente que inclusive aparece combater um grande mal que assola mundo. Eles sabem
no livro básico de Tormenta20, no capítulo seis, onde fala- que são influentes, lidam com NPCs importantes, como
regras
dores quiserem dar um peso maior para as consequências absurdas, como vilões fazendo discursos sobre seus planos
dentro do jogo, usando as regras do sistema? malignos no meio de uma cena de combate, ou personagens
desafiando dragões para partidas de jogos de cartas. Nessa
Claro que, se formos tentar abordar cada tipo de situa-
aventura, a gente não se preocupa muito com alimentação,
ção complicada em jogo com detalhes, precisaríamos de um
descanso ou limite de carga, a não ser que isso seja usado
novo livro de 400 páginas. Mas, podemos tentar categorizar
Fugindo da Proposta
é que os personagens jogadores sejam um tipo de “Liga
da Justiça”, e sua relação com os vilões e com o mundo de
Definir com clareza a proposta da história é talvez a par- jogo traz essa característica mais galhofa das histórias de
te mais importante de qualquer campanha, pois vai ajudar capa e espada.
a deixar claro que tipo de personagens são esperados dos Já a outra tem um tom bem mais sério e “pé no chão”. É
jogadores, e quais são os limites de suas ações. uma mesa sobre exilados em uma região inóspita, que pre-
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C AV E R N A D O S A B E R
alternativas de Reputação
ranos (5º ao 10º nível), 1d8 para Campeões (11º ao 16º gens. O grupo precisa pagar mais caro em qualquer
assim fogem não só proposta da campanha como da inten-
nível) e 1d10 para Lendas (acima do 17º nível). item ou serviço, com o valor aumentado em 10% para
ção do RPG!
No caso do dado ser uma penalidade, o mestre é quem Uma maneira de manter os jogadores alinhados com a pro- cada −3 de Reputação.
No entanto, não podemos cobrar que todos os jogado-
decide em que rolagem ele será aplicado! Cada persona- posta é contabilizar um valor de Reputação para o grupo. Esse • Para cada −5 de Reputação o grupo perde um aliado.
res tenham capacidades impecáveis de atuação e consigam
gem só pode receber um dado de ajuste moral, positivo ou valor mede a percepção coletiva da sociedade sobre os perso- E não pode mais adquirir novos aliados, exceto aque-
“entrar” no personagem sem cometer falhas. Muitas dessas
negativo, por cena. nagens, representando sua fama (ou infâmia!) entre os reinos. les adquiridos com poderes.
situações de jogo podem ser resolvidas com uma conversa
honesta, deixando claro para os jogadores que as ações Comece a campanha com Reputação 0. Conforme avan- • Se atingir −10 de Reputação o grupo não é mais bem-
deles estão atrapalhando o andamento da mesa, e talvez Os representantes da lei çam nas aventuras, essa reputação vai aumentar ou diminuir,
podendo variar de +10 até −10. Primeiro, peça para os
-vindo em vilas e cidades, sendo geralmente expulso
seja necessário mudar algumas abordagens. Personagens que “fazem o que querem” raramente se pelas autoridades locais.
jogadores escolherem cinco Métodos positivos (T20, página
Outra maneira interessante é fazer uso das belas fermen- importam com a lei. Nos ermos e estradas isso pode pas- 312) que representem os valores gerais que seus persona-
tas que o RPG nos oferece: as regras. sar impune, mas a maioria das cidades tem algum tipo de FELIPE DELLA CORTE
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