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1.

INTRODUÇÃO

A técnica sociométrica deve-se a Jacob Levy Moreno (1889-1974), médico de


origem romena, que nasceu em Bucareste, tendo-se entusiasmado com a evolução das
posições sociais e políticas no início do século XX. Segundo Moreno, as leis
sociométricas dominam todas as sociedades. A sociologia abrange assim duas partes: a
sociometria, que estuda as relações dos organismos vivos (humanos e animais) entre si,
dentro do grupo a que pertencem, e a ecologia, que estuda as inter-relações entre os
organismos vivos e o meio ambiente. A sociometria é o tratamento quantitativo de todos
os tipos de relações entre os seres humanos e, particularmente, aqueles que
compreendem a expressão de preferência ou de rejeição para com outros membros dum
grupo dentro dum quadro numa situação de escolha.

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2. O que é o teste sociométrico

A sociometria é o estudo dos padrões da inter-relação que se formam entre


pessoas e dos processos que os medem (Helen Hall Jennings, citada em Bastin, 1980).
Nada tem a ver com as relações sociais formais ou convencionais, mas antes com os
componentes psicológicos das relações interativas. É, pois, uma estratégia muito
poderosa que o educador possui para estudar as inter-relações dos grupos-turma.
Consiste em pedir, a todos os elementos do grupo que designem, entre os seus colegas,
aqueles com quem desejariam encontrar-se numa atividade.

É um questionário que exige somente papel, caneta e aproximadamente 15


minutos. Raros são os testes que nos dão tão rica informação. No entanto, o trabalho
preparativo e o pós-questionário, são o cerne de todo o processo de estudo.
O teste sociométrico apela para a personalidade do indivíduo. Este não é um ser
passivo; é construtor de significados. As respostas que se dão dependem da vontade ou
não de se encontrar com determinados companheiros. O sujeito não tencionará invalidar
o teste se souber que deve formar grupos de trabalho, turmas de jogos ou camaratas.
No entanto, quando as condições já referidas não se realizam na sua plenitude,
surgem os chamados “testes quase sociométricos” ou cold sociometry. Todavia, Moreno
considera preferível a utilização de hot sociometry (testes sociométricos) que nos dão
resultados menos falíveis.

2.1. Porquê o teste sociométrico

A vida de um grupo é própria e única. Todos os educadores o sabem. Sabem que


existem grupos-turmas faladores, entusiastas, distraídos, em conflitos, em paixão, etc.
Os professores do ensino básico e secundário, que mudam incessantemente de classe,
bem como os do ensino superior, sentem-no melhor que ninguém. Todos os dias se
encontram com esses grupos. Exercem influência. Por isso deviam conhece-los bem,
mas nem sempre isso acontece, seja por negligência, seja por ignorância ou falta de
motivação.

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Com o teste sociométrico e a sua análise pedagógico-didática, o professor poderá
descobrir, pela observação, as crianças populares, as isoladas, as excluídas, as amizades
e os subgrupos principais das classes em que ensinam.
Revela a experiência que existem sérias dificuldades por parte dos professores
para discernir as inter-relações que unem os alunos de uma classe e descobrir as
características sociais das crianças que veem todos os dias. Muitas vezes, os educadores
sentem-se incapazes de o fazer, mas também os seus juízos não são concordes e
invalidam, os resultados do teste sociométrico.

A escola constitui um grupo social. Cada classe também é um grupo social em


que a interação se processa através da relação professor-aluno e a relação aluno-aluno.
O processo de socialização das crianças e jovens ocorre através de uma participação na
rede de relações que constitui a dinâmica social. É convivendo com pessoas, seja com
adultos ou com seus pares (grupos de brinquedos ou de estudos) que as crianças
desenvolvem hábitos e atitudes. Daí a importância do grupo como elemento formador.

Na escola em geral, e na sala de aula em particular, o trabalho de equipa


desempenha uma função importante, criando oportunidade para o diálogo e a troca de
ideias e informações. Ao participar dessa troca de experiências possibilitada pelo
trabalho em equipe, o indivíduo precisa organizar seu pensamento a fim de exprimir
suas ideias de forma a serem compreendidas por todos. Na dinâmica do trabalho em
grupo o aluno fala, ouve os companheiros, analisa, sintetiza e expõe ideias e opiniões,
questiona, argumenta, justifica, avalia. Portanto, o trabalho de grupo contribui para o
desenvolvimento das estruturas mentais do indivíduo, mobilizando seus esquemas
operatórios de pensamento. Além de contribuir para o desenvolvimento dos esquemas
cognitivos, o trabalho de equipe também favorece a formação de certos hábitos e
atitudes de convívio social, como:

 Cooperar e unir esforços para que o objetivo comum seja atingido;


 Planear, em conjunto, as etapas de um trabalho;
 Dividir tarefas e atribuições tendo em vista a participação de todos;
 Expor ideias e opiniões sucinta e objetivamente , de forma a serem
compreendidas;
 Aceitar e fazer críticas construtivas;
 Ouvir com atenção os colegas e esperara vez de falar;

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 Respeitar a opinião alheia;
 Acetar a decisão quando ficar resolvido que prevalecerá a opinião da maioria.

Ao utilizar o trabalho em grupo na sala de aula, o professor precisa se conscientizar


de que não está apenas a aplicando mais um recurso didático para aquisição e fixação de
conhecimentos, mas está lançando mão de um poderoso instrumento formador de
hábitos de estudo e atitudes sociais. O trabalho em equipe pressupõe a existência de um
grupo de alunos para o mesmo objetivo e que colocam, acima dos interesses pessoais, os
interesses do grupo. Todos procuram ajudar e pensam juntos, discutindo a elaboração de
um plano que lhes facilite a tarefa, dividindo atribuições, mas que permita a posterior
consecução do objetivo dentro do mesmo espírito de equipe, isto é, em conjunto, e no
mesmo sentido do interesse comum.

Por isso no trabalho em grupo o processo é tão importante quanto o produto,


devendo ambos ser igualmente valorizados. Mas as pessoas não nascem sabendo
trabalhar em grupo: elas vão aprendendo ao longo de suas vidas. É comum os
professores comentarem que seus alunos não sabem trabalhar em grupo, pois todos
falam ao mesmo tempo e a classe vira uma confusão. Enquanto alguns querem impor
suas ideias, outros permanecem passivos, não dando nenhuma contribuição pessoal.
Realmente trabalhar em equipe não é fácil, sendo que trabalhar em equipe com
eficiência e eficácia é ainda mais difícil. Requer um processo de aprendizagem até
mesmo um certo treino. Por isso ao iniciar o trabalho em equipe na sala de aula cabe ao
professor orientar os alunos quanto aos padrões de comportamento necessários para o
bom desempenho de cada membro dentro do grupo e do grupo como um todo. Para que
os alunos aprendam a trabalhar em equipe de forma eficiente e eficaz, é de fundamental
importância que o professor oriente e acompanhe o processo de grupo, principalmente
nas áreas do primeiro grau.

2.2. Onde utilizar o teste sociométrico

Uma qualidade desta técnica é a sua plasticidade. Quer o psicólogo escolar, militar,
industrial ou o educador, encontram facilmente ocasiões favoráveis à sua realização.
Este teste molda-se a atividades secundárias, que muitas vezes representam um papel

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eficaz no desenvolvimento do espírito de equipa, bem como nas atividades específicas
do grupo.

A técnica sociométrica mais conhecida e aplicada foi criado pelo psiquiatra romeno J.
L. Moreno e consiste de algumas perguntas a serem respondidas pelos alunos, razão
pela qual, às vezes, é também conhecida de teste sociométrico.

As perguntas são:

o Qual o(a) colega com quem você gostaria de estudar?


o Com quem você não gostaria de estudar?
o Qual o(a) colega com quem você gostaria de trabalhar?
o Com quem você não gostaria de trabalhar?

A partir destas perguntas é realizada a tabulação das respostas e elaborada o


sociograma que é a representação gráfica ou pictórica da tabulação sociométrica. A
técnica sociométrica e o sociograma(que é a sua representação gráfica) permite verificar
como estão as relações sociais no ambiente da sala de aula. Reconhecer os líderes
aceitos e identificar os alunos que, por algum motivo, estão marginalizados.

2.3. O que pode fornecer o teste sociométrico

Numa primeira análise, o teste indica a posição social de cada elemento do


grupo. As preferências e rejeições críticas repartem-se muito desigualmente entre todos.
Para além dos índices de preferências e rejeição (valorizados e efetivos) recebidos,
podem fazer-se intervir outros índices, obtendo-se, para cada membro um conjunto de
traços caraterísticos: o seu “estatuto sociométrico”.
Além disso, é também um estudo sobre as relações interpessoais. Se o critério de
preferências e rejeições tem uma caraterística mais ou menos afetiva, não é difícil
determinar as preferências e rejeições recíprocas. Estas redes de comunicação põem em
evidência os subgrupos e/ou os indivíduos nos quais estas se concentram.

Também barreiras étnicas, raciais, religiosas ou linguísticas são claramente


identificáveis pela sociometria, que faz o inventário com precisão das possibilidades de

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aproximação. A representação gráfica dos resultados indicará, facilmente, os subgrupos
e grupos fechados.

2.4.Sociograma

A terceira etapa é a organização do sociograma. Que é a representação gráfica da


tabulação sociométrica. Nesta fase, os dados obtidos na tabulação das respostas dos alinos
são ordenados de forma pictórica, através do sociograma, para uma melhor visualização da
estrutura do grupo e das relações entre seus membros.

O sociograma oferece um quadro elucidativo do ambiente social da classe. Pode-se


dizer que um sociograma é, provavelmente, o melhor instrumento já planejado para revelar
a estrutura social de um grupo.

Apresenta as inter-relações entre os individuos, e as rtelações de cada individuo com


o grupo todo. Proporciona ao professor, ou ao líder, informações que o auxiliarão a
compreender o comportamento do grupo, e a agir comn maior eficiência no seu trabalho.
Em toda classe ou grupo existem muitas relações e subgrupos que não se evidenciam à
primeira vista. Através do sociograma podemos identificar:

 As escolhas mútuas ou reciprocas;


 Os subgrupos fechados e coesos (as chamadas panelinhas);
 Os líderes que são aceitos por vários colegas ( seriam as estrelas dom grupo)
 Os alunos isolados, que não pertencem a nenhum grupo e poucas relações
mantêm com os demais membros da classe.

Na página seguinte mostramos, a título de exemplo, o sociograma organizado a


partir dos dados contidos na tabela anteriormente apresentada. Analisando esse
sociograsma, verificamos que:

 Foram muitas as escolhas reciprocas;


 Existem dois subgrupos bem definidos, cujos membros se escolheram
mutuamente: um é constituido por Catarina, Maria Justina e Carmem; o outro é
formado por Paulo, Francisco, João e José;
 Há três lideres que se sobressaem pelo número de escolhas recebidas: Catarina,
José e Paulo; em seguida destacam-se Francisco, José e Maria Justino, que
também foram alvo de várias escolhas; a liderança, portanto, não está

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concentrada apenas nas mãos de um elemento, podendo ser compartilhada por
vários alunos;

 Aparecem três alunos isolados, não recebendo nenhuma escolha: nAlexandre,


Cristina e Efigênia; pode-se notar, também, que as três escolhas de Cristina
foram meninos, por isso no sociograma ela aparece deslocada do grupo de
meninas.

Para facilitar a montagem do sociograma recomenda-se:

1. Colocar no centro os alunos com maior número de escolhas e, na parte


periférica, os que não foram escolhidos.
2. Agrupar os elementos que se escolheram mutuamente.
3. Traçar as setas referentes à primeira, segunda e terceira escolha com cores
diferentes, para salientar edsse tipo de informação.

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O sociograma, além de ajudar na formação dos grupos para o trabalho em equipe,
fornece ao professor informações úteis sobre on relacionamento entre os alunos, que devem
ser analisadas com atenção completadas com outros dados oriundos de técnicas como a
observação e a entrevista. Assiom, após cuidadoso estudo, o professor pode utilizar esses
dados orientando os alunos no sentido de melhorar as relações sociais na sala de aula.

Conclusão

As pesquisas feitas fez-nos comcluir que a sociometria é o estudo dos padrões da


inter-relação que se formam entre pessoas e dos processos que os medem. Ela revela a
experiência que existem sérias dificuldades por parte dos professores para discernir as
inter-relações que unem os alunos de uma classe e descobrir as características sociais
das crianças que veem todos os dias.

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